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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre INTRODUÇÃO CONCEITO Pela Sociedade Brasileira de Queimados, queimaduras são feridas traumáticas, causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos, que atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos e pode até atingir camadas mais profundas (ex.: TCSC, músculos, tendões e ossos). O que determina a gravidade das queimaduras? A influência por temperatura e pelo tempo de exposição. EPIDEMIOLOGIA Dado OMS: 5ª causa de morte acidental no mundo; Cerca de 11 milhões de atendimentos médicos/ano no mundo, e desses, 300 mil mortes. Há quase 1 milhão de queimados/ano no Brasil, sendo 200 mil atendidos em emergências, 50 mil internações e o óbito corresponde à 3ª maior causa de morte traumática (ficando atrás de homicídios e acidentes automobilísticos); 25 a 30% dos casos são crianças: o São problemas à longo prazo, tanto médico (ex.: cicatrizes podem limitar o crescimento de determinada parte do corpo), como social (ex.: limitações econômicas/laborais). Mortalidade no Brasil: Foco em SP, RJ, MG, BA, AL, SE, ES, PB, DF e PE. Com a disseminação do uso do álcool em gel na pandemia para a higienização das mãos e a flexibilização da venda do produto mais concentrado (70%), centros de tratamento de todo o país têm registrado aumento de internações por queimaduras: o Nas unidades de Queimados, houve aumento de 2 a 3 vezes nos acidentes de queimaduras por combustão de álcool. FATORES DE R ISCO Crianças menores que 5 anos, principalmente por escaldadura e queimadura por contato; Idosos e pessoas com deficiência/limitações; Adultos: Alcoolismo, senilidade, transtornos psiquiátricos e doenças neurológicas (ex.: epilepsia), trabalho. ETIOLOGIAS LESÕES TÉRMICAS Queimaduras térmicas podem resultar de qualquer fonte externa de calor (chama, líquidos, objetos sólidos ou vapor). O fogo também pode causar inalação de fumaça tóxica. Nesse tipo de lesão, deve-se considerar a cinética do trauma, que é influenciada pelo veículo que causou a queimadura e fatores como viscosidade (tendência ao “grude”), ponto de ebulição (limite de temperatura a 99°C, visto que 100° evapora) e tipo de chama. Chama: Gravidade e intensidade da lesão depende do tamanho da chama (ex.: vela ou fogo de siderúrgica); Escaldadura: Água (limite de 99°C) ou óleos (viscosos e com maiores pontos de ebulição): o Água a 60°C por 3s ou a 69°C por 1s faz a queimadura de 2º grau, ou seja, atinge a derme profunda. Geladuras. LESÕES QUÍMICAS Ácido, base ou outro composto orgânico são os responsáveis pela queimadura, precisando então fazer a diluição em água e remoção de excessos. Curiosidade: O dano tecidual causado pela queimadura química é progressivo, pois o agente químico continua a causar dano até que ele seja neutralizado; portanto quanto mais precoce o atendimento, menor será a destruição tecidual. Sendo assim, a precocidade do tratamento inicial (irrigação com água fria e corrente das áreas de contato) é central na determinação do prognóstico, junto com a remoção das roupas contaminadas. LESÕES ELÉTRICAS Nessa queimadura, que pode ser direta ou por eletroporação (lesão em membrana celular), é preciso saber o trajeto de entrada e saída da corrente elétrica afim de saber o caminho da corrente elétrica. Tipo alta voltagem: Mais de 1000V; Tipo baixa voltagem: Menos de 1000V. Curiosidade: Resistência elétrica: Do tecido duro para o mole, ou seja, Osso > tendão > pele > músculo > vaso > nervo. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre LESÃO POR RADIAÇÃO Queimaduras por radiação são mais comuns por exposição prolongada aos raios ultravioleta (queimadura solar), embora também possam ocorrer por exposição intensa a outras fontes de radiação ultravioleta (p. ex., bronzeamento artificial), radiografia ou outras radiações não solares. FISIOPATOLOGIA Inflamação com vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar, resultando em edema (intenso 8 a 12 horas depois do trauma) e transudação; Perda de líquidos e proteínas para o 3° espaço com hipovolemia (congestão pulmonar), hemoconcentração e hipoproteinemia (aumento de edema); Ativação de mediadores endógenos com o alto risco para infecções, que causa sepse. RELEMBRANDO A ESTRUTURA DA PELE A pele é o maior órgão do copo humano e desempenha inúmeras funções, entre elas de termorregulação e endócrina. Figura 1: Estrutura da pele. Epiderme: Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado: o Estrato córneo; Estrato lúcido; Estrato granuloso; Estrato espinhoso; Estrato germinativo ou camada basal: Está o substrato chamado de queratinócito, responsável pela proliferação, proteção e cicatrização dessa área. Isso explica porque as queimaduras superficiais cicatrizam, caracterizando a queimadura de primeiro grau. Derme: o Derme papilar e derme reticular. O que diferencia a queimaduras de segundo grau é a camada da derme que é atingida, sendo a papilar superficial e a reticular a profunda, caracterizada por ter todos os queratinócitos lesados. Tecido subcutâneo: Caso a queimadura atinja o TCSC, é classificada como de terceiro ou quarto grau, dependendo da profundidade. Figura 2: Profundidade das queimaduras nas camadas da pele. PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS PR IMEIRO GRAU Atinge a camada mais superficial da pele: a epiderme: Figura 3: Queimadura de primeiro grau. Ex.: Queimadura solar que cursam sem formação de bolhas. Características: Lesão eritematosa (vermelhidão), seca, quente e dolorosa (ardor), com sensibilidade aumentada, presença de descamação e tem regeneração rápida (em média 1 semana), além de formar áreas esbranquiçada com pressão digital. Curiosidade: A área esbranquiçada com pressão digital é indício de queimadura restrita à epiderme, devido a essa camada não possuir vasos. Tratamento: Hidratação oral, analgésicos e hidratação da pele (ex.: compressas frias nas primeiras horas pós-trauma). o Essas queimaduras possuem um excelente resultado estético e não precisam de abordagem ou seguimento. Queimaduras de 1º grau não são contabilizadas nas fórmulas de SCQ. SEGUNDO GRAU Atinge a epiderme e derme, há literaturas que usam a expressão espessura parcial. Ex.: Escaldadura ou por chama. Características: Lesão úmida com formação de bolhas, edema e dor, que tem regeneração mais lenta. Figura 4: Queimadura de segundo grau. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre SUPERFICIAL Alcança a camada papilar da derme. Lipidema (fundo) róseo: Indicio de não destruição do plexo subepidérmico com reepitelização garantida; Restauração: 2 a 3 semanas. Tratamento: Desbridamento, lavagem com soro, e adição de antibiótico tópico ou malha curativa de prata – possui um agente pró-tópico – (ex.: sulfadiazina de prata), e é feito o curativo. Geralmente não precisam de tratamento cirúrgico, pois não há formação de cicatriz e os resultados estéticos são bons. PROFUNDA Alcança a camada reticular (mais profunda) da derme. Lipidema esbranquiçado: Todos os capilares da derme superficial já foram destruídos, bem como a epiderme, precisando então de enxertia (cirurgia). Restauração: 3 a 9 semanas com formação de cicatriz. Tratamento: Por apresentar um pior resultado estético, com risco de cicatrização hipertrófica, se faz necessário a enxertia cirúrgica. A de segundo grau profunda irá precisar de cirurgia, enquanto a superficial irá revitalizar. TERCEIRO GRAU Lesão que atinge, pelo menos o TCSC (tecido celular subcutâneo), mas pode atingir ossos, levando a deformidades sérias, além de trazer riscos para carcinoma espinocelular (queimaduras por altastemperaturas, químicas ou elétricas). Características: Lesão branco nacarado (branca ou amarela) e hipoálgica (devido ao comprometimento da inervação sensitiva). Pode haver presença de carapaça seca e preta/marrom. Não há presença de bolhas. A cicatrização ocorre à custa de contração da ferida (fibrose); portanto, a estética e funcionalidade (em articulações) estará comprometida. Figura 5: Queimadura de terceiro grau. Tratamento: Ressecção, desbridamento precoce e cirurgia (ex.: enxertia ou reconstrução com retalhos). Figura 6: Halo de queimadura: Quando existir uma lesão com grau de queimadura mais avançado no centro, ao seu redor terá um grau menor envolvendo-a. Devido a isso, a dor na queimadura de terceiro grau não deve ser excluída, pois a dor aumenta na periferia devido a não destruição total das fibras nervosas. QUARTO GRAU Lesão tão profunda que acomete ossos e musculatura, fazendo mumificação; Envolve carbonização; Tratamento: Amputação ou retirada do tecido morto. Figura 7: Queimadura de quarto grau. Atenção: Queimadura não acidental, como identificar? Demora em procurar ajuda; Várias versões da mesma história; História de abuso ou violência familiar; Inconsistência de idade-desenvolvimento: o Ex.: Criança de 2 meses não é capaz de tocar em panela quente. Interação criança-cuidador e sentimentos do queimado; Escaldaduras em luva e meia ou com linhas de imersão clara e sem respingo; Dobras preservadas (proteção). EXTENSÃO DAS QUEIMADURAS ZONAS DE JACKSON Figura 8: Zonas de Jacson. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre ZONA DE COAGULAÇÃO Caracterizada por tecido morto, ou seja, tecido necrosado com desnaturação de proteínas, logo é irreversível. ZONA DE ESTASE OU PENUMBRA Caracterizada por ser uma lesão na microcirculação circundante e, por isso, ter diminuição da perfusão tecidual. Porém, ainda são áreas possíveis de recuperação, logo o essencial é evitar que a área de coagulação acometa a área de penumbra. ZONA DE HIPEREMIA Tecido pouco queimado, caracterizado por mediadores pró inflamatórios e vasodilatação -> pouco risco de necrose pela zona de coagulação. AVALIAÇÃO INICIAL O tratamento do grande queimado, necessita de avaliação inicial e ABCDE do trauma antes mesmo do curativo, visto que é considerado o maior catabólico da medicina e o “melhor” protótipo do politrauma. Avaliação primária: Tratamento imediato na emergência: 1. Avaliar segurança da área; 2. Interromper processo de queimadura (ex.: abafar foco através de toalha úmida); 3. Retirar roupas, anéis e joias (ainda aquecidos pode ser veículo de calor e pode fazer síndrome compartimental); 4. Cobrir com pano limpo ou manta térmica platinada levando a perda de calor e desidratação. Tratamento na sala de emergência: Figura 9: A avaliação do grande queimado adquire a letra F. Avaliação secundária: o Consiste de um exame minucioso da cabeça aos pés; o Regra da história AMPLA: Alergias, medicamentos, passado médico, líquidos e alimentos ingeridos recentemente, ambiente relacionado ao trauma/mecanismo do trauma. o Radiografias: Rx do tórax (anteroposterior – AP); Rx da pelve no leito; Rx da cervical não deve ser descartável. A – AIRWAY (VIAS AÉREAS E PROTEÇÃO DE COLUNA) A via área do queimado pode ser acometida a partir de lesões por inalação, que é a maior preditora de mortalidade no grande queimado (aumento da taxa em cerca de 30 a 40%), visto que 20 a 80% morrem com patologias pulmonares (ex.: sepse de foco pulmonar). Suspeitas de lesão por inalação: Ambiente fechado, tempo de exposição a fumaça, queimaduras em face, alterações agudas da voz (rouquidão), escarro carbonáceo, dispneia IRA com estridor e tosse e queimadura de vibrissas; Suspeita de intoxicação por monóxido de carbono: Ligação CO- Hb (interação 240x mais forte do que Hb-O2) que leva 6 a 14 horas para se desfazer: o Conduta para paciente hipoxêmico: Se o paciente estiver acordado e lúcido: Oferecer uma máscara não inalante com oxigênio a 100% (por 3 horas); caso o paciente esteja rebaixado, sedado, com queimadura da via aérea ou outro problema: deve-se fazer uma intubação orotraqueal e ventilação mecânica com fração de inspiração de O2 a 100%: Com isso, a carboxihemoglobina reduz o tempo de dissociação para 1h-1h30m. o Logo após, endoscopia/broncoscopia com lavado bronquioalveolar e repetição em 48h depois. Fazer também Raio-X e gasometria; o Se queimar a via aérea irá causar edema, e esse diminui ou impossibilita a respiração do paciente, logo não há como proceder com a intubação orotraqueal, tendo que fazer uma via aérea cirúrgica: cricotomia. B – BREATHING (VENTILAÇÃO) Pensar sempre em síndrome do compartimento torácico ou compartimental – em queimaduras de 3º grau – que faz restrição do movimento respiratório (paciente não expande o tórax), fazendo baixo volume corrente. Conduta: Escarotomia: Incisão laminar torácica do TCSC para retirada de tecidos endurecido e desvitalizados). Figura 10: Escarotomia em paciente queimado. Lembrando que não precisa de anestesia por ser queimadura de 3º grau (indolor). As incisões sangram minimamente. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre C – CIRCULATION (CIRCULAÇÃO) Síndrome compartimental em músculos de membros. Os braços e pernas são retidos em compartimentos, chamados de fáscias, e, com o edema da queimadura irá provocar compressão em vasos, podendo levar a amputamentos. Figura 11: Conduta: Fasciotomia: Incisão descompressiva da fáscia se houver sinais de má perfusão (pulso tardio), edema, parestesia e pele pálida, fria e dura. D – DRUGS AND DISABILITY Glasgow e avaliação de alcoolismo e drogas. Glasgow ≤ 8: Intubação para proteger as vias aéreas. E – EXPOSURE (EXPOSIÇÃO) Avaliar a exposição da superfície corpórea queimada (SCQ) do paciente e prevenir a hipotermia. REGRA DE WALLACE OU REGRA DOS NOVE Figura 12: Regra dos nove. Cabeça e pescoço = 9% (4,5% região anterior e 4,5% região posterior); Membro superior (cada) = 9% (4,5% região anterior e 4,5% região posterior); Tronco = 36% (18% região anterior e 18% região posterior); Membro inferior (cada) = 18% (9% região anterior e 9% região posterior); Períneo e Genitália = 1%. Figura 13: As crianças têm uma porção da superfície corpórea relativamente maior na cabeça e no pescoço, que é compensada por uma superfície relativamente menor nas extremidades inferiores. A mão (aberta e com os dedos estendidos) do paciente corresponde a 1% da superfície corpórea. CLASSIF ICAÇÃO DE LUND-BROWDER Figura 14: Classificação de Lund-Browder em que cada faixa etária possui uma relação de diferença de tamanho. Como prevenir a hipotermia? Manta térmica laminada/aluminizada e cobertor com ventilador de aquecimento; Soro aquecido (cálculo de superfície corpórea queimada). F – FLOW RESSUCITATION (RESSUSCITAÇÃO HIPOVOLÊMICA) Em indivíduos queimados a ressuscitação volêmica faz parte das condutas iniciais devido a sua importância em evitar complicações. O processo de queimadura promove uma grande perda de líquidos, e se não nos atentarmos a essa condição o nosso paciente pode evoluir rapidamente para um choque hipovolêmico. Fórmula de Parkland (4mL/kg/%SCQ – 4 x pes0 x superfície corpórea queimada), quantifica o valor de infusão para restauração da volemia no queimado desidratado. A solução preferível utilizada para irrigar é o Ringer lactato: Administração em 24h a partir do momento do trauma com metade do volume (50%) nas primeiras 8 horas e a outra metade (50%) nas próximas 16 horas: o É preferível a utilização do ringer lactato pois é isotônico. O soro fisiológico pode causar acidose hiperclorêmica,e a solução de coloide, albumina, drogo vasoativa, AINE e diuréticos aumentam a morbimortalidade. O cálculo é realizado com, no mínimo, 20 e, no máximo, 50% da SCQ para não hiper-hidratar o paciente: o Ex.: Se queimar 80% da SCQ, usa-se 50% na fórmula. O ATLS da última edição sugere que ao invés de usar a fórmula de Parkland, usar a fórmula modificada, a Brook: 2 a 4 x peso x SCQ: o Mantêm 4x peso x SCQ para queimaduras elétricas. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2021.1 – 4º semestre A verificação de oferta apropriada é feita através da sonda vesical de demora (SVD), que fornece o débito urinário (volume urinado/kg/hora), normal: se for maior do que 0,5mL/kg/h ou a diurese, normal: se variar de 30 a 50mL/h. o Queimadura elétrica tem meta de débito urinário dobrada (1mL/kg/h), bem como de diurese (60 a 100mL/h): Avaliar eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. Levando para a prática: 1. Ex.: Paciente com 50kg e SCQ 50%. Qual o volume que deve ser reposto no paciente para evitar desidratação? R: 4mL x 50kg x 50% = 10.000, sendo 5000 ministrada nas primeiras 8h e outros 5000 nas próximas 16h. 2. Queimado com 65kg, chega ao pronto-socorro às 15h com 60% de SCQ. O bombeiro avisa que o paciente sofreu o acidente as 10h. Quanto de infusão esse paciente precisará? R: 4mL x 65kg x 50% = 13.000, sendo 6500 administrada nas primeiras 3 horas e 6500 nas próximas 16h. o Porque 6500 em 3h se deveria ser 8h? Pois o paciente já está queimando a 5h (desde as 10h e já são 15h), logo 8h– 5h = 3h restantes. Conduta: Avaliar a extensão e profundidade da queimadura; acesso venoso que normalmente é calibroso; analgesia; cateterismo vesical ou registro diurese e BH -> para avaliar hidratação; curativo; e quando necessário encaminhar para um centro de tratamento de queimado (CTQ). o Acesso venoso: obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central. Figura 15: Ressuscitação Hipovolêmica por tipo de queimadura. GRANDE QUEIMADO O paciente grande queimado é usado para designar vítimas de queimadura graves. É aquele que apresenta: SCQ ≥ 25% (faixa etária de 10 a 40 anos); SCQ ≥ 20% (crianças < 10 anos ou adultos > 40 anos); SCQ ≥ 10% em queimaduras de 3º grau; Qualquer queimadura envolvendo olhos, ouvidos, face, mãos, pés e períneo; Queimaduras elétricas de alta voltagem; Toda queimadura complicada por trauma grave ou lesão inalação; Todos os pacientes queimados que apresentam comorbidades graves. Muitos serviços empregaram o termo para toda vitima queimadura que necessita de atendimento especializado em centro de queimados. A INTERNAÇÃO NO CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADO (CTQ) ESTÁ INDICADA: Figura 16: Critérios para transferência. Queimaduras elétricas possui uma conduta particular: Identificar se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída: o São lesões internas (de dentro para fora), atingindo músculos com edema, apesar de pele intacta; o Inconsciência e parada cardiorrespiratória: Relato de desmaios podem indicar fibrilações, arritmias e IAM devido à alta voltagem. Avaliar a extensão da lesão e a passagem da corrente; Avaliar os traumas associados (queda de altura e outros traumas); Avaliar se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente; Procurar sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma: o Tratamento específico: UTI com monitoração, cardioscopia por 24-48h, ECG e MNM (marcadores de necrose miocárdica) seriados, fazer a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB), avaliação da síndrome compartimental e verificar a necessidade de Escarotomia com Fasciotomia em tais segmentos e realizar hidratação – mais que os outros queimados – (com o choque, muitos eletrólitos e K+ são liberados no sangue).
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