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0299 - Serviço Social - Introdução e História

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Sumário
Aula 01 - Breve síntese sobre o Serviço Social	3
Aula 02 - Áreas de Atuação do Assistente Social	6
Aula 03 - Mercado de Trabalho na contemporaneidade	8
Aula 04 - Relação entre Filantropia, Assistência e Assistencialismo	12
Aula 05 - Legislação Profissional	16
Aula 06 - Conselhos Federais de Serviço Social e Conselhos Regionais de Serviço Social	19
Aula 07 - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS	21
Aula 08 - Executiva Nacional de Estudantes de Serviços Social - ENESSO	23
Aula 09 - Vertentes europeias, americanas e latinas do Serviço Social	25
Aula 10 - História do Serviço Social na América Latina	31
Aula 11 - História do Serviço Social no Brasil	33
Aula 12 - Positivismo, Funcionalismo e Marxismo	39
Aula 13 - As Encíclicas Papais	41
Aula 14 - O Serviço Social e o capitalismo monopolista	44
Aula 15 - O assistente social na divisão sócio-técnica do trabalho	46
Aula 16 - A profissionalização do Serviço Social enquanto categoria profissional	48
Aula 17 - Carta de Araxá e Carta de Teresópolis	49
Aula 18 - Conservadorismo: um breve histórico	50
Aula 19 - Movimento de Reconceituação: um breve histórico	51
Aula 20 - Instrumentalidade em Serviço Social	53
Aula 21 - Fenomenologia e Serviço Social	55
Aula 22 - Racionalismo e Serviço Social	57
Aula 23 - Metodologia e Serviço Social	59
Aula 24 - Representação Social: o que é?	62
Aula 25 - Questão social no Brasil contemporâneo	64
Aula 26 - As novas expressões da questão social no Brasil e o Serviço Social	66
Aula 27 - O projeto de formação profissional: a categoria profissional	68
Aula 28 - Assistente Social: Agente transformador da realidade?	70
Aula 29 - Breve Histórico sobre Políticas Sociais	71
Aula 30 - A importância do Código de Ética para a categoria profissional	74
Aula 31 - A importância e da Lei de Regulamentação da Profissão para a categoria profissional	76
Aula 32 - Perspectivas e tendências atuais da profissão	78
Aula 01 - Breve síntese sobre o Serviço Social
Talvez você tenha uma ideia generalista do que seja o Serviço Social, de como é a atuação do profissional formado nessa área. Esqueça a ideia que o assistente social apenas ajuda as pessoas, que é aquela moça boazinha e rica doando cestas básicas ou fazendo caridade. A profissão é mais do que isso, é também uma classe social comprometida com o bem comum.
Para Estevão (2007, p,7), a definição do que é Serviço Social está amalgamado por duas visões: a popular e a dos profissionais do Serviço Social. Para a autora, estas visões contêm dois elementos – a moça e o pobre, com uma preposição aparentemente verdadeira, porém só aparência, como define Estevão.
Uma definição bem clara que a autora supracitada confere à profissão é que o Serviço Social é produto da junção entre cidade e indústria, pois nasceu no cenário das desigualdades sociais imposta pelo crescente capitalismo.
A profissão nasce do desejo de minimização das desigualdades existentes, e esse profissional lida constantemente com a pobreza, portanto, esta é uma questão social emergente que faz parte da nossa sociedade.
De certo modo, vale ressaltar que a origem da profissão está vinculada à assistência despendida aos pobres, onde mulheres da alta nobreza dispunham de um pouco de seu tempo para “alimentar e cuidar” dos mais desvalidos.
Da época em que o Serviço Social era conhecido como “ajudador” dos mais pobres, muita coisa mudou e hoje a profissão tem seu reconhecimento como categoria profissional. Atualmente, os profissionais estão bem mais preparados, não ficam atrás de uma mesa esperando que alguém vá pedir algo, o assistente social sai às ruas, faz visitas, emite laudos e relatórios técnicos que embasam a sua prática profissional.
O profissional formado em Serviço Social tem ampla formação na área de Humanas, com suporte de disciplinas gerais como Filosofia, para ampliação reflexiva de sua visão de mundo até disciplinas mais específicas como esta, que dão um embasamento histórico sobre a gênese da profissão.
A proposta geral de formação do curso é formar profissionais preparados para intervir na realidade social, executando, planejando e administrando programas e políticas públicas, expandindo, assim, a participação dos usuários aos direitos e benefícios sociais que por ventura necessitem.
 
O curso de Serviço Social da Unimes, além de fornecer sólida formação acadêmica, prepara o aluno de Serviço Social para analisar com criticidade a realidade, desenvolvendo alternativas técnicas-práticas para intervir nesse contexto.
O Serviço Social tem um caráter extremamente sócio-político e interventivo, onde o profissional formado está totalmente habilitado para, dentre as amplas atribuições da profissão, monitorar e avaliar as políticas públicas, elaborar programas e projetos de intervenção, prestar orientação individual e em grupo aos usuários que procuram os serviços, prestando assessoria, etc.
Esse profissional atua diretamente nas expressões da questão social: desemprego, miséria, falta de acesso aos serviços públicos como saúde e habitação, atuando em seu enfrentamento, por meio do setor público, privado, Organizações Não Governamentais e até mesmo nos Movimentos Sociais como os Sindicatos.
Nesse sentido, tomemos como exemplo as reflexões de Maria Esolina Pinheiro sobre o Serviço Social:
De fato, já se admite e já se experimenta o estudo da determinação individual ou social dos casos de desajustamento; e, consequentemente, ensaia-se a organização dos meios mais eficientes para a sua compensação ou debelação. O Serviço Social não visa outra coisa. Ele compreende o estudo dos males coletivos para, com base no conhecimento de sua determinação, congregar esforços no sentido de adaptar e por em funcionamento os órgãos que os possam minorar, ou mesmo eliminá-los, desde os pontos de origem. Na essência, o seu espírito é do da fraternidade entre os homens. Mas, em sua forma, reclama a inteligência ao serviço do sentimento: quer a caridade iluminada pela verdade. Do ponto de vista das modernas tendências do Estado, interessa aos fins de governo. É um fator de equilíbrio e concórdia social, para não dizer já uma condição de democracia. (PINHEIRO, 1985, p.11).
Assim, a profissão é embasada por um trabalho coletivo que está diretamente comprometido com os valores éticos e direitos humanos, abarcada pelo Código de Ética da Profissão, que analisaremos com mais intensidade na unidade IV da nossa disciplina.
 
Para quem não se conforma com as injustiças sociais, com o crescimento injusto do capitalismo e deseja construir uma sociedade justa e igualitária encontrará neste curso os embasamentos necessários para atuar e intervir nessa realidade que nos é imposta.
A partir do terceiro ano do curso, o aluno inicia sua prática de estágio de campo, pois o período do estágio prático capacita o futuro assistente social para o exercício profissional, articulando, assim, os conhecimentos teórico-práticos.
Como vocês puderam observar, apontamos uma breve síntese do que vem a ser o Serviço Social, na próxima aula elencaremos o campo de atuação da profissão.
 
Até mais!
Aula 02 - Áreas de Atuação do Assistente Social
O profissional formado em Serviço Social dispõe de um leque de opções enquanto atuação profissional. Estes profissionais são requisitados em diversos setores: públicos e privados, empresas, organizações não governamentais, as chamadas ONGs, saúde, habitação, sistemas penitenciários, judiciário, previdência social, assistência, sindicatos, movimentos populares, dentre muitos outros.
 
O assistente social concretiza o seu fazer profissional intervindo nas relações de reprodução das relações sociais do cotidiano, fazendo com que os sujeitos alcancem a sua emancipação enquanto indivíduos dotados de direitos.
 
Algumas competências do assistente social são:
 
I) Orienta os indivíduos quanto ao direito de concessão dos benefícios sociais do governo;
 
II) Presta assessoria às entidades privadas, ONGs, movimentos sociais e sindicatos;
 
III) Elabora, executa e implementa políticas públicas;
 
IV) Coordenaplanos e projetos na esfera do Serviço Social;
 
V) Realiza perícias, emite laudos técnicos e pareceres sob o olhar do Serviço Social;
 
VI) Realiza visitas de intervenção;
 
VII) Atua no magistério de Serviço Social, tanto em nível de graduação como de pós-graduação;
 
VIII) Coordena núcleos de pesquisa em Serviço Social;
 
IX) Atua em órgãos e entidades representativas da profissão como o CRESS, CFESS, fiscalizando as práticas profissionais - os quais estudaremos mais adiante na aula 6 desta unidade;
 
X) Supervisiona estagiários de Serviço Social, dentre outras atribuições.
                           
Como se pode observar, a atuação enquanto profissão do assistente social é bastante ampla e diversificada, este profissional atua em diversos setores da sociedade investigando, gerindo e formulando estratégias para minimizar as desigualdades que se originam na relação de exploração entre classe dominante e classe dominada.
 
Na maioria das vezes o assistente social atua em uma equipe multidisciplinar, contribuindo com a especificidade de seu saber profissional, atuando frente às demandas que surgem nas relações sociais de exploração.
  
Nesta aula definimos algumas áreas de atuação da profissão. Na próxima aula continuaremos elencando o rumo profissional do assistente social na contemporaneidade.
Aula 03 - Mercado de Trabalho na contemporaneidade
O mercado de trabalho para o Serviço Social na atualidade é muito promissor e diversificado, sempre estão surgindo novas demandas, novos fazeres, novas perspectivas que impulsionam o fazer profissional. Hoje o mercado é muito amplo, onde além das atuações já postuladas na aula anterior, o assistente social poderá atuar também como autônomo na prestação de consultorias e elaboração de projetos sociais, como também em clínicas atuando nas terapias individuais e em grupos.
 
Com as novas demandas sociais, cada vez mais o setor público necessita deste profissional, como é o caso do Programa Saúde da Família, do governo Federal, o qual foi uma conquista para a classe.
 
Outro setor que será promissor é a educação, pois tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei 060/2007, o qual dispõe sobre a prestação de serviços de Psicologia e Serviço Social nas escolas públicas de educação básica do Brasil. Certamente a aprovação desse Projeto de Lei impulsionaria ainda mais a representação e reconhecimento da profissão na sociedade. O setor público é o que mais emprega atualmente o assistente social, onde o mesmo poderá atuar nos Estados e Municípios e em autarquias federais, pois o governo federal nos últimos anos vem atuando de forma a descentralizar as políticas na área da assistência social e da saúde.
 
Vale ressaltar um setor que também vem ganhando notoriedade são as empresas, onde esse profissional tem seu campo de atuação em departamento próprio ou no RH da instituição, com o foco na melhoria da qualidade de vida de seus funcionários. O salário inicial gira em torno de R$ 800, 00 e em algumas empresas chegam a atingir um salário de R$4.000,00.
 
De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo – CRESS, em conjunto com um professor universitário, o setor público é o que mais emprega atualmente o profissional do Serviço Social, depois vêm as grandes empresas nas áreas de Recursos Humanos.
 
Novas demandas de trabalho estão sendo articuladas também na área das Organizações Não Governamentais, onde, com as novas normas e diretrizes do Ministério do Desenvolvimento Social, torna-se obrigatório a presença de um profissional de Serviço Social nesse segmento, caso contrário a mesma pode deixar de existir por não haver repasse de verbas, por exemplo.
 
Com as explanações supracitadas acima, já podemos ter uma percepção que a profissão, embora não tenha tanto reconhecimento ainda no mercado se comparada com outras categorias profissionais, está em um momento histórico muito promissor, de modo que novas demandas são constituídas a cada momento na sociedade, levando a uma ampliação do campo de trabalho e atuação profissional.
 
Um recente e ao mesmo tempo remoto desafio desse profissional é atuar frente às mazelas impostas pelo capitalismo na nova conjuntura da sociedade que se apresenta, devendo a profissão ser caracterizada como fonte contributiva e tentar responder a essas novas demandas sem perder o seu reconhecimento enquanto categoria profissional, com a sua visão crítica da realidade ampliada, estabelecendo relações com base na ética e com vistas a promover a cidadania do usuário.
 
Neste contexto, a assistência social deve ser encarada como direito adquirido da população, e não ser compreendida como um favor ou filantropia (estudaremos esta terminologia na aula seguinte). Cabe ao Estado elaborar mecanismos para enfrentamento das desigualdades sociais, com políticas públicas compensatórias, e é nesse contexto que a profissão se apresenta visando à promoção da inclusão e reinserção do indivíduo na sociedade.
 
Quem opta por cursar Serviço Social deve estar atento às novas questões societárias, pois a realidade não é estática, as relações vão sendo moldadas de acordo com o processo histórico. É preciso estar comprometido para executar a profissão com qualidade e respeito aos usuários bem como para o fortalecimento da profissão.
 
É notório que a profissão vem se expandindo gradativamente, principalmente por ser compreendida como um reflexo das políticas públicas que nos últimos cinco anos vêm sendo difundidas.
 
Com a implementação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, foram criados inúmeros postos de trabalho nos municípios. De acordo com Ministério de Desenvolvimento Social, desde 2005 foram criados mais de 5000 Centros de Referência e Assistência Social, os CRAS, que é a porta de entrada para a escuta dos problemas dos usuários, e quase 1500 Centros de Referência Especializado em Assistência Social, os CREAS, que assiste os usuários quando seus direitos foram violados, como por exemplo violência contra a mulher.
 
UNIMES VIRTUAL
18                                                                          INTRODUÇÃO E HISTÓRIA
 
Ainda podemos citar a atuação do assistente social nos CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, na área da saúde. Esses centros de referência surgiram para eliminar as internações de pessoas com doença ou transtornos mentais, e é fruto das políticas públicas do governo federal e que foram descentralizadas, passando a incumbência para os municípios.
 
O poder judiciário também é responsável pelo crescimento da empregabilidade da profissão, pois, logo após o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, percebeu-se que a atuação do Serviço Social tornou-se um elemento obrigatório para articular-se com outros profissionais em uma visão multidisciplinar de atendimento.
 
O Estatuto da Criança é bem claro quando ressalva que é indispensável a atuação desse profissional, postulado este que se encontra nos seguintes artigos:
 
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
 
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
 
I) políticas sociais básicas;
 
II) políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem;
 
III) serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
 
IV) serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
 
V) proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
 
 
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
 
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem seatribua autoria de ato infracional.
 
UNIMES VIRTUAL
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA                                                                           19
 
Assim percebe-se que nas últimas décadas o mercado de trabalho expandiu-se gradativamente. Vale ressaltar que para a atuação profissional é necessário que o assistente social tenha seu registro no Conselho da classe, O CRESS – Conselho Regional de Serviço Social, por determinação legal.
 
Outro campo que está se mostrando promissor é o Meio Ambiente, apesar de ainda não ser tão difundido. Nessa área, o assistente social pode realizar estudos socioambientais e socioeconômicos da população que está diretamente ligada com as questões de implementação de indústrias, por exemplo.
 
 
Vocês conheceram até aqui a profissão e seus campos de atuação, na próxima aula será explanado a diferença de assistência, filantropia e assistencialismo visando compreender a importância destes conceitos para a intervenção profissional. Aguardo vocês!
Aula 04 - Relação entre Filantropia, Assistência e Assistencialismo
Talvez você já tenha ouvido falar do que vem a ser assistência social, filantropia e assistencialismo, mas você já parou realmente para pensar o significado destas palavras?
 
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
 
ASSISTÊNCIA: Ato ou efeito de assistir. Ato ou efeito de proteger, amparar, de auxiliar, modalidade de intervenção de terceiros, no pleito, tanto para zelar por seus interesses, como para proteger os interesses de quem está sob sua guarda ou proteção. Fato de uma pessoa relativamente incapaz ser acompanhada, na prática dos atos civis e políticos, por quem legalmente lhe supre a deficiência. Prerrogativa que, por lei, se assegura às pessoas provadamente pobres de virem a pleitear o benefício da gratuidade da justiça, para a demanda ou defesa de seus direitos. Toda espécie de auxilio, cuidado ou apoio prestados pelos poderes públicos às pessoas, comunidades ou corporações que deles necessitem. Conjunto de medidas através das quais o Estado (ou entidades não governamentais) procura atender às pessoas que não dispõem de meios para fazer frente a certas necessidades, como alimentação, creches, serviços de saúde, atendimento à maternidade, à infância, a menores, a velhos, etc. (HOUAISS, 2004, p.323)
 
ASSISTENCIALISMO: Doutrina, sistema ou prática (individual, grupal, estatal, social) que preconiza e/ou organiza e presta assistência a membros carentes ou necessitados de uma comunidade, nacional ou mesmo internacional, em detrimento de uma política que os tire da condição de carentes e necessitados. Sistema ou prática que se baseia no aliciamento político das classes menos privilegiadas através de uma encenação de assistência social a elas; populismo assistencial. (HOUAISS, 2004, p.323)
 
FILANTROPIA: Profundo amor a humanidade, desprendimento, generosidade, para com outrem, caridade. (HOUAISS, 2004, p.1341)
 
Ainda de acordo com o dicionário Houaiss, encontramos estes sinônimos para as palavras assistencialismo e filantropia:
 
BENESSE: aquilo que se doa, presente, dádiva. Solidariedade pelos flagelados. Vantagem ou lucro que não deriva de esforço ou trabalho. (HOUAISS, 2004, p.433)
 
BENEVOLÊNCIA: qualidade ou virtude de benévolo. Bondade de ânimo para com algo ou alguém. Magnanimidade (para com os que estão sob orientação ou comando), complacência, disposição favorável, boa vontade, manifestação de afeto, afabilidade. (HOUAISS, 2004, p.433)
 
Muitas pessoas, balizadas pelo senso comum, confundem a assistência social com ajuda, assistencialismo e benesse. No ano de 1993 a assistência social foi regulamentada com a LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social, onde ficou instituído que todos os usuários são possuidores de direitos. Essa lei nada mais é do que uma política pública de defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos.
 
A referida lei veio para eliminar a compreensão de assistência social como ajuda,caridade, pois tais atos soavam como clientelismo político . É válido lembrar que a assistência social é um direito garantido na Constituição Federal de 1988, lei maior que rege nossa nação.
 
A Constituição Federal instituiu um modelo descentralizador e democrático de assistência social, cuja participação da população transformou o campo da assistência, haja vista a criação da lei federal 8742 de dezembro de 1993, a LOAS, como já citada anteriormente.
 
Com advento dessa lei, alguns órgãos federais de assistencialismo foram extintos, onde em seu lugar foi implementado o sistema da Assistência Social, pois antes o modelo de gestão usado era a relação ONGs/ usuários, como o exemplo da ONG Comunidade Solidária, administrada pela então ex-primeira dama Ruth Cardoso. Dado a mudança do modelo de assistência para uma gestão descentralizada e participativa, há um esforço muito grande para que esse novo modelo se firme como uma política pública capaz de atender plenamente as necessidades dos usuários.
 
Para Estevão (2007), há certa confusão entre esses termos, pois o Serviço Social tem suas raízes no assistencialismo. A autora relata que a assistência era exercida em um caráter não profissional, como um apoio voluntário dos mais ricos para os mais pobres e necessitados.
 
Como disserta Martinelli (2006), a prática assistencial historicamente esteve longe das relações sociais, pois o que se pregava era a caridade. A autora traça em seu livro, Serviço Social: identidade e alienação um roteiro histórico da prática da assistência com essa conotação filantrópica:
 
Desde a Antiguidade há referências à prática da assistência com essa conotação. No velho Egito, na Grécia, na Itália, na Índia, enfim, nos mais diferentes
 
Para saber mais sobre clientelismo acesse o artigo de Seibel e Oliveira no site da
 
UFSC/artigo. pontos do mundo antigo a assistência era tarefa reservada às confrarias, que tem sua origem nas Confrarias do Deserto, cujo surgimento remonta a 3000 anos antes de Cristo, com o objetivo de facilitar a marcha das caravanas no deserto. Muitos anos mais tarde, porém ainda na época pré- cristã, as confrarias se estenderam para as cidades buscando, por analogia, ajudar a caminhada daqueles que sofriam, seja por privações, pela dor, por doenças, perdas ou rupturas. A ajuda, nessa fase da história da humanidade, concretizava-se na esmola esporádica, na visita domiciliar, na concessão de gêneros alimentícios, roupas, calçados, enfim, em bens materiais indispensáveis para minorar o sofrimento das pessoas necessitadas. (MARTINELLI, 2006, p.96).
 
Como se pode observar, desde os tempos remotos o assistencialismo se faz presente, é entendimento como um auxílio aos pobres sem condições e sem empoderamento social. Martinelli ainda pondera sobre a relação da prática assistencialista com a religião, onde a assistência como caridade ampliou-se, sendo fundamentada também pelo ideário de justiça social. Nesse momento da história a assistência caracterizou-se pela dimensão espiritual.
 
A prática da assistência foi um assunto incessante na organização da Igreja Católica como mais pura expressão da caridade cristã. Santo Tomás de Aquino foi um ideário da caridade e fé cristã, pois o mesmo colocava a caridade como um dos pilares da fé e de justiça social a quem dela necessitasse.
 
Não vamos nos ater neste momento às concepções da Igreja e assistencialismo, pois analisaremos com mais intensidade essa relação mais adiante na aula 31.
 
Parafraseando Martinelli (2006), a assistência ao longo da história trilhou muitos caminhos, bem como a maneira de operacionalizá-la, todavia, segundo a autora, um elemento esteve atrelado a este conceito: a caridade.
 
Vale ressaltar que a prática da caridade muitas vezes denota exploração, alienação e dominação política, como aponta Martinelli:
 
Desde a era medieval e avançando para épocas mais recentes, que atingiram até mesmo o século XIX, a assistência era encarada como forma de controlar a pobreza e ratificar a sujeição daqueles que não detinham posses ou bem materiais. Assim, seja na assistência prestada pelaburguesia, seja naquela realizada pelas instituições religiosas, havia sempre intenções outras além da prática da caridade. O que se buscava era perpetuar a servidão, ratificar a submissão (MARTINELLI, 2006, p.97).
 
Como observado nas linhas acima, a assistência social sempre foi vista como ação paternalista atrelado à ajuda aos mais pobres, fazendo do usuário um assistido do sistema, e não como um indivíduo de um serviço a que é seu por direito. Confundia-se muito a assistência social com as práticas caridosas da igreja católica, sendo interpretada como filantropia e espaço de exclusão, e não entendida como um mecanismo de superação das desigualdades sociais.
 
Entende-se, dessa maneira, que a assistência social é um mecanismo, uma política pública para atender as necessidades dos indivíduos, garantindo condições dignas de vida, bem como garantir formas de superação das desigualdades sociais. Já o assistencialismo é o acesso a um bem comum através da caridade, é uma benesse, uma ajuda, doação.
 
Entendendo a assistência social como política pública, compreende-se também que a mesma opera para a superação da exclusão social, defendendo prontamente os direitos dos excluídos, garantindo dignidade e cidadania. Basicamente podemos sintetizar que a assistência social é uma política de atenção e defesa dos direitos.
 
Há uma autora na área do Serviço Social, Maria do Carmo Brant, que retrata a questão da assistência social pelo viés da seguridade social como política pública. Isso implica pensar que a assistência social deve ser e estar configurada como proteção social do indivíduo, garantindo os mínimos de proteção aos seus usuários.
Aula 05 - Legislação Profissional
A profissão, ao longo de seu processo histórico, foi abarcada por alguns Códigos de Ética e mais recentemente pela lei de Regulamentação da Profissão em 1993. Esses documentos foram e são de suma relevância, uma vez que são os eixos norteadores que dão suporte à prática profissional.
 
Durante a dinâmica da profissão do assistente social, foram criados alguns códigos de ética (1947, 1965, 1975, 1986 e 1993), códigos estes que significaram os momentos sócio-históricos vivenciados pela profissão.
 
O último Código de Ética aprovado em 15 de março de 1993 dá um norte maior à profissão, pois assinala os direitos e deveres desses profissionais, além de dispor em suas alíneas sobre a ética com os usuários, a relação com os outros profissionais do Serviço Social, dentre outros. Não vamos nos ater neste momento sobre a descrição dos códigos de ética, pois os analisaremos com mais intensidade na aula unidade IV, na aula 30. Depois de anos de luta, em 07 de junho de 1993 foi sancionada a lei 8662 que regulamenta a profissão em todo território nacional, declarando livre o exercício da profissão, substituindo uma lei anterior de 1957.
 
Imagine que mesmo depois de tantos anos de participação na história e nas questões sociais, a profissão só foi realmente regulamentada no século XXI. Esta nova legislação que orienta a profissão definiu as competências e atribuições do assistente social.
 
O CFESS – Conselho Federal de Serviço Social (o qual estudaremos na próxima aula) publicou um artigo sobre a comemoração dos 16 anos do Código de Ética do Serviço Social, publicado em 13/03/2009 e um artigo sobre a comemoração dos 16 anos da Lei de Regulamentação da Profissão em 05/06/2009, os quais merecem ser visualizados, pois irão enriquecer o seu conhecimento sobre as legislações que regem a nossa profissão, e, em seu exercício profissional, será indispensável à prática e a consulta dessas leis inerentes à profissão.
 
Há algumas leis dentro da assistência social que envolve diretamente a nossa profissão, como é o caso da LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social, que deu um norte à assistência social no pais pois organização da assistência social tornou-se descentralizada, cabendo aos Estados e Municípios a sua efetivação, tendo como parâmetro a implementação das políticas públicas. É nesse contexto que o assistente social se apresenta, pois os Estados e Municípios precisaram contratar esses profissionais para dar conta da nova demanda oriunda das novas legislações pertinentes.
 
 
Vejamos o artigo 5° da LOAS:
 
Artigo 5º - A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes:
 
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;
 
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;
 
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo.
 
 
A lei supracitada estabelece os objetivos, princípios e diretrizes das ações da assistência social, onde ficou instituído que o sistema que comporia esta lei trabalharia de forma descentralizado e com participação do poder público e da sociedade civil. Neste contexto, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome planificou o SUAS – Sistema Único de Assistência Social, onde este órgão ficou responsável pela articulação da execução dos programas e serviços e também pelos benefícios sociais como O BPC – Benefício de Prestação Continuada.
 
Sintetizando essa questão, este programa estabelece as diretrizes da assistência social no país, e fazendo valer todos os seus objetivos. De acordo com o MDS esse programa organiza a oferta da assistência social em todo o Brasil, promovendo bem-estar e proteção social a famílias, crianças, adolescentes e jovens, pessoas com deficiência, idosas e a todos que dela necessitarem.
 
O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, aprovou em 2004 a Política Nacional de Assistência Social – PNAS, cujo documento define as ações que serão executadas dentro da oferta da assistência social. Outro documento do governo federal muito importante é a NOB/SUAS –Norma de Operação Básica do Sistema Único de Assistência Social, que está sob sua competência a descentralização deste sistema nos âmbitos dos Municípios e Estado e a regulação de como serão aplicados os recursos.
 
 
É importante frisar que esse inovador modelo de gestão da assistência social é uma forma de controle social da sociedade civil para com as atuações governamentais, resultando em uma gestão cristalina, que por consequência promove o acesso dos usuários aos programas sociais, consolidando, dessa forma, o papel do Estado quanto à questão do enfrentamento à pobreza.
 
 
Para terminarmos esta aula, indico o site do CFESS/ publicações_manifesta para que vocês possam visualizar os artigos sobre a comemoração dos 16 anos da Lei de Regulamentação da Profissão e a comemoração dos 16 anos do Código de Ética do Serviço Social. Na próxima aula convido você a aprender um pouco mais sobre os Conselhos que regem a nossa profissão.
 
Até mais!
Aula 06 - Conselhos Federais de Serviço Social e Conselhos Regionais de Serviço Social
Em algumas aulas anteriores vocês já puderam conhecer o que significa as siglas CFESS E CRESS – que são os órgãos normativos da nossa profissão. Nesta aula vamos aprender a importância desses órgãos e sua representatividade para a classe do assistente social.
 
O CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, assim como o CRESS –Conselho Regional de Serviço Social, são entidades que fiscalizam o exercício da profissão. Dados do CFESS indicam que a criação desses Conselhos de fiscalização tem origem na década de 50. Nessa época, a função dos conselhos era apenas a burocrática, não tinham autonomia, pois foram criados apenas para desempenharem o papel controlador do Estado.
 
Citamos anteriormente a lei 8662 de 1993 que regulamenta a profissão do assistente social, porém existiu outra lei de regulamentação da profissão, a lei 3252 de 1957, que foi regulamentada pelo decreto 994 de maio de 1962. Através desse decreto ficou instituído que a incumbência da fiscalização do exercício profissional ficaria a cargo desses órgãos, que na época sechamavam CFAS – Conselho Federal de Assistentes Sociais e CRAS
 
– Conselhos Regionais de Assistentes Sociais.
 
De acordo com o portal do CFESS, estas entidades tinham uma visão conservadora de atuação, pois refletiam a perspectiva da profissão na época, que nada se familiarizava às questões sócio-políticas. Ainda de acordo com o CFESS, os Códigos de Ética de 1965 e 1975 traziam ranços de uma visão conservadora da profissão. Hoje o CRESS atua em quase todas as regiões do país e é uma entidade de direito público, onde o Tribunal de Contas da União analisa anualmente as contas da entidade, daí já se observa a sua seriedade.
 
São atribuições do CRESS:
 
» Orientar, disciplinar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de Serviço Social;
 
» Zelar pelo livre exercício, dignidade e autonomia da profissão;
 
» Organizar e manter o registro profissional dos Assistentes Sociais e das pessoas jurídicas que prestam serviços de consultoria;
 
 
» Zelar pelo cumprimento e observância do Código de Ética Profissional. (Dados CRESS – São Paulo).
 
O CRESS e o CFESS foram instituídos para que o serviço prestado pelos assistentes sociais aos usuários seja realizado em sua totalidade. Eles devem garantir que a população atendida seja beneficiada e possa acessar o serviço com qualidade.
 
A questão da importância dessas entidades é abalizada pelo CFESS:
 
Em uma conjuntura assim, o Conjunto CFESS/CRESS reafirma e fortalece, em sua programática, o debate e ações estratégicas em torno da valorização da ética, da socialização da riqueza e da defesa dos direitos, na perspectiva de reconhecer, analisar e se contrapor às formas de mercantilização de todas as dimensões da vida social. Nosso compromisso com o projeto ético-político profissional, expressos nos valores e princípios estabelecidos no Código de Ética dos/as Assistentes Sociais, nos mobiliza para a luta em defesa de uma cultura política com direção emancipatória e respeito à diversidade, além de nos sensibilizar, em nosso cotidiano profissional, para conhecer as reais condições de vida da população e buscar formas de intervir contra todos os processos de degradação da vida humana. (CFESS-Conselho Federal De Serviço Social)
 
Podemos então sintetizar que todos os instrumentos normativos são coerentes entre si: o código de ética, a Lei de Regulamentação da Profissão, os regimentos internos, dentre outros.
 
 
Nesta aula você pôde conhecer um pouco das funções e importância das entidades normativas da profissão. Convido você a um desafio: pesquise em um site de busca o CRESS de sua região. É só digitar a sigla CRESS e o nome de seu Estado, por exemplo: CRESS São Paulo e conheça um pouco mais sobre o assunto.
 
Até a próxima aula!
Aula 07 - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS
A ABEPSS foi criada no ano de 1946, porém como outra nomenclatura- Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social, depois novamente mudou de nomenclatura – Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social. No ano de 1979, com o Congresso da Virada, essa instituição passou a ser responsável pela coordenação e articulação do projeto de formação da profissão.
 
Os anos de 1980 foram muito intensos no que concerne ao ensino e pesquisa na área do Serviço Social, pois surgiram inúmeros programas de pós-graduação. Nos anos 90 essa entidade de ensino e pesquisa passou a se chamar como é conhecida hoje - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, onde se articula em um tripé: ensino, pesquisa e extensão, bem como se articula com os programas de graduação e pós-graduação, onde se é explícito a sua natureza cientiíica através da publicação periódica da Revista Temporalis.
 
É de suma importância ressaltar que o processo histórico da ABEPSS vêm articulando ações de cunho democrático, pois a entidade promove debates nos níveis de formação acadêmica. Essa entidade também foi responsável pela elaboração das Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social, as quais a categoria aprovou no ano de 1996.
 
Na contemporaneidade, um desafio é posto a essa entidade: acompanhar, de uma forma geral, a implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais em níveis de graduação e pós-graduação.
 
Nesse sentido a ABEPSS aponta esse e outros desafios a enfrentar:
 
Um desafio permanente da ABEPSS é acompanhar a implantação das Diretrizes Curriculares. Isso envolve pensar um processo de formação continuada que venha a atingir os docentes de todas as universidades e/ou faculdades que tenham em seu quadro o curso de graduação em Serviço Social como um instrumento necessário e urgente para que a implementação das Diretrizes não seja fraturada em seus elementos mais relevantes, e para que seus fundamentos não sejam diluídos em seus aspectos mais importantes. Esse acompanhamento vem ocorrendo sistematicamente pelas várias diretorias da ABEPSS, por meio da realização de oficinas, de visitas às unidades de formação acadêmica, que vêm sendo realizadas desde a aprovação das Diretrizes, as quais subsidiam a elaboração e implantação dos projetos pedagógicos das diversas unidades de formação acadêmica filiadas. (ABEPSS-Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social)
 
Essa entidade realiza anualmente encontros nacionais de pesquisadores em Serviço Social, o ENPESS e algumas convenções. Recentemente a entidade vem tentando se articular com a América Latina (veremos na unidade II a importância do Serviço Social na América Latina), mais especificamente se aliando à ALAEITS, um movimento latino que é pautado na ideologia do Movimento de Reconceituação (o qual estudaremos na aula 18).
 
Convido você a conhecer no site da ABEPSS- onde se encontra o Estatuto da Entidade está disponível para download.
 
Até a próxima!
Aula 08 - Executiva Nacional de Estudantes de Serviços Social - ENESSO
A ENESSO - Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social é uma entidade representativa dos estudantes de Serviço Social no Brasil. Como qualquer outra entidade representativa a ENESSO possui um estatuto próprio.
 
Durante o I Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social – ENESS, em 1978, percebeu-se entre os estudantes de Serviço Social um desejo de unificar suas lutas e debater a profissão em todos os seus aspectos, principalmente o acadêmico. Foi também nesse evento que se cogitou a possibilidade de reformulação do currículo. Ano após ano ocorre o ENESS, cada um deles com uma temática específica, de acordo com o movimento sócio-histórico e também com a realidade acadêmica.
 
A criação da ENESSO possibilitou que a entidade tivesse uma autonomia maior perante a União Nacional dos Estudantes – UNE.
 
Para sintetizar o exposto acima segue o quadro:
 
 
 
 
 
Você percebeu como é importante uma categoria profissional   ter a sua representatividade? Sugiro que você reflita sobre cada entidade estudada nas aulas textos dessa unidade e pense como suas deliberações se articulam positivamente com a prática profissional.
 
Passemos para a unidade II, até lá.
Aula 09 - Vertentes europeias, americanas e latinas do Serviço Social
Durante algum tempo a ideia de que o Serviço Social na América Latina era consequência da vertente europeia perdurou. Para Castro (2003, p.17), as condições do exercício profissional foram fundamentadas nas condições econômicas vivenciadas por alguns países da América Latina, em especial o Chile, Brasil e Peru. Para Castro, o “Serviço Social é uma resposta à evolução do capitalismo nesses países”, principalmente através das lutas sociais e pela hegemonia do poder político.
 
Sendo assim, acompanhemos uma síntese do autor supracitado sobre a inserção do Serviço Social na América Latina:
 
É preciso reconhecer que o caráter do “espaço profissional” é dinâmico, possuindo um movimento que estabelece correlações de forças de acordo com os desenvolvimentos das profissões no interior da formação profissional, entendida como uma abstração da formação social. A inserção do Serviço Social no meio concreto em que opera é como a ocupação de um território habitadopor outras profissões e ofícios, gerando-se consequente pressão pela delimitação do
 
“espaço” próprio. Já se instituiu suficientemente sobre a inexistência de espaços vazios - aduzamos, apenas, que está super população dos mesmos só pode de dar sob a forma de presenças conflituais ou complementares, mas nunca neutras. (CASTRO, 2003, p.18).
 
Martinelli (2006, p.114) relata que definir os rumos da prática da profissão não foi uma tarefa nada fácil, pois o capitalismo exacerbado no século XX dominava toda a Europa e Estados Unidos. Tanto Castro como Martinelli refletem em suas obras os rumos tomados pela profissão em todo o seu processo sócio-histórico, pois, de acordo com Castro: “apreender o significado real e os efeitos da prática dos assistentes sociais ao longo da história supunha inserir seu estudo no interior das relações sociais historicamente determinadas”.
 
 
Para o autor, analisar o passado histórico da profissão significa ter um olhar voltado para o futuro. Segundo ele, Chesnaux apresenta:
 
 
O presente só reclama o passado em função do futuro: ele pode nos ajudar a compreender melhor a sociedade em que vivemos hoje, a saber, o que de-
 
fender e preservar, e, no nosso caso específico, a equacionar e ultrapassar os óbices que desafiam o Serviço Social contemporâneo. (CASTRO, 2003, p.25).
 
Alguns questionamentos nos vêm à cabeça quando estudamos a História do Serviço Social na América Latina: quais mudanças estruturais ocorreram? Como foi a inserção do Serviço Social em nosso continente? Para tentar responder a essa e a outras questões relacionadas à gênese da profissão, autores como Manoel Manrique Castro, Maria Lucia Martinelli e Maria Esolina Pinheiro farão parte de nosso estudo nesta unidade. A partir destes questionamentos é que se constrói o grande debate que adentra a história da profissão, na ótica de Castro.
 
Martinelli destaca que no plano político ocorreram mudanças de ordem estrutural na Europa, como por exemplo, a Revolução Russa de 1917, uma vez que a Rússia, embora pertença ao continente asiático, também pertence ao continente europeu. Essa revolução derrotou o Czarismo e passou a adotar o sistema socialista de economia estatal e planificada.
 
Neste momento da história essa revolução causou um verdadeiro desequilíbrio no movimento dos trabalhadores europeus por toda a Europa. Os trabalhadores, inconformados com a nova posição governamental, se organizaram em sindicatos e partidos para lutar por melhores condições de trabalho.
 
 
Veja o que relata Castro (2003) sobre esse período:
 
Organizados em partidos trabalhistas nacionais e em sindicatos, os trabalhadores lutavam para consolidar suas conquistas políticas, em termos da organização e da legislação referentes ao processo de trabalho. Havia, porém, em contraponto, uma política fascista em ascensão, que desde a década de 1920 espalhava-se pelo continente europeu, produzindo sensíveis mudanças na estrutura da sociedade. O recrudescimento da repressão sobre o movimento dos trabalhadores era evidente, assim como era também a profunda rachadura do sistema social. Aos impérios econômicos que começaram a despontar na esteira de uma economia fascista e de um capitalismo monopolista, correspondeu a intensa pauperização de uma grande faixa da população europeia.( CASTRO 2003, p.26)
 
 
O que se observou no continente europeu nesta ocasião foi uma grave falta de condições de se manter como centro hegemônico da economia, onde os Estados Unidos se declarou vencedor da I Guerra Mundial, tornando-se uma grande potência capitalista.
 
Assim, logo se estabeleceu nos Estados Unidos as classes dominantes e a burguesia, pois havia um crescente processo de industrialização neste país. Neste sentido, a burguesia era compreendida como o eixo controlador dos processos econômicos e sociais.
 
As questões sociais, como define Martinelli, que ora fora imposta, era interpretada como uma forma reducionista, ou seja, passíveis de serem controladas. Neste contexto, de acordo com a autora, foi enfatizada a busca de inúmeros conhecimentos científicos para explicar esse fenômeno, como a
 
Psicologia e a Medicina, pois se entendia que essa questão era interpretada como manifestações individuais, suscetíveis ao controle social.
 
Para Pinheiro, o espírito de independência e de liberdade dominou a mente do povo americano, e é nesse contexto de lutas de classe que o Serviço Social se apresenta, porém com um norte de atuação individualista, pelos motivos já explicitados acima. No ano de 1919 a Escola de Filantropia de
 
Serviço Social foi incorporada a uma grande universidade do país, passando a se chamar Escola de Trabalho Social.
 
Vocês devem ter observado na unidade I as entidades representativas da profissão no Brasil e nos Estados Unidos em 1920, a classe do assistente social também tinha uma entidade que os representasse, cujo nome era Associação Nacional dos Trabalhadores Sociais. Já na Europa a busca pela identidade da profissão se firmou por outro viés, deixando a linha de abordagem individual e passando a atuar pela vertente de atuação nas Sociedades de Organização da Caridade, no sentido de combater as ações por elas exercidas, controlando os conflitos e desajustes.
 
Esse período ansiava por busca de novas teorias que compreendessem o contexto histórico vivenciado na sociedade, teorias estas que visassem à superação do atendimento individual, agindo e buscando compreender os problemas sociais de uma forma mais ampla.
 
Martinelli salienta que esse período foi marcado pela busca de novas ciências para explicação das questões sociais como a Sociologia, Economia e Pesquisa Social. A linha de atendimento individual foi então substituída pela linha baseada nos preceitos da Sociologia, onde a atuação passou a ser a grupal. Todavia, o ideário da Sociologia nessa época era o conservador, com influências de pensadores como Auguste Comte, Le Play e Emile
 
Durkhein.
 
 
A linha de pensamento de Comte era a Positivista, e, como discorre Mar-tinelli, este pensador era considerado um teórico da burguesia, pois defendia que a sociedade poderia ser controlada pelas leis sociais e, dessa maneira, se obter equilíbrio e progresso.
 
Veja o que Valentim (2010) nos esclarece sobre o Positivismo:
 
A gênese do Positivismo ocorreu no século XIX, num momento de transformações sociais e econômicas, políticas e ideológicas, tecnológicas e científicas profundas decorrentes da consolidação do capitalismo, enquanto modo de produção, através da propagação das atividades industriais na Europa e outras regiões do mundo. Portanto, o “século de Comte” e sua amada França mergulharam de corpo e alma, numa “deusa” chamada razão, colocando sua fé numa “Nova
 
Religião”, caracterizada pela junção entre a ciência e a tecnologia, tidas como a panaceia da humanidade, no contexto da expansão, pelo Globo, do Capitalismo Industrial.” (VALENTIM 2010, p.25 )
 
Para Le Play, a base de toda sociedade estava enraizada na família, na propriedade e na religião, sempre sob a égide conservadora. Já Durkhein, que é considerado o pai da Sociologia, sintetizou que os problemas enfrentados pela sociedade eram de ordem moral e apoiava o controle social do Estado.
 
Acompanhemos esta definição sobre a linha conservadora de Durkhein sob a ótica de Martinelli:
 
Validando plenamente a sociedade de classes e a ação da classe “nobre” poderosa em relação à outra, considerava que só mediante rigoroso controle moral sobre os indivíduos ou grupos portadores ou manifestações dos problemas é que se poderia garantir a organização e o funcionamento adequado da sociedade (MARTINELLI, 2003, p.116).
 
Este pensamento conservador de atuação esteve vinculado aos preceitos também conservadores da Igreja Católica, trazendo para a prática profissional a dimensão do controle, repressão e ajustamento aos padrões fundados na sociedade capitalista.
 
A igreja pregava uma doutrina humanista, porém atrelada a um pensamento conservador dominante do Serviço Social na Europa, onde a sociedade burguesa detinha o controle social.Era notória a linha de pensamento conservador na prática do Serviço Social europeu e americano neste período. No mesmo momento em que se avançavam as ações e a abordagem de ação grupal para minimização dos conflitos sociais, crescia também a forma repressiva de controle social através das práticas profissionais.
 
Os profissionais do Serviço Social iam ao encontro dos trabalhadores, porém não em detrimento as suas causas, mas estavam ali para atender os intereses da burguesia, no sentido de conter as manifestações dessa classe.
 
A luta dos trabalhadores não era compreendida como mera luta de classes e sim como conflitos sociais, o que despendeu certo controle por parte da burguesia que nesse momento estava representada pela classe dos assistentes sociais.
 
A profissão do Serviço Social, até então, não se voltava para atender às necessidades dos usuários como acontece hoje, pois, segundo Martinelli, as ações do Serviço Social nesse dado momento histórico “significava a tentativa de equacionar os conflitos e de recuperar o equilíbrio aparente, de forma a garantir a regularidade do processo social”.
 
 
Observe o que Martinelli sintetiza sobre essa prática do Serviço Social:
 
A função econômica da prática social impunha- se soberanamente, levando os assistentes sociais a produzir ações distanciadas das contradições e antagonismos que marcavam a sociedade europeia no início do século XX. Sua preocupação em manter o equilíbrio do todo social, em administrar racionalmente os conflitos sociais, em humanizar as relações industriais, na prática expressava-se como um verdadeiro freio ao movimento do proletariado que lutava por melhores condições de vida e de trabalho, por salários dignos, por legislação social e trabalhista e não por ações oscilantes entre o controle repressivo e a caridade (MARTINELLI, 2006 p.117).
 
Note que a luta da classe trabalhadora não se voltava para o âmbito individual, foi uma luta política em busca de melhores condições de trabalho e de acesso aos direitos sociais.
 
A classe dos trabalhadores era consciente quando se tratava de não legitimar sua prática em preceitos religiosos ou conservadores, que nada trazia de benefício para suas lutas. Porém, para a classe mais pauperizada, que sofria com o desemprego, com a fome, com doenças, o assistencialismo advindo era essencial, mesmo que fosse uma estratégia de controle do sistema capitalista.
 
A burguesia, que detinha seus interesses,apoiava as práticas dos assistentes sociais, engendrada em uma conjuntura cada vez mais complexa, onde as lutas de classes a cada dia se tornavam cada vez mais acentuadas, cujo grande objetivo era preservar a hegemonia que ora fora imposta.
 
O Estado e a burguesia se aliaram e ofertaram políticas assistenciais como forma de controlar a classe trabalhadora, fazendo com que a essa classe enxergasse o Estado por um viés paternalista.
 
Nesta ocasião histórica a classe dos assistentes sociais tinha uma identidade atribuída pela sociedade burguesa: atuavam como relata Martinelli, sob a forma de controle social e de difusão do modo de pensar capitalista.
 
A trajetória histórica do Serviço Social foi marcada então, neste contexto, por uma contradição que marcou a sua prática: ora estava a favor da classe trabalhadora e ora a favor do Estado e da burguesia.
 
 Como vocês puderam observar, o Serviço Social esteve presente antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, principalmente em alguns países da Europa, Estados Unidos e alguns países latinos, e é nessa perspectiva de atuação que avançaremos à nossa próxima aula. Até mais.
Aula 10 - História do Serviço Social na América Latina
O que percebemos durante a leitura da aula anterior foi como se originou o Serviço Social nos países americanos e europeus, e uma pequena introdução sobre a gênese do Serviço Social na América Latina. Nesta aula vamos adentrar na história do Serviço Social na América Latina e na trajetória histórica do Serviço Social neste continente, acompanhe.
 
Segundo Castro (2003, p.27), a primeira escola de Serviço Social na América Latina surgiu em 1925 no Chile, cujo fundador foi o médico Alejandro Del Rio. Para Castro, foi a partir daí que a profissão se “latino-america-niza”, sendo caracterizada por um perfil inicialmente voltado para as demandas existentes.
 
Desde o seu início, a escola no Chile recebeu grande influência externa, principalmente advindas da Europa, Estados Unidos, Bélgica, Alemanha e França onde, a partir de 1940, os Estados Unidos passou a ser a única referência para a escola chilena.
 
Seguindo essa linha linha de raciocínio, Castro cita Barreix, onde o autor salienta que Alejandro Del Rio, criador da escola de Serviço Social chilena, foi um médico que esteve preocupado com um trabalho multidisciplinar.
 
Veja que nesse momento o Serviço Social não ganhou status de profissão independente, surgindo, neste contexto, como uma subprofissão, estando subordinada à ações médicas. As instituições de beneficência também contrataram os assistentes sociais, porém com uma conotação assistencialista, de fazer o bem por amor a Deus.
 
O ponto de partida para se compreender o surgimento do Serviço Social na América Latina e no Brasil está em realizar um passeio histórico pelo Serviço Social europeu e americano, que já foram descritos na aula anterior. Para Castro, a criação da escola de Serviço Social no Chile denota um novo rumo da profissão em termos da mesma em nível acadêmico superior.
 
Para que você compreenda com clareza a relação existente entre o modelo de Serviço Social europeu e americano e sua relação com o modelo latino-americano basta visualizar o que foi estudado na aula anterior no que tange às lutas reivindicatórias dos trabalhadores e qual foi o papel do Serviço Social neste contexto.
 
Observe que o proletariado no Chile, nos anos 20, esteve abarcado em ideias socialistas advindas da Revolução Russa de 1917, onde se foi exigido novas demandas do governo para atender as novas questões oriundas da exploração da força de trabalho surgidas pelo capitalismo desenfreado.
 
Assim, foi estabelecido que o Estado se articulasse para atender essa nova realidade social. O Estado chileno, neste instante, era conduzido pela força burguesa, estando a favor da classe dominante.
 
No Chile houve grande êxito econômico devido à exploração de cobre e, por consequência, a exploração da força de trabalho, onde as empresas norte-americanas, dominaram as empresas nacionais chilenas. Note que estes mecanismos de exploração da força de trabalho foram os responsáveis pelo crescimento econômico do Chile. Foi notório o grande desenvolvimento econômico neste país, onde se instaurou um grande projeto de ampliação da economia.
 
Juntamente com esse grande crescimento econômico, vieram também as consequências das relações de produção do capitalismo, onde as questões sociais se acentuaram. Houve muita miséria, elevado crescimento urbano e outras mazelas decorrentes do capitalismo descomedido, e é, nesse cenário, que o assistente social irá se apresentar. Percebe-se que a influência do Serviço Social europeu para com o Serviço Social latino-americano se configurou no campo ideológico.
 
Neste contexto Castro (2003) destaca:
 
Ora, o nosso juízo, se se recorreu à Europa como modelo para a legislação trabalhista, para a previdência social ou para a assistência pública, foi porque existia uma compatibilidade entre os projetos de classe que algumas faixas das classes dominantes sustentavam e o conteúdo das mensagens das formulas de ação importadas. Era este nível de identidade que criava as condições para que se visualizassem naquelas fórmulas um mecanismo de ação aplicável ás realidades de nossos países (CASTRO, 2003,p.39).
 
Perceberam como as influências europeias e americanas foram modelos para o Serviço Social na América Latina?
 
Na próxima aula você perceberá também essa influência na gênese do Serviço Social no Brasil.
Até a próxima!
Aula 11 - História do Serviço Social no Brasil
Na aula anterior nós vimos como os modelos externos foramdeterminantes para a criação do Serviço Social na América Latina. Nesta aula veremos como se deu a origem do Serviço Social no Brasil.
 
O surgimento do Serviço Social no Brasil se dá por volta da década de 30, por intermédio da burguesia respaldada pela Igreja católica, onde o Serviço Social europeu serviu como base de referência. Faz-se necessário esclarecer, para que você compreenda com mais destreza, que o Serviço Social no Brasil, assim como na América Latina, não é um simples resultado de ideias ou modelos já citados pois, como bem coloca Martinelli, o quadro histórico-conjuntural do Brasil vai colaborar para o seu surgimento.
 
A economia, nesse período, passava por uma grande transição, pois a mesma não girava mais em torno das atividades agrárias, mas no amadurecimento do mercado de trabalho, na consolidação do polo industrial e na vinculação da economia ao mercado mundial. (Martinelli, 2006, p.122).
 
Nesse período, o movimento dos trabalhadores ficou evidente, estavam desejosos por melhores condições de vida e de trabalho, o que não agradava em nada a burguesia.
 
Diante deste quadro, a classe dominante uniu-se ao Estado e a Igreja para estabelecer estratégias para desmontar a classe dos proletariados. O que ocorreu nesse dado momento histórico foi o grande crescimento das questões socias, onde os trabalhadores e pobres se viram penalizados pela barbárie do capitalismo.
 
Houve períodos de grande tensão nas lutas de classes, e, neste contexto, foi-se diluindo a República Velha e instaurando-se o movimento de 1930, a República Nova. Esse novo Estado pregava um conceito mítico, onde se intitulava como o único digno de resgatar a harmonia social sob forma de estratégia de diminuir a tensão existente entre Estado e classe trabalhadora.Para tal, o Estado buscou aliar-se com a Igreja e com alguns setores burgueses, a fim de que prevalecesse a sua hegemonia.
 
Martinelli nos mostra com clareza essa questão quando aponta que existiram alguns movimentos que apoiavam a classe trabalhadora na luta contra a dominação do Estado, sendo criados Centro de Estudos para qualificação de seus participantes para a prática social, sendo constituídos por mulhe-res católicas da classe burguesa. É nessa comjuntura de fortalecimento da classe trabalhadora que a burguesia vai perdendo forças. A autora revela que esse momento marcou o início da história do Serviço Social no Brasil em um contexto estratégico e conservador, atrelado à ideologia burguesa.
 
Para simplificar essa questão, e para que você compreenda esse contexto, basta pensar que a profissão do Serviço Social teve a sua identidade atribuída pela classe burguesa, produzindo suas práticas em um mecanismo de reprodução das relações sociais na sociedade capitalista.
 
Veja o que nos diz Martinelli (2006) sobre essa questão:
 
Tal identidade era, portanto, especialmente útil para a burguesia, pois, além de lhe abrir os canais necessários para a realização de sua ação de controle sobre a classe trabalhadora, fornecia-lhe o indispensável suporte para que se criasse a ilusão necessária de que a hegemonia do capital era um ideal a ser buscado por toda a sociedade.(MARTINELLI, 2006,p.124).
 
Fica envidente que o Estado, atrelado à burguesia, procurou através de práticas assistencialistas, estabelecer uma política de controle de preservação da ordem social. O objetivo maior de tais práticas advindas do Estado era controlar a tensão vivida pela sociedade, principalmente nas manifestações dos trabalhadores.
 
Para equacionar essas tensões, o governo criou órgãos, sob forma de manipulação política, para disciplinar as relações de trabalho. Surgiu então o Ministério do Trabalho Indústria e Comércio, com o principal objetivo de neutralizar a pressão da classe trabalhadora.
 
Em meio a este processo, e com o advento do Estado Novo em 1937, é que se inicia a trajetória do Serviço Social brasileiro, onde a identidade de sua prática social estava voltada para atender ás especificidades do capitalismo. Essa ação ideológica da profissão do assisnte social em atender as necessidades imediatas dos trabalhadores só fortalecia a ilusão de que o Estado era o provedor dos benefícios sociais, uma espécie de Walfare State.
 
Como vocês puderam observar, a prática do Serviço Social, neste momento, esteve nitidamente atrelada à questão econômica como estratégia de domínio de classe. Abarcado nessa identidade atribuída pelo capitalismo, o Serviço Social no Brasil foi acolhido pela burguesia católica e pela Igreja em si, como relata Martinelli, assumindo tarefas nada condizentes com o Serviço Social que se apresenta hoje, voltado para amenizar as desigualdades sociais. Neste contexto, o Serviço Social irá se apresentar como elo para fortalecer a fé da família operária cristã, onde a Igreja, vinculada ao Estado, ansiava recuperar a sua hegemonia.
 
Tão obstante, o movimento católico, aos poucos, veio ganhando notoriedade e, quando o Serviço Social despontou no Brasil, logo encontrou uma organização e causas a serem defendidas. Fica evidente o papel controlador do Serviço Social, como nos mostra Martinelli (2006):
 
O fetiche da prática, fortemente impregnado na estrutura da sociedade, se apossou dos assistentes sociais, insuflando -lhes um sentido de urgência e uma prontidão para a ação que roubavam qualquer possibilidade de reflexão e crítica (MARTINELLI, 2006, p.127);
 
Desde a sua origem, o Serviço Social esteve pronto para tentar responder às questões mais imediatistas, produzindo práticas de interesse apenas da classe dominante, onde se objetivava apenas o ajustamento político e ideológico instituído pela burguesia.
 
Assim, as práticas dos assistentes sociais se configuravam como dominação e exploração burguesa, cristalizando uma ação política articulada pela sociedade burguesa para conservar a sua hegemonia, garantindo o controle social.
 
Ainda para Martinelli (2006), as práticas sociais da profissão estavam voltadas para a manutenção da hegemonia, onde a identidade do profissional do Serviço Social era construída pela linha do controle e dominação, de acordo com o padrão imposto pela classe dominante.
 
Essa identidade do assistente social perdurou por longo tempo. A profissão, neste momento, ganhou um status de alienante e alienada, se distanciando das verdadeiras causas a serem defendidas.
 
Veja você que essa alienação transpôs as práticas dos assistentes sociais, o que se configurou em um grande obstáculo para que pudessem verdadeiramente manifestar a sua consciência política e de classe, ou seja, não era considerada uma categoria com identidade própria. Aliada ao Estado, a classe burguesa deu vazão para que o Serviço Social se institucionalizas-se. Entre as décadas de 40 e 60 o Estado foi o maior empregador dos assistentes sociais, configurando o controle que detinha sobre esta classe.
 
Com a Revolução de 30 o movimento católico no Brasil retomou a sua intervenção quanto ao seu fazer social, pois um novo poder hegemônico se instaurou, onde o proletariado passou a reivindicar os seus direitos, demandando novas estratégias políticas por parte do Estado e da classe burguesa, tendo a Igreja que intervir nessa nossa trama social.
 
Getúlio Vargas, com a decorrência da Revolução de 30, estimulou o processo industrial no Brasil, favorecendo, dessa maneira, a indústria nacional. A Igreja se aliou ao governo Vargas, pois vislumbrou algumas vantagens como o reconhecimento do catolicismo como religião oficial, promulgado na Constituição de 1934.
 
Neste período de industrialização e com uma urbanização crescente, as disparidades sociais cada vez mais foram acentuando-se, surgindo lutas reivindicatórias por parte dos trabalhadores, onde o Estado aparece para apaziguar essa situação. É nessa conjuntura que o Serviço Social no Brasil passar a existir e, nesse contexto, destaca Iamamoto (2004, p.18): “o debate sobre a ‘questão social’ atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se posicionarem diante dela”.
 
Diante desse cenário da sociedade brasileiranasce no ano de 1936 a primeira escola de Serviço Social no Brasil, a escola de Serviço Social de São Paulo. No ano seguinte surge a Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro, ambas sob forte influência da Igreja Católica.
 
Existe uma autora importante no Serviço Social, Maria Ozarina da Silva e Silva que destaca que desde a década da criação da primeira escola de Serviço Social até 1945 a profissão foi embasada por 3 eixos, que se seguem:
 
1. Formação científica, no qual era necessário o conhecimento das disciplinas como Sociologia, Psicologia, Biologia, Filosofia, favorecendo ao educando uma visão holística do homem, ajudando-o a criar o hábito da objetividade;
 
1. Formação técnica, cujo objetivo era preparar o educando quanto sua ação no combate aos males sociais;
 
1. Formação moral e doutrinária, fazendo com que os princípios inerentes à profissão sejam absorvidos pelos alunos.
 
Note que o Brasil, neste período, estreitou sua relação com os Estados
 
Unidos onde os campos econômicos, políticos e sociais sofreram influências deste país, onde o Serviço Social muda sua linha de prática passando a adotar a linha americana como, por exemplo, os métodos de Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo, Organização de Comunidade e, em seguida, Desenvolvimento de Comunidade
 
As décadas de 50 e 60 foram marcadas pela visão do assistente social como agente de implantação dos programas sociais, com grande influência no padrão de desenvolvimento do país. A partir desse contexto a profissão busca um novo modelo de atuação teórico-prático para atuar frente
 
à realidade. Para agir frente a esses novos fenômenos, o Serviço Social fundamenta as suas práticas nas Ciências Sociais, tentando mostrar aos indivíduos a importância da luta de classes frente ao capitalismo.
 
Na década seguinte, 1970, um novo pensamento é tomado pelos assistentes sociais, onde a profissão ansiava por um novo método de atuação, buscando romper com o conservadorismo, ou seja, com as práticas assistencialistas.
 
Nesse momento o Serviço Social se laiciza, ou seja, passa a atuar verdadeiramente a favor das classes menos desfavorecidas, deixando a de sofrer, em partes, influência direta da Igreja Católica.
 
Os anos 80 é tomado pelo debate da Ética na profissão, visando à ruptura da ética em um contexto cristão. Observem que nessa conjuntura de transformações é criado o Código de Ética da profissão em 1986, que tinha por um de seus objetivos o compromisso com a classe trabalhadora.
 
Com o advento da Constituição de 1988, o Brasil busca a democracia o assistente social deixa de ser agente da caridade e passa a se legitimar como profissão, atuando em políticas públicas, fazendo com que os usuários saibam dos seus direitos enquanto participantes da sociedade.
 
Nos anos 90 o Serviço Social é tomado pelas concepções do neoliberalismo, onde as questões do mundo do trabalho e a economia estão em pauta nas discussões da profissão, e o Estado se vê obrigado a articular políticas sociais para garantir os direitos sociais dos indivíduos. A instrumentalidade da profissão é fruto de ressignificação, são criados novos instrumentos de atuação como as mediações objetivando a emancipação do usuário.
 
Finalmente nos anos 2000 o que está em pauta são as questões sociais advindas do processo do capitalismo e o papel do Serviço Social frente às tais questões. Este assunto remete a novas discussões para fortalecimento do projeto ético-político da profissão, para que as ações do Serviço Social visem tão somente o acesso dos indivíduos aos direitos sociais.
Aula 12 - Positivismo, Funcionalismo e Marxismo
Na aula 9 vocês tiveram uma breve introdução do Positivismo e sua contribuição para explicar as práticas o Serviço Social. Nesta aula vamos condensar esse termo e explicar outras vertentes que contribuíram para a história do Serviço Social.
 
O Positivismo foi difundido na Europa por Augusto Comte. É uma corrente filosófica que defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Para essa corrente filosófica, os conhecimentos advindos de crenças, valores e que não pudessem ser comprovados cientificamente não poderiam ser considerados verdadeiros. Na visão positivista não há divisão de classes sociais, apenas considera que há os dominantes e os dominados e que os dominantes devem sempre influenciar a classe dos dominados.
 
No positivismo não há liberdade nem democracia, onde a força é o que fundamenta sua ideologia. Transpondo essa ideia para o Serviço Social, verifica-se que no século XX a profissão foi fundamenta por um pensamento sociológico, porém conservador, sob a influência do pensamento positivista. Releiam a aula 9 e observem que o positivismo pregava que a sociedade era passível de controle, o que resultava em um suposto equilíbrio da sociedade.
 
Esse pensamento conservador, fortemente vinculado à Igreja Católica, dominou o Serviço Social europeu, e como o Serviço Social no Brasil sofreu a influência americana, o Positivismo também esteve presente nas ações dos assistentes sociais no nosso país, emergindo a ideia do controle e ajustamento aos padrões impostos pela classe dominante.
 
O Funcionalismo procura visualizar que as funções de uma determinada sociedade são idealizadas por instituições. Para essa corrente cada instituição tem o seu papel determinante, que atenderia cada necessidade individual. Martinelli (2006, p.116), destaca que, para Emile Durkheim, havia implicações morais nos problemas sociais e só com grande controle moral é que uma sociedade poderia funcionar adequadamente.
 
Finalmente podemos sintetizar que o Marxismo são ideias de cunho ideológico que integram as questões políticas e sociais de uma sociedade.
 
Seus percussores são Karl Marx e Friedrich Engel. Essa corrente enxerga o
 
 
homem como ser histórico, onde esse mesmo homem faz parte do contexto de sua produtividade, ou seja, seu trabalho desenvolve cada vez mais suas potencialidades humanas.
 
Nesta teoria, a sociedade era visualizada a partir da forma      de como os bens de produção são distribuídos, determinando como a política, a cultura, as condições econômicas se configuravam nessa conjuntura. A visão do marxismo é a distribuição igualmente das riquezas socialmente produzidas. Só assim, na visão marxista, uma sociedade igualitária seria possível.
Aula 13 - As Encíclicas Papais
A Igreja Católica detém um discurso doutrinário que visa a elucidação de muitos problemas da humanidade, determinando normas para o exercício da fé católica. Dentre essas  normativas advindas da Igreja estão as Encíclicas Papais, cujas diretrizes figuraram modificações no que concernem as doutrinas e às ações políticas da igreja.
 
Repare que no momento em que o Serviço Social avança para sua profissionalização, duas encíclicas papais assumiram um papel importante para seu desenvolvimento, posto que a ação católica, sob forma ideológica, foi responsável pelo perfil das primeiras escolas de Serviço Social.
 
A encíclica Rerum Novarum, promulgada por Leão XII em 15 de maio de 1891, tratava-se de uma espécie de carta aos sacerdotes da Igreja e tratava das condições vividas pelos trabalhadores. Castro (2003) nos mostra que essa encíclica era dividida em duas partes: uma parte falava da solução proposta pelo socialismo e a outra da solução difundida pela Igreja. O documento, em linhas gerais, expõe como a questão do operário era vista naquele contexto de sociedade exploradora. Castro cita um trecho dessa encíclica em sua obra:
 
Os progressos recentes da indústria e os novos caminhos trilhados pelos ofícios, a mudança operada nas relações entre patrões e trabalhadores, o enriquecimento de uns poucos e o empobrecimento da multidão, a maior confiança dos operários em sim mesmos e a união com que se juntam entre si, enfim, a corrupção de costumes fizeram eclodir a guerra (CASTRO, 2003, p.52).
 
As normativas desta encíclica incitavam os trabalhadores para que se fortalecessem em sindicatos, porém defendia o direito à sociedade privada.A Rerum Novarum destaca alguns princípios que deveriam ser usados na busca de uma sociedade justa, onde as riquezas fossem melhor distribuídas e o Estado estivesse a favor dos menos favorecidos.
 
Essa encíclica traçou um levantamento do contexto social da época, destacando as mazelas as quais os trabalhadores estavam submetidos em razão do capitalismo desenfreado.
 
 
Nas linhas gerais do documento, se aponta que a classe dominante e a classe dominada não devem estar em desacordo, e somente a Igreja pode apaziguar essa situação de conflito. Esta encíclica sustenta uma reforma social como meio para enfrentar as questões sociais que surgiram.  A Igreja em si propunha práticas assistencialistas através das linhas desta encíclica, pois seu principal objetivo era cumprir sua função política, reafirmando seu poder perante o Estado e mantendo forte influência sobre os mais desfavorecidos.
 
Na verdade, esse documento faz com que a Igreja se coloque à frente do Estado, com o propósito de fazer o bem por amor a Deus. Para Castro (2003, p.52) a encíclica “converte-se em elemento doutrinário que reorienta o seu esquema de atuação frente às classes sociais, com nítida intenção de introduzir uma formulação que lhe permita colocar-se à cabeça dos programas de caráter geral”.
 
A Rerum Novarum pregava que a religião era o fundamento de todas as leis, e só ela era capaz de proporcionar paz e a prosperidade entre os homens.
 
Outra encíclica bastante importante para a história do Serviço Social foi a “Quadragésimo Ano”, difundida por Pio XI em 15 de maio de 1931, dois anos depois da crise no mundo capitalista em 1929. Nesta encíclica continha também orientações sobre a doutrina social da Igreja, porém de uma forma mais frenética. Em linhas gerais essa encíclica estabelece normas para que o Serviço Social esteja voltado para seu princípio de “fazer o bem aos outros”.
 
Observe que, de acordo com essa encíclica, o Serviço Social assume o seu papel, porém com um olhar “caridoso”. Analise o que Castro (2003) sinaliza sobre essa questão:
 
Eis como a caridade, o messianismo, o espírito de sacrifício, a disciplina e a renuncia total passam a ser parte constitutiva dos aspectos doutrinários e dos hábitos que acompanharam o surgimento da profissão sob a perspectiva católica, e não só por autodefinição interna, mas por desígnio vaticano (CASTRO, 2003, p.64).
 
Tal encíclica também enfatizou que aspectos técnicos de atuação assistencial fossem retomados, onde a Igreja estimulasse a criação de Centros de Estudos.
 
“A Quadragésimo Ano” defende que uma sociedade do capital é benéfica, porém defende também que o mundo não pode deixar ser levado pela economia, fazendo desta um fim em si mesma. A caridade e a justiça social aparecem neste documento como uma espécie de “alma” para que a sociedade se organize. Cabe lembrar que tais encíclicas, embora defendessem em parte a população pobre e trabalhadora, tinham uma visão conservadora e monoteísta, isto é, consideravam que toda filosofia moderna é responsável pelos problemas do mundo contemporâneo, portanto as encíclicas sofreram influência dessa corrente filosófica, a monoteísta.
 
Esse texto ainda faz uma crítica forte ao capitalismo, destacando que o poder e os recursos estão nas mãos da classe mais favorecida, onde os “dominados” clamam pela justa distribuição da riqueza e da justiça social, e defende também que o direito à propriedade promove harmonia entre as classes sociais.
Aula 14 - O Serviço Social e o capitalismo monopolista
No decorrer de nossas aulas falamos sobre capital, capitalismo, relações sociais. Para Martinelli, o capitalismo é compreendido além das transações monetárias, é entendido como um determinado meio de produção, marcado pela dominação do processo de produção do capital.
 
Para Marx, o modo de produção compreende a natureza técnica da produção e também pela maneira pela qual a propriedade era definida nos meios de produção e sua relação entre os sujeitos, Assim, de acordo com Martinelli (2006, p.118) “o modo de produção capitalista definia uma forma específica de relações sociais entre os homens e sua forma de produção, mediadas pela posse desses meios de produção”. Nesse contexto o capitalismo é entendido como modo de produção, cuja concentração desses modos de produção é marcada pela compra e venda da força de trabalho.
 
Como já discutido nas aulas anteriores, o Serviço Social surge como profissão para o enfrentamento das questões sociais, mesmo que, em seu início, suas práticas fossem assistencialistas. Todavia, o histórico da profissão não se resume apenas às questões sociais, mas no contexto da sociedade burguesa monopolista. As lutas de classe acentuam-se com o capitalismo, pois a classe trabalhadora se mobiliza e o Estado responde a essas manifestações através de políticas públicas.
 
Note que, desde as aulas anteriores, sempre falamos de conflitos entre classe dominante e classe dominada. Esses conflitos, em tese, são inevitáveis, pois a classe dominada sempre vai lutar para que seus direitos sejam reconhecidos, a não ser que estejam submetidos a uma forma de alienação que os impeça de analisar com criticidade a sua realidade.
 
Partindo do pressuposto que o Serviço Social é uma ciência participante do processo histórico social, o mesmo enquanto profissão sempre está inserida nas questões econômicas, políticas e culturais.
 
Você lembra o que já estudamos anteriormente? O Serviço Social se originou pelo advento do capitalismo, então é inegável que a profissão sempre esteve atrelada a esse contexto de lutas de classes.
 
Veja o que Iamamoto (2004) nos diz sobre esse contexto:
 
Em decorrência do novo equilíbrio de forças, verifica-se uma mudança significativa nas relações de trabalho, expressa através da política salarial e sindical, que traduzem um aumento do nível de exploração da classe operária (...). A consequência da implantação das novas estratégias de desenvolvimento, altamente concentradoras de renda e de capital, é a queda do padrão de vida dos assalariados (IAMAMOTO, 2004, p.82)
 
Em, tese, podemos sintetizar que o Serviço Social surgiu da expressão das inúmeras questões sociais, da desigualdade latente, onde o capitalismo se engendra no viés do antagonismo entre capital e trabalho.
Aula 15 - O assistente social na divisão sócio-técnica do trabalho
Percebam que, como já estudado na aula anterior, o Serviço Social se viu atrelado ao contexto da sociedade capitalista. Assim, aprenderemos nesta aula como se deu a inserção do Serviço Social na divisão do trabalho, onde suas novas perspectivas são fruto da condição sócio-histórica em que estão inseridos.
 
Esta inserção vai depender de como a profissão se apresenta frente ao capitalismo monopolista, de como as políticas do Estado são articuladas e como esses elementos se configuram nas especificidades na divisão social do trabalho do Serviço Social.
 
Você sabe que no nosso mundo contemporâneo mudanças de ordem estrutural vêm acontecendo e novas relações de trabalho e de produção são engendradas. Estamos na era em que as inovações tecnológicas fazem parte dos processos de trabalho, onde novas modalidades de produção são constituídas. Neste tocante, note que o Serviço Social irá se apresentar vinculado às novas formas de organização da sociedade, onde as questões tecnológicas se fundem ao processo produtivo.
 
Ao longo de nossos estudos até aqui, você deve ter observado que o pro-cesso de institucionalização da profissão tem sua marca no processo de racionalização do Estado burguês e hoje as novas articulações da profissão apontam para um estudo histórico da profissão e se configura nas funções que a profissão desempenha na sociedade capitalista atual.
 
De acordo com Guerra (2002), faz-se necessário que se resgate a questão da inserção do Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho configurada pelo processo de produção capitalista. Assim, de acordo com a autora “a maneira pela qual o processo de divisão do trabalho cria, institucionaliza, define a funcionabilidade e

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