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UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 2 Conteúdo INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6 CAPÍTULO I - CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................... 8 1. Contextualização ....................................................................................................... 8 1.1. Um pouco de história ......................................................................................... 8 1.2. Aplicações da termodinâmica .......................................................................... 11 1.3. Sistema termodinâmico .................................................................................... 12 1.3.1. Tipos de Sistemas ......................................................................................... 13 1.3.2. Relação entre equilíbrio e processos Termodinâmicos ................................ 15 1.3.3. Mudanças Intrínsecas em Sistemas Termodinâmicos .................................. 17 1.3.4. Exemplos de sistemas termodinâmicos industriais ...................................... 18 1.3.5. Exemplo de processos termodinâmicos industrias ....................................... 18 1.4. Princípio zero da termodinâmica ..................................................................... 21 1.5. Escalas de temperatura ..................................................................................... 21 1.6. Metodologia para resolver problemas termodinâmicos. .................................. 23 1.7. Exercícios do capítulo 1 - Exemplos resolvidos .............................................. 24 1.8. Exercícios Proposto ......................................................................................... 26 CAPÍTULO II - PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS ........................................... 29 2. Definição de propriedade termodinâmica ............................................................... 29 2.1. Classificação das propriedades termodinâmicas .............................................. 29 2.2. Propriedades de uma substância pura .............................................................. 29 2.3. Propriedades Independentes das Substâncias Puras ........................................ 31 2.4. As propriedades termodinâmicas mais comuns ............................................... 31 2.4.1. Volume específico e massa específica ......................................................... 31 UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 3 2.4.2. Propriedades termodinâmicas usadas na análise de transferência de energia 32 2.5. As tabelas de propriedades termodinâmicas .................................................... 32 2.6. Exercícios do capítulo 2 - Exemplos resolvidos .............................................. 34 2.7. Exercícios propostos ........................................................................................ 37 CAPÍTULO III – TRABALHO E CALOR .................................................................... 40 3. Definições de trabalho ................................................................................................ 40 3.1. Unidades de Trabalho ...................................................................................... 41 3.2. Trabalho realizado devido ao movimento de fronteira de um sistema compressível simples num processo quase estático .................................................... 41 3.2.1. Determinação do trabalho tendo em conta processo politrópico ................. 44 3.2.2. Sistemas que envolvem outras formas de realização de trabalho ................ 44 3.3. Definição de Calor ........................................................................................... 46 3.3.1. Unidades de Calor ........................................................................................ 46 3.3.2. Formas de interacção de Calor ..................................................................... 47 3.4. Comparação entre Calor e Trabalho ................................................................ 49 3.5. Exercícios do capítulo 3 - Exemplos resolvidos .............................................. 49 3.6. Exercícios propostos ............................................................................................ 52 CAPÍTULO IV – PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ........................................ 55 4.1. Analise para um sistema .................................................................................. 55 4.1.1. Primeira Lei para Mudança de Estado de um Sistema ................................. 56 4.2. Analise para um volume de controlo ............................................................... 59 4.2.1. O processo em Regime Permanente ............................................................. 61 4.3. Exercícios do capítulo 4 - Exemplos resolvidos .............................................. 62 4.4. Exercícios propostos ........................................................................................ 64 CAPÍTULO V – SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ......................................... 68 6. Introdução ............................................................................................................ 68 6.1. Refrigerador ou Bomba de Calor ..................................................................... 69 UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 4 6.2. Enunciados da Segunda lei da Termodinâmica ............................................... 71 6.2.1. Enunciado de Kelvin e Planck ..................................................................... 71 6.2.2. Enunciado de Clausius ................................................................................. 71 6.3. Observações Relativas à Segunda Lei da Termodinâmica .............................. 71 6.4. Ciclo de Carnot ................................................................................................ 72 6.5. Exercícios do capítulo 5 - Exemplos resolvidos .............................................. 74 6.6. Exercícios propostos ........................................................................................ 77 CAPÍTULO VI – ENTROPIA......................................................................................... 79 6. Definição de Entropia ............................................................................................. 79 6.1. Desigualdade de Clausius .................................................................................... 79 6.2. Entropia de Substâncias Puras ............................................................................. 80 6.3. Princípio de Geração de Entropia; ....................................................................... 82 6.4. Exercícios do capítulo 6 - Exemplos resolvidos .................................................. 84 6.5. Exercícios propostos ............................................................................................ 86 CAPÍTULO VII – CICLOS DE POTÊNCIA .................................................................. 88 7. Introdução ............................................................................................................ 88 7.1. Ciclo de Rankine .................................................................................................. 90 7.2. Ciclo a Gás ou Brayton .................................................................................... 93 7.3. Ciclos combinados de Brayton e Rankine .......................................................95 7.4. Ciclo de Refrigeração ...................................................................................... 98 7.5. Ciclo Diesel ...................................................................................................... 98 7.6. Ciclo Otto ......................................................................................................... 98 7.7. Ciclo Stirling .................................................................................................... 98 7.8. Ciclo de Atkison e Miller ................................................................................. 98 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ............................................................................................ 99 BIOGRAFIA ................................................................................................................ 100 UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 5 UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 6 INTRODUÇÃO A Termodinâmica é definida como “o estudo da energia, suas formas e transformações, e das interacções entre energia e matéria”, ela trata “das leis sob as quais transcorrem transformações e transferências de energia em que participam energia interna e calor”. Em síntese, ela é, “como uma parte da Física, uma teoria geral da energia”. A temperatura é a noção central nos primeiros desses enunciados; nos seguintes, a noção principal é a energia (Mayinger, 1986). Van WYLEN, a define como: Termodinâmica é a ciência da energia e da entropia. No entanto, a termodinâmica pode ser definida como a ciência que estuda os processos dinâmicos de transferência de energia, principalmente aqueles envolvendo energia térmica (calor) em energia mecânica (trabalho) e vice-versa. Neste manual, é exposta uma abordagem da termodinâmica aplicada e produção de energia, sob o ponto de vista da Engenharia Mecatrónica, bem como exemplos de aplicação que procurarão abordar problemas usualmente encontrados pelos Engenheiros Mecânicos - Eléctricos no exercício de seu trabalho. Em conformidade com plano curricular do curso Engenharia Mecatrónica, para o cumprimento do plano temático que mostra-se na tabela 1 que se segue, esta disciplina apresenta os seguintes objectivos gerais: Definir as propriedades termodinâmicas que caracterizam aos gases, líquidos e sólidos e interpretar e aplicar as tabelas e diagramas existentes para sua determinação. Aplicar as duas leis fundamentais da termodinâmica aos processos em sistemas fechados e abertos. Realizar cálculos de balanços de energia e energia em processos e em ciclos termodinâmicos tanto de potência como de refrigeração assim como determinar os principais indicadores que refletem seu comportamento termodinâmico. Calcular as propriedades das mesclas de gases e gases com vapores e interpretar e aplicar os diagramas que existem com este fim. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 7 Calcular os processos de combustão dos combustíveis sólidos, líquidos e gasosos. Realizar análises energéticas em máquinas térmicas. Tabela 1. Plano temático da disciplina. TEMAS HC HEI Total T P S 1 Conceitos básicos. 4 2 1 2 9 2 Propriedades termodinâmicas 4 4 1 16 25 3 Calor e trabalho 2 4 1 9 16 4 Primeira lei da termodinâmica para sistemas 2 6 1 13 22 5 Primeira lei da termodinâmica para um volume de controle. 2 5 1 9 17 6 Segunda lei da termodinâmica. 3 6 1 10 20 7 Entropia 2 3 - 11 16 8 Ciclos termodinâmicos de potência 4 6 - 15 25 TOTAL 23 36 6 85 150 Fonte: PCP de Engenharia Mecatrónica, 2019. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 8 CAPÍTULO I - CONCEITOS BÁSICOS 1. Contextualização Unidades de Medida As unidades de medidas são padrões usados para avaliar grandezas físicas. São definidas arbitrariamente e têm como referência um padrão material. As grandezas podem ser mecânicas, ópticas, geométricas, acústicas ou luminosas. Força, massa, comprimento e tempo são relacionados pela segunda lei de Newton. Essa lei estabelece que a força que actua sobre um corpo é proporcional ao produto da massa do corpo pela aceleração na direcção da força. As unidades básicas são: Tempo é o segundo (s) Força é o Newton (N), Comprimento é o metro (m) Massa é o quilograma (kg) Peso é a força com que o corpo é atraído pela Terra (ou por algum outro corpo) As unidades derivadas são: Velocidade é o metro por segundo (m/s) Volume é o metros cubico (m 3 ), Volume específico é o metro cubico por quilograma (m 3 /kg) Massa especifica é a o quilograma por mestros cubicos (kg/m 3 ) 1.1. Um pouco de história Em termos de evolução cronológica a termodinâmica aplicada pode considerar-se em diferentes gerações, de acordo com diferentes estudos abordados por AZEVEDO (2011), BORGNAKKE & SONNTAG (2013): Antiguidade:- No conceito atomista, como mostra-se na figura 1, o calor é um modo de movimento dentro dos corpos. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 9 Figura 1. Porta de templo Usava-se o vapor saturado para abrir as portas de um templo, isto nos anos 200 AC. Séc. XVII 1612- S. Santorio (1516-1636) e G. Calilei (1564-1642) O 1 o Termómetro. 1620- J. Helmont define gás (da palavra flamenga para caos). 1643- E Torricelli (1608-1647) inventa o barómetro. Figura 2. D. Papin Figura 3. 1ª Maquina a vapor 1690- D. Papin (1647- 1712) usa pela primeira vez a pressão do vapor para mover um pistão. Séc. XVIII 1705 – T. Newcomwen e Cowley Desenvolvem a 1 a máquina a vapor, como ilustra a figura 3. 1714- G. Frenheit apresenta os seus termómetros e escala. 1742- A. Celsius (1701-1744) baseia a sua escala no ponto de congelação (100 graus) e no ponto de ebulição (0 graus) da água (reordenada mais tarde). 1761- J Black (1728-1799) distingue entre calor e temperatura. 1765- J. Watt (1736-1819) - 1 a máquina a vapor moderna, como ilustra a figura 4. 1798- B. Tompson, Count of Rumford (1753-1814) Realiza experiências com a perfuração de UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 10 Figura 4. 1ª Maquina a vapor moden canhões que demostram a conversão de energia em calor e a questiona a validade da teoria do calórico. No final do séc. XVIII a teoria do calórico domina. Séc. XIX 1806 - T. Young. (1773 - 1829) Formula o percursor do moderno formalismo da energia (vis viva) que relaciona com mv 2 . 1824- S. Carnot (1796 - 1832) Estuda do ponto de vista teórico a máquina de vapor (tentando aumentar a eficiência). Propõe a ideia de motor de combustão interna, analisa o ciclo doo gás ideal e define o trabalho termodinâmico. 1842- J.R. Mayer (1814-1878) Formula claramente la lei de conservação da energia (1 a lei) e que o calor é uma forma de energia. 1843- J.R Joule (1818-1889) estabelece o equivalente entre calor e trabalho mecânico. 1847 - H.L.F. Von Helmoholtz (1821-1894) faz uma formulação Figura 5. Sadi Carnot Figura 6. James Joule UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. TermodinâmicaAplicada Página 11 Figura 7. Rodolph Clausius matemática do “Principio de conservação da forca viva (vi viva/ energia cinética”). 1849- Lord Kelvin, falando sobre a teoria de Carnot, usa pela 1 a vez o termo Termodinâmica. 1865- R. Clausius (1822-1888) usa as técnicas de Carnot para derivar a entropia diz: “A entropia o universo tende para um máximo” (2 a Lei). Séc. XX 1906- W. Nernst (1864-1941) Formula o “teorema do calor”, afirmando que no limite do zero absoluto a entropia é zero (3 a lei). 1931- R. Fowler (1889-1944) enuncia a lei Zero da Termodinâmica. 1.2. Aplicações da termodinâmica A Termodinâmica estuda a energia, as suas transformações e as suas relações com as propriedades da matéria; permite o projecto e o estudo de máquinas térmicas, de processos industriais dentre outras aplicações na engenharia moderna. Assim a geração de energia eléctrica através da transformação do calor gerado num ciclo termodinâmico pela queima de combustíveis, é talvez a principal aplicação da termodinâmica. Figura 8. Princípio de funcionamento de um Termopar. Fonte: AZEVEDO, 2011. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 12 Figura 9. Reactor de água pressurizada. Fonte: AZEVEDO, 2011. 1.3. Sistema termodinâmico Para BORGNAKKE & SONNTAG (2013), a denominação sistema termodinâmico designa qualquer região do espaço definida como objecto da análise termodinâmica. A superfície envoltório desta região tem forma arbitrária e é denominada fronteira do sistema. O restante do espaço é chamado exterior do sistema. A fronteira é, portanto, a interface entre o sistema e o seu exterior. Os elementos constituintes do sistema são objectos materiais e campos por estes criados. O exterior compreende tudo que não é, nem pertence ao sistema. Para efeito da análise termodinâmica, do exterior é suficiente considerar apenas objetos e campos que interagem com o sistema. Normalmente, estes elementos estão dispostos ou atuam no seu entorno próximo, por isso designado vizinhança do sistema. As designações “sistema” e “vizinhança” são comutativas e reciprocas, ou seja, a vizinhança pode ser considerada um “sistema”; e o sistema, a sua “vizinhança”, já que ambas referem-se a conjuntos de campos e objectos materiais encerrados em regiões espaciais definidas como pode-se ver na figura 10 que se segue. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 13 Figura 10. Conceito de sistema termodinâmico. Fonte: Adaptado de BORGNAKKE, SONNTAG, 2013. O conceito de sistema termodinâmico comporta arranjos muito diversos de objectos materiais e campos e possibilidades também muito diversas de interacções e transformações. Assim, pode-se definir sistemas termodinâmicos estrutural e funcionalmente bastante simples ou muito complexos, não havendo restrições a priori quanto: a quantidade e natureza dos objectos que encerram e dos campos que os permeiam; as quantidade e natureza de suas interacções com o exterior; a mobilidade de suas fronteiras; ao comportamento de seus atributos. Análise: Vizinhança a partir do momento em que definimos o sistema, chamamos o resto do universo de vizinhança. Fronteira superfície real ou imaginária que separa o sistema de sua vizinhança (fixa ou móvel). Como vimos na figura 10 acima. 1.3.1. Tipos de Sistemas Sistema Fechado - É o sistema termodinâmico no qual não há fluxo de massa através das fronteiras que definem o sistema. A figura 11 mostra um exemplo de um sistema termodinâmico fechado, pois não há fluxo de massa através das fronteiras do sistema, embora haja fluxo de calor. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 14 Figura 11. Sistema fechado. Fonte: AZEVEDO, 2011. Volume de Controle – como pode-se ver na figura 12 que se segue, ao contrário do sistema fechado, este é o sistema termodinâmico no qual ocorre fluxo de massa através da superfície de controle que define o sistema. Assim, dependendo da interacção entre o sistema termodinâmico definido para estudo, e a vizinhança, chamaremos a essa região de Sistema Fechado (demarcado pela fronteira) ou Volume de Controle (demarcado pela superfície de controle) conforme se verifique as definições acima citadas. Exemplos de Sistema Fechado e Volume de Controle. Figura 12. Sistema aberto ou Volume de controle. Fonte: AZEVEDO, 2011. Sistema Isolado - Dizemos que um sistema termodinâmico é isolado quando não existe qualquer interacção entre o sistema termodinâmico e a sua vizinhança. (ou seja, através das fronteiras não ocorre fluxo de calor, massa, trabalho, etc) como verifica-se na figura 13 que se segue. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 15 Figura 13. Sistema isolado. Fonte: MASSINGA, 2018. 1.3.2. Relação entre equilíbrio e processos Termodinâmicos Estado pode ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas como: temperatura, pressão e massa específica. Cada uma das propriedades de uma substância, em um dado estado, apresenta somente um determinado valor e essas propriedades têm sempre o mesmo valor para um dado estado, independentemente da forma pela qual a substância chegou a ele. Quando o valor de pelo menos uma propriedade de um sistema é alterado, dizemos que ocorreu uma mudança de estado. Equilíbrio: Quando o valor da propriedade tem significância para todo o sistema. Equilíbrio Termodinâmico Quando um sistema está em equilíbrio, em relação a todas as possíveis mudanças de estado. Exemplos: Equilíbrio Térmico (temperatura igual em todo sistema) Equilíbrio Mecânico (não há variação de pressão) Equilíbrio de Fase (massa constante de cada fase) Equilíbrio Químico (composição não muda com o tempo) Processo: é o caminho definido pela sucessão de estados que o sistema percorre. Processo termodinâmico: transformação de um estado de equilíbrio para outro, variando as propriedades do sistema. A série de estados pelos quais o sistema passa durante o processo denomina-se percurso (AZEVEDO - 2011). UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 16 Processo de quase-equilíbrio é aquele em que o desvio do equilíbrio termodinâmico é infinitesimal e todos os estados pelos quais o sistema passa durante o processo podem ser considerados como estados de equilíbrio como mostra-se na figura 14 que se segue. Figura 14. Exemplo de um processo de quase-equilíbrio Fonte: AZEVEDO - 2011. Segundo BORGNAKKE, SONNTAG, (2013), para os processos de não equilíbrio, estaremos limitados a uma descrição do sistema antes de ocorrer o processo e, após sua ocorrência, quando o equilíbrio é restabelecido. Não estaremos habilitados a especificar cada estado pelo qual o sistema passa, tampouco a velocidade com que o processo ocorre. Vários processos são caracterizados pelo fato de que uma propriedade se mantém constante. Processo isotérmico é um processo a temperatura constante; Processo isobárico é um processo a pressão constante, e Processo isocórico é um processo a volume constante. Ciclo: Quando um sistema, em um dado estado inicial, passa por certo número de mudanças de estado, ou processos, e finalmente retorna ao estado inicial. No final de um ciclo, todas as propriedades apresentam os mesmos valores iniciais. Exemplo: O vapor (água) que circula em uma instalaçãotermoeléctrica a vapor executa um ciclo. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 17 1.3.3. Mudanças Intrínsecas em Sistemas Termodinâmicos Segundo AZEVEDO (2011), para que ocorre a mudança num sistema termodinâmica, deve existir uma energia que vença a resistência intrínseca deste sistema (propriedade inercial da matéria). Mudança em relação ao Sistema Aberto Num sistema aberto onde os processos termodinâmicos ocorre, com a transferência de energia e matéria, tendo como objecto de estudo um gás contido num cilindro, submetido a um aquecimento através da radiação, a energia adicionada ao sistema aumenta a energia cinética das partículas fazendo com que aumente o grau de agitação térmico. As transferências de energia sob a forma de calor dão – se num determinado sentido. Para identificar esse sentido adopta – se a seguinte convenção de sinais: Calor fornecido a um sistema é positivo. Calor que o sistema fornece a outro sistema ou à vizinhança é negativo. Isto é, qualquer transferência de calor que aumente a energia do sistema é positiva; qualquer transferência de calor que diminua a energia do sistema é negativa Mudança em relação ao Sistema Fechado A quantidade de energia transferida através da fronteira de um sistema em uma interacção de calor com a vizinhança do sistema. Como verifica-se na figura 15 que se segue. Figura 15. Sistema fechado com mudança de fase. Fonte: MASSINGA, 2018. A transferência de calor para um sistema é considerada positiva, e a transferência de calor de um sistema é considerada negativa. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 18 Q > 0: calor transferido para o sistema. Q < 0: calor transferido do sistema. Mudança em relação ao Sistema Isolado Num sistema isolado não há transferência de energia e nem matéria. Um exemplo deste sistema e um calorímetro, que serve para medir a quantidade de calor num sistema, ele e blindado por duas paredes da fronteira que não permite o contato com a vizinhança. 1.3.4. Exemplos de sistemas termodinâmicos industriais Sistema Isolado O calorímetro é um recipiente fechado contendo as substâncias químicas e localizado num grande tanque de água. Quando as substâncias químicas reagem é transferido calor da bomba para a água, como mostra a figura 16 que se segue, fazendo a temperatura desta subir. Figura 16. Calorímetro. Fonte: Adaptado de AZEVEDO, 2011. Sistema Fechado Sistema Fechado - Motor de combustão Interna, processo de transformação de energia térmica em mecânica. Onde a explosão causado pelo contacto ou interacção entre o ar e o combustível cria a energia térmica que estimula o movimento do motor como pode-se ver na figura 17 que se segue a baixo. 1.3.5. Exemplo de processos termodinâmicos industrias Processo Adiabático Um processo adiabático na termodinâmica, associa-se a processos ou transformações que ocorrem no interior de fronteiras adiabáticas, havendo ausência de troca de energia na forma de calor com a vizinhança. https://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_adiab%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia https://pt.wikipedia.org/wiki/Calor UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 19 Um exemplo comum de compressão adiabática, - a compressão em um cilindro de um motor de combustão interna como pode-se ver na figura 17 a seguir. Figura 17 – Motor de Combustão Interna – Volume de Controlo Fonte: Adaptado de MORAN e SHAPIRO, 2009. Análise O ponto 1: entrada do combustível O ponto 2: saída dos gases da combustão. É necessário ter em conta a equação de balanço de energia para um volume de controlo, que será a seguinte a baixo: mgVhmgzVh dE e e s s CV útil dt 22 2 1 2 11 Q z 2 1 2 1 W Q – é a quantidade de calor gerada internamente, durante a combustão. W – a energia útil devido a combustão (durante a combustão a movimentação da cambota o que facilita a locomoção do automóvel). Hipóteses a ter em conta durante a equação de volume de controlo: 1. Regime permanente, logo conclui-se que 2. Só existe trabalho devido a combustão ou devido a explosão (então teremos em conta a entalpia); 3. Só existe um fluxo de entrada e um fluxo de saída, m1 = m2 = m; https://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_de_combust%C3%A3o_interna UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 20 Processo Isotérmico Um processo isotérmico na termodinâmica é uma transformação termodinâmica que ocorre a temperatura constante em um sistema fechado, sistema este que permite trocas de energia, mas não de matéria, entre o sistema e sua vizinhança. Como exemplo para este processo funcionamento do Macaco Hidráulico como pode-se ver na figura 18, que quando é manipulado aumenta a pressão e o volume mantendo – se constante a temperatura. Figura 18 – Macaco hidráulico. Fonte: AZEVEDO, 2011. Processo Isocórico Um processo isocórico na termodinâmica, é uma transformação termodinâmica que ocorre a volume constante em um sistema fechado, sistema este que permite trocas de energia, mas não de matéria, entre o sistema e sua vizinhança como pode-se ver na figura 19 a seguir. Um exemplo industrial deste processo é o aquecimento de água em um circuito de uma instalação solar térmica, a água circula através de um circuito fechado, de modo que não pode aumentar o volume. Quando a água começa a receber a energia térmica que vem da radiação solar em um painel solar, aumenta sua temperatura. Aumenta a temperatura, mas não pode aumentar o volume, de modo que só pode aumentar a pressão para manter o equilíbrio termodinâmico. https://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia https://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Volume https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia https://pt.solar-energia.net/solar-termica/estacao-energia-solar https://pt.solar-energia.net/definicoes/luz-solar.html https://pt.solar-energia.net/definicoes/painel-solar.html https://pt.solar-energia.net/definicoes/temperatura.html UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 21 Figura 18 – Instalação Solar Térmica. Fonte: PINHO & GALDINO, 2014. 1.4. Princípio zero da termodinâmica Na Termodinâmica, o conceito de temperatura aparece associado ao equilíbrio térmico e ao Princípio Zero: “Quando dois corpos têm igualdade de temperatura com um terceiro corpo, eles terão igualdade de temperatura entre si”. Essa lei constitui a base para a medição da temperatura, porque podemos colocar números no termómetro de mercúrio e, sempre que um corpo tiver igualdade de temperatura com o termómetro, poderemos dizer que o corpo apresenta a temperatura lida no termómetro. O problema é relacionar as temperaturas lidas em diferentes termômetros de mercúrio ou as obtidas por meio de diferentes aparelhos de medida de temperatura, tais como pares termoelétricos e termômetros de resistência. Isso sugere a necessidade de uma escala padrão para as medidas de temperatura. 1.5. Escalas de temperatura A escala utilizada para medir temperatura no sistema de unidadesSI foi a Celsius, cujo símbolo é °C. https://pt.solar-energia.net/solar-termica/estacao-energia-solar UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 22 Esta escala era baseada em dois pontos fixos, facilmente reprodutíveis, o ponto de fusão do gelo e o de vaporização da água. A temperatura de fusão do gelo é definida como a temperatura de uma mistura de gelo e água, que está em equilíbrio com ar saturado à pressão de 1,0 atm (0,101325 MPa). A temperatura de vaporização da água é a temperatura em que a água e o vapor se encontram em equilíbrio à pressão de 1 atm. Esses dois pontos, na escala Celsius, recebiam os valores 0 e 100. Na Décima Conferência de Pesos e Medidas, em 1954, a escala Celsius foi redefinida em função de um único ponto fixo e da escala de temperatura do gás ideal. O ponto fixo é o ponto triplo da água (o estado em que as fases sólida, líquida e vapor coexistem em equilíbrio), como ilustra a figura 20. Figura 20 – Ponto triplo da água. Fonte: MAYINGER, 1986. O ponto triplo da água recebe o valor 0,01 °C. Nessa escala, o ponto de vaporização normal da água determinado experimentalmente é 100,00 °C. Com base na segunda lei da termodinâmica, podemos definir uma escala de temperatura que é independente da substância termométrica. Essa escala absoluta é usualmente referida como escala termodinâmica de temperatura. É difícil operar diretamente nessa escala. Por esse motivo foi adotada a Escala Internacional de Temperatura que é uma aproximação muito boa da escala termodinâmica e é de fácil utilização. A escala absoluta relacionada à escala Celsius é chamada escala Kelvin (em honra a William Thompson, 1824-1907, que é também conhecido como Lord Kelvin) e indicada por K (sem o símbolo de grau). A relação entre essas escalas é K = °C + 273,15. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 23 Em suma, as conversões são dadas de acordo com as seguintes equivalências existentes, conforme mostra o gráfico 1. Gráfico 1. Escalas termométricas. 1.6. Metodologia para resolver problemas termodinâmicos. Os primeiros passos em uma análise termodinâmica em sectores de engenharia são: 1. Definição do sistema; 2. Identificação das interacções relevantes com a vizinhança. 3. Estabelecer: O que é conhecido: resumir o problema em poucas palavras; O que é procurado: resumir o que é procurado; Esquema e dados: definir o sistema (sistema fechado ou volume de controle); Identificar a fronteira; Anotar dados e informações relevantes; Hipóteses; Análise: feita sobre as equações (conservação da massa, conservação da energia, segunda lei da termodinâmica); Comentários: interpretar. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 24 1.7. Exercícios do capítulo 1 - Exemplos resolvidos 1.7.1. Crie um volume de controle ao redor da turbina central de geração a vapor da figura e liste os fluxos de massa e energia existentes. Resposta UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 25 1.7.2. Dois líquidos A e B, imiscíveis, estão em contacto, contidos em um tubo em forma de U, de extremidades abertas, de modo que a densidade do A é o dobro da densidade da do B. Logo, a relação entre as suas alturas , relativas ao nível de mesma pressão, que não a atmosférica. Resposta Dados: Za = ? Zb = ? g=9,81 m/s 2 Pede – se: Relação entre = ? Assunções: - Deve – se ter em conta a Pressão atmosférica (Patm = 1,05*10 5 Pa); - Considera – se um sistema aberto em que a troca de massa e energia entre o tubo e a vizinhança; - Regime permanente, isto é, as propriedades não variam com o tempo. Representando a situação: Resolução: Aplicando o balanço energético tem-se: Patm + PA = Patm + PB 1.7.3. A caixa na figura, com massa de 10,0 kg, sujeito à força F de intensidade 40 N, está em equilíbrio, apoiado sobre uma mesa horizontal. Se a área da superfície de contacto da caixa com a mesa é de 1,0 . Determine a pressão exercida pela caixa sobre a mesa. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 26 . Dados: F = 40 N g =10 m/s 2 A = 1,0 m 2 Pede – se: P = ? Assunções: - Regime permanente, isto é, as propriedades não variam com o tempo. - Vamos assumir que o valor de gravidade seja igual a 10 m/s 2 . Resolução: Determinação da forca Fy: ( ) ( ) A força resultante que age sobre a superfície é: onde: Pg = m*g = 100N Então: Fr = 100 – 20 = 80N Aplicando a definição de pressão: Representando a situação: 1.8. Exercícios Proposto 1.8.1. Qual é a razão de estudar a disciplina termodinâmica aplicada na engenharia Mecatrónica. 1.8.2. Faca as seguintes conversões: a) 35ºF, 459K, e 110º.Ra para escala Célsius (º.C). b) 42 plg, 85 in e 74 ft para metros (m). c) 2 atm, 25 mmHg, 30 psi e 7 bar para pascal (Pa). d) 33hP, 1930 , 18000 Para Watts (W). 1.8.3. Um conjunto cilindro - pistão, com área de secção transversal igual a 0,01 m 2 , está conectado, por meio de uma linha hidráulica, a outro UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 27 conjunto cilindro -pistão que apresenta área da secção transversal igual a 0,05 m 2 . A massa específica do fluido hidráulico que preenche tanto as câmaras dos conjuntos quanto a linha é igual a 900 kg/m 3 e a superfície inferior do pistão com diâmetro grande está posicionada 6 m acima do eixo do pistão com diâmetro pequeno. O braço telescópico e as cestas presentes no caminhão esboçado na figura são accionados por esse sistema. Admitindo que a pressão atmosférica é de 100 kPa e que a força líquida, que actua no pistão, com diâmetro pequeno é 25 kN, determine o módulo da força que actua no pistão com diâmetro grande. 1.8.4. No manómetro diferencial mostrado na figura, o fluido A é água, B é óleo e o fluido mano métrico é mercúrio. Sendo h1= 25cm, h2= 100cm, h3= 80cm e h4= 10cm, determine qual é a diferença de pressão entre os pontos A e B. Dados:γH20= 10000N/m³, γHg= 136000N/m³, γóleo= 8000N/m³. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 28 1.8.5. O organismo humano pode ser submetido, sem consequências danosas, a uma pressão de, no máximo, e a uma taxa de variação de pressão de, no máximo, por segundo. Nestas condições: a) Qual a máxima profundidade recomendada a um mergulhador? Adopte pressão atmosférica igual a , g = 10 e massa específica da água = 1000 b) Qual a máxima velocidade de movimentação na vertical recomendada para um mergulhador? 1.8.6. Dois manómetros, A e B, são colocados num tubo horizontal, de secções variáveis, por onde circula água à velocidade de 1,2 m/s e 1,5 m/s, respectivamente. O manómetro colocado em A regista 24 . Calcule a pressão registada pelo manómetro em B. Dado: massa específica da água = 1UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 29 CAPÍTULO II - PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS 2. Definição de propriedade termodinâmica Propriedade termodinâmica pode ser definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e é independente do caminho pelo qual o sistema chegou ao estado considerado. 2.1. Classificação das propriedades termodinâmicas As propriedades termodinâmicas podem ser divididas em duas classes gerais, as intensivas e as extensivas. Uma propriedade intensiva é independente da massa. Exemplos: A temperatura, a pressão e a massa específica. Uma propriedade extensiva varia directamente com a massa. Exemplo: A massa e o volume total As propriedades extensivas por unidade de massa, tal como o volume específico, são propriedades intensivas. 2.2. Propriedades de uma substância pura Substância pura: é aquela que tem composição química invariável e homogénea. Pode existir em mais de uma fase, mas a sua composição química é a mesma em todas as fases. Um sistema pode conter uma ou mais fases. Duas fases coexistem durante os processos de mudança de fases tais como vaporização, fusão e sublimação. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 30 Figura 21 – conceito de substância pura. Fonte: MAYINGER, 1986. Temperatura de saturação - O termo designa a temperatura na qual se dá a vaporização de uma substância pura a uma dada pressão. Essa pressão é chamada “pressão de saturação” para a temperatura dada. Líquido Saturado - Se uma substância se encontra como líquido à temperatura e pressão de saturação diz-se que ela está no estado de líquido saturado. Líquido Subresfriado - Se a temperatura do líquido é menor que a temperatura de saturação para a pressão existente, o líquido é chamado de líquido sub-resfriado ou líquido comprimido. Título (x) - Quando uma substância se encontra parte líquida e parte vapor, vapor húmido. Matematicamente: Vapor Saturado - Se uma substância se encontra completamente como vapor na temperatura de saturação, é chamada “vapor saturado”. Vapor Superaquecido - Quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura de saturação é chamado “vapor superaquecido”. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 31 . Ponto Triplo - Corresponde ao estado no qual as três fases (sólido, líquido e gasosa) se encontram em equilíbrio. Ponto crítico - permite que a substância se apresente em equilíbrio nas fases gasosa e líquida, com temperatura, pressão e densidade iguais. 2.3. Propriedades Independentes das Substâncias Puras Uma propriedade de uma substância é qualquer característica observável dessa substância. Um número suficiente de propriedades termodinâmicas independentes constitui uma definição completa do estado da substância. 2.4. As propriedades termodinâmicas mais comuns Das diferentes propriedades termodinâmicas existentes, destacam-se as seguintes propriedades comuns A temperatura (T), a pressão (P), e o volume específico (v) ou a massa específica (ρ). Outras propriedades termodinâmicas usadas na análise de transferência de energia (calor e trabalho), não mensuráveis directamente, que são: Energia interna específica (u), entalpia específica (h) e entropia específica (s). 2.4.1. Volume específico e massa específica O volume específico de uma substância é definido como o volume ocupado pela unidade de massa e é designado pelo símbolo v A massa específica\ de uma substância é definida como a massa associada à unidade de volume. Desse modo, a massa específica é igual ao inverso do volume específico ̅. A massa específica é designada pelo símbolo ̅. Observe que essas duas propriedades são intensivas. O volume específico e a massa específica serão dados: Em base mássicav [m 3 /kg em 3 /mol]; ρ [kg/m 3 e mol/m 3 ] UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 32 Em base molar ̅[m3/kmol]; ̅[kmol/m3] 2.4.2. Propriedades termodinâmicas usadas na análise de transferência de energia Energia Interna (U) - é a energia possuída pela matéria devido ao movimento e/ou forças intermoleculares. Esta forma de energia pode ser decomposta em duas partes: Energia cinética interna, a qual é devida à velocidade das moléculas. Energia potencial interna, a qual é devida às forças de atração que existem entre as moléculas. Entalpia (H) - na análise térmica de alguns processos específicos, freqüentemente encontramos combinações de propriedades termodinâmicas uma de elas é quando temos um processo a pressão constante, resultando sempre uma combinação (U + PV), é representada pela letra H, determinada matematicamente pela relação: H = U + P V ou a entalpia específica, h = u + P ν Entropia (S) - Esta propriedade termodinâmica representa, segundo alguns autores, uma medida da desordem molecular da substância ou, segundo outros, a medida da probabilidade de ocorrência de um dado estado da substância. Matematicamente a definição de entropia é Existem tabelas de propriedades termodinâmicas para todas as substâncias de interesse em engenharia. Essas tabelas são obtidas através das equações de estado, do tipo mostrado anteriormente. 2.5. As tabelas de propriedades termodinâmicas As tabelas estão divididas em três categorias: 1. Relaciona as propriedades do líquido comprimido (ou líquido subresfriado), 2. Relaciona as propriedades de saturação (líquido saturado e vapor saturado) e 3. De vapor superaquecido. Em todas as tabelas as propriedades estão tabeladas em função da temperatura ou pressão e em função de ambas. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 33 Para a região de liquido+vapor, (vapor úmido) conhecido o título, x, as propriedades devem ser determinadas através das seguintes equações: u = uL + x(uv - uL) v = vL + x(vv - vL) h = hL + x(hv - h L) s = sL + x(sv - sL) As propriedades termodinâmicas de uma substância, além de serem apresentadas através de tabelas, são também apresentadas na forma gráfica, chamados de diagramas de propriedades termodinâmicas. Estes diagramas podem ter por ordenada e abcissa respectivamente: 1. T x v (temperatura vs volume específico), 2. P x h (pressão vs entalpia específica), 3. T x s (temperatura vs entropia específica) 4. h x s (entalpia específica vs entropia específica). O mais conhecido desses diagramas é o diagrama h x s conhecido como diagrama de Mollier. Diagrama Temperatura vs Entropia Específica As três regiões características dos diagramas estão assim divididas: a) A região à esquerda da linha de liquido saturado (x=0) é a região de líquido comprimido ou líquido sub-resfriado (aqui estão os dados referentes às tabelas de líquido comprimido) b) A região compreendida entre a linha de vapor saturado (x=1) e a linha de líquido saturado (x = 0) é a região de vapor úmido. Nesta região, em geral os diagramas apresentam linhas de título constante como esquematizadas nas figuras. c) A região à direita da linha de vapor saturado seco (x = 1) é a região de vapor superaquecido (nesta região estão os dados contidos nas tabelas de vapor superaquecido). UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A.Termodinâmica Aplicada Página 34 2.6. Exercícios do capítulo 2 - Exemplos resolvidos 2.6.1. Determine a temperatura, o volume específico, a energia interna específica, a entalpia específica, e a entropia específica para líquido e vapor saturado da água na pressão de saturação de 2,5 MPa. Dados: Fluido: Água Saturada A pressão de saturação é de 2,5 MPa UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 35 P=2,5 MPa = 2500 kPa Da tabela de propriedades da água saturada para P = 2500 kPa têm-se: Temos a correspondente temperatura de saturação, T = 223,99 O C As demais propriedades são: vl = 0,001197 m 3 /kg, vv = 0,07998 m 3 /kg ul = 959,09 kJ/kg uv = 2603,13 kJ/kg 2.6.2. Verifique se a água em cada um dos estados abaixo é um líquido comprimido, vapor super aquecido, ou estado húmido (mistura), e determine o título e a energia interna específica: a) 205ºC e 0,1099 ⁄ Dados: Fluido: Água Saturada A temperatura de saturação é de 205ºC T = 205ºC Da tabela de propriedades da água saturada para T = 205ºC temos: UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 36 Temos a correspondente pressão de saturação, P = 1723,0 kPa As demais propriedades são: vl = 0,001164 m 3 /kg, vv = 0,11521 m 3 /kg ul = 873,02 kJ/kg uv = 2597,52 kJ/kg Representação gráfica do problema: Logo a água encontra-se no estado húmido (mistura). Para determinação do titulo, sabe-se que: v = vL + x(vv - vL) então: Para a determinação da energia interna especifica tem-se: u = uL + x(uv - uL) u = 873,02 + 0,9534*(2597,52 - 873,02) = 2517,1583 kJ/kg UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 37 2.6.3. Uma mol de gás ideal, a pressão de 16,6atm, ocupa uma caixa cúbica cujo volume igual a 0,001 . Qual a temperatura e a força que o gás exerce sobre a tampa quadrada da caixa? Dados: n = 1 mol P = 16,6 atm R = 8,314 SI V = 0,001 m 3 Pede – se: T = ? F = ? Assunções: - Regime permanente, isto é, as propriedades não variam com o tempo. - Deve-se ter em conta a equação de estado para gás ideal. Resolução: Determinação da Temperatura (T): PV = nRT T = 199 K Representando a situação: Para determinar a força da tampa quadrada: 1º Temos que determinar a aresta Aplicando a definição de pressão: V = a 3 a = √ 2º Determinação da área A = a 2 A = (0,1m)2 = 10-2 m2 A força resultante que age sobre a superfície F = 16,6 kN 2.7. Exercícios propostos 2.7.1. Verifique se a água em cada um dos estados abaixo é um líquido comprimido, vapor super aquecido, ou vapor saturados: UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 38 b) 150ºC e 0,423 ⁄ c) 200ºC e 0,00152 ⁄ d) 4 KPa e 20ºC 2.7.2. Um tanque cilíndrico vertical contém 4,0 kg de monóxido de carbono gás à temperatura de -50 O C. O diâmetro interno do tanque é, D=0,2m e o comprimento, L=1,0 m. Determinar a pressão, em bar, exercida pelo gás usando: a) O modelo de gás ideal, b) O modelo de van der Waals c) O modelo de Redlich – Kwong 2.7.3. Qual a massa de ar contida numa sala de 12m x 20m x 4m, se a pressão e a temperatura forem iguais a 200kPa e 25ºC. Admita que o ar se comporta como gás perfeito. 2.7.4. Uma esfera metálica de 15,2 cm de diâmetro interno é pesada numa balança de braço de precisão quando evacuada e, novamente, quando cheia com um gás desconhecido a 0,72 MPa. A diferença em peso é de 0,0221 N. A temperatura ambiente é de 27ºC. Determine a constante específica do gás e a massa molecular específica do gás. De seguida qual é o gás, assumindo-se que seja uma substância pura? 2.7.5. Considere um cilindro de volume interno igual a 0,14 , contendo 10 kg de refrigerante R-134a. O cilindro é usado para fins de reposição de refrigerante em sistemas de refrigeração. Em um dado dia a temperatura ambiente é de 26ºC. Admita que o refrigerante dentro do cilindro está em equilíbrio térmico com o meio ambiente e determine a massa de refrigerante no estado líquido e no estado vapor no interior do cilindro. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 39 2.7.6. Determine o título e a energia interna específica para os seguintes casos abaixos: a) Água a T=10ºC e v=0,036 ⁄ b) Água a 100kPa e s=3,045 ⁄ c) Amónia a T=10ºC e v=0,1000 ⁄ TPC-02. Entrega Próxima Aula – Pós - Laboral. Um evaporador de um equipamento de ar condicionado contém o fluido refrigerante R- 134a a -10 o C. Inicialmente o título do fluido é de 25%. O fluido recebe calor do ambiente a ser refrigerado, num processo isotérmico, até se obter vapor saturado seco. Considerando-se que durante o processo no evaporador não há variação de massa ou de volume do fluido. Pede-se: a) O volume específico do fluido nos estados inicial e final (m3/kg); b) A pressão do fluido (kPa); c) Mostrar o processo que ocorre no evaporador num diagrama P (kPa) x v (m 3 /kg), indicando os valores de pressão, volume e temperatura dos estados inicial e final. TPC-02. Entrega Próxima Aula – Laboral. Um recipiente com capacidade de 0,8 , contem 4Kg de uma mistura de água líquida e vapor em equilíbrio a uma pressão de 1200kPa. Determine e represente os diagramas T (ºC) x v (m 3 /kg) e T (ºC) x P (kPa), verificando todos os estados que ocorrem: a) O volume e a massa do líquido. b) O volume e a, massa do vapor. c) A energia interna específica. d) A entalpia específica, e e) A entropia específica. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 40 CAPÍTULO III – TRABALHO E CALOR 3. Definições de trabalho Pode-se definir trabalho termodinâmico como: “Um sistema realiza trabalho se o único efeito sobre a vizinhança PUDER SER o levantamento de um peso”, como pode ser vista na figura 22 que se segue a baixo. Figura 22 – Levantamento de um peso. Fonte: AZEVEDO, 2011. Neste caso, quem cruza a fronteira do sistema é a energia eléctrica da bateria. Constitui trabalho termodinâmico a energia eléctrica cruzando a fronteira do sistema? Sim, Sem dúvida, como no conjunto poderá ocorrer o levantamento de um peso, então energia eléctrica cruzando a fronteira do sistema também constitui trabalho. Também, consideramos trabalho realizado por um sistema, tal como o realizado por um gás em expansão contra um êmbolo, como positivo, e o trabalho realizado sobre o sistema, tal como o realizado por um êmbolo ao comprimir um gás, como negativo. Assim, trabalho negativo significa que energia é acrescentada ao sistema. Resumindo: O trabalho realizado por um sistema é considerado positivo e O trabalho realizado sobre o sistema é negativo. Designa-se W como o símbolo o trabalho termodinâmico. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 41 3.1. Unidades de Trabalho Nossa definição de trabalho envolve o levantamento de um peso, isto é, o produto de uma unidade de força (Newton) agindo através de uma distância(metro). Essa unidade de trabalho no sistema Internacional é chamada de Joule (J). 1 J = 1N.m Definimos POTÊNCIA como trabalho por unidade de tempo, e a representamos por W. Assim: ̇ a unidade de potência é Joule por segundo, denominada Watt (W) 3.2. Trabalho realizado devido ao movimento de fronteira de um sistema compressível simples num processo quase estático Existem várias maneiras pelas quais o trabalho pode ser realizado sobre ou por um sistema: O trabalho realizado por um eixo rotativo; O trabalho eléctrico; O trabalho realizado devido ao movimento da fronteira do sistema, tal como o efetuado pelo movimento do êmbolo num cilindro. A força total sobre o êmbolo é P. A onde: P é a pressão do gás e A é a área do êmbolo. Portanto o trabalho W é: UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 42 Figura 22. Exemplo de trabalho efetuado pelo movimento de fronteira de um sistema num processo quase-estático. Fonte: AZEVEDO, 2011. Porém, da figura 22 acima, verificamos que: A dx = dV A variação do volume do gás devido ao deslocamento, dx, do êmbolo logo: O trabalho realizado devido ao movimento de fronteira, durante um dado processo quase-estático, pode ser determinado pela integração da equação = . Entretanto essa integração somente pode ser efetuada se conhecermos a relação entre P e V durante esse processo. Essa relação pode ser expressa na forma de uma equação ou pode ser mostrada na forma gráfica. Figura 23. Cilindro – pistão. Fonte: Autores. O trabalho realizado sobre o gás durante este processo de compressão pode ser determinado pela integração da equação anterior resultando: ∫ ∫ UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 43 Da figura 23 acima ilustrado, o volume diminuiu e a área a-1-2-b-a representa o trabalho realizado sobre o sistema (trabalho negativo). Se o processo tivesse ocorrido do estado 2 ao estado 1, pelo mesmo caminho, a mesma área representaria o trabalho realizado pelo sistema (trabalho positivo). A figura 24 mostrado a baixo, mostra uma nova consideração do diagrama P x V, conduz a uma outra conclusão importante. É possível ir do estado 1 ao estado 2 por caminhos quase-estáticos muito diferentes, tais como A, B ou C. Como a área sob a curva representa o trabalho para cada processo é evidente que o trabalho envolvido em cada caso é uma função não somente dos estados iniciais e finais do processo, mas também, do caminho que se percorre ao ir de um estado a outro. Figura 24. Diagrama P x V. Fonte: Autores. Por esta razão, o trabalho é chamado de função de linha, ou em linguagem matemática, W é uma diferencial inexacta. Na determinação da integral da equação devemos sempre lembrar que estamos interessados na determinação da área situada sob a curva da figura. Relativamente a este aspecto, identificamos duas classes de problemas: 1. A relação entre P e V é dada em termos de dados experimentais ou na forma gráfica (como, por exemplo, o traço em um osciloscópio). Neste caso podemos determinar a integral da equação de W por integração gráfica ou numérica. 2. A relação entre P e V é tal que seja possível ajustar uma relação analítica entre eles, e podemos então, fazer directamente a integração. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 44 3.2.1. Determinação do trabalho tendo em conta processo politrópico Um exemplo desse segundo tipo de relação é o processo chamado politrópico, PV n = constante O expoente "n" pode tomar qualquer valor entre - e + dependendo do processo particular sob análise. = Para esse tipo de processo, podemos integrar a equação, resultando em: ∫ Note-se que este resultado, equação, é válido para qualquer valor do expoente n, excepto n = 1. No caso onde: n = 1, tem-se: E portanto: ∫ ∫ 3.2.2. Sistemas que envolvem outras formas de realização de trabalho • Sistemas que envolvem trabalho magnético e sistemas que envolvem trabalham eléctrico. • Sistemas que envolvem trabalham devido ao movimento de fronteira; um fio esticado sujeita a uma força e uma película superficial. Também há outras formas de trabalho que podem ser identificadas em processos que não sejam quase-estáticos, exemplo: • O trabalho realizado por forças de cisalhamento, num processo que envolve atrito num fluido viscoso. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 45 • Ou trabalho realizado por um eixo rotativo que atravessa a fronteira do sistema. A identificação do trabalho é um aspecto importante de muitos problemas termodinâmicos. O trabalho só pode ser identificado nas fronteiras do sistema. Por exemplo, consideremos a figura 25 que mostra um gás separado do vácuo por uma membrana. Desprezando-se qualquer trabalho associado com a ruptura da membrana, podemos indagar se há trabalho envolvido no processo. Se tomarmos como nosso sistema o gás e o espaço evacuado, concluímos prontamente que não há trabalho envolvido, pois nenhum trabalho é identificado na fronteira do sistema. Figura 25. Gás separado do vácuo por uma membrana. Fonte: AZEVEDO, 2011. Se entretanto, tomarmos o gás como sistema, teremos uma variação do volume e poderemos ser induzidos a calcular o trabalho pela integral. ∫ Entretanto este não é um processo quase estático e, portanto, o trabalho não pode ser calculado por aquela relação. Ao contrário, como não há resistência na fronteira do sistema quando o volume aumenta, concluímos que, para este sistema não há trabalho envolvido. W1-2 = 0. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 46 3.3. Definição de Calor Calor é definido como sendo a forma de energia transferida, através da fronteira de um sistema a uma dada temperatura, a um outro sistema (ou meio) numa temperatura inferior, em virtude da diferença de temperatura entre os dois sistemas. Isto é, o calor é transferido do sistema de maior temperatura ao sistema de temperatura menor e a transferência de calor ocorre unicamente devido à diferença de temperatura entre os dois sistemas. Um outro aspecto dessa definição de calor é que um corpo ou sistema nunca contém calor. Ou melhor, calor só pode ser identificado quando atravessa a fronteira. Assim o calor é um fenómeno transitório. Infere-se, também, que o calor é identificado somente na fronteira do sistema, pois o calor é definido como sendo a energia transferida através da fronteira do sistema. 3.3.1. Unidades de Calor Conforme já estudado na física I conforme o plano curricular da Engenharia Mecatrónica, o calor, como o trabalho, é uma forma de transferência de energia para ou de um sistema. Portanto, as unidades de calor, ou sendo mais geral, para qualquer outra forma de energia, são as mesmas do trabalho, ou pelo menos, são directamente proporcionais a ela. No sistema Internacional, SI, a unidade de calor (e de qualquer outra forma de energia) é o Joule. Calor transferido para um sistema é considerado positivo e transferido de um sistema é negativo. O calor é normalmente representado pelo símbolo Q. Um processo em que não há trocade calor (Q = 0), é chamado de processo adiabático. Do ponto de vista matemático o calor, como o trabalho, é uma função de linha e é reconhecido como tendo uma diferencial inexacta. Isto é, a quantidade de calor UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 47 transferida quando o sistema sofre uma mudança, do estado 1 para o estado 2, depende do caminho que o sistema percorre durante a mudança de estado. Como o calor é uma função de linha, a sua diferencial é escrita como Q. Na integração escrevemos: ∫ Em outras palavras, − é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 e o estado 2. O calor transferido para um sistema na unidade de tempo, é chamado taxa de calor, e designado pelo símbolo ̇, a respectiva unidade é o Watt (W). ̇ 3.3.2. Formas de interacção de Calor As formas mais comuns de interacção de calor são através de: condução, radiação e convecção, este estudo, irá abordar com mais detalhes na próxima disciplina Transferência de Calor Aplicada, segundo o plano curricular da engenharia Mecatrónica. Condução - Lei de Fourier A condução de calor pode ser considerada como a transferência de energia das partículas mais energéticas de uma substância para partículas menos energéticas, graças às interacções entre partículas. A relação matemática é: ̇ Onde: k = condutividade térmica. A = área da parede perpendicular à direcção x. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 48 x = posição onde está sendo calculada a taxa de calor. Radiação térmica - Lei de Stefan - Boltzmann A radiação térmica é a energia emitida pela matéria que estiver em uma temperatura finita. A energia do campo de radiação é transportada pelas ondas electromagnéticas (ou fotões numa outra linguagem). Enquanto a transferência de calor por condução precisa de um meio material, a radiação não necessita de qualquer meio. Na realidade, a transferência de energia por radiação ocorre com maior eficiência no vácuo. A relação matemática para essa forma de calor é: ̇ Sendo: = Emissividade, propriedade radiactiva da superfície, 0 1. = Constante de Stefan - Boltzmann, ( = 5,67 10-8 ) Tb = Temperatura da superfície emitente. A = Área emitente da superfície. Convecção - Lei de resfriamento de Newton O modo de transferência convectiva de calor é sustentado pelo movimento molecular aleatório e pelo movimento macroscópico do fluido no interior da camada limite. A transferência convectiva de calor pode ser classificada de acordo com a natureza do escoamento. Convecção forçada, convecção livre, ou convecção combinada, dependendo da característica do movimento do meio que está em contacto com a superfície. Independentemente da natureza particular do processo de transferência de calor por convecção, a equação da taxa apropriada tem a forma: ̇ ( ) UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 49 Onde: A = Área de troca de calor. h = Coeficiente de convecção de calor ou coeficiente de película. = Respectivamente as temperaturas da superfície e do fluido. 3.4. Comparação entre Calor e Trabalho O calor e o trabalho são, ambos, fenómenos "transitórios". Os sistemas nunca possuem calor ou trabalho, porem qualquer um deles ou, ambos, atravessam a fronteira do sistema, quando o sistema sofre uma mudança de estado. Tanto o calor como o trabalho são fenómenos de fronteira. Ambos são observados somente nas fronteiras do sistema, e ambos representam energia atravessando a fronteira do sistema. Tanto o calor como o trabalho são funções de linha e têm diferenciais inexactas. Nossa convenção de sinais: + Q representa calor transferido ao sistema e, daí é energia acrescentada ao sistema. + W representa o trabalho realizado pelo sistema, que é energia que sai do sistema. Figura 26. Convenção de sinais. Fonte: Autores. 3.5. Exercícios do capítulo 3 - Exemplos resolvidos 3.5.1. Uma indústria dispõe de um compressor do tipo alternativo para obter ar comprimido, o qual possui um conjunto cilindro-êmbolo. A compressão UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 50 ocorre com as válvulas de admissão e descarga fechadas. O volume inicial ocupado pelo ar no interior do cilindro, antes da compressão é de 1000 cm 3 , a pressão inicial é de 1,0 bar e a temperatura inicial é 27 o C. Deseja-se obter ar comprimido a 7,0 bar. Sendo o expoente politrópico do ar é 1,3. Pede-se: a) A massa de ar no interior do cilindro (em gramas); b) O volume final do ar (cm3); c) O trabalho necessário à compressão do ar (J). Dados: Gás: Ar n = 1,3 Estado 1: Estado 2: Pede-se: m = ? Assunções: - Deve-se ter em conta as equações de estado para a determinação dos diferentes parâmetros; - Considera-se que o ar é um gás ideal. - Da tabela extraem-se os valores das constantes R e Cv e as mesmas são de regime permanente; Para a determinação da constante particular do gás, vamos a tabela A.5, têm-se: a) Determinação da massa de ar no interior do cilindro: Da equação de estado, sabe-se que: Tendo em conta o processo politrópico, com n=1,3 tem-se: b) Determinação do volume final ( ) √ UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 51 c) Determinação do trabalho necessário para a compressão do ar: ∫ 3.5.2. Um cilindro com êmbolo móvel, como mostrado na figura que se segue, contém 5 kg de água, encontra-se inicialmente no estado de vapor húmido com título igual a 10 % e pressão de 0,1 bar. Esse sistema é aquecido à pressão constante até finalmente se obter o título igual a 85 %. Pede-se: a) Representar o processo em um diagrama P (kPa) – v (m 3 /kg). b) Calcular o trabalho realizado pelo vapor durante o processo. Dados: Fluido: Água m = 5 kg Estado 1: Estado 2: Pede-se: A pressão de saturação é de 0,1 bar Da tabela de propriedades da água saturada para P = 10 kPa têm-se: UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 52 Representação gráfica do problema: Determinação do trabalho realizado pelo vapor no processo: ∫ ∫ ( ) ( ) 3.6. Exercícios propostos 3.6.1. Uma amostra de gás ideal se expande inicialmente a temperatura de 300K, e 13,2 atm de pressão e 4L de volume, para um volume final de 16L. Quais serão pressão e a temperatura final desse gás e quanto trabalho ele realizara durante a expansão. Se esta for: a) Isotérmica onde: DU=0 e Q=W b) Adiabático e o gás monoatómico (n=1,67). 3.6.2. Em um equipamento de refrigeração industrial, cujo fluido de trabalho é a amónia, (R-717) o dispositivode expansão (válvula de expansão termostática) reduz a pressão do refrigerante de 15,850 kgf/cm² e líquido saturado (estado1) para a pressão de 1,940 kgf/cm² e título, X = 0,212 (estado 2). Determinar: a) O volume específico, a temperatura e a entalpia específica nos estados 1 e 2. b) Representar o processo de expansão na válvula nos diagramas h-s e P-h. c) A que processo ideal mais se aproxima o processo de expansão na válvula de expansão termostática (isocórico, isotérmico, isentrópico, isentálpico, isobárico). 3.6.3. Um cilindro com êmbolo móvel, como mostrado na figura, contém 3 kg de água no estado de vapor húmido com título igual a 15 % e pressão de 2,0 bar UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 53 (estado 1). Esse sistema é aquecido à pressão constante até se obter o título igual a 85 % (estado 2). Figura-2: Pede-se: a) Representar o processo em um diagrama P-V. b) Calcular o trabalho realizado pelo vapor durante o processo. 3.6.4. O gráfico abaixo representa P-V. Determine o calor total adicionado ao sistema durante o ciclo completo. Figura-3: 3.6.5. Considere como sistema o gás contido no cilindro mostrado na figura, provido de um êmbolo sobre o qual são colocados vários pesos pequenos. A pressão inicial é de 200 kPa e o volume inicial do gás é de 0,04 m 3 . Coloquemos um bico de Bunsen em baixo do cilindro e deixemos que o volume do gás aumente para 0,1 m 3 , enquanto a pressão permanece constante. Figura-4: a) Calcular o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 54 b) Consideremos o mesmo sistema e as mesmas condições iniciais e finais, porém, ao mesmo tempo que o bico de Bunsen está sob o cilindro e o êmbolo se levanta, removamos os pesos deste, de tal maneira que durante o processo a temperatura se mantém constante. c) Consideremos o mesmo sistema porém, durante a troca de calor removamos os pesos de tal maneira que a expressão PV 1,3 = constante descreva a relação entre a pressão e o volume durante o processo. Novamente o volume final é 0,1 m 3 . Calcular o trabalho. TPC-03. Entrega Próxima Aula – Pós - Laboral O cilindro mostrado abaixo contém 0,2 kg de água saturada a 40ºC. O êmbolo tem uma área seccional de 800 cm², uma massa de 120 kg e repousa sobre os esbarro como mostrado na figura. O volume nesse ponto é 0,04 m 3 . A pressão atmosférica externa é de 182 kPa e a aceleração da gravidade local é 9,81 m/s². Transfere-se calor ao sistema até que o cilindro contenha vapor saturado. Figura 4: a) Qual é a temperatura da água quando o êmbolo deixa o esbarro? b) Mostrar o processo num diagrama T-V. c) Calcular o trabalho realizado pela água durante todo o processo. TPC-03. Entrega Próxima Aula – Laboral. Um cilindro provido de um êmbolo sem atrito contém 4 gramas de fluido refrigerante R-134a, inicialmente a 1017,0 kPa e título de 25%. O conjunto é aquecido à pressão constante até que o fluido refrigerante atinja os 100 o C. Determinar: a) O volume específico inicial e final do fluido (m 3 /kg); b) O trabalho realizado durante este processo em Joule. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 55 CAPÍTULO IV – PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 4.1. Analise para um sistema A primeira lei da termodinâmica é comummente chamada de " lei da conservação da energia". Nos cursos elementares de física, dá ênfase às transformações de energia cinética e potencial e suas relações com o trabalho. Uma forma mais geral de conservação de energia inclui os efeitos de transferência de calor e a variação de energia interna. Outras formas de energia podem serem incluídas: energia electrostática, energia de campos magnéticos, tensão superficial, etc. A ideia básica, aqui, é que a energia pode ser armazenada dentro de um sistema, transformada de uma para outra forma de energia e transferida entre sistemas. Para o sistema fechado a energia pode ser transferida através do trabalho e da transferência de calor. A quantidade total de energia é conservada em todas transformações e transferências. A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante um processo cíclico qualquer, percorrido por um sistema, a integral cíclica (somatório sobre todo o ciclo), do calor é proporcional à integral cíclica do trabalho, matematicamente: ∮ ∮ ∑ ∑ A base de todas as leis da natureza é a evidência experimental. Toda a experiência efetuada até agora provou a veracidade directa ou indirectamente da primeira lei. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 56 Como exemplo de grandes sistemas industriais, que operam em um ciclo termodinâmico, podemos citar as termoeléctricas a vapor e os sistemas de refrigeração. Estes dois sistemas são projectados, operados e controlados através da análise termodinâmica, mais especificamente através dos princípios da primeira lei da termodinâmica. Figura 26. Sistema termoeléctrico de uma central de geração eléctrica. Fonte: MAYINGER, 1986. 4.1.1. Primeira Lei para Mudança de Estado de um Sistema A equação estabelece a primeira lei da termodinâmica para um sistema operando em um ciclo. Muitas vezes, estamos mais interessados a respeito de um processo que em um ciclo. Assim é interessante obter uma expressão da primeira lei da termodinâmica para um processo. Isto pode ser feito introduzindo-se uma nova propriedade, a energia total, a qual é representada pelo símbolo E. Considere-se um sistema que percorre um ciclo, mudando do estado 1 ao estado 2 pelo processo A e voltando do estado 2 ao estado 1 pelo processo B. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 57 Figura 26. Demostração de exigência de propriedade termodinâmica E. Fonte: FAIRES, 1969. Da primeira lei da termodinâmica temos: ∮ ∮ Considerando os dois processos que constituem o ciclo separadamente obtemos: ∫ ∫ =∫ ∫ Agora, consideremos outro ciclo, com o sistema mudando do estado 1 ao estado 2 pelo mesmo processo A e voltando ao estado 1 pelo processo C como indicado na Figura 25. Para este ciclo podemos escrever: ∫ ∫ ∫ ∫ Subtraindo a segunda destas equações da primeira, temos: ∫ ∫ ∫ ∫ Ou, reordenando: ∫ ( ) ∫ ( ) Visto que B e C representam caminhos arbitrários entre os estados 1 e 2 concluímos que a quantidade ( Q - W) é a mesma para qualquer processo entre o estado 1 e o estado 2. Em consequência, ( Q - W) depende somente dos estados iniciais e final não dependendo do caminho percorrido entre os dois estados. UNIVERSIDADE ZAMBEZE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS Elaborado por Eng0. MUTENDE, M. A. Termodinâmica Aplicada Página 58 Isto nos faz concluir que a quantidade, ( Q - W), é uma função de ponto, e portanto, é a diferencial exacta de uma propriedade do sistema. Essa propriedade é a energia total do sistema e é representada pelo símbolo E. Assim podemos escrever: ou, Observe-se que, sendo E uma propriedade, sua diferencial é escrita dE. Quando a Equação acima é integrada, de um estado inicial 1 a um estado final 2, temos:
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