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O DESCOBRIMENTO E O CRISTIANISMO No fina do século XV, em 1500, partiu de Lisboa, a maior metrópole do Reino português, uma expedição de treze navios. Ia em direção a Calicute, nas Índias. Era a mais forte e poderosa esquadra que já saíra de Portugal. Faziam parte dessa esquadra mil e duzentos homens: famosos e experientes navegadores e marinheiros desconhecidos. Todos os tipos de homens, ricos e pobres, nobres e plebeus. Parecia que todos os portugueses estavam nas embarcações que enfrentariam o Mar Tenebroso, como era conhecido o Oceano Atlântico. A expedição dava prosseguimento às navegações portuguesas. Uma aventura que, no século XV, distinguira Portugal, por mobilizar muitos homens, exigir inúmeros conhecimentos técnicos e requerer infindáveis recursos financeiros. Homens, técnicas e capitais em tão grande quantidade que somente a Coroa, isto é, o governo do Reino português, possuía condições de reunir ou conseguir. Uma aventura que abria a possibilidade de obter riquezas: marfim, terras, cereais, produtos tintoriais, tecidos de luxo, especiarias e escravos. Uma aventura que também permitia a propagação da fé cristã, convertendo pagãos e combatendo infiéis. Uma aventura marítima que atraía e, ao mesmo tempo, enchia de medo, tanto os que seguiam nos navios, quanto os que permaneciam em terra. O rei Dom Manuel I, que a seu nome acrescentara o título de "O Venturoso", confiou o comando da esquadra a Pedro Álvares Cabral, Alcaide - Mor de Azurara e Senhor de Belmonte. Dom Manuel esperava concluir tratados comerciais com o governante de Calicute, o samorim, para ter, com exclusividade, acesso aos produtos orientais. Sua intenção era, também, que fossem criadas condições favoráveis à pregação da religião cristã, por missionários franciscanos. A missão da frota de Cabral reafirmava, assim, os dois sentidos orientadores da aventura das navegações portuguesas: o mercantil e o religioso. E, ao que parece, Dom Manuel esperava ainda, com essa expedição, consolidar o monopólio do Reino sobre a Rota do Cabo, o caminho inteiramente marítimo até as Índias, aberto por Vasco da Gama, em 1498. Era preciso garantir a posse daquelas terras do litoral atlântico da América do Sul. Terras que, de direito, pertenciam a Portugal, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494. Em Vera Cruz os portugueses permaneceram alguns dias, entrando em contato com seus habitantes. Em 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, o chefe dos franciscanos, HISTÓRIA PARA ENEM 2021 - BRASIL http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/o_descobrimento.html#especiaria http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/o_descobrimento.html#pagao http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/o_descobrimento.html#mercantil http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/o_descobrimento.html#monopolio celebrou uma missa observada, a distância, por homens "pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos, andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma coisa cobrir, nem mostrar suas vergonhas, e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto", na descrição de Caminha. A primeira missa realizada no Brasil foi um marco histórico, pois simbolizou o início da entrada do cristianismo numa terra habitada por milhões de indígenas, que para os europeus, eram um povo sem cultura pela falta da religião (o cristianismo no caso). “A principal cousa que me moveu a mandar a povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica”. Esse trecho pertence à D. João III, rei de Portugal, em uma correspondência trocada com Tomé de Souza, que em 1548 tornou-se o primeiro governador geral do Brasil. A grande empreitada marítima portuguesa às terras americanas foi uma espada de duas lâminas, além da busca por riquezas a esquadra portuguesa estava munida do desejo cristão de expandir seus territórios. Dois poderes entraram nas caravelas, a coroa portuguesa e a igreja, instituição mais poderosa até meados do século XVI. Ao obter a dupla missão de dilatação do império e da fé, cabia à Coroa o papel de padroeira da Igreja Católica nas terras recém-conquistadas. A cerimônia foi assistida pelos portugueses e também pelos nativos. De acordo com as anotações de Pero Vaz de Caminha, o sermão realizado sobre a chegada dos portugueses e a terra recém-descoberta constituiu a primeira peça de oratória sacra do Brasil. Os portugueses que assistiram a missa faziam parte da expedição, cuja maioria era composta por marinheiros, além de Cabral e Caminha. Foi através dos relatos de Caminha que foi registrada a participação dos indígenas na missa. Os indígenas acompanharam pacificamente a missa católica, copiando muitos dos gestos e movimentos feitos pelos portugueses. Esse fato levou Caminha à conclusão de que a futura conversão dos nativos ao catolicismo seria uma missão fácil e tranquila. A segunda missa católica ocorreu na região da foz do rio Mutari (Porto Seguro, Bahia), no primeiro dia de maio de 1500. Essa missa ficou marcada pela oficialização do nome da terra descoberta por Cabral, Vera Cruz, além de tomar posse em nome do rei português. Apesar das participações dos nativos, os portugueses não puderam com eles conversar, porque nem mesmo o judeu Gaspar - o intérprete da frota - conhecia a língua que falavam. Neste momento de encontro, conhecido pelo nome de Descobrimento, a comunicação entre as culturas europeia e ameríndia tornou-se possível, somente, por https://www.infoescola.com/historia/carta-de-pero-vaz-de-caminha/ http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/desc_brasil.html meio de gestos. Duas culturas apenas se tocavam, abrindo margem às interpretações que ressaltavam as diferenças entre elas. Assim, quando um dos nativos "fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar", Caminha concluiu que era "como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra". http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/duas_culturas.html http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/o_descobrimento.html#nativo
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