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Biofísica Esquelética Introdução A biomecânica é o estudo das forças que são aplicadas no corpo e a reação do corpo a essas forças. A biomecânica externa estuda as forças físicas que agem sobre os corpos, enquanto a biomecânica interna estuda a mecânica e os aspectos biofísicos das articulações, dos ossos e tecidos. Ossos Os ossos são um tecido conjuntivo especializado. O tecido ósseo é composto de colágeno do tipo I com várias células (osteoblastos, osteócitos e osteoclastos), glicoproteínas e íons como cálcio e fósforo. Eles conferem uma sustentação rígida ao corpo e criam um sistema de alavancas. Além disso protegem as partes moles e promovem a locomoção do corpo. O osso longo é composto internamente por trabéculas de osso esponjoso e em sua periferia por osso compacto. A subunidade do osso compacto é o ósteon (sistema de Havers) composto por um canal de Havers com espirais concêntricas que formam lamelas e dentro destas estão lacunas com os osteócitos. Forças Esqueléticas As estruturas do aparelho locomotor podem ter diferentes forças aplicadas sobre elas. Estas forças são chamadas de solicitações mecânicas e podem ser de: compressão, tração, flexão, deslizamento e torção. A compressão atua na direção longitudinal dos ossos, tendendo a diminuir seu comprimento e aumentar seu diâmetro. Quanto maior essa força, mais tecido o osso deve ter para suportá-la. A tração é o oposto da compressão, tendendo a aumentar o comprimento do osso e diminuir seu diâmetro. O deslizamento (cisalhamento) tende a provocar um deslizamento de uma parte de um osso sobre outra. A flexão tende a curvar um osso, provocando esforços de compressão de um lado e esforços de tração do outro. A torção é um tipo de carga que tende a torcer um osso. Além disso, os ossos estão submetidos à força gravitacional, forças musculares e muitas outras, sendo então submetidos a mais de uma solicitação mecânica, formando cargas combinadas. Fraturas Ósseas A fratura de galho verde é uma fratura incompleta e a solução de continuidade ocorre na superfície convexa da inclinação no osso. A fratura fissurada envolve uma fenda longitudinal incompleta. A fratura cominutiva é uma fratura completa que fragmenta o osso. A fratura transversa é uma fratura completa e a fenda ocorre em ângulo reto com o osso. A fratura obliqua é uma fratura que ocorre sem formar ângulo reto com o eixo do osso. A fratura espiralada é uma fratura completa causada pela rotação excessiva do osso. Forças Musculares As molas motoras dos movimentos dos animais são os músculos, mediante de algumas células excitáveis, adquirindo habilidade de se mover. Os músculos, ao se movimentarem, acacabam por movimentar os ossos. Os músculos esqueléticos (liso e cardíaco) são responsáveis pelo movimento do animal, sendo constituídos pelas fibras musculares que são células excitáveis que podem contrair ou relaxar. As propriedades dos músculos são extensibilidade (capacidade de aumentar seu comprimento), elasticidade (capacidade de retornar ao seu comprimento original após a deformação), contratilidade (capacidade de se encurtar ao receber estímulos), irritabilidade (capacidade de responder a um estímulo) e a capacidade de gerar tensão pela ativação do músculo. Papéis dos Músculos Os músculos podem exercer vários papéis diferentes, sendo agonistas ou antagonistas. O agonista é o músculo ou grupo muscular que está mais diretamente relacionado ao ínicio e à execução de um dado movimento em uma dada articulação, por meio de uma ação concêntrica. O antagonista é o músculo ou grupo muscular cuja ação é considerada oposta a um dado agonista, por meio de uma ação excêntrica. Além disso, os músculos também podem ser estabilizadores e neutralizadores. Os estabilizadores são os músculos que agem em um segmento de modo a estabilizá-lo, para que possam ocorrer movimentos específicos em articulações adjacentes. Os neutralizadores são músculos que previnem ações acessórias indesejadas provocadas por outros músculos. Ex.: se apenas a flexão do cotovelo é desejada o músculo pronador redondo age como neutralizador na supinação do antebraço. Tensão Muscular Quando um músculo é ativado ele desenvolve tensão, que depende da área da sua seção transversal. Esta tensão produz torque nas articulações. O torque resultante determina a presença ou não de movimento. O produto de uma força pela distância perpendicular produz um torque ou momento. Um torque é o equivalente rotatório de uma força, sendo descrito como ocorrendo ao redor de uma articulação, em um plano perpendicular a um eixo de rotação. O torque interno é o produto de uma força interna (músculo) e o braço do momento interno. O braço do momento interno é a distância perpendicular entre o eixo de rotação e a força interna. O torque externo é o produto de uma força externa (como a gravidade) e o braço do momento externo. O braço do momento externo é a distância perpendicular entre o eixo de rotação e a força externa. Os torques internos e externos estão sempre competindo pela dominância nas articulações. Desse modo, o mais dominante se reflete na direção do movimento ou na posição das articulações. Uma força produzida por um músculo que não apresenta braço de momento não provoca torque ou rotação. Um músculo é considerado ativo quando é estimulado pelo sistema nervoso. Quando ativado pode produzir três tipos de ações: isométrica, concêntrica ou excêntrica. Ações Musculares A ação isométrica (do grego isos, igual, e metron, medida) ocorre quando o músculo produz uma força de tração enquanto mantém seu comprimento constante. Durante essa ação o torque interno é igual ao torque externo. A ação concêntrica (“indo para o centro”) ocorre quando um músculo produz uma força de tração ao se contrair. Nela o torque interno excede o torque externo. A ação excêntrica (“distante do centro”) ocorre quando um músculo produz uma força de tração ao se alongar. Nela o torque externo excede o torque interno. Torque (Momento) O torque é definido como o produto da magnitude de uma força pela distância perpendicular desde a linha de ação da força até o eixo de rotação, tendo então a seguinte fórmula: T = F x r Onde T é o torque em unidade do torque (Nm), F é a força em Newtons (N) e r é a distância perpendicular em metros (m). As características do torque são: → Magnitude da força: é a intensidade da força aplicada que permitirá o movimento; → Distância: mais curta, ou perpendicular, desde o ponto pivô até a linha de ação da força; → Quanto maior o braço de momento ou a força aplicada, maior o torque. Equilíbrio Estático Um corpo está em equilíbrio estático quando não está experimentando aceleração. Portanto, a soma das forças e a soma dos torques são zero. As condições de equilíbrio estático são as seguintes: → 1ª condição: a força resultante de todas as forças que atuam sobre o corpo deve ser igual a zero, garantindo a ausência de translação. F = 0 → 2ª condição: o momento (torque) resultante de todas as forças que atuam sobre o corpo em relação a qualquer eixo deve ser igual a zero, garantindo a ausência de rotação. M = 0 A Terceira Lei de Newton A 3ª lei de Newton postula que para cada ação há uma reação igual e oposta. Portanto, todo efeito que um corpo exerce sobre outro é contrabalanceado pelo efeito que o segundo corpo exerce sobre o primeiro. Alavancas Ósseas No corpo, as forças internas e externas produzem torques por meio das alavancas ósseas. Uma função da alavanca é converter uma força linear em torque rotatório. Elas são compostas basicamente de: → Força potente: é a força interna (do músculo que exercemos para gerar o torque (Força); → Força resistente: é a força externa que cria resistência à força potente, ou seja, a forçaque pretendemos vencer para gerar o torque (resistência); → Ponto fixo (fulcro): é o ponto de apoio. O eixo de rotação se localiza sobre o ponto fixo, pois o ponto fixo representa o centro da circunstância que descreve a trajetória do movimento; → Braço de força: é a distância entre a força e o ponto fixo; → Braço da resistência: é a distância entre a resistência e o ponto fixo. Podemos usar como exemplo uma gangorra simples como alavanca de primeira classe (interfixa): Nessa imagem podemos perceber a presença de um ponto fixo entre as duas forças. O garoto é a força resistente (R) com seu braço de resistência (D1) e o homem é a força potente (P) com seu braço de força (D). É evidente que o braço de força está menor que o braço de resistência. Sabendo que R = 336N (peso do garoto em Newtons) e que seu braço de resistência mede 1,82m e que F = 672N (peso do homem em Newtons) e que seu braço de força mede 0,91m, podemos notar que esta alavanca está em equilíbrio, pois: 672 x 0,91 = 336 x 1,82 → 611,5 = 611,5 D1 D F R Portanto, como dito pelo equilíbrio estático, as forças resultantes são iguais a zero, e, desse modo ocorre o equilíbrio da gangorra (alavanca). Dentro do corpo, as forças potentes e resistentes produzem torques por meio das alavancas. O fulcro está localizado na articulação. As alavancas podem ser classificadas em três classes, sendo a de primeira classe chamada de interfixa, a de segunda classe inter-resistente e a de terceira classe interpotente. Alavanca Interfixa Nas alavancas de primeira classe, o ponto fixo está posicionado entre as forças potentes e resistentes. Um exemplo no corpo humano é formado pelos músculos extensores da cabeça e do pescoço que controlam a postura no plano sagital. A força é o músculo da cabeça, a resistência é o peso da cabeça e o ponto fixo são as vértebras. Nessas alavancas, geralmente as forças internas e externas agem em direções lineares similares, embora possam produzir torques opostos. Alavanca Inter-resistente As alavancas de segunda classe possuem seu ponto fixo localizado em uma extremidade do osso e a resistência está entre o ponto fixo e a força potente. Logo, a potência possui maior alavancagem do que a resistência. Essas alavancas são raras no organismo. Um exemplo é o torque necessário para ficarmos nas pontas dos pés pelos músculos da panturrilha. Nela o ponto fixo são os dedos do pé, a força é o músculo da panturrilha e a resistência é o peso corporal. Como o braço da força é superior ao braço da resistência conseguimos produzir um torque maior com menor força, superando o nosso peso corporal. Alavanca Interpotente Nas alavancas de terceira classe, assim como na alavanca de segunda classe o ponto fixo está em uma extremidade do osso, porém quem está no meio é a potência e a resistência fica na outra extremidade. Portanto, a resistência tem maior alavancagem. Um exemplo são os músculos do cotovelo que sustentam um peso colocado na mão. Nele, os músculos flexores do cotovelo são a força, o osso do cotovelo (olécrano) é o ponto fixo e o peso carregado é a resistência. A maioria das alavancas do sistema musculoesquelético animal são de terceira classe, apresentando baixo rendimento em termos de força. Tipos de Movimentos Os movimentos podem ser no solo, ar e água. Os meios de locomoção no solo mais comuns são: corrida, marcha, reptação e salto. A corrida é comum nos digitígrados (guepardo) e nos ungulados (cavalos), oferecendo grande velocidade a eles. A marcha é comum nos plantígrados (urso, por exemplo), oferecendo baixa velocidade em marcha lenta. Ao comparar um cachorro com um guepardo é notável que a posição estável da cabeça se mantém constante por todo o trajeto, ao contrário do cão. Isso porque o guepardo precisa manter o contato visual com sua presa, já o cão precisa maximizar seu impulso com os movimentos verticais da cabeça. A girafa se assemelha a um guindaste, com problemas mecânicos. Em um guindaste, o peso do braço do elevador é equilibrado por um contrapeso. Mas a girada não tem contrapeso e, portanto, a massa da cabeça cria a força de rolamento. E, no entanto, a girafa mantém o equilíbrio. Uma girafa funciona usando um giro rotatório ou uma marcha galopante, com movimentos grandes e dinâmicos dos membros e do eixo do corpo. A girafa galopante mantém sua cabeça e ombros estáveis durante a corrida, apenas com mudanças sutis no pescoço, resultando em um equilibro apesar da sua construção pesada. No salto os membros inferiores são muito desenvolvidos, com tendões longos e elásticos nos pés, como o canguru. Na escavação são necessárias extremidades fortes e garras bem desenvolvidas, como as toupeiras. Os répteis se locomovem por reptação se ondulando pelo solo, podendo fazer movimentos retilíneos, concertinas (sanfona) e em zig-zag. As aves podem ser ratitas (não voadaoras) ou carinatas (voadoras). As ratitas, como as emas, andam e correm necessitando de pernas fortes e longas e dedos reduzidos. As carinatas possuem dois tipos de voos: os voos de batimento contínuo típico de aves de ases curtas, como o beija- flor, realizando batidas rápidas e potentes. Os voos de batimento alternado com voo planar típico de aves com mais de 140g que alternam o batimento para ganhar altitude com o planeio. Há ainda dois tipos: bater as asas e depois fechá-las ou bater as asas e mantê-las abertas. A locomoção da água é a natação, auxiliada pelas barbatanas.
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