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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI LITERATURA BRASILEIRA GUARULHOS – SP SUMÁRIO 1 DA COLÔNIA AO ROMANTISMO - CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL A PARTIR DO MAPEAMENTO TERRITORIAL: A COLONIZAÇÃO JESUÍTICA. .......................................................... 3 2 A LITERATURA BRASILEIRA ...................................................................................................... 5 3 A LITERATURA JESUÍTICA ......................................................................................................... 6 4 LITERATURA JESUÍTICA E INFORMATIVA ............................................................................... 7 4.1 Características da Literatura Brasileira do Século XVI ............................................................ 8 4.2 As Principais Obras Informativas, Escritas no Século XVI são: .............................................. 9 5 BARROCO .................................................................................................................................. 10 5.1 Teocentrismo x Antropocentrismo - Tensão ..........................................................................11 5.2 Barroco no Brasil ....................................................................................................................11 5.3 Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno .......................................................................16 6 O BARROCO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA CULTURA - CONTEXTO HISTÓRICO ....... 19 7 INTERNACIONALIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA ...................................................... 21 8 O NEOCLASSICISMO ................................................................................................................ 22 8.1 Arcádia Submarina .................................................................................................................24 8.2 Principais Características .......................................................................................................24 8.3 O Sistema Literário .................................................................................................................26 8.4 A Importância do Arcadismo ..................................................................................................26 9 O NEOCLASSICISMO E ILUSTRAÇÃO .................................................................................... 27 10 A POESIA NATIVISTA E A PROSA DOS PUBLICISTAS .......................................................... 29 11 SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX ..................................................................................... 32 12 A LÍRICA ROMÂNTICA ............................................................................................................... 33 12.1 A Divisão em Gerações ..........................................................................................................34 12.2 A Primeira geração (Geração Nacionalista) ...........................................................................35 13 GONÇALVES DIAS (1823-1864) ................................................................................................ 37 14 O INDIANISMO DE GONÇALVES DIAS .................................................................................... 39 15 A SEGUNDA GERAÇÃO ............................................................................................................ 43 16 O SUBJETIVISMO DE ÁLVARES DE AZEVEDO (1831-1852) ................................................. 44 16.1 O Humor Prosaico ..................................................................................................................53 16.2 Outras obras - Macário (Teatro) .............................................................................................53 17 CASTRO ALVES (1847-1871) .................................................................................................... 55 17.1 Poesia Social ..........................................................................................................................57 17.2 Poesia Lírica: O Amor Sensual ..............................................................................................60 17.3 O Poeta e a Morte ..................................................................................................................63 17.4 Indianismo ..............................................................................................................................64 17.5 Valorização da natureza .........................................................................................................66 18 UMA BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA ......................................................... 67 19 JOSÉ DE ALENCAR ................................................................................................................... 69 20 A LITERATURA NO CONTEXTO NA REVOLUÇÃO DIGITAL .................................................. 73 21 PRÁTICA PEDAGÓGICA ........................................................................................................... 77 22 JUVENTUDE E LITERATURA .................................................................................................... 81 22.1 Mau leitor, mau professor .......................................................................................................83 22.2 Ensino da literatura nacional ..................................................................................................84 23 UM NOVO PARADIGMA ............................................................................................................ 86 23.1 Desperte o interesse dos alunos ............................................................................................87 24 INTOLERÂNCIA E INCLUSÃO SOCIAL .................................................................................... 88 25 HÁBITOS DE LEITURA NO BRASIL .......................................................................................... 90 26 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO SOCIAL ............................................... 90 27 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ............................................................................................................. 94 3 1 DA COLÔNIA AO ROMANTISMO - CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIO- NAL A PARTIR DO MAPEAMENTO TERRITORIAL: A COLONIZAÇÃO JESUÍ- TICA. Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br Os Jesuítas foram padres vinculados à Companhia de Jesus, que foi uma ordem da Igreja Católica criada por Inácio de Loyola. Ruínas de uma missão jesuítica chamada São Miguel das Missões, localizada no Rio Grande do Sul. Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. A proposta dos padres jesuítas para a divulgação do cristianismo era baseada no ensino da catequese. Eles atuaram em diversas partes do mundo e destacaram-se no Brasil colonial. Na Europa, os jesuítas surgiram como parte do movimento de contrarreforma e, portanto, tinham como importante missão impedir o crescimento do protestantismo. 4 JESUÍTAS NO BRASIL Fonte: anaburke.com Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nóbrega e tinham como principal missão a cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial. Os jesuítas construíram locais chamados missões, onde combinavam a catequese dos nativos com a sua utilização como mão de obra para aprodução de tudo o que a missão precisasse. Para que exercessem seu trabalho na colônia, inicialmente, foi necessário criar uma comunicação com os nativos, uma vez que esses falavam tupi e os jesuítas falavam português. Assim, o padre José de Anchieta desenvolveu um manual que auxiliava na comunicação dos jesuítas com os nativos. Nesse período da história brasileira, o idioma mais comum existente aqui era a Língua Geral, que mesclava elementos do português com idiomas nativos. Além disso, os jesuítas tiveram um importante papel educacional no Brasil, pois, além da catequese aos nativos, eles educavam os filhos dos colonos. Para que isso fosse possível, esses padres criaram colégios em diversas partes do Brasil, como aconteceu na cidade de Salvador e em São Paulo de Piratininga (atual cidade de São Paulo). A respeito dos colégios dos jesuítas, o historiador Ronaldo Vainfas afirma: Os colégios inacianos espalharam-se por todos os continentes, atravessando os sete mares. Formavam professores, intelectuais e missionários. Dominavam o ensino em várias universidades, como a de Coimbra, consolidando a neoescolástica, 5 com ênfase no estudo filosófico e teológico. Outra função importante dos jesuítas foi na pacificação dos povos indígenas, pois, por meio de suas missões, conseguiram ter grande contato com esses povos. Assim, os jesuítas realizavam a catequese dos povos nativos, além de realizarem uma tentativa de aculturação ao tentar assimilar o nativo a um modo de vida europeu. 2 A LITERATURA BRASILEIRA Fonte: trabalhosparaescola.com.br Fortemente influenciada pela cultura portuguesa, foi a partir do Romantismo que a Literatura no Brasil alcançou emancipação e autonomia. A Literatura no Brasil nasceu a partir dos primeiros escritos de viajantes e missionários europeus que documentavam informações sobre a terra recém-colonizada. Embora esses primeiros escritos não possam ser considerados como Literatura de fato, por estarem demasiadamente presos à crônica histórica, são compreendidos como o ponto de partida para a formação de nossa identidade literária e cultural. A Literatura no Brasil está intrinsecamente ligada à Literatura portuguesa. Durante muito tempo, toda produção literária esteve subjugada ao pensamento português. A partir do Romantismo, nossa Literatura emancipou-se, alcançou sua autonomia e criou manifestações literárias próprias. Sendo assim, para facilitar o 6 estudo de nossa literatura, didaticamente ela foi dividida naquilo que conhecemos como Escolas Literárias: Quinhentismo (1500 – 1601) Barroco (1601 – 1728) Arcadismo (1768 - 1836) Romantismo (1836 – 1881) Realismo e Naturalismo (1881 – 1922) Parnasianismo (1882 - 1922) Simbolismo (1893 - 1922) Pré-Modernismo (1902 - 1922) Modernismo (e suas outras correntes que alcançam a Literatura contemporâ- nea). Cada uma das escolas literárias apresenta características temáticas peculiares, cujos textos e autores aproximam-se em estilo e ideologia. Nesta seção, você encontrará as particularidades de cada movimento literário, assim como os principais escritores da Literatura Brasileira. 3 A LITERATURA JESUÍTICA A expansão marítima realizada por portugueses e espanhóis no século XVI tinha por objetivo conquistar novas terras. Após a descoberta do Brasil, pela frota de Pedro Álvares Cabral em 1500, houve estranhamento entre os europeus e os nativos dos territórios que eles julgavam ser as Índias. Na época, Portugal encontrava-se em plena expansão mercantil e, para domar os povos que habitavam os territórios, começaram a guerrear tentar convertê-los religiosamente. No ano de 1549 ocorre a Contrarreforma (Reforma Católica) e, com ela, os jesuítas chegam ao território brasileiro. Sua missão era a catequese dos índios e instalação de estabelecimentos de ensino no Brasil. Desta forma, foram os fundadores dos colégios. Naquela época, estas instituições eram a única forma de cultura que existia na colônia portuguesa. Assim começam a aparecer as obras literárias que formam o Quinhentismo do Brasil, período literário de cartas, documentos, mapas e 7 ensaios informativos sobre as novas terras. No que se refere à literatura jesuítica, as formas mais marcantes de sua prática eram: poesia devota, teatro pedagógico baseado em passagens da Bíblia e documentos sobre os avanços e dificuldades na catequese dos nativos. Entre estas ferramentas utilizadas para catequizar os índios, a mais lúdica e eficiente era o teatro. Além dos indígenas, também era necessário criar regras morais para os costumes dos brancos colonizadores. Para as apresentações teatrais, os jesuítas aprenderam o Tupi para criar uma aproximação com os nativos, que, não somente assistiam as peças. Eles participavam cantando, dançando e atuando. Entre os mais importantes autores de literatura jesuítica naquele período estão Fernão Cardim, que era um missionário e Manuel da Nóbrega, sacerdote jesuíta. O padre José de Anchieta, por seu grande contato com a população indígena, ficou conhecido como o grande Piahy, o supremo pajé branco. Entre suas contribuições para a literatura brasileira estão a 1ª gramática da língua tupi, que funcionava como uma cartilha para o aprendizado dos nativos. As peças e poesias que escrevia eram uma mistura dos costumes indígenas com a moral do catolicismo. O Auto de São Lourenço, uma de suas peças de maior destaque, é uma obra que abrange o espanhol, o português e o tupi para contar a história de São Lourenço, um mártir católico que morreu queimado ao se negar a renunciar a sua fé. Em uma tentativa de harmonizar os valores dos nativos com a moral católica, Anchieta dedicou uma vida ao estudo dos mitos indígenas, suas ideias e modo de vida. 4 LITERATURA JESUÍTICA E INFORMATIVA Logo que o Brasil foi descoberto, no século XVI, o tipo de colonização a que Portugal submeteu a Colônia tornou difícil nosso desenvolvimento literário imediato pelas seguintes razões: Devido à inexistência de cidades e como a população, constituída de senhores e escravos, estava voltada apenas para a exploração agrícola da Colônia, não havia público interessado em manifestações artísticas, muito menos em literatura. 8 Quando o Brasil foi dividido em capitanias, a longa distância entre elas acentuava ainda mais o isolamento cultural a que o regime de monopólio da Coroa Portuguesa submetia o Brasil. Os nativos que viviam no Brasil, quando os portugueses aqui chegaram não tinham tradição literária; assim, nesse sentido, o único meio foi o transplante para o Brasil, da literatura que se fazia em Portugal, na época do nosso descobrimento. Por isso, quando falamos nas primeiras manifestações literárias brasileiras, o material a que nos referimos tem muito pouco a ver com o que hoje chamamos literatura. O século XVI, no Brasil, não assistiu ao surgimento de poemas e romances: assistiu, na realidade, ao aparecimento de obras produzidas pelos jesuítas, cujo interesse pela catequese dos índios se manifestava em sua religiosidade e didatismo. Mas, ao lado desta literatura jesuítica, um outro tipo de produção literária começou a surgir: como o Brasil era uma terra-nova, recém descoberta, inúmeros viajantes para cá se dirigiam, onde, a propósito das coisas vistas em viagem, escreviam livros sobre paisagens, plantas, animais ou índios. A estas obras chamamos literatura informativa, pois sua finalidade era apenas informar Portugal sobre a nova Terra. Assim, podemos resumir o que dissemos, afirmando que, no século XVI, a literatura brasileira limitou-se: a) À literatura jesuítico-religiosa; b) À literatura informativa 4.1 Características da Literatura Brasileira do Século XVI A literatura jesuítica, representada principalmente pelas obras de José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, é religiosa: eraum dos instrumentos de que os jesuítas dispunham para a conversão dos índios. Já a literatura informativa apresenta valor documental, uma vez que fornecia à metrópole dados sobre a nossa terra. 9 No levantamento de tais dados, os autores, muitas vezes, entusiasmavam- se com os aspectos pitorescos de nossa natureza, exaltando, por exemplo, o abacaxi, fruta desconhecida na Europa, naquela época. Esse entusiasmo de nossos primeiros escritores, ao falarem engrandecendo nossa terra, de- nomina-se de ufanismo. 4.2 As Principais Obras Informativas, Escritas no Século XVI são: A Carta de Pero Vaz de Caminha; História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil - Pero de Magalhães Gândavo; Tratado da Terra do Brasil - Pero de Magalhães Gândavo; Tratados da Terra e da Gente do Brasil - Fernão Cardim; Tratado Descritivo do Brasil - Gabriel Soares de Souza. Como podemos ver, as atividades literárias do Brasil, no século XVI, estão bem longe daquilo que consideramos literatura. Com exceção de alguns poemas religiosos de José de Anchieta, até hoje apreciados, todas as outras obras são ou documentos informativos sobre o Brasil, ou instrumentos jesuíticos para a conversão do gentio. Foi só no século seguinte que nossa literatura se enriqueceu, produzindo prosadores do porte de Antônio Vieira e poetas do gabarito de Gregório de Matos. Vamos agora fixar bem as características da literatura brasileira do século XVI, através do estudo de um texto extraído do livro Presença da Literatura Brasileira, de A. Cândido e A. Castello. “A crônica histórica e informativa que se intensifica em Portugal no momento das grandes navegações, conquistas e descobertas ultramarinas testemunhando a aventura geográfica dos portugueses, os seus ideais de expansão da cristandade, assume um sentido épico e humanístico que se estende ao Brasil e logo adquire entre nós algumas características peculiares; à curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio correspondem, inicialmente, o deslumbramento perante a paisagem exótica e exuberante, testemunhado pelos cronistas portugueses que escreveram sobre o Brasil - Pero Vaz de Caminha, Pero de Magalhães Gândavo, Gabriel Soares de Souza -, assim, como os ideais de 10 catequese atestados pela literatura informativa e pedagógica dos jesuítas, como o padre Manuel da Nóbrega e sobretudo o padre José de Anchieta, caso à parte, singular no nosso século XVI”. 5 BARROCO Contexto histórico - Pensamento Filosófico O Renascimento (século XVI) valoriza o homem. Impregnado de ideias novas, adquiridas pelo conhecimento dos textos gregos e latinos, o homem renascentista encara a vida de forma diferente da até então pensada. Um cem-número de acontecimentos, tanto políticos como sociais: a descoberta da pólvora, a invenção da imprensa, que coloca o livro na mão de muitos (o que não ocorria antes), veio dar ao homem uma nova perspectiva da vida, que se torna confiante, passando a perguntar, a pensar, a responder. Essa nova mentalidade, valorizadora do homem, do intelecto, contrapõe-se à visão do mundo predominante na Idade Média em que imperava uma concepção teocêntrica e espiritualista. Na Idade Média, o homem subordina-se a Deus; já no Renascimento, torna-se quase pagão. Reagindo contra esse paganismo e contra o classicismo renascentista que se funda na crença de que não há conflito entre a ordem divina e a ordem humana, entre a alma e o corpo, entre a razão e a natureza, entre a fé e a razão; surgem o Calvinismo, o Luteranismo, a Contrarreforma que corroem os fundamentos dessa crença, apresentando o homem como ser miserável, corrupto, redimível através de um ato da graça de Deus; defendendo a existência de uma dupla moral; opondo o corpo ao espírito, acentuando a efemeridade da vida, descobrindo no homem e no universo, a incoerência, o conflito, a contradição. Essa reação antirrenascentista fará com que o homem se veja colocado entre dois polos: de um lado os valores do humanismo, que a custo conseguirá alcançar; de outro, o espiritualismo medieval. O retorno à visão medieval de mundo implicaria a perda da humanidade soberana conquistada pelo homem renascentista. Confrontam- se, por isso, duas formas opostas: antropocentrismo e teocentrismo. Tentando atingir a síntese, o homem da época procura conciliar esses dois elementos. 11 5.1 Teocentrismo x Antropocentrismo - Tensão Dessa tentativa, resulta a tensão que marca a maneira de pensar, as concepções sociais, políticas e artísticas da época. Ao novo estilo de época que reflete essa tensão dá-se o nome de Barroco ou Seiscentismo. Interiormente, o homem barroco percebe os desejos e atitudes contraditórias que se debatem dentro dele. Alertado pela Contrarreforma, sente, mais do que nunca, o drama de possuir um corpo mortal. Tal estado de espírito, por sua vez, gera manifestações de tensões, angústias e incertezas, manifestações que vão caracterizar um comportamento melancólico, instável. Literariamente toda essa gama de situações provindas das dúvidas, angústias e incertezas, caracteriza o Barroco. 5.2 Barroco no Brasil Fonte: historiadomundo.uol.com.br Divisão da Literatura Brasileira Como já vimos em outras aulas, as manifestações literárias são divididas didaticamente, em grandes eras e em períodos menores, chamados estilos de época, escolas ou ainda movimentos literários. Tal divisão também acontece com a Literatura Brasileira que apresenta duas grandes eras: ERA COLONIAL ERA NACIONAL A primeira grande era, a ERA COLONIAL, tem início com a vinda dos primeiros portugueses, em 1500, e se estende até 1808 com a chegada da família real ao Rio de Janeiro. 12 A ERA NACIONAL tem início em 1836, com o Romantismo e se estende até os dias de hoje. O período entre 1808 a 1836 é conhecido como Período de Transição e envolve todo o processo de independência política. Essas eras também apresentam subdivisões. Vejamos como está dividida a era colonial. ERA COLONIAL Quinhentismo (século XVI) Barroco (século XVII) Arcadismo (século XVIII) Os primeiros textos produzidos em solo brasileiro não são considerados como exemplos de manifestações literárias, caracterizam-se mais como textos históricos. Eram textos informativos voltados para a conquista material, para as descobertas da nova terra, ou textos escritos pelos jesuítas, voltados para a catequese. Esses textos fazem parte do chamado Quinhentismo brasileiro. Não há um consenso quanto à primeira manifestação de uma literatura realmente brasileira. Alguns consideram o Barroco essa primeira manifestação de uma literatura realmente brasileira. Outros estudiosos preferem falar em literatura brasileira somente a partir do Romantismo, ou seja, a partir do século XVIII. Mas num aspecto todos concordam, é no Barroco que encontramos não só um o primeiro, mas um dos mais talentosos poetas brasileiros – Gregório de Matos. O movimento Barroco compreende um longo período que se estende de 1601, com a publicação do poema Prosopopéia, de Bento Teixeira até meados do século XVIII (1768), com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, Minas Gerais e a publicação do livro Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. O termo Barroco no Brasil compreende duas grandes manifestações: o Barroco Literário e Arquitetônico do século XVII, principalmente na Bahia, e o Barroco mineiro do século XVIII, conhecido como Barroco tardio, contemporâneo do Arcadismo. O que nos interessa é esse Barroco Literário. As manifestações brasileiras desse período refletem a visão de mundo e a estrutura de um país-colônia, marcado pelo ciclo econômico açucareiro. As poucas atividades culturaisconcentravam-se em Salvador, Bahia e em Recife, Pernambuco. A produção barroca no Brasil foi muito influenciada pelo Barroco europeu. E você se lembra do que foi o Barroco? O Barroco, como já vimos, foi o movimento estético literário do conflito, dos impulsos contraditórios, do contraste entre claro/escuro, alma/corpo, céu/inferno, bom/mau. O Barroco foi arte do jogo de palavras e de ideias, que visavam surpreender o leitor não só através da construção cuidadosa do texto, marcado várias vezes por uma linguagem excessivamente rebuscada, mas também através de um alto poder de raciocínio lógico. Esse jogo, essa atitude lúdica nos faz lembrar das duas faces 13 barrocas: Cultismo BARROCO Conceptismo CULTISMO ou Gongorismo= Corresponde ao jogo de palavras e imagens visando ao rebuscamento da forma do texto, à ornamentação e à erudição vocabular Nessa vertente barroca é comum o uso exagerado das figuras de linguagem, como metáforas, antíteses, hipérboles, hipérbatos, entre outras. O cultismo também é chamado de Gongorismo, por ter sido muito influenciado pelo poeta espanhol Luís de Gôngora. CONCEPTISMO ou Quevedismo = Corresponde ao jogo de idéias e de conceitos, pautado no raciocínio lógico, visando ao convencimento à argumentação. O conceptismo também é chamado de Quevedismo, por ter sido muito influenciado pelo também espanhol, Francisco Quevedo. O cultismo e o conceptismo também influenciaram nossos escritores. Vejamos os principais autores do Barroco no Brasil: Bento Teixeira Padre Antônio Vieira Gregório de Matos Bento Teixeira, assim como o Padre Antônio Vieira não era brasileiro, ao contrário do que se pensou durante muito tempo, ambos eram portugueses que passaram algum tempo no Brasil. Bento Teixeira destaca-se por ser o autor do marco inicial do Barroco no Brasil, mas seu poema épico Prosopopéia não provocou muito reconhecimento na colônia. É uma imitação de Os Lusíadas, o que era muito comum na época, também escrito em decassílabos e dispostos em oitava rima. Padre Antônio Vieira, como já vimos, embora escrevendo no Brasil apresentava a visão de mundo do homem europeu. GREGÓRIO DE MATOS Gregório de Matos - o grande representante do Barroco no Brasil. Gregório de Matos, filho de uma família abastada nasceu na Bahia, mas foi para Portugal, onde se diplomou em Direito. De volta ao Brasil firma-se como o primeiro poeta brasileiro. Assim como outros poetas, também teve uma vida atribulada e polêmica, sempre metido em desavenças com pessoas poderosas e influentes. Graças às suas sátiras, marcadas pela linguagem maliciosa, direta e muitas vezes ferina, recebeu o apelido de Boca do Inferno. Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de sua obra, isto porque Gregório de Matos não publicou nada em vida, não deixou nenhum texto autografado ou produzido de próprio punho. Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início do século XX quando a Academia Brasileira de Letras publicou seis volumes com sua produção. A diversidade e o antagonismo do espírito Barroco também estão presentes em Gregório de Matos. Vejamos as principais características de sua obra. DUALISMO = Refletindo o dualismo barroco oscilou entre o sagrado e o profano. Ora demonstrava 14 aversão pelo sagrado, pelo religioso, escrevendo textos sensuais e pornográficos, ora seus poemas apresentavam uma profunda devoção a Deus e aos santos. INSATISFAÇÃO = Vários textos mostram sua insatisfação com a vida na colônia e sua inadaptação ao ambiente baiano, freqüentemente criticado. FUGACIDADE = Gregório de Matos deixou claro sua consciência sobre a transitoriedade da vida. Seus textos mostram freqüentemente as vaidades humanas como insignificantes e passageiras. OUSADIA = Ao contrário do Padre Antônio Vieira que apresentava um caráter mais conservador, com uma visão européia, Gregório de Matos é considerado um poeta inovador e irreverente. Mesmo adepto do cultismo, também cultivou o jogo de idéias presente no conceptismo. Embora conhecido como poeta satírico, criticando não só as pessoas, mas também as instituições da época, Gregório de Matos apresenta uma obra vasta: SACRA POESIA LÍRICA AMOROSA ENCOMIÁSTICA POESIA SATÍRICA POESIA SACRA = Ou religiosa é marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e o a vida espiritual. Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação. Vejamos um fragmento de sua poesia religiosa: “ ... Esta razão me obriga a confiar, Que, por mais que pequei, neste conflito Espero em vosso amor de me salvar.” POESIA AMOROSA = Na poesia amorosa, também encontramos a dualidade barroca oscilando entre o amor elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor carnal. Vejamos dois fragmentos de sua poesia amorosa, em que o autor define o amor: “ Ardor em firme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal, em chamas derretido.” ------XXXXXX------ “O Amor é finalmente um embaraço de pernas, uma união de barrigas, um breve tremor de artérias. Uma confusão de bocas, Uma batalha de veias, um rebuliço de ancas; Quem diz outra coisa, é besta.” Gregório de Matos também escreveu textos de circunstância, laudatórios, destinados a elogiar pessoas importantes da época, é a chamada POESIA ENCOMIÁSTICA. Em suas sátiras, criticou os vários tipos humanos de sua época, os costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como “caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa posição de recusa em relação à exploração da colônia. Vejamos um exemplo de sua sátira: “Que os brasileiros são bestas E estão sempre a trabalhar Toda a vida por manter Maganos de Portugal” 15 O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. A partir do século XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente. Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito. Nesse contexto, merecem destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões. Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira. Conheça a seguir os trechos selecionados: Prosopopeia I Cantem Poetas o Poder Romano, Sobmetendo Nações ao jugo duro; O Mantuano pinte o Rei Troiano, Descendo à confusão do Reino escuro; Que eu canto um Albuquerque soberano, Da Fé, da cara Pátria firme muro, Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira, Pode estancar a Lácia e Grega lira. II 16 As Délficas irmãs chamar não quero, que tal invocação é vão estudo; Aquele chamo só, de quem espero A vida que se espera em fim de tudo. Ele fará meu Verso tão sincero, Quanto fora sem ele tosco e rudo, Que per rezão negar não deve o menos Quem deu o mais a míseros terrenos. Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesarde os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil. Vejamos a seguir sobre alguns autores: 5.3 Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente obra satírica. Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa. O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos. O poeta religioso: A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha- se diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe: Soneto a Nosso Senhor 17 Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido Vos tem a perdoar mais empenhado. Se basta a voz irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história. Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Recobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. O poeta satírico: Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos Triste Bahia Triste Bahia! ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. A ti tricou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e, tem trocado, 18 Tanto negócio e tanto negociante. O poeta lírico: Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado. À mesma d. Ângela Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós, se uniformara: Quem vira uma tal flor, que a não cortara, De verde pé, da rama fluorescente; E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus o não idolatrara? Se pois como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. O poeta erótico: Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade. Necessidades Forçosas da Natureza Humana 19 Descarto-me da tronga, que me chupa, Corro por um conchego todo o mapa, O ar da feia me arrebata a capa, O gadanho da limpa até a garupa. Busco uma freira, que me desentupa A via, que o desuso às vezes tapa, Topo-a, topando-a todo o bolo rapa, Que as cartas lhe dão sempre com chalupa. Que hei de fazer, se sou de boa cepa, E na hora de ver repleta a tripa, Darei por quem mo vase toda Europa? Amigo, quem se alimpa da carepa, Ou sofre uma muchacha, que o dissipa, Ou faz da mão sua cachopa. 6 O BARROCO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA CULTURA - CONTEXTO HISTÓRICO O Barroco brasileiro ocorre tardiamente, entre os séculos 17 e 18. Segue os modelos ibéricos e há grande influência espanhola, pois o Barroco começou em Portugal durante a União Ibérica. Sofre também forte influência da Contra-Reforma, movimento com que a Igreja católica buscou restaurar o poder político e social que perdeu durante o Renascimento. O Barroco é fundamentalmente uma expressão do conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade "medieval", entre a razão e a fé, entre o material e o espiritual. Características do estilo 1) A evasão ao conflito existencial enunciado no item anterior foi buscada através de uma valorização exagerada da forma, que resultou numa literatura marcada pelo rebuscamento da linguagem, sobrecarregando o texto com figuras de estilo, como a metáfora, a alegoria, a hipérbole e a antítese. 20 2) A arte é identificada com a engenhosidade do artista que pode se dar no nível da forma (cultismo) ou do conteúdo (conceptismo) A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, em fins do século XVII, significa o início de grandes mudanças na sociedade colonial brasileira. A corrida em busca do metal precioso desloca para serras, até então desertas, uma multidão de aventureiros paulistas, baianos e, em seguida, portugueses. A abundância do ouro gera extraordinária riqueza e os primeiros acampamentos de mineiros transformam-se rapidamente em cidades. Um esquema de abastecimento para as minas é organizado por tropeiros paulistas. Sorocaba, no interior de São Paulo, torna-se o maior centro de transporte das tropas de gado vacum e muar para Minas Gerais. Ali realiza-se uma grande feira, entre maio e agosto, onde se encontram vendedores e compradores de animais e mantimentos. São paulistas ainda os que avançam cada vez mais para o Sul. Primeiro, desenvolvem roças e fazendas de criação bovina na região de Curitiba. Depois, irrompem nos campos da serra e no pampa rio-grandense para capturar o gado que vivia em liberdade (milhões e milhões de cabeças). Este sistema de abastecimento das cidades mineiras - já que nada se produzia nelas - integra e unifica as várias regiões do Brasil, criando a noção de que poderíamos constituir um país. Por outro lado, a leva de habitantes do reino, que aqui chega, impõe a língua portuguesa como a língua básica, desalojando a "língua geral", baseada no tupi, e que imperava nos sertões e entre os paulistas. Desta forma, adquire-se também uma unidade linguística. O ouro parece ser suficiente para todos. Enriquece os mineiros, os comerciantes, os tropeiros e, acima de tudo, o reino português. Centenas de toneladas do precioso metal são levadas para o luxo, o desperdício e a ostentação da Corte. Parte considerável deste ouro vai parar na Inglaterra, financiando a Revolução Industrial, na medida em que o domínio comercial dos ingleses sobre a economia portuguesa era absoluto. Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção aurífera começa a cair e as minas dão sinais de esgotamento. 21 7 INTERNACIONALIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA As estratégias para abocanhar uma fatia maior do mercado literário global estão em discussão no MinC. Ontem (7), a Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura (DLLLB/MinC) reuniu-se com o Ministério das Relações Exteriores, ApexBrasil e outras entidades da cadeia produtiva do livro para definir um plano de ação capaz de garantir a internacionalização da literatura produzida no Brasil. De acordo com Volnei Canônica, diretorda DLLLB, a ideia é buscar soluções em conjunto. "Queremos chegar a uma proposta consistente e com desdobramentos no futuro, para podermos avançar em questões como mercado, valor simbólico e sustentabilidade da área". Uma das questões em discussão é a definição de uma lista de ao menos 15 feiras do livro em todo o mundo como prioritárias para participação do Brasil de forma contínua. Durante a conversa, foi destacado o interesse crescente de países europeus e dos vizinhos latino-americanos em traduzir e conhecer mais obras escritas por brasileiros, como destaca a diretora da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa. "Em Bogotá, Frankfurt, Paris e Bologna temos observado uma receptividade grande ao Brasil. Sentimos, também, um interesse crescente pelo aprendizado da nossa língua. Eu acho que é o melhor momento para gente se unir e se mobilizar", afirmou. MinC discute ampliar a participação do livro brasileiro no mercado exterior. (Foto: Janine Mo- raes/MinC) 22 A avaliação da Diretora do Centro de Cooperação e Difusão da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Moema Salgado, compartilhada com os demais presentes, é a de que não faz sentido o País atuar em feiras internacionais do livro em diversas frentes, pulverizadas, com estandes separados e sem vínculos entre si. Segundo Moema, o grande desafio é unificar os esforços e garantir um retorno positivo para todos. O chefe de Divisão de Operações de Difusão Cultural do MRE, André Maciel, afirma que o Itamaraty tem investido na participação brasileira em pelo menos 15 feiras internacionais do livro por ano. Ele destaca que, quando o Brasil é o país homenageado, o investimento é maior, mas que deve haver uma manutenção na ida de autores e editores em edições subsequentes dessas feiras. Maciel argumenta que é importante incluir na estratégia a otimização de esforços passados, como investimentos em bolsas de traduções, edições de obras brasileiras em outros idiomas e exportações de livros para os locais onde a presença brasileira deve ser intensificada. Dentro de um mês, o grupo deverá se reunir novamente para dar continuidade ao planejamento. Deste primeiro encontro participaram, além da DLLLB, MRE e ApexBrasil, representantes da Diretoria de Relações Internacionais (DRI/MinC), da Secretaria de Políticas Culturais (SPC/MinC), da Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC), da Câmara Brasileira do Livro (CBL), da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu), Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Liga Brasileira de Editoras (Libre) e Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros). A Funarte (Fundação Nacional de Artes), entidade vinculada ao Ministério da Cultura, também deverá integrar o grupo nos próximos encontros. 8 O NEOCLASSICISMO O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). Denota- se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento. 23 Fonte: trabalhosparaescola.com.br Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808. O movimento tem características reformistas, pois seu intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova organização econômica liderada pelo pensamento burguês. Ao passo que os textos produzidos no período convencionado de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental). Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil: a) Poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia. 24 b) Ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero. Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa. 8.1 Arcádia Submarina Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundad em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana. 8.2 Principais Características Exaltação da Natureza Partindo de um desejo bucólico, o Arcadismo estava sempre em busca pelos valores da Natureza, fazia muitas referências a terra e ao mundo natural. Os poetas dessa escola costumavam escrever sobre as belezas do campo, a tranquilidade que era proporcionada pela natureza e contemplavam a vida simples, desprezando a vida nos grandes centros urbanos, assim como também a agitação e os problemas das pessoas que viviam nesses lugares. Quando os representantes árcades moravam na zona urbana, iam sempre ao encontro com a natureza para purificar suas almas com os ares leves do campo. Inspiração Greco-Romana Para os árcades, a arte greco-romana era considerada um modelo de perfeição, equilíbrio, beleza e simplicidade. Foi assim que as fortes influências desses povos conquistaram os moldes neoclassicistas ao que se refere à temática, às regras 25 de composição e também no predomínio das figuras mitológicas. A mitologia pagã acabou servindo como elemento estético para os árcades. Exaltação ao homem puro Os árcades se preocupavam muito com a essência natural do homem e buscavam inspiração nas pessoas que tinham uma relação perfeita com a natureza, ou seja, os indivíduos que mais se aproximavam eram pré-históricos. Exaltavam a pureza, a beleza e a ingenuidade do homem primitivo que ainda não fora corrompido pelos padrões sociais. - Inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico); - Influência da filosofia francesa; - Mitologia pagã como elemento estético; - O bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril; - Tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia; - Pastoralismo: poetas simples e humildes; - Bucolismo: busca pelos valores da natureza; - Nativismo: referências à terra e ao mundo natural; - Tom confessional; - Estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos; - Exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza. Termos em latim O uso de expressões em latim era comum no Neoclacisssimo. Elas estavam associadas ao estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas: Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco.No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade. Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio; Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos; 26 Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente. Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios. 8.3 O Sistema Literário Entende-se por sistema literário um conjunto de fatores que garante à arte da escrita certa regularidade, certa permanência e certa capacidade de ultrapassar o desaparecimento dos artistas, gerando algo como uma tradição cultural. Os fatores básicos de um sistema literário são: a) autores; b) obras: produzidas dentro de um mesmo código lingüístico e perspectivas mais ou menos comuns; c) público leitor permanente. Este último constitui o componente essencial do referido sistema. Porque é óbvio que, sem leitores permanentes, nenhuma literatura pode se desenvolver. Através deles se estabelece uma rede de transmissão de idéias, gostos, debates, estímulos, rejeições, experiências e valores estéticos. São eles que criam uma linha de continuidade entre o passado, o presente e o futuro da vida literária de um país. 8.4 A Importância do Arcadismo Durante a vigência do Arcadismo, estabeleceu-se este sistema - embora tímido - e que não mais seria destruído. A partir de então, de forma contínua, autores produziriam obras que seriam consumidas por gerações de leitores. Ou seja, quando o crescimento urbano estrutura o sistema literário, cria também as condições mínimas para o surgimento de uma literatura autônoma. 27 Claro que o Arcadismo não é o grito de autonomia da literatura brasileira, pois a dependência econômica e política gera também a dependência cultural. Os autores árcades seguem completamente os modelos poéticos em voga nos países imperiais. Neste aspecto, pouco contribuíram para a efetivação de uma arte diferenciada das europeias. Devemos entender, contudo, que a criação de uma literatura não é trabalho de apenas uma geração e sim de várias. E a construção de um incipiente sistema literário durante o Arcadismo, representa o primeiro e decisivo passo no processo de fundação da literatura brasileira. 9 O NEOCLASSICISMO E ILUSTRAÇÃO Fonte: portaldarte.com.br Neoclassicismo é um movimento artístico que se desenvolveu especialmente na arquitetura e nas artes decorativas. Floresceu na França e na Inglaterra, por volta de 1750, sob a influência do arquiteto Palladio (palladianismo), e estendeu-se para o resto dos países europeus, chegando ao apogeu em 1830. Inspirado nas formas greco-romanas, renunciou às formas do barroco (que não tinha tido grande repercussão na França e na Inglaterra) revivendo os princípios estéticos da antiguidade clássica. 28 Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as sociais, com a revolução francesa, a arte deveria tornar-se eco dos novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo e democracia. No entanto, eram tantas as mudanças que elas ainda não haviam sido suficientemente assimiladas pelos homens da época a ponto de gerar um novo estilo artístico que representasse esses valores. O melhor seria recorrer ao que estivesse mais à mão: a equilibrada e democrática antiguidade clássica. E foi assim que, com a ajuda da arqueologia (Pompéia tinha sido descoberta em 1748), arquitetos, pintores e escultores logo encontraram um modelo a seguir. Mais do que um ressurgimento de estética antiga, o Neoclassicismo relaciona fatos do passado aos acontecimentos da época. Os artistas neoclássicos tentaram substituir a sensualidade e trivialidade do Rococó por um estilo lógico, de tom solene e austero. Quando os movimentos revolucionários estabeleceram repúblicas na França e América do Norte, os novos governos adotaram o neoclassicismo como estilo oficial por relacionarem a democracia com a antiga Grécia e República Romana. Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza, mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. A imagem das cidades mudou completamente. Derrubaram-se edifícios e largas avenidas foram traçadas de acordo com as formas monumentais da arquitetura renovada, ainda existentes nas mais importantes capitais da Europa. A Igreja de Madeleine, de Vignon, é uma amostra inconstestável do retorno da arquitetura clássica que se verificou durante a época napoleônica. São edifícios grandiosos de estética totalmente racionalista: pórticos de colunas colossais com frontispícios triangulares, pilastras despojadas de capitéis e uma decoração apenas insinuada em guirlandas ou rosetas e frisos de meandros. Surgido para dar sustentação à revolução francesa e depois ao império, o neoclassicismo, no entanto, se apóia principalmente nos países da aliança contra Napoleão, como a Alemanha e a Inglaterra. Durante este período, as cidades foram invadidas por edificações colossais, como o célebre Arco do Triunfo, em Paris, construído em homenagem às vitórias de Napoleão. Nele evitou-se ao máximo recorrer aos ornamentos romanos, como as colunas clássicas. 29 10 A POESIA NATIVISTA E A PROSA DOS PUBLICISTAS A prosa neoclássica cultivou diversos gêneros, com frequência praticados em publicações periódicas orgulhosas de seu papel de veículos “esclarecidos”. Sirvam de exemplos as Máximas com que, a partir de 1813, o Marquês de Maricá (1773 – 1848) colaborou em O Patriota, a menos efêmera das revistas literárias de então. Com Maricá, iluminista menor, antimitológico e antipoético (“Poesia e mitologia têm sido as fontes dos maiores erros e disparates do gênero humano”, máx. 3.765), adepto bem setecentista do despotismo esclarecido (O direito mais legítimo para governar os homens é o de ser mais inteligente que os governadores”, máx.28), cético ante as ideologias “feudais” da aristocracia reinol (“Sem cobres, pouco valem nobres”. Máx. 3838), a sabedoria sentenciosa dos mestres franceses como La Rochefoucauld se torna rasteira coleção de platitudes; dessas máximas, disse com acerto Tristão de Athayde que não passam de mínimas... De outro nível intelectual, são, porém, os ensaios e artigos dos publicistas da época. Na agitação ideológica do final da Colônia e da primeira época imperial, o jornalismo político é uma força considerável, usada e abusada ́ pelos partidos da corte e das províncias. Em regra, o jornalista – o “escritor público”, como então se dizia – era simultaneamente prócer político ou, pelo menos, ideólogo partidário. Por isso, o jornal de opinião, a gazeta polêmica ou panfletária (muito diferente dos quotidianos “modernos” do Segundo Reinado, que já são mais noticiosos do que opinativos) vale por um gênero literário: é oratória política em letra de forma, que se justapunha aos periódicos de ilustração intelectual (cujo protótipo foi justamente O Patriota, do baiano Antônio Ferreira de Araújo Guimarães). Entre a gazeta e a revista de cultura militante se situa o Correio Brasiliense de Hipólito José da Costa (1774 – 1823), patrono do jornalismo brasileiro. Originário da Colônia do Sacramento, Hipólito se formou em Coimbra e, acusado de maçonaria, foi preso, no início do século, ao voltar de uma viagem oficial aos Estados Unidos. Estabelecendo-se na Inglaterra, onde gozou do favor do Duque de Sussex, flho de Jorge III e também maçom, editou os 29 fascículos do seu jornal de 1808 até 1822. O Correio defendeu o Reino Unido até as vésperas da Independência, condenando a Revolução Pernambucana de 1817; mas não censurou menoso retorno da família real à metrópole, vendo em Portugal a sede do obscurantismo europeu; nem poupou 30 os cortesãos que, como Ciuru (economista clássico, futuro visconde, a quem o dicionarista pernambucano Morais Silva revelara a obra de Adam Smith), magnificavam o adiantamento trazido ao Brasil pela instalação da corte no país com uma espécie de gratidão servil, em lugar de cobrar-lhe maiores progressos e iniciativas. Hipólito escreveu seus ensaios jornalísticos numa prosa eloquente e cristalina, movida por uma assimilação constantemente original do ideário iluminista. Com ele, o “escritor público“ atinge um nível raramente igualado de estilo e de pensamento. A combatividade serena e refletida desse jornalismo ensaístico se contrapôs a veemência do pasquim; ao liberalismo centrista do Correio Brasiliense, o liberalismo radical d’O Tífis Pernambucano (1823- 1824) de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1779 – 1825). Frei Caneca, carmelita do Recife líder e mártir da Confederação do Equador, tribuno do separatismo nortista, é um mestre da verrina, um artista da catilinária violenta, que tanto injuria os “corcundas” – os partidários da recolonização – quanto os moderados como Hipólito. Sua linguagem elétrica e sarcástica não tem maiores voos teóricos, mas é o ancestral perfeito de toda a prosa panfletária nacional. Com a Aurora Fluminense, jornal do fim do Primeiro Reinado e da Regência liberal, do livreiro carioca Evaristo Ferreira da Veiga (1779-1837), volvemos ao idioma urbano do constitucionalismo, ao legalismo progressista com que Hipólito sonhara do Reino Unido e Evaristo, adepto de Benjamin Constant, forcejará para instaurar no Império. Arauto da Abdicação e da eleição de Feijó, a Aurora não tardou a indispor-se com o ditatorialismo do regente, sem no entanto descambar para a direita – o futuro Partido Conservador – de Bernardo Vasconcelos ou do Marquês de Paraná. Sem a inclinação cerebral de Hipólito e sem a flama de Frei Caneca, Evaristo afastou a gazeta pré-romântica do ensaio e do pasquim, criando a página de artigos em sentido moderno: o comentário dos acontecimentos filtrado pela opinião social. Na confrontação de grupos e de ideias que singulariza a Regência, o jornalismo político não se limitou à corte, nem sequer às províncias que, como Pernambuco, capitanearam as veleidades de conter o nascente impulso imperial de centralização. Os jornais do maranhense João Francisco Lisboa (1812-1863): O Brasileiro, O farol Maranhense, O Eco do Norte, A Crônica Maranhense, etc., desempenharam, em são Luís, a Atenas do Norte, culturalmente dominada por latinistas e helenistas de valor (Sotero dos reis, Odorico Mendes), um papel análogo à pregação liberal da Aurora Fluminense. Como Evaristo da Veiga, João Francisco foi uma autodidata voraz e um 31 honestíssimo político, de vida modelar. Quando se pensa na sua origem humilde, e no fato de que só maduro saiu do Maranhão, o amplo espectro de suas leituras, o universalista dos seus conhecimentos e do seu raciocínio não podem deixar de causar espanto e admiração. No entanto, essas mesmas qualidades talvez o tenham desencantado da luta cívica, abrindo-lhe os olhos para a mesquinhez das suas motivações e a rasteirice dos seus processos. À beira dos quarenta anos, cansado dessas guerras de campanário, Lisboa, enriquecido pela advocacia, transformou a pluma entusiástica das gazetas de combate na pena do moralista sem ilusões. O resultado – os fascículos do Jornal de Timon (1852-1854) – é um dos maiores monumentos da prosa brasileira. Desde o seu “prospeto”, o Jornal de Timon alcança uma completa depuração estilística; converte a frase dos publicistas em puríssima expressão literária: Timon, antes amigo contristado e abatido, do que inimigo cheio de fel e de- sabrimento, empreende pintar os costumes do seu tempo, encarando o mal sobretudo, e em primeiro lugar, senão exclusivamente, sem que nisso, toda- via lhe dê primazia, ou mostre gosto e preferência para a pintura do gênero. Ao contrário, faz uma simples compensação, porque o mal, nas apreciações da época, ou é esquecido, ou desfigurado; esquecido, quando para o louvor se inventa o bem que não existe, ou se exagera o pouco bem existente; des- figurado, quando para o vitupério se carregam as cores do mal, e ele se im- puta e distribui com parcialidade e exclusão, sem exclusão, sem escolha, crí- tica ou justiça. Timon enche a sua obscura carreira em um obscuro e pequeno canto do mundo; e apesar do pouco aviso e desacordo que deverá ser o re- sultado do seu ódio pretendido ao gênero humano, ou pelo menos à geração presente, nem por isso ignora o que não é para todos o dizer tudo, em todo tempo e em todo lugar. A pintura dos costumes privados, que aliás deman- daria um quadro vastíssimo, não entra como elemento principal no plano deste trabalho; e a razão é que numa cidade pequena, em que todos se co- nhecem, e todas as vidas são conhecidas, por mais que Timon se esmerasse em traçar cenas vagas e gerais, e apontasse com a intenção só à emenda e à correção, nem por isso a malevolência, e sobretudo a ignorância e o mau gosto, deixariam de nelas rastrear alusões mais ou menos claras e positivas, a pessoas e ações determinadas. Assim, se não pela intenção própria, certa- mente pela malícia e prevenção alheia, um quadro geral se converteria numa difamação pessoal, e em vez de cenas públicas, ter-se-ia a exposição do sa- grado lar doméstico. Timon, pois, prudente e acautelado quanto for possível, sem renunciar de todo a um assunto tão rico, e que de si mesmo está convi- dado à exploração, há de nada menos empregar toda a sua atenção para evitar o perigo, e não cair em um dos vícios que mais pretende notar e repre- ender. Esta síntese límpida, mas perfeitamente hierarquizada nas suas harmoniosas orações subordinadas, do seu ritmo nobremente balanceado, na flexibilidade do período longo, na acuidade lógica e na eufonia dos adjetivos, na sua concisão claríssima e na sua refinada elegância, é, apesar da escrita em plena voga romântica (Lisboa foi amigo e apreciador de Gonçalves Dias), uma primorosa réplica do 32 neoclassicismo à suntuosidade retórica de Vieira. Porém a oratória de Vieira, movendo-se no vasto perímetro ainda coeso da cultura lusitana, fundiu a excelência literária com o verbo público. As narrativas e reflexões do Jornal de Timon, murmuradas num “obscuro pequeno canto do mundo”, perfizeram o itinerário inverso: fruto do silêncio do publicista, trocando a ênfase pelo juízo irônico, buscando por trás dos costumes e das ideologias as molas ocultas do comportamento humano, elas soam como palavra íntima, em que os recursos expressivos da língua são o instrumento de uma crítica da experiência. Mesmo em seu lhano pessimismo, ainda enamorado da fé liberal na autocorreção da humanidade, João Francisco Lisboa, nosso último grande neoclássico, prefigura o humor corrosivo e penetrante de Machado de Assis. 11 SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX O desenvolvimento da prosa no período romântico coincide com o desenvolvimento do romance como um gênero novo que, no Brasil, chegou graças à influência dos romances europeus e do surgimento dos jornais -- que publicavam, diariamente, os folhetins, isto é, capítulos de histórias que compunham um romance. As primeiras manifestações no gênero estavam empenhadas na descrição dos costumes da classe dominante na cidade do Rio de Janeiro, que agora vivia um grande período de urbanização, e de algumas amenidades da vida no campo. Ou então, apresentavam personagens selvagens, concebidos pela ideologia e imaginação do período romântico como idealização do herói nacional por excelência: o índio. Cronologicamente, o primeiro romance romântico publicado no Brasil foi O filho do pescador (1843), de Teixeira de Souza, porém, como o romance apresenta enredo confuso e foi considerado pelo público como "sentimentalóide",A Moreninha (1844), de Joaquim Manoel Macedo, viria a ser considerado o primeiro romance efetivamente brasileiro por receber uma maior aceitação do público e por definir as linhas dos romance brasileiro. Os principais autores do período são: Joaquim Manoel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar e, constituindo o teatro nacional Martins Pena. 33 12 A LÍRICA ROMÂNTICA O Surgimento do Romantismo A revista Niterói, dirigida por Gonçalves de Magalhães, representou a oportunidade de discussão do Brasil a partir de uma ótica nacionalista e romântica. O passo decisivo para a deflagração do movimento é a publicação da revista Niterói, em Paris, 1836, que trazia como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". A revista, elaborada por intelectuais que estudavam na Europa, propunha a investigação "das letras, artes e ciências brasilienses". No grupo, destaca-se Gonçalves de Magalhães, que ainda em 1836 lançaria um livro de poemas: Suspiros poéticos e saudades. Esta obra introduziu o espírito romântico no Brasil. O projeto de autonomia dos autores românticos não se realizou integralmente. Todos os princípios "nacionalistas" que defenderam estavam, em maior ou menor grau, comprometidos com uma visão européia de mundo. Além disso, o nacionalismo era feito de exterioridades, mais paisagem do que substância humana. Aquele "sentimento íntimo de brasilidade", de que falou Machado de Assis, não existe nas obras do período. Por fim, o fato de todos os escritores da primeira geração viverem à sombra do poder (foram ministros, secretários, embaixadores, burocratas do alto escalão) comprometeu-os irremediavelmente com a classe dominante. Fugiram da escravidão e da pobreza, escamotearam a ferocidade das elites e a miséria das ruas, ignoraram a violência que se espalhava pelo cotidiano. Em troca, celebraram o idílio e a natureza, mitificaram as regiões, teatralizaram o índio, criando assim uma arte conservadora. Em 1808, a família real portuguesa, fugindo do avanço das tropas napoleônicas, resolve instalar-se no Brasil, abrindo caminho para a emancipação política da colônia, o que acontece em 1822, quando é declarada oficialmente a Independência do Brasil. O problema é que, mesmo com o rompimento dos laços políticos com a metrópole, os intelectuais brasileiros ainda reproduziam os modelos do pensamento europeu. Logo, surge a necessidade entre nossos pensadores de criar uma arte e uma forma de pensar que rompesse com os padrões do Velho Mundo. Os escritores românticos brasileiros buscaram, então, mais do que a independência política – buscaram a independência cultural. No Brasil, o movimento romântico costuma em três momentos: 34 - Primeira geração – fase nacionalista - Segunda geração – fase ultrarromântica (mal-do-século) - Terceira geração – fase social (condoreira) 12.1 A Divisão em Gerações Na lírica romântica brasileira, podem ser delimitados, com algum rigor, três momentos que se caracterizam por apresentar temas e visões de mundo diferenciadas. Estes momentos coincidem com a formação de três gerações (1). Cada geração assume uma perspectiva própria, embora todas sejam marcada pelo caráter romântico. Contudo, os elementos que definem cada uma delas não são exclusivos. Interpenetrando-se de forma bastante acentuada. Fonte: slideshare.net (1) normalmente atribuía-se a duração média de 15 anos para cada geração. A partir de meados do século XX, em função da rapidez da mudança de costumes e valores, reduziu-se este tempo para 10 anos. 35 12.2 A Primeira geração (Geração Nacionalista) A contribuição dos teóricos europeus, o nacionalismo ufanista pós-1822 e as viagens para o exterior de uma jovem intelectualidade - nascendo daí o famoso sentimento do exílio - fornecem o quadro histórico onde aponta a primeira geração romântica. O apogeu da mesma ocorre entre 1836 e 1851, quando Gonçalves Dias publica Últimos cantos, encerrando o período mais fértil e criativo de sua carreira. GONÇALVES DE MAGALHÃES (1811-1887) Fonte: literabrasil.com.br Obras: Suspiros poéticos e saudades (1836); A confederação dos tamoios (1857). A Gonçalves de Magalhães coube a precedência cronológica na elaboração de versos românticos. Suspiros poéticos e saudades é a materialização lírica de algumas idéias do autor sobre o Romantismo, encarado como possibilidade de afirmação de uma literatura nacional, na medida em que destruía os artifícios neoclássicos e propunha a valorização da natureza, do índio e de uma religiosidade panteísta. No entanto, faltava a Magalhães autêntica emoção poética para tornar efetivas suas teorias. Em sua obra ele afirma: Meus versos são suspiros de minha alma Sem outra lei que o interno sentimento. 36 Isto, porém, não encontra correspondência nela mesma. Os sentimentos são apresentados de uma maneira retórica, freqüentemente "despoetizados" por imagens de mau gosto: Nas veias o sangue já não me galopa, em sacros furores nos lábios me fervem; A lira canora do cisne beócio, deixei sobre a trípode. Canora: sonora Beócio: ignorante Durante anos, Gonçalves de Magalhães foi considerado o maior poeta pátrio. Transformou-se em símbolo oficial da literatura brasileira, merecendo inclusive grande apreço de D.Pedro II. A confederação dos tamoios, tentativa de indianismo épico em que a prolixidade* dissolve o lirismo, significou a crise dessa carreira triunfante. Submetida à primeira e dura revisão crítica, com José de Alencar denunciando o artificialismo de sua composição, a obra de Magalhães começou a ser relegada a um plano secundário. Sob pseudônimo, o próprio Imperador sai em defesa de seu protegido, mas os argumentos de Alencar eram irrefutáveis. Restava-lhe a importância histórica, e esta era incontestável. O Romantismo fora introduzido por ele: Triste sou como o salgueiro Solitário junto ao lago Suspirar, suspirar...Tal é o meu fado! Prolixidade: redundância, exagero verbal. 37 13 GONÇALVES DIAS (1823-1864) Fonte: pt.wikipedia.org Filho de um comerciante português e de uma mulata que viviam em concubinato, Antônio de Gonçalves Dias nasceu em Caxias, no Maranhão. Quando o menino tinha seis anos, o pai casou-se com uma moça branca e proibiu o filho de visitar a mãe, que se reencontraria com o filho apenas quinze anos depois. Antônio cresceu trabalhando como caixeiro na loja do pai e teve uma boa educação, sendo enviado com quatorze anos para Portugal. A morte do pai, no mesmo ano, trouxe o rapaz de volta ao Maranhão, porém a madrasta cumpriu a vontade do marido quanto ao filho e mais uma vez o futuro poeta foi mandado para Coimbra. No início de 1845, retornou à sua província natal, já formado em Direito. Era um rapaz baixinho, musculoso e de olhar inteligente. Sua origem mestiça não era evidente à primeira vista. A sociedade de São Luís o recebeu bem e ele conheceu então aquela que - algum tempo depois - seria o grande amor de sua vida, a jovem Ana Amélia. 38 Antes da eclosão desse amor extremado, viajou para o Rio de Janeiro, onde se radicaria. Virou professor de Latim no Colégio Pedro II e lançou, com notável repercussão, os Primeiros cantos e os Segundos cantos. De imediato, obteve a proteção imperial, ocupando diversos cargos de importância nas áreas de pesquisa escolar e de busca de documentos históricos. Em visita ao Maranhão reencontrou Ana Amélia e a pediu em casamento. A família da moça recusou o poeta, alegando a sua origem bastarda e mulata. Exasperado, casou-se com Olímpia Coriolana, provavelmente a primeira mulher que encontrou depois da recusa e com a qual viveu um casamento infeliz. Viajou muito pelas províncias do Norte e pela Europa, sempre a serviço. Afetado pela tuberculose, tentou a cura na França. Desenganado pelos médicos, retornou num cargueiro que naufragaria, já nascostas do Maranhão. A única vítima do naufrágio foi o poeta, que contava então quarenta e um anos de idade. Obras: Primeiros cantos (1846); Segundos cantos (1848); Sextilhas de frei Antão (1848); Últimos cantos (1851); Os timbiras (1857). Gonçalves Dias consolidou o Romantismo no Brasil com uma produção poética de boa qualidade. Entre os autores do período é o que melhor consegue equilibrar os temas sentimentais, patrióticos e saudosistas com uma linguagem harmoniosa e de relativa simplicidade, fugindo tanto da ênfase declamatória como da vulgaridade. Pode-se dizer que o seu estilo romântico é temperado por uma certa formação clássica, o que evita os excessos verbais tão comuns aos poetas que lhe foram contemporâneos. No prefácio do livro de estréia, Primeiros cantos, ele define a liberdade métrica e a variedade temática que dominam a sua lírica: Muitas delas (as poesias) não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezam regras de mera convenção; adotei todos os ritmos de metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram melhor com o que eu pretendia exprimir. Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas - debaixo de céu diverso - e sob influência de impressões momentâneas. Sua obra se articula em torno de três assuntos principais: o índio, a natureza, o amor impossível. 39 14 O INDIANISMO DE GONÇALVES DIAS Fonte: dezenovevinte.net Índio tupi pintado retratado pelo holandês Albert Eckhout. O elogio literário ao índio, como já foi observado, é mais do que uma convenção poética. Trata-se da reafirmação dos intuitos nacionalistas da primeira geração romântica, conseqüência direta do sentimento localista, posterior à Independência. Em geral, essa literatura mescla elementos pitorescos (os habitantes do Novo Mundo) com a mitologia romântica européia (a teoria do bom selvagem), acrescidos de uma a visão idealizada (os índios são falsos e, às vezes, inverossímeis) e referências etnográficas que deveriam conferir um tom "verdadeiro" às obras (roupagens, armas, costumes, etc.). O objetivo era a elaboração de um herói mítico brasileiro, de um antepassado glorioso do qual a nação pudesse se orgulhar. A superioridade do autor maranhense sobre outros escritores indianistas resulta de três fatores: Maior conhecimento da vida aborígene; Uso épico e lírico de um índio ainda não deculturado pelo homem branco; Esplêndido domínio estilístico, sobretudo na questão do ritmo e da estrutura melódica. 40 Vários de seus poemas, que tratam dos primitivos habitantes, tornam-se antológicos, entre os quais Marabá, O canto do piaga, Leito de folhas verdes e, principalmente, I-Juca Pirama. A NATUREZA Enquanto poeta da natureza, Gonçalves Dias canta o mar, o céu, os campos, as florestas, etc. No entanto, a natureza não tem um valor universal, só merecendo ser celebrada quando simbolizava seu país. A luz do sol, por exemplo, é sempre a imensa luz do sol brasileiro. Só aqui, no espaço da pátria, os elementos naturais se manifestam em sua plena majestade. Significativamente, ele deu a esta parte de sua obra o título de poesias americanas. Não é de surpreender também que no espetáculo e nos contornos da natureza brasileira, o poeta se elevasse até Deus. Assim, nacionalismo e panteísmo se mesclam em sua lírica. A celebração da natureza entrelaça-se também com o sentimento saudosista. Gonçalves Dias é um homem nostálgico que lembra a infância, os amores idos e vividos e, antes de mais nada, um homem que, na Europa, sentira-se exilado. Por isso, a memória a todo momento o arrasta até a terra natal. E a pátria aparece sempre como natureza: palmeiras, céu, estrelas, várzeas, bosques e o indefectível sabiá. Canção do exílio sintetiza genialmente esta identificação entre o país e sua expressão física. Desde o seu surgimento, tornou-se o poema mais conhecido do Brasil e, por derivação, o mais imitado e o mais parodiado. Talvez seja o nosso verdadeiro hino nacional. Contudo, se observamos este texto clássico, poderíamos argumentar que mesmo em Portugal, (onde o poema é escrito, no ano de 1843) há árvores e aves, bosques e várzeas. Aliás, em todos os países há uma natureza interessante a ser cantada. Mas, para Gonçalves Dias, é só na moldura do solo pátrio, que a natureza (brasileira) adquire um maior valor, um valor que em nenhum outro lugar ela pode ter. Estamos diante da essência do ufanismo romântico: minha pátria é a melhor. Por outro lado, trata-se de uma verdade humana definitiva: qualquer indivíduo no exílio - independente da terra natal ser boa ou ruim - sempre guardará por ela uma amorosa e obstinada saudade. Assim, não é de estranhar que Canção do exílio se transformasse no nosso poema: 41 Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá." 42 O AMOR IMPOSSÍVEL A lírica amorosa de Gonçalves Dias é marcada pelo sofrimento. Em seus poemas, o amor raramente se realiza, é sempre ilusão perdida, impossibilidade vital de relacionamento. Entre a esperança e a vivência, entre a intenção e o gesto estão os abismos da experiência concreta. E a experiência concreta remete para o fracasso. "Cismar venturas e só topar friezas", eis a delimitação desse posicionamento. Em outro de seus versos, um dos mais desencantados, ele desabafa: "Amor! delírio - engano". Apaixonar-se é, pois, predispor-se à angústia e à solidão. O poeta confessa sua afetividade, suplica a paixão da mulher, mas não obtém resposta. Resta-lhe, pois, o desespero. Em poemas como Se se morre de amor, conseguiu dar dignidade a esse sofrimento: Se se morre de amor! - Não, não se morre, Quando é fascinação que nos surpreende De ruidoso sarau entre os festejos; Quando luzes, calor, orquestra e flores Assomos de prazer nos raiam n'alma (...) Simpáticas feições, cintura breve, Graciosa postura, porte airoso* Uma fita, uma flor entre os cabelos, Um quê mal definido acaso podem Num engano d'amor arrebatar-nos. Mas isso amor não é, isso é delírio, Devaneio, ilusão que se esvanece Ao som final da orquestra, ao derradeiro Clarão, que as luzes no morrer despedem: Se outro nome lhe dão, se amor o chamam, D'amor igual ninguém sucumbe à perda. Amor é vida; é ter constantemente Alma, sentidos, coração - abertos 43 Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos, D'altas vitudes, té capaz de crimes! Compreender o infinito, a imensidade, E a natureza e Deus; gostar dos campos, D'aves, flores, murmúrios solitários; Buscar tristeza, a soledade, o ermo, E ter o coração em riso e festa. Isso é amor, e desse amor se morre! (...) Amá-la, sem ousar dizer que amamos, E, temendo roçar os seus vestidos, Arder por afogá-la em mil abraços: Isso é amor, e desse amor se morre!" Airoso: boa aparência, elegante 15 A SEGUNDA GERAÇÃO INDIVIDUALISTA, ULTRA-ROMÂNTICA ou GERAÇÃO DO MAL DO SÉCULO Byron foi o principal "poeta maldito" do Romantismo e deixou atrás de si um número incontável de seguidores. Esta geração surgiu na década de 1850, quando o nacionalismo e o indianismo deixavam de fascinar a juventude e iniciava-se o longo processo de estabilidade do II Império. Por outro lado, o desenvolvimento
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