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4 SEM Escola, Família e Comunidade UNID 1 Instituições Sociais: Família, Escola e Comunidade 
Escola, família e comunidade: transformações e influências históricasDe acordo com Franco Cambi (1999, p.35) “A história é o 
exercício da memória realizado para compreender o presente e para nele ler as possibilidades do futuro [...]”. Com essa perspectiva 
pretende-se situar o leitor nos grandes tempos históricos que marcaram o desenvolvimento da humanidade e apresentar as 
influências das diferentes épocas que repercutiram nos âmbitos escolar, familiar e social. Para Cambi (1999), a história é um 
organismo em que o antes condiciona o depois. Dessa forma, a Antiguidade condicionou a Idade Média, que, por sua vez, 
condicionou a Época Moderna, a qual conduziu a humanidade à Contemporaneidade. Tais cenários históricos constituem-se como 
referência para revisitarmos o passado e compreendermos o presente. 
Antiguidade: o berço da civilizaçãoSegundo Cambi (1999), a Antiguidade, influenciada pela cultura Ocidental, foi centrada no ser 
humano e marcada pela relevância dada à vida cotidiana. Nesse contexto, destacaram-se as civilizações concentradas na região do 
Mediterrâneo, como Grécia e Roma, que expandiram sua cultura e influenciaram a educação de outros povos. 
O Mediterrâneo, como centro de intercâmbio, concentrou um pluralismo de povos e culturas, de religiões e de conhecimentos 
contexto, porém permeado por lutas políticas, de classes, de etnias, de domínio e de hegemonia. A educação, no mundo antigo, 
configurou-se como uma educação por classes, diferenciada por papéis e funções nos grupos sociais. Em grande parte do período 
da Antiguidade, a educação desenvolveu-se com base no princípio educativo da Paideia. 
Segundo Cambi (1999), o princípio da Paideia guiava todas as instituições educativas da época. Quanto aos marginalizados, a 
responsabilidade da educação era incumbida à família, caracterizada como patriarcal, autoritária e disciplinar. Aos familiares cabia 
a formação para o trabalho manual, que era desvalorizado pela sociedade. A escola, neste período, era privilégio de poucos e 
oferecia, estritamente, a educação para o trabalho intelectual, ou seja, a educação retórica, típica daqueles que exerciam o poder. 
Tal diferenciação entre educação para o trabalho e educação intelectual revela, nitidamente, a distância que separava dominantes 
e dominados na Antiguidade. 
Idade Média: do feudalismo à religiosidade Mosteiros, castelos, igrejas e senhores feudais reportam-nos à Idade Média. De acordo 
com Franco Cambi (1999), essa época foi marcada pela vida arcaica baseada na economia de subsistência, no trabalho quase que 
escravo e nas migrações de povos e nos conflitos étnicos culturais. Na Era Medieval, a sociedade concentrava-se no valor religioso 
e no autoritarismo da Igreja. Na Idade Média, a organização social estruturava-se em torno dos feudos. 
O feudo era uma unidade territorial, governada por um senhor feudal, que impunha aos habitantes a obrigação de fidelidade e 
submissão em troca de proteção. Tratando-se de uma sociedade fixa, a cultura, estritamente religiosa, desenvolvia-se no castelo 
do feudatário ou nas igrejas e, sobretudo, nos mosteiros. 
De acordo com Cambi (1999), a educação, nesse período, organizou-se em instituições – como família e Igreja – que tinham como 
função disseminar os valores cristãos. A família, no período medieval, tinha característica ampla e dispersa, ou seja, era composta 
por núcleos, dirigida pelo pai e constituída mais por interesses econômicos do que propriamente por laços afetivos. Na idade Média, 
a educação destinada à nobreza divergia daquela que era oferecida ao povo, pois empregavam modelos, processos e práticas de 
formação diferentes, deixando evidente o dualismo existente entre as classes inferiores e superiores. 
Tempos Modernos: revoluções e transformaçõesA Modernidade, conhecida como a era da ruptura em relação à Idade Média, foi 
marcada por fortes transformações sociais, econômicas, políticas e educacionais. Para Cambi (1999), a Modernidade é uma época 
histórica com características orgânicas e complexas na qual se deu a reconstrução de uma sociedade nova, mais livre e mais coesa. 
Esse período deu origem a um sistema organizado que tinha como eixo o indivíduo, a eficiência no trabalho e o controle social. 
Segundo Franco Cambi (1999, p.197), a Idade Moderna: 
Como revolução social, promove a formação e a afirmação de uma nova classe: a burguesia, que nasce nas cidades e promove o 
novo processo econômico (capitalista), assim como delineia uma nova concepção de mundo (laica e racionalista) e novas relações 
de poder (opondo-se à aristocracia feudal e aliando-se à coroa, depois entrando em conflito aberto também com esta e com o seu 
modelo de Estado-patrimonial e de exercício absoluto de poder). 
A dimensão antropocêntrica passou a ser a ideia central desse momento histórico, ou seja, o homem era visto como centro do 
mundo. A atenção à natureza trouxe princípios metodológicos e científicos mais rigorosos, que levaram, a partir da observação e 
da dedução, ao avanço de estudos e pesquisas. No âmbito político, com o surgimento do Estado moderno, as cidades passaram a 
ser controladas pelo código estatal, pelo domínio racional da sociedade civil e pelas instituições responsáveis por uma educação 
articulada entre famílias, escolas e outras associações. Dessa forma, a ética, ligada à natureza e às suas leis, à sociedade e aos seus 
fins, tornou-se reguladora dos princípios de harmonização e conformação do sujeito com o meio social. 
Segundo Cambi (1999), a educação Moderna sofreu os reflexos da reforma político religiosa, que contrapôs à desordem disciplinar 
e à corrupção moral, que dominavam a Idade Média, a mentalidade racional e humana, passando da visão religiosa de mundo para 
um processo de laicização. Nesse contexto, além da família, da Igreja e da escola, surgiram outras instituições, como hospitais, 
prisões e manicômios, responsáveis pela ordem, conformação e produtividade. Assim, tanto a família quanto a escola, nesse 
momento, sofreram profunda reorganização, centralizando suas ações na formação dos indivíduos e assumindo, ao lado de sua 
função de cuidar do sujeito e do seu crescimento, também a responsabilidade da formação pessoal desse indivíduo, visando à 
própria reprodução da sociedade. 
Dessa forma, na Modernidade, a instituição familiar passou a ser constituída por um único núcleo parental, estruturado com mãe, 
pai e filhos, e a assumir o dever de educar para a sociedade. Em paralelo, a escola, fazendo uso de uma didática apropriada para 
reorganizar e racionalizar o controle do trabalho escolar, que disciplina desde o corpo até o tempo, instruía e formava o indivíduo 
com a única função de servir como um “aparato ideológico do Estado”, como bem aponta Cambi (1999). 
Contemporaneidade: Revolução Industrial A Idade Contemporânea nasceu com a Revolução Francesa, que trouxe, em seu bojo, um 
processo novo caracterizado pela inquietação, renovação e abertura para o futuro. Nesse momento, o pluralismo de grupos sociais, 
de interesses e de projetos traduzia a hegemonia construída pragmaticamente por meio de conflitos. Na Contemporaneidade deu-
se início à expansão da industrialização, dos direitos das massas e da democracia. Essa época foi marcada pelas grandes migrações, 
por deslocamentos ideológicos, lutas de classes duríssimas e frontais que o Estado não conseguia conter e orientar. 
Dessa forma, a Era Contemporânea foi marcada por manifestações de rebeldia e de profunda tensão entre as massas e a elite. 
Segundo Cambi (1999), foi nesse momento que nasceu um organismo político-social que previa a participação civil e política de 
todos, com intuito de promover, pelo menos teoricamente, a igualdade de oportunidades para o povo. No mundo contemporâneo, 
a família está ao lado da escola e é vista como a primeira instituição educativa e natural,que deve agir tendo em vista o bem da 
sociedade, assumindo os valores éticos e afetivos que eram dispensados na Idade Moderna. No entanto, a instituição familiar 
contemporânea ainda carrega o controle dos valores tradicionais que a sustentam e o próprio autoritarismo que a acompanha ao 
longo da história. De acordo com Cambi (1999, p.381): 
A contemporaneidade é também a época da educação e de uma educação social que dá substância ao político (enquanto a política 
é governo dos e sobre os cidadãos), mas que também se reelabora segundo um novo modelo teórico, que integra ciência, filosofia, 
experimentação e reflexão crítica, num jogo complexo e sutil. 
Tendo a sociedade contemporânea a necessidade de uma ideologia própria, a escola aparece como aquela que promove a 
unificação social, exercendo o papel de socializadora. A escola passou a ser de responsabilidade do Estado, sendo obrigatória para 
todos, atendendo a finalidades coletivas e objetivos sociopolíticos. Dessa forma, o vínculo entre educação e sociedade aparece 
como uma das principais problemáticas da Contemporaneidade, na medida em que a educação passou a apresentar um profundo 
envolvimento social e político bem como uma forte relação com a ideologia vigente. 
Em Síntese Antiguidade Sociedade: Civilizações Mediterrâneas (Pluralismo cultural). Escola: Previlégio de poucos (Trabalho 
intelectual - Paideia). Família: Patriarcal, autoritária e disciplinar responsável pela educação para o trabalho. 
Idade Média Sociedade: Feudalismo x Igreja Católica (Estática unificada). Escola: Oferecida apenas para a Nobreza (Igreja). Família: 
Patriarcal, diversa, responsável pela educação religiosa por meio do autoritarismo 
Idade Moderna Sociedade: Estado Capitalista (Burguesia); Escola: Controle e unificação social (Ideologias); Família: Núcleo familiar 
(mãe, pai e filho). Responsável pela formação social. 
Idade Contemporânea Sociedade: Democracia participação social de todos; Escola: Função social - Democratização do Ensino; 
Família: Primeira instituição natural responsável pela formação integral (biológica, social e psíquica). 
Escola, família e comunidade: aspectos atuais e legislativos Assim como ocorre com a história, quanto mais conhecemos as leis e 
seus contextos, mais compreendemos as lutas sociais e a evolução histórica das constituições que regem a sociedade. Sendo assim, 
este item do texto abordará como a atual legislação apresenta a Escola, a Família e a Comunidade e qual o papel de cada uma 
dessas instituições, principalmente, no desenvolvimento psicossocial da criança. 
Os documentos legislativos que regulamentam a garantia de direitos e os deveres dos cidadãos brasileiros, tais como a Constituição 
Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB – Lei n.º 9.394/96) e a Política 
Nacional de Educação em Direitos Humanos (2010), entre outros, contêm os pressupostos que explicitam os princípios das Políticas 
Públicas aplicadas na realidade atual. No entanto, os documentos legislativos que fundamentam este estudo são a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional 9.394/96 (LDB) e o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – o 
ECA, que refletem a busca pela garantia de direitos e deveres numa sociedade democrática. 
Onde tudo começa: a família Na revisão histórica que acabamos de fazer, foi possível identificar que, inicialmente, a família era uma 
instituição basicamente patriarcal, autoritária e desprovida de vínculos afetivos que além de se responsabilizar pela educação para 
o trabalho também reproduzia a formação religiosa empregada pela Igreja Católica. A evolução da humanidade levou à 
reorganização e redefinição do papel da família na sociedade, que passou a se constituir como núcleo afetivo e primeiro na 
formação do sujeito. Atualmente, mesmo que os núcleos familiares sejam diversos, é no meio familiar que se dá o pleno 
desenvolvimento do cidadão. A esse respeito, o Artigo 2º da LDB 9.394/96 reconhece que: 
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem 
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Consoante a LDB 9.394/96, o ECA (1990), no Título I das Disposições Preliminares no Artigo 4º, destaca: 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Observa-se que os desdobramentos históricos e as lutas sociais conquistaram um contexto que garante, atualmente, à criança e ao 
adolescente o direito de ser reconhecido como sujeito biopsicossocial, cabendo à família, neste cenário atual, assegurar, em 
conjunto com as demais instituições, a condição necessária para o desenvolvimento biológico, psíquico e social de suas gerações. 
É perceptível que a responsabilidade familiar ampliou-se ao longo da história, pois, no passado, sua função oscilava apenas entre o 
trabalho e os princípios religiosos. Numa dinâmica orgânica, tais transformações refletem o resultado de lutas e conquistas que têm 
sua origem nos tempos mais remotos do século XXI. Na verdade, a família tem ocupado papel central neste século, como se pode 
verificar no Art. 19 do ECA (1990), que prevê o direito à convivência familiar: 
Art. 19 – Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família 
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias 
de entorpecentes. 
A análise, cuidadosa e crítica, dos aspectos legislativos permite observar que a função familiar ainda se submete, mesmo que de 
forma inconsciente, aos princípios Estatais, desempenhando também o papel de reprodutora do Estado. A liberdade e os ideais de 
solidariedade humana, preconizados na LDB 9.394/96, servem de exemplo dos “ideais” do Estado, que também interferem na 
educação familiar. 
Para além dos muros de casa: a escola A educação, como dever da família e do Estado, é garantida pelo artigo 205 da Constituição 
Federal de 1988, segundo o qual a educação tem por finalidade garantir aos educandos desenvolvimento intelectual e social, 
tornando-o consciente de seu papel enquanto cidadão e também preparando-o para o mundo do trabalho. É importante destacar 
que a LDB 9.394/96 reconhece além da escola, como responsável pelo processo formativo, também outras instituições. Acerca da 
educação, a lei prescreve: 
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas 
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 
Os parágrafos 1º e 2º da LDB 9.394/96 apresentam a educação escolar como responsabilidade da escola, ou seja, ela deve ser 
desenvolvida em instituições próprias, ligadas estritamente ao mundo do trabalho e à prática social. 
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 
2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. 
A educação escolar vincula-se ao crescimento contemporâneo, uma vez que age nos âmbitos social, político e econômico; é 
realizada por uma escola em constante transformação que procura respostas para as situações sociais, culturais e de mercado de 
trabalho. Nessa perspectiva, a escola não é neutra, mas sim partidária de ideologias que vigoram na sociedade e no Estado. De 
acordo com Paulo Freire (2002, p.124), “É impossível, na verdade, a neutralidade da educação”.Para que a educação fosse neutra seria preciso que não houvesse discordância nenhuma entre as pessoas com relação aos modos 
de vida individual e social, com relação ao estilo político e aos valores a serem ensinados. Submersa numa sociedade de direitos e 
deveres, a educação escolar, no Brasil, é baseada nos seguintes princípios: 
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, 
o pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação 
dos sistemas de ensino; 
IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; 
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 
Muitos dos princípios que regem a LDB 9.394/96 reconhecem a escola como um espaço de formação de cidadãos de uma sociedade 
plural e miscigenada como a do Brasil. Além disso, também valorizam a democratização do ensino, prevendo, por lei, a igualdade 
de condições para o acesso, permanência, gratuidade, gestão democrática e garantia do padrão de qualidade para todos. Assim 
como a LDB 9.394/96 assegura o direito à educação escolar, o ECA (1990) também destaca, no Capítulo IV, que: 
Art. 53 – A criança e o adolescente têm o direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o 
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. 
Face às demandas e aos desafios colocados pela sociedade atual, as funções historicamente delineadas para a escola modificaram-
se e passaram a exigir novos olhares para a prática da educação, o que implica rever conceitos e assumir posturas dialógicas e 
articuladas, determinando novos acordos entre a escola, família e comunidade. Sabendo-se que há, ainda, um longo caminho entre 
o escrito e o praticado, a lei pode ser considerada, neste caso, como o primeiro passo rumo à concretização dos ideais de uma 
sociedade democrática. 
Para além dos muros da escola: a comunidade 
Os fatos históricos revelam que as lutas e conquistas sociais culminaram na elaboração e criação de normas jurídicas orientadas por 
ideologias, ideais e desejos de construção de uma sociedade mais justa e igualitária. No Brasil, na década de 1980, quando se iniciou 
o processo de redemocratização do país, ocorreram mudanças significativas nos diferentes setores da sociedade e, obviamente, 
nas comunidades que a constituíam. 
A Constituição Federal de 1988, nesse sentido, representa um marco legal que rege a vida política do povo brasileiro, sendo 
considerado um divisor de águas na história do Brasil para a conquista, pelos cidadãos, dos direitos reconhecidos nacionalmente. 
O preâmbulo da Constituição de 88 apresenta: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, 
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a 
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias [...] 
O texto do preâmbulo deixa clara a intenção de garantia, a todos os brasileiros, da efetivação de seus direitos civis, políticos, 
econômicos, sociais e ambientais, responsabilizando os setores públicos, que devem se organizar, pelo cumprimento da lei. É 
importante ressaltar que construir uma sociedade democrática não é tarefa apenas para um plano de governo ou para uma gestão 
pública; a prática da democracia é construída no cotidiano e vivenciada em todos os espaços possíveis na sociedade. Desse modo, 
cabem às instituições formativas exercer a democracia, a fim de que possam ter como resposta ações democráticas. Em pleno 
século XXI, tanto a família quanto a escola estão inseridas num contexto complexo de novas demandas e emergências sociais, 
educativas, políticas e culturais que trazem à tona temáticas como o feminismo, a ecologia e o aspecto intercultural. Nesse sentido, 
o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2010) tem o seguinte princípio: 
A educação em direitos humanos, sobretudo no âmbito escolar, deve ser concebida de forma articulada ao combate do racismo, 
sexismo, discriminação social, cultural religiosa e outras formas de discriminação presentes na sociedade brasileira. 
Com uma política nacional de direitos humanos, a comunidade da qual fazemos parte aperfeiçoou suas condições de cidadania, 
tornando-se protagonista política e social, numa sociedade cada vez mais móvel e num mercado de trabalho cada vez mais 
globalizado, em expansão e em constante transformação. Vale destacar que a comunidade que está além dos muros da escola 
revela-se, atualmente, mais consciente e capaz de participar da vida pública, mostrando-se preparada para o pleno exercício da 
democracia, o que demonstra que, mais uma vez, tanto a escola quanto a família necessitam de rever os seus papéis. 
Em Síntese 
Legislação • Constituição Federal de 1988 • LDB 9.394/96 • ECA (1990) 
Comunidade • Cidadãos de direitos • Democrática • Complexa 
Escola • Para todos • Articulada ao mundo do trabalho e às práticas sociais 
Família • Núcleo afetivo e plural • Dever de educar

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