Buscar

Literatura - Aula 07 - Romantismo - a arte burguesa e seus desdobramentos-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

41PROENEM
Aproxime seu dispositivo móvel 
do código para acessar a teoria
 ROMANTISMO NO BRASILCONTEXTOS E EXPRESSÕES
O Romantismo brasileiro nasce das possibilidades 
que surgem com a chegada da família real em 1808. 
A urbanização do Rio de Janeiro e o contato com a 
corte propiciam o campo necessário à divulgação 
das influências europeias. Tais ideais de autonomia e 
respirando-se um ar notadamente nacionalista, a colônia 
caminhava rumo a sua independência.
Após a Independência cresce ainda mais o sentimento 
nacionalista e intensificam-se tendências já cultivadas na 
Europa, como a busca do passado histórico e a exaltação 
da natureza. Aliado a esses fatores, havia enorme 
interesse da novo governo em ofuscar as crises sociais, 
financeiras e econômicas geradas por nossa separação 
da corte portuguesa.
DEBRET, Jean-Baptiste. Coroação de D. Pedro I, 1828.
A política nacional passava por um momento 
conturbado: o autoritarismo de D. Pedro I, representada 
pela dissolução do Congresso e pela outorga de uma 
Constituição, a luta pelo trono português que acaba 
por aclamá-lo Pedro IV, a Confederação do Equador 
e a abdicação. Sem contar o assassinato de Líbero 
Badaró, o período regencial e a prematura maioridade 
de D. Pedro II.
Contudo, a independência política teve suas 
consequências socioculturais: surgem as instituições 
universitárias e um público leitor. Os escritores são os 
principais intérpretes dos anseios desse novo quadro 
social. E foi assim, nos folhetins que o Romantismo 
ganhou corpo e conquistou mentes e corações dessa 
nova geração leitora, formada, em especial, por 
senhoras ricas da sociedade e estudantes que agora 
fervilhavam na capital.
Os valores do Romantismo europeu adequavam-se 
às exigências ideológicas dos escritores brasileiros, 
opondo-se à arte clássica, que, por estas terras, era 
sinônimo de dominação portuguesa. O Romantismo 
voltava-se para a natureza, para o exótico, encontrando 
aqui uma natureza exuberante, própria à grandiloquência 
do estilo. Tudo contribuía para os maiores delírios 
ufanistas que uma jovem pátria poderia proporcionar.
PORTO-ALEGRE, Araújo. Selva brasileira, sem data.
GÊNESE ROMÂNTICO
A publicação, em Paris, da revista Niterói (1836) 
foi o grande passo para a deflagração do movimento 
romântico. A revista estampava em sua primeira página: 
“Tudo pelo Brasil e para o Brasil”. A produção foi elaborada 
por intelectuais que estudavam na Europa, propondo a 
investigação “das letras, artes e ciências brasilienses”. 
Um desses jovens, Gonçalves de Magalhães, lançaria 
no mesmo ano o livro que é considerado o marco do 
Romantismo no Brasil: Suspiros poéticos e saudades. 
Capa da revista Niterói, publicada em Paris no ano de 1836
13 ROMANTISMO NO BRASIL - CONTEXTOS E EXPRESSÕES
42
Contudo, o projeto dos autores românticos não 
se realizou completamente, já que seus princípios 
“nacionalistas” estavam, em maior ou menor grau, 
comprometidos com uma visão europeia de mundo. 
Esse nacionalismo, feito de imagens exteriores, 
continha mais paisagem do que qualquer ideologia. 
Além disso, os escritores desse primeiro momento 
viviam à sombra do poder, exercendo importantes cargos 
políticos, como ministros, secretários, embaixadores, 
burocratas do alto escalão. Esse fato certamente os 
comprometeu com a classe dominante, daí fugirem da 
escravidão e da pobreza, ignorando os privilégios das 
elites e a miséria das ruas, ou mesmo a violência que já 
se espalhava pelas ruas das nossas cidades. Talvez tenha 
sido esse um pensamento de mercado, tendo em vista 
que ele apenas correspondiam às expectativas de seus 
leitores. A celebração do idílio e da natureza, a mitificação 
das regiões e do índio, criava uma arte conservadora, 
muito ao gosto do público que a consumia.
AS FASES ROMÂNTICAS
O estudo do Romantismo pode ser divido em 
três gerações distintas, sem que isso signifique uma 
separação rígida entre elas. Devemos entender que cada 
autor passeia pelas gerações assumindo com maior ou 
menor intensidade características em voga na época. 
É fundamental perceber que há também uma grande 
diferença entre as obras produzidas em prosa e poesia, 
já que adotam características distintas, atendendo a 
interesses específicos no quadro de leitores.
Esses três momentos distintos caracterizam-se por 
apresentar temas e visões de mundo diferenciadas. 
Cada geração assume uma perspectiva própria, embora 
sejam todas elas marcadas pelo caráter romântico. 
Contudo, os elementos que definem cada uma delas não 
lhes são exclusivos, demonstrando pontos de contato 
de forma bastante acentuada. 
A primeira geração é chamada de nacionalista ou de 
indianista. Nela, revela-se com intensidade o sentimento 
nacionalista, marcadamente a saudade da Pátria, 
a  valorização da natureza, um retorno à religiosidade 
cristã. Além disso desenvolve-se uma espécie de novo 
amor cortês, platônico e impossível, retomando as 
novelas de cavalaria europeias da Idade Média. O índio 
surge nesse contexto como o verdadeiro herói nacional, 
muito em razão de substituir figura do cavaleiro medieval, 
inexistente na história brasileira. Esse índio apresenta 
valores clássicos e comportamento europeu.
A segunda geração, subjetivista, ficou conhecida 
como Ultrarromantismo ou Mal-do-século. 
Influenciados pelo poeta Inglês Lord Byron, a geração 
também leva a alcunha de byronista. Os poetas 
ultrarromânticos abordavam os temas do tédio, 
da morte, do suicídio, das sombras, da dor e do 
sofrimento. O medo de amar era constante e levava à 
evasão poética. Tais fugas levavam a lugares exóticos, 
à própria infância e, mais comumente à morte.
PHILLIPS, Thomas. Lord Byron em trajes albaneses, 1813
A terceira geração é marcada por uma forte 
preocupação social, influenciada pelos movimentos 
abolicionista e republicano que ganhavam força no 
cenário político. A geração condoreira, como ficou 
conhecida, faz a denúncia da escravidão, defende as 
causas humanitárias, canta a liberdade, opõe-se à 
monarquia. No campo dos sentimentos, a sensualidade 
volta à tona e surge um amor erótico, possível de se 
realizar. É, em verdade, um momento de transição do 
Romantismo para o movimento Realista que já começa 
a se manifestar em alguns autores.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Acesse os códigos de cada questão para ver o gabarito
QUESTÃO 01
(IBMEC – RJ) 
SABIÁ -Tom Jobim e Chico Buarque
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra de uma palmeira
Que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia
LITERATURA
43PROENEM
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos de me enganar
Como fiz enganos de me encontrar
Como fiz estradas de me perder
Fiz de tudo e nada de te esquecer (…)
A canção “Sabiá” é apenas uma das inúmeras releituras e 
citações que o poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio” 
recebeu a partir do Modernismo. Esse poeta pertenceu à 
1ª geração do Romantismo Brasileiro. Nas opções abaixo, 
assinale a única que não apresenta características desse 
estilo de época.
a) Nacionalismo, onde a exaltação da pátria somente 
enaltece as qualidades.
b) Exaltação da natureza.
c) Sentimentalismo e religiosidade.
d) Indianismo.
e) Conceptismo (jogo de ideias) e cultismo (jogo de 
palavras).
QUESTÃO 02
(FUVEST) Poderíamos sintetizar uma das características 
do Romantismo pela seguinte aproximação de opostos:
a) Aparentemente idealista, foi, na realidade, o primeiro 
momento do Naturalismo Literário.
b) Cultivando o passado, procurou formas de compreender 
e explicar o presente.
c) Pregando a liberdade formal, manteve-se preso aos 
modelos legados pelos clássicos.
d) Embora marcado por tendências liberais, opôs-se ao 
nacionalismo político.
e) Voltado para temas nacionalistas, desinteressou-se 
do elemento exótico, incompatível com a exaltação 
da pátria.
QUESTÃO03
(UFSM-UNIPAMPA/2008) 
A tela de Doré, ao representar o desespero de 
Andrômeda (princesa da mitologia grega que enfurece 
Poseidon), expressa o arrebatamento sentimental que 
constitui a sensibilidade romântica do século XIX. 
Sobre isso, pode-se afirmar:
Andrômeda (1869), Tela de Gustave Doré 
http://www.illusionsgallery.com/Andromeda-Dore.html - 06.7.07
a) o ideário romântico invade o campo político, 
predispondo os homens a reconhecer a liberdade dos 
povos como condutora dos Estados Nacionais.
b) o romantismo não interfere nas ações políticas dos 
homens do século XIX, pois se restringe ao campo 
das artes.
c) o ideário romântico não colabora na formação 
identitária dos Estados Nacionais nem nas lutas por 
liberdade e democracia.
d) o exagero sentimental dos românticos produz um 
desinteresse em relação à Natureza, especialmente 
quanto às matas tropicais.
e) o romantismo se constitui, ao longo do século XIX, na 
ideologia que justifica o desenvolvimento burguês na 
indústria e no comércio internacional.
QUESTÃO 04
(Unifesp)
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
13 ROMANTISMO NO BRASIL - CONTEXTOS E EXPRESSÕES
44
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que disfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
Gonçalves Dias consolidou o romantismo no Brasil. Sua 
“Canção do exílio” pode ser considerada tipicamente 
romântica porque
a) apoia-se nos cânones formais da poesia clássica 
greco-romana; emprega figuras de ornamento, até 
com certo exagero; evidencia a musicalidade do verso 
pelo uso de aliterações.
b) exalta terra natal; é nostálgica e saudosista; o tema é 
tratado de modo sentimental, emotivo.
c) utiliza-se do verso livre, como ideal de liberdade 
criativa; sua linguagem é hermética, erudita; glorifica 
o canto dos pássaros e a vida selvagem.
d) poesia e música se confundem, como artifício 
simbólico; a natureza e o tema bucólico são tratados 
com objetividade; usa com parcimônia as formas 
pronominais de primeira pessoa.
e) refere-se à vida com descrença e tristeza; expõe o 
tema na ordem sucessiva, cronológica; utiliza-se do 
exílio como o meio adequado de referir-se à evasão da 
realidade.
QUESTÃO 05
(UEM) Em relação à arte do Romantismo, assinale as 
alternativas em V (verdadeiro) ou F (falso).
a) A pintura do Romantismo pode ser considerada como 
uma reação à pintura do período Neoclássico.
b) Os pintores românticos apresentaram uma predileção 
em retratar a mitologia greco-romana em grande 
parte de suas obras.
c) A pintura romântica não retoma algumas 
características do período barroco, como a 
valorização das cores e o contraste entre claro-
escuro.
d) A expressão das emoções humanas e a natureza 
representada de forma viva não são temas recorrentes 
nas artes do Romantismo.
e) Apesar das diferenças temáticas em relação à 
arte do Neoclassicismo, os pintores românticos 
continuaram a prezar as regras e convenções 
das academias de belas artes em detrimento da 
liberdade de expressão artística.
QUESTÃO 06
(ENEM)
Do amor à pátria
 São doces os caminhos que levam de volta à pátria. 
Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em 
berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma 
outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se 
comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por 
crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças 
plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.
 MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.
O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura 
romântica e na modernista. No trecho, a representação da 
pátria ganha contornos peculiares porque 
a) o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e 
eloquente. 
b) os elementos valorizados são intimistas e de 
dimensão subjetiva.
c) o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido 
pela inércia.
d) o patriotismo literário tradicional é subvertido e 
motivo de ironia.
e) a natureza é determinante na percepção do valor 
da pátria.
QUESTÃO 07
(ENEM) Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos 
ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam n’alma como um 
hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida 
e ufana por ouvir aquele altivo e indómito guerreiro 
pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e 
mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: — 
Itajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os 
favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-
me palpitar o coração como a flor que estremece ao bafejo 
perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, 
e o amor que te consagro também não é para ti nenhum 
segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A 
flor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte 
do deserto, escondida entre os rochedos, se revela por seu 
murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros 
momentos tu viste meu coração abrir-se para ti, como a 
flor do manacá aos primeiros raios do sol.
GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: 
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
LITERATURA
45PROENEM
O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética 
romântica. Entre as marcas textuais que evidenciam a 
filiação a esse movimento literário está em destaque a
a) referência a elementos da natureza local.
b) exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
c) cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
d) representação idealizada do cenário descrito. 
e) expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
QUESTÃO 08
(FGV)
Nova canção do exílio
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe. 
Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.
Da “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, o poema de 
Drummond conserva, sobretudo, 
a) a ausência de adjetivação.
b) o antilusitanismo.
c) o ufanismo nacionalista. 
d) a regularidade métrica.
e) a idealização nostálgica.
QUESTÃO 09
(PUC - Campinas)
O tempo e suas medidas
O homem vive dentro do tempo, o tempo que ele 
preenche, mede, avalia, ama e teme. Para marcar a 
passagem e as medidas do tempo, inventou o relógio. 
A palavra vem do latim horologium, e se refere a um 
quadrante do céu que os antigos aprenderam a observar 
para se orientarem no tempo e no espaço. Os artefatos 
construídos para medir a passagem do tempo sofreram 
ao longo dos séculos uma grande evolução. No início o Sol 
era a referência natural para a separação entre o dia e a 
noite, mas depois os relógios solares foram seguidos de 
outros que vieram a utilizar o escoamento de líquidos, de 
areia, ou a queima de fluidos, até chegar aos dispositivos 
mecânicos que originaram as pêndulas. Com a eletrônica, 
surgiram os relógios de quartzo e de césio, aposentando 
os chamados “relógios de corda”. O mostrador digital que 
está no seu pulso ou no seu celular tem muita história: 
tudo teria começado com a haste vertical ao sol, que 
projetava sua sombra num plano horizontal demarcado. 
A ampulheta e a clepsidra são as simpáticas bisavós 
das atuais engenhocas eletrônicas, e até hoje intrigam e 
divertem crianças de todas as idades.
Mas a evolução dos maquinismos humanos que 
dividem e medem as horas não suprimiu nem diminuiu apreocupação dos homens com o Tempo, essa entidade 
implacável, sempre a lembrar a condição da nossa 
mortalidade. Na mitologia grega, o deus Chronos era o 
senhor do tempo que se podia medir, por isso chamado 
“cronológico”, a fluir incessantemente. No entanto, a 
memória e a imaginação humanas criam tempos outros: 
uma autobiografia recupera o passado, a ficção científica 
pretende vislumbrar o futuro. No Brasil, muito da força 
de um José Lins do Rego, de um Manuel Bandeira ou de 
um Pedro Nava vem do memorialismo artisticamente 
trabalhado. A própria história nacional sofre os efeitos 
de uma intervenção no passado: escritores românticos, 
logo depois da Independência, sentiram necessidade de 
emprestar ao país um passado glorioso, e recorreram às 
idealizações do Indianismo.
No cinema, uma das homenagens mais bonitas ao 
tempo passado é a do filme Amarcord (“eu me recordo”, em 
dialeto italiano), do cineasta Federico Fellini. São lembranças 
pessoais de uma época dura, quando o fascismo crescia 
e dominava a Itália. Já um tempo futuro terrivelmente 
sombrio é projetado no filme “Blade Runner, o caçador de 
androides”, do diretor Ridley Scott, no cenário futurista de 
uma metrópole caótica.
Se o relógio da História marca tempos sinistros, 
o  tempo construído pela arte abre-se para a poesia: o 
tempo do sonho e da fantasia arrebatou multidões no filme 
O mágico de Oz estrelado por Judy Garland e eternizado 
pelo tema da canção Além do arco-íris. Aliás, a arte da 
música é, sempre, uma habitação especial do tempo: 
as notas combinam-se, ritmam e produzem melodias, 
adensando as horas com seu envolvimento. 
13 ROMANTISMO NO BRASIL - CONTEXTOS E EXPRESSÕES
46
São diferentes as qualidades do tempo e as 
circunstâncias de seus respectivos relógios: há o “relógio 
biológico”, que regula o ritmo do nosso corpo; há o “relógio 
de ponto”, que controla a presença do trabalhador numa 
empresa; e há a necessidade de “acertar os relógios”, para 
combinar uma ação em grupo; há o desafio de “correr 
contra o relógio”, obrigando-nos à pressa; e há quem “seja 
como um relógio”, quando extremamente pontual. 
Por vezes barateamos o sentido do tempo, tornando-o 
uma espécie de vazio a preencher: é quando fazemos algo 
para “passar o tempo”, e apelamos para um jogo, uma 
brincadeira, um “passatempo” como as palavras cruzadas. 
Em compensação, nas horas de grande expectativa, 
queixamo-nos de que “o tempo não passa”. “Tempo é 
dinheiro” é o lema dos capitalistas e investidores e dos 
operadores da Bolsa; e é uma obsessão para os atletas 
olímpicos em busca de recordes.
Nos relógios primitivos, nos cronômetros sofisticados, 
nos sinos das velhas igrejas, no pulsar do coração e da 
pressão das artérias, a expressão do tempo se confunde 
com a evidência mesma do que é vivo. No tic-tac da 
pêndula de um relógio de sala, na casa da avó, os netinhos 
ouvem inconscientemente o tempo passar. O Big Ben 
londrino marcou horas terríveis sob o bombardeio nazista. 
Na passagem de um ano para outro, contamos os últimos 
dez segundos cantando e festejando, na esperança de um 
novo tempo, de um ano melhor. 
(Péricles Alcântara, inédito)
Costuma-se reconhecer que o Indianismo, na nossa 
literatura, é marcado por idealizações que emprestam uma 
espécie de glória artificial ao nosso passado como Colônia. 
Tais idealizações
I. consistem, basicamente, em atribuir aos nossos 
silvícolas atitudes e valores herdados da aristocracia 
medieval, caros ao ideário romântico.
II. processam-se com base em fidedignos documentos 
históricos, nos quais há registro detalhado dos usos e 
costumes das várias nações indígenas.
III. ocorreram como reação às tendências nacionalistas 
do nosso Romantismo, que valorizavam sobretudo a 
vida urbana e os valores burgueses.
Atende ao enunciado o que está em 
a) I, II e III. 
b) I e II, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, apenas.
QUESTÃO 10
(PUC - Campinas) Nos poemas indianistas, o heroísmo 
dos indígenas em nenhum momento é utilizado como 
crítica à colonização europeia, da qual a elite era a herdeira. 
Ao contrário, pela resistência ou pela colaboração, os 
indígenas do passado colonial, do ponto de vista dos 
nossos literatos, valorizavam a colonização e deviam servir 
de inspiração moral à elite brasileira. (...) Já o africano 
escravizado demorou para aparecer como protagonista 
na literatura romântica. Na segunda metade do século XIX, 
Castro Alves, na poesia, e Bernardo Guimarães, na prosa, 
destacaram em obras suas o tema da escravidão.
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o 
ensino médio. São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 436-37) 
Entende-se do texto que o Indianismo, no Brasil, identificou-
se como um movimento romântico que 
a) se dedicou a expressar com fidedignidade o processo 
de aculturação dos nativos brasileiros. 
b) traduziu os aspectos típicos e essenciais da cultura 
indígena, exaltando-os em si mesmos. 
c) se opôs aos rumos tomados pela Abolição, uma vez 
que se considerava prioritária a atenção aos indígenas. 
d) idealizou o caráter dos indígenas, tomando-o como 
paradigma de moralidade a ser seguido. 
e) valorizou a bravura dos nossos indígenas, para melhor 
sublinhar as fraquezas da cultura civilizada.
ANOTAÇÕES
47PROENEM
Aproxime seu dispositivo móvel 
do código para acessar a teoria
 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRAAS FASES DO ROMANTISMO
A GERAÇÃO INDIANISTA – 
CARACTERÍSTICAS
MEIRELLES, Victor. Moema, 1865
Indianismo 
A concepção do bom selvagem, ideia apresentada 
por Rousseau, define um modelo de um herói indígena 
que deveria se tornar o passado e a tradição de um país 
como o Brasil, sem uma história gloriosa que pudesse 
ser cantada. O nativo – que nada guarda de sua cultura 
original – converte-se no herói europeu, forjado à imagem 
e semelhança de um cavaleiro medieval. 
Valorização da natureza
O Romantismo assume a imagem exótica que as 
metrópoles europeias faziam dos trópicos, adaptando-a 
ao ufanismo, um orgulho idealizado e exagerado pelas 
coisas da terra. Sem o passado histórico para ser cantada 
e com um desenvolvimento urbano ainda acanhado frente 
às capitais europeias, restava cantar a natureza e o índio 
que, na sua condição de primitivo habitante, era o próprio 
símbolo da nacionalidade. 
A terra é a imagem da própria pátria. Por isso, até 
mesmo os fenômenos naturais tornam-se representativos 
da grandeza do país. Essa natureza jovem, vital, exuberante, 
compensa a pobreza social ao mesmo tempo que aponta 
novas potencialidades para o Brasil. 
Enfim, a natureza vai além de ser mero cenário, sendo 
tema e personagem principal dessa visão romântica. 
Desta forma mostra-se uma nação rica diante do mundo. 
Além disso, a imagem positiva criada para o índio confere 
às elites o orgulho de uma ascendência nobre, fator 
importante na legitimação de seu próprio poder no Brasil 
em face à Independência. Assim, percebe-se claramente 
o interesse político em se assumir uma determinada
postura estética.
Regionalismo
A consciência de um país novo e sua consequente euforia 
gera um sentimento regionalista de descoberta, que procura 
afirmar as particularidades e a identidade das regiões e da 
vida rural, na ânsia de tornar literário todo o Brasil. Contudo, 
esse registro do mundo não urbano é superficial, já que a 
trama romanesca é essencialmente citadina, atendendo os 
esquemas românticos do folhetim. Além disso, os autores 
usam sempre a linguagem culta e literária das cidades 
jamais a fala particular da região retratada. 
Uma linguagem brasileira
Os escritores românticos – principalmente o 
romancista José de Alencar – reivindicam uma língua 
brasileira. Não  provocação revolucionária, mas baseado 
em dois fatores: um político e outro mercadológico. 
No campo político, a afirmação do Brasil como nação 
independente era fundamental, por isso não é difícil 
imaginar que a sintaxe lusitana passa a receber críticas; 
mercadologicamente, uma língua “brasileira” seria mais 
acessívelao novo público leitor que surgia, garantindo 
maior sucesso das produções artísticas. 
A POESIA DA PRIMEIRA GERAÇÃO
Gonçalves de Magalhães
Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu 
em Niterói em 1811 é considerado o poeta que iniciou o 
Romantismo no Brasil. Formado em medicina, viajou para 
a Europa, tomando contato com os ideais românticos. 
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
48
Foi um dos fundadores da revista Niterói, no mesmo ano 
em que publica “Suspiros Poéticos e Saudade”, o marco 
inicial do Romantismo brasileiro. Em 1837, volta ao Brasil 
e dez anos mais tarde ingressa na carreira diplomática. 
Exerceu essa função até seu falecimento, em Roma, no 
ano de 1882.
Sua poesia cultivava os valores fundamentais do 
Romantismo primitivo, com ênfase na religião e no 
patriotismo. Ele inicia a elaboração dos primeiros versos 
românticos brasileiros, lançando Suspiros poéticos e 
saudades, no qual busca a afirmação de uma literatura 
nacional, destruindo os artifícios neoclássicos, propondo 
em substituição a valorização da natureza, do índio e de 
uma religiosidade panteísta. 
Sua poesia foi considerada fraca, recebendo muitas 
críticas, algumas muito contundentes, como as de José 
de Alencar, gerando uma grande polêmica, tendo em 
vista que essa inimizade tinha repercussão política, já 
que Magalhães era protegido de D. Pedro II e fez com que 
José de Alencar fosse preterido na indicação ao Senado 
pelo Imperador. 
Faltava a Magalhães autêntica emoção poética, os 
sentimentos apresentam-se em sua obra de maneira 
retórica, frequentemente “despoetizados” por imagens de 
mau gosto, como no trecho abaixo:
Nas veias o sangue já não me galopa,
em sacros furores nos lábios me fervem;
A lira canora do cisne beócio,
deixei sobre a trípode. 
Apesar disso, Gonçalves de Magalhães foi 
considerado o maior poeta pátrio durante muito tempo. 
Transformou-se em símbolo oficial da literatura 
brasileira, merecendo inclusive grande apreço de 
D.  Pedro II. Mas insistentemente denunciado por 
Alencar pelo artificialismo de sua composição, a 
obra de Magalhães passa a ser relegada a um plano 
secundário. O próprio Imperador tentou defendê-lo – 
usando um pseudônimo, claro – mas Alencar já detinha 
prestígio que lhe garantia a autoridade para seus 
argumentos. Coube a Magalhães o mérito histórico de 
ter introduzido o Romantismo no país.
Gonçalves Dias
Filho de um comerciante português e de uma mulata, 
Antônio de Gonçalves Dias nasceu em Caxias, no 
Maranhão, em 10 de agosto de 1823. Orgulhava-se de ter 
no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro: 
branca, indígena e negra. Ainda contava com seis anos 
de idade, quando o pai casou-se com uma moça branca 
e proibiu o filho de visitar a mãe, com quem somente se 
reencontraria quinze anos depois. Em 1840, cursou Direito 
na Faculdade de Coimbra, encontrando ali os principais 
escritores da primeira fase do Romantismo português. 
Em 1843, escreveu “Canção do Exílio”, um dos maiores 
poemas brasileiros. 
Graduado bacharel, volta ao Brasil e inicia uma fase de 
intensa produção literária. Muda-se para o Rio de Janeiro, 
torna-se professor de Latim no Colégio Pedro II e lança, 
com grande sucesso, os Primeiros cantos e os Segundos 
cantos. Ocupa diversos cargos de importância nas áreas 
de pesquisa escolar e de busca de documentos históricos, 
devido ao bom trânsito que consegue junto à corte imperial. 
Em visita ao Maranhão, reencontra seu grande 
amor, Ana Amélia, e a pede em casamento, o que lhe é 
negado pela família, por sua origem bastarda e mulata. 
Transtornado com essa recusa, casa-se com Olímpia 
Coriolana, provavelmente a primeira mulher que encontrou 
após tal negativa e com a qual viveu um casamento infeliz. 
A serviço, viajou muito pelas províncias do Norte e 
pela Europa. Contraiu tuberculose e buscou tratamento 
na França. Em 1864, durante a viagem de volta ao Brasil, 
o navio Ville de Boulogne naufragou na costa brasileira. 
Todos a bordo salvaram-se, à exceção do poeta que, por 
estar agonizando em seu leito, foi esquecido, tornando-se 
a única vítima fatal do desastre. 
Gonçalves Dias é responsável pela consolidação do 
Romantismo no Brasil, desenvolvendo com maestria 
todas as características iniciais dessa primeira fase. Sua 
produção poética é de boa qualidade destacando-se entre 
os autores do período, conseguindo o equilíbrio entre os 
temas sentimentais, patrióticos e saudosistas. Dono de 
uma linguagem harmoniosa e de relativa simplicidade, 
evita os excessos verbais, foge da pompa declamatória 
bem como do popularesco. 
Sua obra trata principalmente do índio, da natureza e 
do amor impossível. Demonstra grande conhecimento 
da vida dos índios, com dosagem certa de idealização, 
transformando o índio em verdadeiro herói. Seu poema 
Juca Pirama faz uma espécie de síntese do indianismo:
Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Gonçalves Dias, ao valorizar a natureza, canta o mar, 
o céu, os campos e as florestas. No entanto, a natureza 
não tem um valor universal, pois apenas a celebra sob 
o viés ufanista da nação. Apenas no espaço da pátria, 
LITERATURA
49PROENEM
os elementos naturais se manifestam em sua plena 
majestade. A celebração da natureza entrelaça-se com 
o sentimento saudosista trazendo de volta a infância, 
os amores idos e vividos e, seu sentimento “exilado” 
quando estava na Europa. Sua obra mais representativa, 
a Canção do exílio, sintetiza a identificação entre o país e 
sua natureza. 
Desde a concepção, tornou-se o poema mais 
conhecido do Brasil, o mais imitado e o mais parodiado. 
Apesar do estilo laudatório, o poema exalta as maravilhas 
naturais do Brasil sem fazer uso de nem um adjetivo 
sequer. É a própria essência do ufanismo romântico: 
minha pátria é a melhor, a única terra em que se pode 
ser feliz, sem defeitos, um verdadeiro paraíso. 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”
Por fim, cabe ressaltar sua lírica amorosa, marcada 
pelo sofrimento. Nela, o amor raramente se concretiza, 
ganhando ares de uma ilusão perdida. Apaixonar-se 
significa predispor-se à angústia e à solidão. A resposta 
da amada às súplicas poéticas simplesmente não 
existe, levando o poeta ao desespero. As sementes 
do ultrarromantismo já brotam na lírica amorosa de 
Gonçalves Dias.
A CRISE DO PENSAMENTO 
BURGUÊS
A metade do século XIX marca uma importante 
mudança no pensamento artístico nacional: o modelo 
de sociedade burguesa já não atende mais aos anseios 
da juventude, que se desinteressa pela vida político-
social. Apesar do crescente desenvolvimento urbano, a 
jovem vida acadêmica dos grandes centros afasta-se 
dos princípios burgueses consagrados pelo romantismo. 
Desta forma, o nacionalismo e o indianismo entram em 
declínio e o descontentamento com a vida burguesa torna-
se evidente, gerando uma atitude pessimista, entediada, à 
espera da morte.
O protesto contra o mundo burguês e suas relações 
sociais, dá origem a uma lírica voltada para a subjetividade, 
para o individualismo, baseada na confissão e no 
transbordamento dos sentimentos interiores. Essa nova 
geração, influenciada pelo inglês Byron e pelo francês 
Musset, prega a rebeldiamoral, a recusa do entediante 
cotidiano burguês e a busca de novas formas sentimentais. 
ALMEIDA, Belmiro. Arrufos, 1887
O país vivia um período de estabilidade no chamado 
Segundo Reinado, repleto de barganhas políticas entre 
liberais e conservadores que partilhavam o poder sob 
arbítrio do Poder Moderador de D. Pedro II. A economia 
apresentava um bom desempenho, baseada no 
crescimento da produção cafeeira, com a consequente 
consolidação desta aristocracia rural no poder. As rebeliões 
escasseavam, pacificando internamente o país.
Um fato curioso sobre o ultrarromantismo é que a 
maior parte de seus representantes morreu na faixa 
dos vinte anos; vidas curtas, porém carregadas de 
complexidade. Apesar de que sua produção sugira 
o cultivo de ideias suicidas, não se pode dizer que as 
mortes prematuras tenham sido intencionais, já que 
todos foram vitimados por doenças incuráveis na época, 
especialmente a tuberculose. O estilo de vida boêmio 
de muitos desses poetas pode ter contribuído com 
suas mortes, contudo, não se pode afirmar que havia 
qualquer intencionalidade nesses atos, diante do horror 
que demonstraram diante da morte.
POETAS DO MAL DO SÉCULO
Os poetas dessa geração demonstraram uma 
inadequação à realidade em que viveram, reproduzindo 
em suas vidas um comportamento desregrado, 
levando uma vida entre os estudos acadêmicos, 
o  ócio e a boêmia. O ultrarromantismo brasileiro foi 
amplamente influenciado por Lord Byron, poeta inglês 
que escandalizava a sociedade com seu estilo de vida 
dedicado aos vícios e às relações extraconjugais. 
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
50
Somado a isso, foi ainda acusado de manter relações 
incestuosas com a irmã e também de pederastia. 
O mal do século caracteriza-se pela atração pelo 
sombrio e pela morte, acrescida, por muitas vezes, 
de temas macabros e satânicos. O sentimentalismo, 
o  egocentrismo e a idealização são exagerados, criando 
uma visão do amor bastante particular, com a mistura 
de atração e medo, desejo e culpa. Desta forma, cria-
se a figura do amor impossível, da mulher inatingível e 
idealizada: virgem e incorpórea. Diante das negativas e 
do medo que traz o amor, surge a evasão, já que a própria 
realidade não o acolhia, nem os sonhos tornavam-se 
possíveis. Daí ser comum a apresentação de lugares 
exóticos, as lembranças da infância e, sobretudo, o culto 
à morte.
Álvares de Azevedo
Nascido em São Paulo em 12 de setembro de 1831, 
Manuel Antônio Álvares de Azevedo descendia de família 
ilustre no cenário político. O pai exercera, entre outros 
cargos, o de juiz de direito, chefe de polícia e deputado 
geral. Em razão disso, teve sua formação básica e 
secundária na capital do Império. Sua volta a São Paulo 
dá-se para cursar a Faculdade de Direito, onde participa 
ativamente da vida acadêmica e literária. Apesar de ser um 
aluno excelente e de ser bastante querido entre os colegas, 
sentia-se incapaz de estabelecer um relacionamento 
amoroso concreto, principal razão de sua infelicidade.
A mediocridade da vida em São Paulo, quando 
comparada às intensas experiências dos europeus, 
atormentava sua alma, fazendo-o mergulhar na leitura 
dos ultrarromânticos europeus. Por conta da saudade de 
sua mãe e de sua irmã, o sentimento de solidão e o desejo 
insatisfeito levaram-no a um pensamento depressivo, 
aproximando-o de inclinações mórbidas. No início de 
1852, descobre-se com tuberculose e desespera-se ante 
a visão da morte. Buscou tratamento na fazenda do tio, 
onde deu efetivos sinais de melhora, mas uma queda 
de cavalo afetou-lhe a região ilíaca. Sem outra coisa a 
fazer, os médicos resolveram operá-lo, o que, na época, 
significava uma intervenção sem anestesia. Apesar de 
ter suportado heroicamente as dores, a tuberculose já o 
deixara muito debilitado. Dias depois, ao leito de morte, 
diz a seu pai: “Que fatalidade!”. E,  sendo essas suas 
últimas palavras, morre em 25 de abril de 1852, no ano 
de sua formatura, sem que completasse vinte e um anos 
de idade. 
Nem mesmo seu corpo descansou em paz com sua 
morte. O cemitério em que foi enterrado foi vítima de uma 
ressaca marinha e seu corpo teve de ser exumado. Seu 
túmulo havia sido destruído e seus ossos encontrados 
por seu cão e só então transferidos, inaugurando o 
cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Não publicou nenhum de seus escritos em vida e, 
como afirmara em um de seus poemas, a “glória que 
pressinto em meu futuro” veio efetivamente após sua 
morte. Sua obra é bastante autobiográfica e, como não 
poderia ser diferente, representa uma vida adolescente 
de tal modo dilacerada e conflituosa que acaba por se 
tornar experiência mais aguda do Romantismo brasileiro, 
considerando-se aspectos pessoais e poéticos. 
Em muitos poemas, expressa um cinismo típico de 
quem – por incansáveis leituras – detém a experiência do 
saber, mas não experimenta a própria vida. Sua poesia, 
que começa como imitação dos ultrarromânticos 
europeus, carregada de fantasias delirantes, evolui 
significativamente, superando o artificialismo byroniano 
característico dos demais poetas da geração. Suas obras 
falam de amor, da morte, do tédio, mas revelam também 
certo humor e cinismo.
Quando trata de amor, usa os modelos byronianos, 
tornando sua lírica pouco convincente. As orgias e vícios 
que descreve como sua maldição moral são artificiais, 
tendo em vista que tais experiências não tenham ocorrido 
e, mais ainda, porque carecem de certa persuasão, não 
traduzindo nenhuma inquietação. No entanto, essa 
máscara acaba por revelar o que havia por detrás das 
aparências: o devasso e o cínico, na verdade, revelam 
profundo medo das relações amorosas, traduzindo-se 
pela não concretização das vontades sexuais, criando uma 
imagem feminina carregada de imagens eróticas, cuja 
volúpia jamais é saciada, por ser ela intocável e inatingível, 
fruto da própria timidez do poeta.
Já na temática da morte, a genialidade expressiva 
de Álvares de Azevedo se manifesta. Tema recorrente 
em sua produção, poeta profetiza sua própria morte, diz 
não poder esquecê-la; entrega-se a ela de peito aberto. 
Mas não é por isso que essa entrega será desprovida 
de desespero e angústia. As perdas dos afetos, das 
pessoas e do futuro, levam-no às lamentações. Ao 
mesmo tempo, em uma atitude escapista, a morte 
representa a solução para suas dores.
O tédio, sentimento que levou o nome para a geração 
“mal do século”, traduzia-se em uma espécie de cinismo 
e enfado por ter vivido todas as experiências possíveis: 
sexo, bebidas, ópio, transgressões. Paradoxalmente, o 
tédio de Álvares de Azevedo era resultado da falta de tais 
experiências a que estava condenado vivendo em São 
Paulo. Lembremo-nos que a maior cidade do Brasil hoje 
era, na época, uma cidadezinha provinciana, sem vida 
noturna, sem grandes horizontes para as ambições e 
sonhos dos jovens. 
Esse sentimento, causa dos excessos ultrarromânticos, 
é atenuado pela exposição de sua subjetividade, 
revelando um jovem tímido, inexperiente e ansioso por 
amor. Suas poesias são confissões de um adolescente 
solitário e impotente diante de sua existência; um poeta 
conflituoso, entre o tédio de sua realidade e os sonhos 
que alimentavam sua alma, possibilitando que vivesse no 
descompasso de seu mundo.
Apesar de tudo, surpreende em sua poesia a ironia, 
resultante do riso das coisas cotidianas. Despido do 
LITERATURA
51PROENEM
sentimentalismo, o poeta lança seu olha em torno 
de si e traça observações que vão do leve humor ao 
sarcasmo cínico. 
Fora da poesia, merece destaque Noites na taverna, 
uma reunião de contos que revela o espírito transgressor 
ultrarromântico, ambientando sete rapazes que bebem, 
fumam e gritam em uma taverna, narrando histórias 
exageradas de suas vidas orgíacas e criminosas. 
É  a  expressão adolescente de rebeldia contra o mundo 
e de comportamento social, apresentando cenas de 
necrofilia, incesto, canibalismo, assassinato e violação de 
todos os códigos morais da época(e da nossa também!). 
Nesses escritos propõe--se a criação de um mundo de 
sombras, povoado por indivíduos de impulsos imorais e 
que praticam toda sorte de ações que mostram o lado 
cruel de suas almas. 
Como exemplo de sua poesia, a presença constante 
da morte e a certeza do poeta diante da proximidade dela 
fazem de “Lembrança de morrer”, um dos mais belos 
exemplos de sua sensibilidade, mesmo quando se trata 
das instruções sobre o seu túmulo e sua lápide:
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento. (...) 
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
- Foi poeta, sonhou e amou na vida.
Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu nasceu em 4 de 
janeiro de 1839, em Barra de São João, no estado do Rio 
de Janeiro. Filho de um imigrante português, enriquecido 
pelo comércio, Casimiro passou a infância numa fazenda. 
Enviado à capital do Império para exercer as atividades de 
seu pai, não demonstrou tino para a área. Ainda assim, 
seu pai não desistiu e enviou-o para Lisboa com a mesma 
intenção. Após quatro anos em Portugal, já com dezoito 
anos, retornou ao Brasil conciliando a vida boêmia e as 
atividades comerciais.
Foi em Lisboa que tomou contato com o Romantismo, 
estabelecendo ligação com o meio intelectual português. 
Chegou a escrever para alguns jornais, trabalho que o 
fez conhecer Machado de Assis. Primaveras é sua única 
obra e obteve enorme êxito, sendo aclamado pelo público 
da época. Contudo, não desfrutou muito de sua fama, 
pois logo se descobriu com tuberculose, falecendo em 
pouquíssimo tempo, no dia 18 de outubro de 1860, com 
vinte dois anos incompletos. 
Poeta de linguagem simples e espontânea, expõe um 
lirismo singelo com rimas fáceis e atmosfera musical, 
beirando a superficialidade, mas que encantou o público, 
tornando-se um dos poetas mais populares do romantismo. 
Sua temática também revela o mal do século, com ênfase 
na tristeza da vida e certo grau de pessimismo, apesar de 
não abandonar o sentimento saudosista-nacionalista da 
primeira geração. Seu lirismo amoroso revela a melancolia 
que se traduz na atitude de evasão do poeta: não para a 
morte, mas para a infância.
De visão extremamente subjetiva, Casimiro de Abreu 
substitui a dor adolescente por uma visão inocente e 
deslumbrada dos tempos juvenis. Canta a mocidade como 
um tempo idealizado, “a primavera da vida”. Longe do 
sombrio, prefere as manhãs, as brincadeiras infantis, as 
paisagens da fazenda de sua infância e os salões de baile 
onde se compartilha a dança e os namoros.
Influenciado por Gonçalves Dias, inunda seus poemas 
de sentimento nostálgico, refletindo o “exílio” de seu 
precursor. Se a saudade da nação não enriquece sua lírica, 
descobre na nostalgia sua consagração. As saudades 
são misturadas ao subjetivo, trazendo as lembranças da 
família, da casa e da própria infância. Canta a “aurora da 
vida”, o tempo de meninice, as emoções que ficaram na 
memória. Com suas poesias melodiosas, sem abstrações, 
nas quais empresta sentimento e delicadeza à evasão 
romântica, garante a imortalidade de sua visão, em um dos 
poemas mais famosos da literatura nacional:
 
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
52
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Merecem destaque no período poetas como 
Junqueira Freire e Fagundes Varela que, apesar 
de ultrarromânticos, já demonstram algumas das 
características da geração seguinte. Podem ser assim 
chamados de “poetas de transição”.
O CAMINHO DA TRANSIÇÃO
A partir da segunda metade do século XIX, a sociedade 
brasileira passa por significativas mudanças em termos 
políticos, sociais e econômicos. A constante pressão 
britânica pelo fim do comércio de escravos fez com que o 
Brasil abolisse o tráfico negreiro da África, o que representou 
o surgimento de um pensamento abolicionista nacional.
Por outro lado, há uma forte reação contra esses 
movimentos, especialmente dos grandes cafeicultores 
e isso aumenta as pressões internas sofridas pelo 
Império. No plano econômico, o país inaugura suas 
primeiras fábricas de produtos simples, como tecidos, 
bebidas e artigos como sabão e outros produtos 
que antes eram importados. Além disso, as cidades 
começam a crescer, inauguram-se estradas de ferro, 
empresas de gás, mineração e até mesmo o transporte 
urbano começa a desenvolver-se, especialmente no 
Rio de Janeiro e São Paulo.
Em meio a este início de desenvolvimento econômico, 
rompeu-se a Guerra do Paraguai, que arrastou-se ao 
longo de seis anos e causou diversas reações sociais, 
criando inúmeros problemas a serem resolvidos pelo 
governo imperial. Ainda que o Brasil tenha vencido 
a guerra, a coroa acumulou enormes prejuízos com o 
confronto, o que criou um rombo nas finanças imperiais 
e acarretou em inúmeras dívidas pela tomada de 
empréstimos estrangeiros.
Aos poucos a monarquia brasileira ia perdendo apoio 
de diversos setores que criticavam a condução econômica, 
a organização social, os favorecimentos políticos, entre 
outros aspectos. Esses grupos pressionavam o governo, 
que não conseguia atender às demandas de todos os 
campos, gerando um descontentamento generalizado.
Por exemplo, o Império buscava leis que terminassem 
com a escravidão de maneira progressiva, como a 
lei do ventre livre e a lei dos sexagenários; por um 
lado, os abolicionistas criticavam as medidas, pois as 
consideravam tímidas e queriam o fim da escravidão 
imediato; por outro, grandes escravocratas afirmavam 
que tais medidas representavam uma ameaça a seus 
interesses. Não por acaso, ao tentar equilibrar-se entre 
as diversas posições, o governo não resistiu e, um ano 
após a assinatura da lei áurea, a monarquia caiu ante ao 
golpe militar que instituiu a República.
MEIRELLES, Victor. Abolição da escravatura, s/d
A TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA
Conhecida como Geração Condoreira, a terceira 
geração foi marcada por um forte posicionamento político 
abolicionista e pela incessante defesa da liberdade, 
tomando como metáfora o condor, ave andina que voa 
alto, livre e domina os céus.
A busca pela identidade nacional é ainda tema das 
obras, porém ultrapassa os valores do indianismo e 
enxerga a sociedade de maneira diversificada, incluindo 
conflitos oriundos da escravidão para a composição do 
cenário brasileiro.
LITERATURA
53PROENEM
Mantendo a idealização típica do romantismo, há um 
retorno às ideias inicias do lema francês da “liberdade, 
igualdade e fraternidade”, em que se defende uma 
sociedade construída em outros moldes, ainda que não 
sejam defesas consistentes e aprofundadas.Por outro lado, a visão do amor e da mulher afasta-
se do paradigma da segunda geração e ganha contornos 
mais materiais, em que a mulher – ainda que idealizada 
em sua figura – apresenta-se de forma tangível e 
sensual, em uma relação amorosa que ultrapassa as 
linhas do imaginário.
É, em verdade, um momento de transição do 
Romantismo para o movimento Realista que já começa a 
se manifestar em alguns autores.
O POETA DOS ESCRAVOS
Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em uma 
fazenda no município de Muritiba, na Bahia em 14 de 
março de 1847, no seio de uma das mais tradicionais 
e poderosas famílias do interior baiano. Ainda criança 
mudou-se para Salvador, onde fez seus estudos. A morte 
de sua mãe, quando ele tinha apenas nove anos, deixou-o 
bastante abalado, ainda mais por ver o desespero de seu 
irmão mais velho que se suicida alguns anos depois, ainda 
inconformado pela perda da mãe.
Em 1862, já em Recife e preparando-se para a 
faculdade de Direito, Castro Alves torna-se amante de 
uma famosa atriz portuguesa e entrega-se à boêmia e 
aos ideais abolicionistas. Assim, passa grande parte de 
seu tempo em reuniões e agitações políticas que em salas 
de aula. Foi reprovado diversas vezes em várias matérias 
diferentes, algumas porque nem sequer as frequentava, 
estando naqueles horários nos bares a produzir ou recitar 
versos. Castro Alves percebeu de imediato seu talento, pois 
sua produção tinha grande impacto, repercutindo entre os 
colegas e dando a Castro um status de fama.
Castro Alves ainda produziu um drama para que 
Eugênia Câmara – a atriz portuguesa – pudesse 
encená-la. E ambos foram a Salvador para montar a 
peça, que recebeu espetacular consagração, deixando 
Castro Alves radiante. O agora casal viajou rumo a 
São Paulo, onde Castro prometeu retomar e concluir o 
curso de Direito.
Em uma breve parada no Rio de Janeiro, Castro 
foi recebido por José de Alencar e Machado de Assis: 
Castro tornara-se uma lenda, fosse por sua qualidade 
de poeta, fosse como declamador de sua própria 
obra. Seus poemas faziam enorme sucesso e eram 
declamados nas faculdades, tornando-se a voz dos 
estudantes abolicionistas.
Contudo, sua vida amorosa não ia bem. A fama lhe 
trouxe glória e também mulheres, às quais não conseguiu 
negar os favores amorosos, o que deixava a orgulhosa 
Eugênia com os nervos à flor da pele. A atriz portuguesa 
o abandonou, sumindo-se para sempre da vida de Castro 
Alves, que se mostrou muito abalado pela separação.
Para tentar esquecer as dores de amor, passou 
a dedicar-se à caça e foi em uma caçada em São 
Paulo que o fim do poeta se aproximou. Ao caminhar 
segurando a espingarda, acidentalmente feriu-se no 
pé, mais precisamente no calcanhar, que infeccionou. 
Levado ao Rio de Janeiro para tratamento, não teve 
grande sorte. Como a infecção não cedia e piorava, foi 
submetido a uma amputação sem anestesia. Transferido 
para Salvador, viveu por mais um ano aproximadamente, 
até que sobreviesse a tuberculose que lhe mataria. Em 
6 de julho de 1871, Castro Alves nos deixava, antes de 
completar vinte e quatro anos de idade.
Sua poesia refletia os ideais abolicionistas que abraçava, 
mais que um intelectual, Castro era um homem de ação, 
participando ativamente dos movimentos abolicionista 
e republicano. Seu engajamento político é tão forte que 
chega a prejudicar sua arte literária, vista, por muitas vezes 
como mais denúncia e ação que propriamente estética. 
Consciente da importância dos estudos, valorizou o papel 
da educação na sociedade, da imprensa e do livro.
Engajado em uma série de lutas sociais, usou sua 
poesia para combater toda e qualquer injustiça, cantando 
a liberdade e a igualdade em uma pregação que atingia 
todos os setores sociais. Mas, sem dúvida, o que mais de 
marcante lhe restou foram seus poemas abolicionistas. 
Sua retórica é eloquente, sua poesia grandiosa, feita 
para declamações públicas, com inúmeras apóstrofes e 
imagens espetaculares.
Seu lirismo amoroso distancia-se dos padrões 
anteriores: não apresenta o amor inatingível, impossível 
e, por isso, idealizado; não esconde a sensualidade nem 
a perverte. O amor em Castro Alves é viril, sensual e 
caloroso, explorando o erotismo sem qualquer vestígio 
de culpa, de plena realização sexual, refletindo, na poesia, 
o comportamento do poeta.
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
54
QUESTÃO 01
Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto, 
Nos lábios meus o alento desfalece, 
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece... 
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade, 
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade, 
Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda 
geração romântica, porém configura um lirismo 
que o projeta para além desse momento específico. 
O fundamento desse lirismo é
a) a angústia alimentada pela constatação da 
irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação 
diante da perda.
c) o descontrole das emoções provocado pela 
autopiedade.
d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão 
amorosa.
e) o gosto pela escuridão como solução para o 
sofrimento.
QUESTÃO 02
Tanto na prosa de José de Alencar quanto na poesia de 
Gonçalves Dias, a figura do índio é caracterizada
a) com os atributos da honradez de um cavaleiro 
medieval.
b) enquanto um herói pagão movido pelas forças da 
natureza.
c) como uma mescla de ingenuidade e violência 
incontrolável.
d) por meio de uma fiel descrição de seus valores 
naturais.
e) da mesma forma como o representava Anchieta em 
suas peças.
QUESTÃO 03
“Em frente do meu leito, em negro quadro
A minha amante dorme. É uma estampa
De bela adormecida. A rósea face
Parece em visos de um amor lascivo
De fogos vagabundos acender-se...”
Esses versos de Álvares de Azevedo, da Lira dos Vinte 
Anos, apoiam a seguinte afirmação sobre o conjunto 
“Ideias íntimas”, de onde foram extraídos:
a) Em versos brancos e em ritmo fluente, o discurso poético 
combina notações realistas e fantasias amorosas.
b) A lascívia, combinada com a sátira, elimina a 
possibilidade de lirismo amoroso, reservado para a 
segunda parte do livro.
c) No espaço do quarto, o poeta vinga-se das frustrações 
amorosas, satirizando a imagem de sua amada.
d) Imaginando-se pintor, o poeta vai esboçando 
num quadro as figuras da virgem romântica e da 
amante calorosa.
e) Os decassílabos e o lirismo intimista são traços 
que já fazem antever as tendências poéticas da 
geração seguinte.
QUESTÃO 04
“É ela! é ela! - murmurei tremendo, 
E o eco ao longe murmurou - é ela! 
Eu a vi, minha fada aérea e pura -
A minha lavadeira na janela!”
Os versos acima são de Álvares de Azevedo e constituem 
um exemplo
a) da idealização romântica da mulher amada.
b) do intimismo sentimental de sua lírica mais pura.
c) do fatalismo e da morbidez que dominaram seus versos.
d) da veia irônica que caracteriza parte da sua obra.
e) de timidez diante da típica musa da adolescência 
romântica.
QUESTÃO 05
O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do 
poeta romântico Castro Alves:
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Acesse os códigos de cada questão para ver o gabarito
LITERATURA
55PROENEM
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. 
Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o 
inconformismo do poeta com a antevisão da morte 
prematura, ainda na juventude. A imagem da morte 
aparece na palavra
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.QUESTÃO 06
Soneto
Oh! Páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... 
Ardei, lembranças doces do passado! 
Quero rir-me de tudo que eu amava!
E que doido que eu fui! como eu pensava 
Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado 
Pelos lábios que eu tímido beijava!
Embora — é meu destino. Em treva densa 
Dentro do peito a existência finda
Pressinto a morte na fatal doença!
A mim a solidão da noite infinda
Possa dormir o trovador sem crença. 
Perdoa minha mãe — eu te amo ainda! 
AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 
A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década 
de 1850, período conhecido na literatura brasileira como 
Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da 
exacerbação romântica identifica-se com a(o)
a) amor materno, que surge como possibilidade de 
salvação para o eu lírico.
b) saudosismo da infância, indicado pela menção às 
figuras da mãe e da irmã. 
c) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas 
com aparência melancólica. 
d) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo 
seu desejo de dormir. 
e) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a 
sentir um tormento constante.
QUESTÃO 07
TEXTO I
A canção do africano 
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia-voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez p’ra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem.” 
ALVES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995 (fragmento).
TEXTO II
No caso da Literatura Brasileira, se é verdade que 
prevalecem as reformas radicais, elas têm acontecido 
mais no âmbito de movimentos literários do que de 
gerações literárias. A poesia de Castro Alves em relação 
à de Gonçalves Dias não é a de negação radical, mas de 
superação, dentro do mesmo espírito romântico. 
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 (fragmento).
O fragmento do poema de Castro Alves exemplifica a 
afirmação de João Cabral de Melo Neto porque
a) exalta o nacionalismo, embora lhe imprima um fundo 
ideológico retórico.
b) canta a paisagem local, no entanto, defende ideais 
do liberalismo.
c) mantém o canto saudosista da terra pátria, mas 
renova o tema amoroso.
d) explora a subjetividade do eu lírico, ainda que tematize 
a injustiça social.
e) inova na abordagem de aspecto social, mas mantém 
a visão lírica da terra pátria.
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
56
QUESTÃO 08
Outro traço importante da poesia de Álvares de Azevedo 
é o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a vertente 
para nós mais moderna do Romantismo. A sua obra é 
a mais variada e complexa no quadro da nossa poesia 
romântica; mas a imagem tradicional de poeta sofredor 
e desesperado atrapalhou a reconhecer a importância de 
sua veia humorística.
(Antonio Candido. “Prefácio”. In: Álvares de Azevedo. 
Melhores poemas, 2003. Adaptado.)
A veia humorística ressaltada pelo crítico Antonio Candido na 
poesia de Álvares de Azevedo está bem exemplificada em:
a) Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
b) Ontem tinha chovido... Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...
c) Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
d) Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
e) Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
QUESTÃO 09
Leia o soneto “Já da morte o palor me cobre o rosto”, de 
Álvares de Azevedo, que pertence à estética romântica 
brasileira, período em que uma das vertentes passou a ser 
designada como “geração do mal do século”, e assinale a 
ALTERNATIVA CORRETA.
Soneto
“Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!...já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!”
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos (1853), 
São Paulo: Martin Claret, 1999. p. 187)
a) O poeta faz uso constante de expressões ligadas à 
morte, revelando uma preferência pelos aspectos 
dolorosos, cruéis e até repugnantes. Isso se caracteriza 
por meio de impressões sensoriais e dentro do culto 
do contraste entre a vida e a morte, visando revelar a 
miséria da condição humana.
b) Por meio do culto do contraste, uma das características 
românticas, o poeta faz uso constante de elementos 
ligados às ideias de vida e de morte, visando não 
só a tentativa de conciliação de polos opostos, 
considerados irreconciliáveis, como carne e espírito, 
mas também a humanização do sobrenatural.
c) Por meio do uso constante de expressões ligadas à 
morte, o poeta busca descobrir valores escondidos no 
âmago do seu “eu”, procurando dar-lhes objetividade 
para chegar a um ideal realizável e provocar um 
movimento que afete o seu espírito e o mundo. Com 
isso, pretende facilitar a fusão entre o subjetivo e o 
objetivo, a vigília e o sono, visando o êxtase.
d) O poeta faz uso constante de expressões ligadas à 
morte, não só diretamente, como “morte” e “fenece”, 
mas também indiretamente, como “desfalece”, 
“esmorece”, “viver me prive” e “já não vive”. Essa opção 
pela intensificação na temática da morte, vinculada 
aos demais aspectos do poema, representa a fuga da 
realidade e revela o descontentamento do poeta com 
a realidade circundante.
e) Por meio da imaginação criadora, uma das 
características românticas, o poeta faz uso constante 
de elementos ligados às ideias de vida e de morte, 
visando libertar o homem das limitações de uma 
existência meramente utilitária. Com isso, busca, 
como atitude de vida, sistematizar os valores 
da imaginação para modificar as estruturas do 
mecanismo da realidade odiada, tal como se apresenta 
objetivamente.
LITERATURA
57PROENEM
QUESTÃO 10
INSTRUÇÃO: para responder à questão, leia o excerto abaixo, retirado da obra Macário, de Álvares de Azevedo.
(O DESCONHECIDO) Eu sou o diabo. Boa-noite, Macário.
(MACÁRIO) Boa-noite, Satã. (Deita-se. O desconhecido sai). O diabo! uma boa fortuna! Há dez anos que eu ando para 
encontrar esse patife! Desta vez agarrei-o pela cauda! A maior desgraça deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles. Olá, 
Satã!
(SATÃ) Macário.
(MACÁRIO) Quando partimos?
(SATÃ) Tens sono?
(MACÁRIO) Não.
(SATÃ) Então já.
(MACÁRIO) E o meu burro?
(SATÃ) Irás na minha garupa.
Sobre o movimento literário em que se inscreve Álvares de Azevedo, é INCORRETO afirmar:
a) A representação de figuras do mundo sobrenatural também constitui uma das características desse movimento, 
conforme se lê no excerto acima. 
b) José de Alencar é o autor de romances mais representativos desse movimento, com obras como O Guarani, O 
sertanejo, As minas de prata.
c) A representação da nação, um dos temas do movimento em que se inscreve a obrade Álvares de Azevedo, exaltou as 
belezas naturais da terra brasileira.
d) Os estados de alma em que o sujeito poético expressa seus sentimentos de tristeza, dor e angústia é tema recorrente 
no movimento em que se inscreve a obra de Álvares de Azevedo. 
e) A poesia de Álvares de Azevedo, como a dos outros românticos brasileiros, define-se em torno de dois polos poéticos: 
a marcante presença da natureza, explorada com destaque em Noites da taverna, e a constante viagem ao interior do 
sujeito para exprimir sua dor e seus sentimentos.
ANOTAÇÕES
14 POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA - AS FASES DO ROMANTISMO
58
ANOTAÇÕES
59PROENEM
Aproxime seu dispositivo móvel 
do código para acessar a teoria
PROSA ROMÂNTICA
JOSÉ DE ALENCAR, MACEDO E ALMEIDA
CONTEXTO DE INSERÇÃO DA 
PROSA NO BRASIL
Evidentemente, as condições históricas que 
permitiram a fixação dos princípios românticos no 
Brasil aplicam-se igualmente à poesia e à prosa. É claro 
que fatores como a urbanização da cidade do Rio de 
Janeiro, a “corte” do Império, além da formação de uma 
sociedade consumidora crescente que frequentava 
a cidade, influenciam decisivamente a procura por 
entretenimento – nesse caso, já influenciado pelo 
espírito nacionalista – com a “cor local”.
E foi assim que prosa romântica fez sucesso no 
Brasil, ganhando adeptos e formando um núcleo 
leitor, introduzida pelas histórias de autores europeus 
como Victor Hugo, Alexandre Dumas e Walter Scott, 
principalmente com a publicação desses escritores 
nos jornais, em folhetins diários, uma espécie de 
precursora das novelas televisivas dos dias atuais. 
Tal estratégia aumentou de forma expressiva a tiragem 
dos periódicos, devido ao entusiasmo declarado dos 
leitores, cativados pela nova narrativa, envolvente, de 
linguagem acessível, sem complicações intelectuais, 
de acontecimentos rápidos e de emoções fortes.
A estrutura folhetinesca buscava retratar pequenas 
desarmonias na ordem social burguesa vigente, com 
suas histórias apresentando conflitos que perturbavam 
a tranquilidade anterior, provocando a desordem e 
estabelecendo a crise nos valores burgueses; contudo, 
as dificuldades eram superadas e a felicidade era 
restabelecida com a reordenação da ordem burguesa, 
reafirmando-se os seus valores.
No Brasil, o público leitor desses folhetins era 
tipicamente urbano, apesar de ter suas raízes no mundo 
rural que lhes sustentavam: mulheres e estudantes 
que se estabeleceram na corte após a Independência, 
como parte da mudança da família em busca de 
ascensão econômica ou política – as esposas e filhas 
de tais famílias acompanhavam o traslado – ou filhos 
de senhores rurais mandados aos grandes centros para 
completar os estudos.
ALMEIDA JR, José Ferraz. Leitura, 1892
O sentimentalismo dos folhetins veio a modernizar 
uma sociedade que já se sentia incomodada com um 
conjunto de ideias intolerantes que refletiam a visão agrária 
e atrasada que não combinava com os valores urbanos 
que o pensamento burguês apregoava. Em 1844, com a 
publicação de A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo, 
a literatura brasileira avançava em busca da construção 
de uma identidade própria e abandonava as meras cópias 
e versões dos folhetins europeus, inaugurando a era do 
romance nacional. 
ESTRUTURA DO FOLHETIM
Podem-se elencar algumas marcas bastante 
significativas do folhetim romântico do século XIX. O 
caráter conservador das narrativas nacionais fixava 
moralmente um modelo de sociedade que emergia 
pós-Independência. Características libertárias, luta por 
igualdade ou adaptações mais ligadas a determinados 
contextos europeus só aparecerão no romance brasileiro 
no final do movimento romântico. No geral, o folhetim 
estruturava-se em uma ordem mais ou menos definida:
1. Situação inicial de ordem burguesa.
2. Perturbação na ordem burguesa: alguma ruptura
com preceitos familiares ou institucionais.
15 PROSA ROMÂNTICA - JOSÉ DE ALENCAR, MACEDO E ALMEIDA
60
3. Crise nos valores burgueses, rejeição e desaprovação 
de ações dos protagonistas (via de regra jovens 
“contestadores”.
4. Busca pelo mérito e pela superação dos rejeitados.
5. Decadência ou equívoco do planejamento inicial 
imposto, normalmente com a descoberta de 
falhas morais que caracterizam o antagonista.
6. Superação das dificuldades.
7. Revelação de atitudes e personalidades com 
retratação e reaproximação. 
8. A felicidade se restabelece com a reordenação da 
ordem burguesa, reafirmando os seus valores iniciais.
Lucélia Santos e Rubens de Falco em uma cena da 
adaptação televisiva do romance A Escrava Isaura, de 
Bernardo Guimarães exibida em 1976.
Assim, fatores como o sentimentalismo, o impasse 
amoroso e a idealização de sentimentos ou mesmo das 
questões nacionais surgem, em um primeiro momento, 
como as mais fortes características desses folhetins. 
As personagens eram normalmente planas – isto 
é, previsíveis em seu comportamento, sem grandes 
alterações no arco de sua própria história –, com 
utilização abusiva de modelos de heróis clássicos.
No plano da narrativa, apesar de que o foco 
narrativo pudesse variar bastante, são mais comuns 
as construções em terceira pessoa. Entretanto, uma 
característica constante é a ampla utilização de flash 
backs na narrativa. A linguagem busca uma afirmação 
nacional, afastando-se de modelos gramaticais 
lusitanos e, ainda que não reivindique a total oralidade 
popular, passa a representar a modalidade brasileira 
reconhecida pela aristocracia nacional.
TIPOS DE ROMANCES 
ROMÂNTICOS
Pode-se dividir os romances brasileiros em quatro 
“classes”, segundo a temática desenvolvida:
a) Regionalista
• Visão romântica e idealizada do país sobre sobre 
si mesmo. 
• Valorização da diversidade étnica, linguística, social 
e cultural.
• Experiência nova na literatura nacional, fez os escri-
tores observarem a realidade nacional.
• Afirmação da identidade nacional.
b) Indianista
• Exaltação do índio e da natureza nacional.
• Celebra a pureza do índio e a formação mestiça da 
raça brasileira.
• Idealização de personagens e relações.
c) Histórico
• Busca o passado “glorioso” do país
• Visão ufanista e exagerada.
d) Urbano
• Comunicação direta com o público burguês. 
• Retrata as relações cotidianas.
• Personagens comuns e de fácil identificação.
• Idealização amorosa.
• Retrato dos valores e ideais burgueses.
ALGUNS ROMANCISTAS
Joaquim Manuel de Macedo
Nasceu em Itaboraí, no Rio de Janeiro, em 24 de junho 
de 1820, filho de uma família relativamente abastada. 
Formou-se em Medicina, ciência que não colocaria em 
prática, pois já se decidira pelas carreiras literária, docente 
e política. Destacou-se em todas elas, ensinando os 
filhos da princesa Isabel, lecionando História no colégio 
Pedro II e tornando-se deputado em várias legislaturas, 
além apresentar inúmeras contribuições ao jornalismo. 
Como escritor, foi o primeiro a conhecer a fama, sendo o 
pioneiro na prosa romântica nacional e grande produtor de 
romances, deixando mais de quarenta obras publicadas. 
Nos últimos anos de vida, Joaquim Manuel de Macedo 
sofreu com a decadência de suas faculdades mentais, 
junto à superação de sua fama por outros escritores e pela 
perda de sua situação financeira. Esquecido pelo público, 
morre no Rio de Janeiro em 11 de abril de 1882.
Sua importância é resultado da visão de “mercado” 
que possuía: Macedo percebeu que o público nacional 
aceitaria de bom grado um romance adaptado aos 
cenários brasileiros, desde que fosse conservado o estilo 
das narrativas inglesas e francesas com o qual os leitores 
estavam acostumados por culpa dos folhetins publicados 
nos jornais. 
Sua obra reflete os ideais do romantismo europeu 
somados aos valores morais da sociedade patriarcal 
brasileira. Com sua escrita simples e descritiva, de 
histórias sem grandes surpresas, focava principalmente na 
LITERATURA
61PROENEM
identificação dos leitores com os locais reais da cidade que 
eram descritos. Sua obra não possui grande valor artístico, 
não apresenta novidadesestilísticas nem mergulha em 
quaisquer análises psicológicas ou sociológicas. Cabe-lhe 
o destaque pelo pioneirismo do romance nacional.
Em lugar das grandes paixões, namoros respeitáveis 
que seguem o padrão da sociedade, com a sequência de 
noivado e casamento. O afeto era apresentado pelos olhos 
do decoro, sem revoltas ou tragédias. Enfim, como se 
convencionou classificar a obra de Macedo: mais açúcar 
do que sangue, retratando o cotidiano da burguesia e, por 
que não dizer, a mediocridade de seus valores. 
José de Alencar
José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, no 
interior do Ceará, em 1º de maio de 1829, filho de uma 
das mais tradicionais famílias da elite cearense. Seu pai 
chegou a participar da Confederação do Equador e também 
foi senador do Império. Aos nove anos, mudou-se com a 
família para o Rio de Janeiro, onde estudou, completando 
seus estudos em São Paulo, onde se formou em Direito.
De volta ao Rio, trabalhou como advogado e aproveitou 
para contribuir na imprensa. Polemista, fez duras críticas 
ao trabalho de Gonçalves de Magalhães, apadrinhado do 
Imperador, que comprou a polêmica. Começa a publicar 
seus livros em 1857, lançando Cinco Minutos em livro e o 
Guarani como folhetim, obtendo uma repercussão jamais 
antes vista no país.
José de Alencar foi político, orador parlamentar e 
consultor do Ministério da Justiça, chegando a Ministro de 
Estado; só não foi Senador – cargo a que se candidatou – 
porque D. Pedro II vetou-lhe a nomeação. Casou-se aos 
trinta e cinco anos com Georgina Cochrane, uma jovem 
de 18 anos, sobrinha do Almirante Cochrane, herói da 
Independência. José conheceu a jovem na Tijuca, em um 
de seus retiros para cuidar de sua tuberculose.
Em 12 de dezembro de 1877, depois de uma séria 
piora em seu estado de saúde, José de Alencar sucumbe à 
tuberculose e morre no Rio de Janeiro.
A importância de José de Alencar para a literatura 
nacional é enorme, chegando a ser considerado como 
seu patriarca. Buscou fazer em suas obras um painel do 
país, mostrando a diversidade de aspectos geográficos, 
sociais e étnicos do Brasil. Em sua ideia de construção do 
romance brasileiro encontra-se um projeto abrangente, 
buscando histórias gloriosas e idealizando mitos dos 
fundadores da raça.
Inovador quanto à linguagem, decidiu que, se o romance 
deveria ser o retrato do país, não bastava somente a 
temática brasileira, mas uma linguagem nacional. Assim, 
rompe com o estilo literário lusitano, usando períodos 
curtos e sintéticos, valendo-se de comparações e 
metáforas, buscando analogias na natureza para descrever 
as expressões do índio, do qual se utiliza da linguagem, 
usando por muitas vezes vocábulos indígenas.
Alencar representa em suas obras a idealização da 
realidade humana e social do país, passando, assim, 
ao largo dos problemas sociais como a escravidão, 
por exemplo. Suas personagens são exemplares 
positivos e que devem ser imitados, correspondendo 
às necessidades das classes elitizadas do país na 
formação de uma boa imagem da nação.
Seus romances urbanos idealizam a própria sociedade, 
dando-lhe um caráter inverossímil ao tentar retratar 
os conflitos entre a realidade e o universo sublimado. 
Isso mostra uma transição, já com alguma influência 
de percepções pré-realistas. Apesar de extremamente 
folhetinesco, Alencar introduz novidades temáticas em sua 
trilogia de “perfis femininos”, nas quais apresenta análises 
psicológicas mais desenvolvidas e mistura as questões 
financeiras aos relacionamentos amorosos. 
O drama das personagens liga-se às questões 
da organização social. Em Lucíola, a prostituta que 
se apaixona – um amor impossível frente à diferença 
dos grupos sociais; Senhora apresenta o casamento 
por interesse; e Diva, um retrato do mundo fútil das 
elites, transformando o relacionamento em um jogo 
de interesses, desprezo e humilhações, explorando os 
limites dos sentimentos humanos. 
Seus romances indianistas também figuram entre 
os mais importantes da literatura nacional. É nítida 
a idealização do índio e sua colocação como herói 
nacional, alçando-o como um dos pilares – junto ao 
europeu – de formação do povo brasileiro, ignorando 
por completo o papel do negro na gênese brasileira. 
Tais romances ocorrem em um passado distante, 
chegando mesmo, em Ubirajara, a ocorrer antes do 
descobrimento. O índio em Alencar é inspirado no 
cavaleiro medieval europeu, possuindo características 
épicas de um herói clássico.
Alencar também apresenta uma gama de romances 
históricos, ambientados no passado colonial, buscando 
representar a formação da nação como povo. Contudo, 
não há fidelidade nos relatos históricos, deixando os fatos 
em segundo plano, servindo como pano de fundo para as 
mais idealizadas e inverossímeis aventuras.
Por fim, José de Alencar dá início aos romances 
regionalistas na literatura brasileira. Nascidas da 
nostalgia do autor e de uma evasão para a infância, é 
de nítida intenção ideológica a produção de tais obras. 
Retratam a condição do país da forma mais pura, 
localizando-as no mundo rural, buscando revelar o país 
em sua extensão geográfica, demonstrando os típicos 
brasileiros da região, com a finalidade de integrá-los a 
um projeto de unidade, como desejo das elites imperiais 
e que encontra em Alencar seu porta-voz. Em O 
Sertanejo, faz uma belíssima descrição, demonstrando 
claramente ter os conhecimentos para a realização de 
tal obra, fato que se revela insuficiente em O Gaúcho, 
já que o autor jamais conhecera a região, traçando um 
perfil superficial e estereotipado dos habitantes do sul.
15 PROSA ROMÂNTICA - JOSÉ DE ALENCAR, MACEDO E ALMEIDA
62
José de Alencar foi o mais nacionalista de nossos autores, 
considerou sua arte uma missão patriótica a ser cumprida, 
registrando a marca da autonomia literária de nossa arte e 
de nossa linguagem. Percebeu o país em sua extensão e 
buscou analisar o Brasil em todas as suas vertentes: urbana, 
rural, geográfica, étnica e histórica. Não se pode acusar 
Alencar de não ter se posicionado frente às mazelas sociais, 
visto que o escritor possuía um posicionamento político 
claro, defendendo os interesses da monarquia e das elites do 
Império da qual fazia parte; sua escrita ideológica representa 
coerentemente seu pensamento e seu discurso de classe.
OUTROS AUTORES
Há inúmeros outros romancistas do período que 
são importantes e que valem a pena ser conhecidos e 
pesquisados. Nomes como Bernardo Guimarães, Manuel 
Antônio de Almeida, Visconde de Taunay, Franklin Távora e 
Martins Pena merecem uma boa leitura.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Acesse os códigos de cada questão para ver o gabarito
QUESTÃO 01
“Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, 
Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava 
desafetos azucrinava D. Pedro II e acabou inventando 
o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o 
conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai 
do romance no Brasil. Além de criar clássicos da literatura 
brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, 
ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças 
de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da 
Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas 
desse personagem do século XIX, parte de seu acervo 
inédito será digitalizada.
(História Viva, n.99,2011.)
Com base no texto, que trata do papel do escritor 
José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, 
depreende-se que:
a) a digitalização dos textos é importante para que os 
leitores possam compreender seus romances.
b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi 
importante porque deixou uma vasta obra literária 
com temática atemporal.
c) a divulgação das obras de José de Alencar , por meio 
da digitalização, demonstra sua importância para a 
história do Brasil imperial.
d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá 
importante papel na preservação da memória 
linguística e da identidade nacional.
e) o grande romancista José de Alencar é importante

Continue navegando