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AN02FREV001/REV 4.0 103 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ISO 9001 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 104 CURSO DE ISO 9001 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE MÓDULO VI Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 105 MÓDULO VI 7 PROCESSO DE AQUISIÇÃO Neste módulo estudaremos os requisitos 7.4, 7.5 e 7.6, e assim encerraremos a seção a sete. A primeira parte do requisito 7.4 coloca firmemente a responsabilidade na empresa em exercer controle sobre o seu processo de compra e assegurar que o que foi comprado atende aos requisitos. Parece simples e óbvio, porém as organizações por vezes não exercem todos os controles necessários em relação a este processo tão importante na empresa. O tipo e grau de controle do processo de compras dependerão do efeito que os itens adquiridos terão nos processos, o impacto que eles têm sobre a qualidade dos produtos ou dos serviços pela empresa realizados. O requisito ainda refere-se à avaliação formal dos fornecedores como parte do processo de seleção de fornecedores. A organização deve ter um meio de avaliar a capacidade dos fornecedores em fornecer produtos adequados e deve ainda monitorar o desempenho do fornecedor e assegurar que o nível apropriado de controle está sendo aplicado. E como pode ser esta avaliação? Qual o grau de profundidade? A avaliação da capacidade vai desde uma análise documental até a exigência de certificação para produtos, certificação do sistema da qualidade ou ainda acessar documentos de avaliação por outros clientes maiores. Pode ser uma visita para avaliar a capacidade técnica, de produção e de gestão da qualidade da organização. Na análise de documento vários registros de trabalho podem ser analisados e a empresa pode utilizar as técnicas de auditoria, gerar relatórios de visitas e assim concluir sua avaliação em relação a sua capacidade em atender a organização. Tais avaliações devem ser apropriadas de acordo com o produto ou serviço a ser comprado. Um exemplo seria uma empresa AN02FREV001/REV 4.0 106 que fabrica uniformes: o critério de avaliação para os fornecedores de tecidos deve ser mais exigente do que o critério de avaliação para compra de produtos de limpeza, porque o impacto do tecido no produto final é maior do que o do produto de limpeza. Talvez a empresa até decida não avaliar o fornecedor de produto de limpeza, mas não poderia deixar de avaliar e monitorar o fornecedor de tecido, pois o mesmo é parte fundamental do produto e por isso influencia diretamente na qualidade do produto e consequentemente na satisfação do cliente. As cláusulas 7.4.1 e 7.4.2 são relacionadas às informações que precisam ser enviadas ao fornecedor, como por exemplo, em uma ordem de compra, um pedido. A organização que deve decidir a forma de determinar e transmitir ao fornecedor as informações dos itens para verificação. A seguir, vamos elencar quais são os itens essenciais. Uma organização deve informar claramente ao fornecedor exatamente o que está solicitando (a maneira de informar pode ser por meio de desenhos e especificações apropriados) e também garantir que qualquer requisito referente à aprovação do produto esteja definido. Os outros requisitos podem ser a exigência de procedimentos, processos, infraestrutura, equipamentos, qualificação de pessoal e requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade, requisitos de segurança do produto, de níveis de garantia, requisitos de pós-venda, prazos de pagamento e transporte, entre outros que possam ser identificados pela empresa que vai adquirir o produto. A cláusula ainda define que requer que a organização defina os “requisitos especificados” antes de enviá-los ao fornecedor, ou seja, os requisitos devem ser definidos internamente, baseados nas necessidades da empresa, para posteriormente verificar se o fornecedor tem a capacidade de atendê-los. Desta forma, percebemos que requisito é difícil de atender considerando-se que não desejamos estabelecer mecanismos de verificação desnecessários. Porém, como dica, o comprador pode determinar o uso de uma lista de verificação para analisar criticamente todos os itens, antes de liberar o pedido de compra e registrar que essa verificação foi realizada. O termo “Requisitos Especificados” significa “conforme especificado pelo cliente final”, pela organização, fornecendo ao cliente ou por outra especificação ou norma com a qual o produto adquirido deva estar conformidade. AN02FREV001/REV 4.0 107 Finalmente, a empresa deve determinar quais atividades deverão ser realizadas para “verificar” se o que foi recebido de um fornecedor é o que foi solicitado, ou seja, quais atividades após a compra, durante o recebimento do produto, serão realizadas para verificar se a compra é totalmente satisfatória. Em seguida, tais atividades de verificação devem ser implementadas. A última parte deste requisito possibilita que o cliente faça algum tipo de inspeção ou ensaio nas suas instalações ou nas instalações do fornecedor. A avaliação nas instalações do fornecedor pode ser feita pelo comprador e pelo próprio fornecedor, que deve emitir um documento e enviá-lo junto com o produto. Em qualquer um dos casos os detalhes da verificação a ser feita devem ser definidos e comunicados previamente ao fornecedor para que ele esteja preparado para receber a verificação ou realizá-la. E como implantar este requisito na prática? O primeiro é fazer um levantamento de todos os produtos adquiridos pela organização, depois, por meio de uma análise crítica, identificar aqueles que têm alto impacto na qualidade do produto final. É comum que as empresas nomeiem esses produtos como “críticos”. Este levantamento deve gerar uma lista dos produtos críticos, esta lista deve representar o quanto eles impactam no seu produto. É interessante, mesmo que não obrigatório pela norma, que seja elaborado um procedimento de aquisição, e que a lista de produtos que impactam a qualidade do produto (os chamados produtos “críticos”) esteja associada ao procedimento, assim você poderá definir formas de controle ou regras específicas para grupos de produtos com grau de importância diferenciado. E se o fornecedor na verdade é uma revenda, a organização deve exigir que ele compre adequadamente e forneça conforme a organização exige. Isso quer dizer que o seu fornecedor deverá ter também certo nível de comprometimento com a qualidade. Da mesma forma que os clientes têm exigências e requisitos perante a sua organização, do outro lado o fornecedor da organização deve atender aos requisitos exigidos por ela. É interessante que a organização crie planilhas específicas para este requisito, ou ainda utilize ferramentas disponibilizadas pelos softwares, que permitem, por exemplo, a homologação do fornecedor que atende aos requisitos AN02FREV001/REV 4.0 108 definidos pela empresa. É uma boa prática que a organização tenha as seguintes planilhas ou itens definidos nos softwares de gestão da empresa: pedido de compra, ordem de compra ou requisição de compra que contenha espaço para descrição dos itens acordados antes da compra; lista de fornecedores da organização, com classificação de críticos e não críticos e quais estão homologados, aprovados, qualificados ou não, podeser um cadastro de fornecedores, porém algo que forneça as informações necessárias; formulário de avaliação e reavaliação de fornecedores; formulário de avaliação e aceitação de produto entregue, que pode ser formulário de inspeção e aceitação que evidencie se a avaliação está conforme ou não conforme, e a data e a pessoa que realizou a inspeção. Todas essas planilhas ou próprio software de gestão, depois de utilizados, se tornam registros, e esses registros devem ser mantidos e devem evidenciar se todas as compras estão conforme as especificações. Nada adiantaria especificar os requisitos de aquisição e não avaliar as compras se elas atendem aos requisitos. A medição deve ser a evidência objetiva de que a organização não atende a este requisito. A seguir, o requisito de aquisição conforme apresentado na norma. 7.4 AQUISIÇÃO 7.4.1 Processo de aquisição A organização deve assegurar que o produto adquirido está conforme com os requisitos especificados de aquisição. O tipo e a extensão do controle aplicados ao fornecedor e ao produto adquirido devem depender do efeito do produto adquirido na realização subsequente do produto ou no produto final. A organização deve avaliar e selecionar os fornecedores com base na sua capacidade em fornecer produtos de acordo com os requisitos da organização. Critérios para seleção, avaliação e reavaliação devem ser estabelecidos. Devem ser mantidos registros dos resultados das avaliações e de quaisquer ações necessárias, oriundas da avaliação (ver 4.2.4). 7.4.2 Informações de aquisição As informações de aquisição devem descrever o produto a ser adquirido e incluir, onde apropriado: requisitos para a aprovação de produto, procedimentos, processos e equipamentos; requisitos para a qualificação de pessoal; e requisitos do sistema de gestão da qualidade. A organização deve assegurar a adequação dos requisitos de aquisição especificados antes da sua comunicação ao fornecedor. 7.4.3 Verificação do produto adquirido AN02FREV001/REV 4.0 109 A organização deve estabelecer e implementar a inspeção ou outras atividades necessárias para assegurar que o produto adquirido atende aos requisitos de aquisição especificados. Quando a organização ou seu cliente pretender executar a verificação nas instalações do fornecedor, a organização deve declarar, que as informações de aquisição, as providências de verificação pretendidas e o método de liberação do produto. (ISO 90012008, NORMA). Percebemos o quanto a verificação do produto adquirido é importante. Não basta definir os requisitos, deve ser realizada a inspeção ou outra atividade que assegure que os requisitos estão sendo atendidos. A metodologia de inspeção deve ser definida pela organização, mas é obrigatório assegurar o atendimento aos requisitos, a forma de execução vai ser definida pela necessidade e adequação em cada material adquirido. E se a organização achar necessária a verificação nas instalações do fornecedor, isso deve ser comunicado e planejado, para que as ações de verificação sejam realizadas em conformidade aos requisitos especificados. A organização deve estar atenta aos requisitos e seu atendimento, e as compras devem ter esse mesmo tratamento, pois as aquisições são parte importante do processo produtivo, elas podem influenciar completamente a qualidade do produto final. A norma nos demonstra que comprar matérias-primas de qualquer jeito, sem nenhum critério, com certeza prejudicará a qualidade e padronização do produto final. Por isso, é preciso que a organização tenha o controle sobre o processo de compra. 8 PRODUÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Encerramos o estudo do requisito 7.4 e iniciaremos o estudo do 7.5. Percebemos que planejamos a realização do produto (7.1), fizemos com o cliente os acordos de compra (7.2) e realizamos a compra de insumos e matérias-primas para a realização do produto (7.4) e agora, enfim, vamos realizar o produto (7.5). No requisito 7.5, a norma define que a organização deve controlar as operações de produção e de serviços por intermédio do fornecimento das informações necessárias que definem as características do produto. AN02FREV001/REV 4.0 110 Além disso, a organização deve definir a informação ao pessoal envolvido, o fornecimento dos equipamentos adequados e de dispositivos para medir e monitorar o produto ou o processo e a implementação de processos definidos para a liberação do produto ou do fornecimento de serviço e deve definir a entrega ou atividades pós-entrega. 7.5 PRODUÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO 7.5.1 Controle de produção e prestação de serviço A organização deve planejar e realizar a produção e a prestação de serviços sob condições controladas. Condições controladas devem incluir, quando aplicável: a disponibilidade de informações que descrevam as características do produto; a disponibilidade de instruções de trabalho, quando necessário; o uso de equipamento adequado; a disponibilidade e uso de equipamento de monitoramento e medição; a implementação de monitoramento e medição; e a implementação de atividades de liberação, entrega e pós-entrega do produto. (ISO 90012008, NORMA). No requisito 7.5.2 verificamos que a organização deve provar para si mesma que os processos por ela realizados terão os resultados desejados em casos onde o resultado final não possa ser verificado por meio de alguma forma de atividade de verificação ou monitoria. Portanto, a análise realizada no planejamento do produto, no requisito 7.1, nos trará subsídio se o requisito 7.5.2 é aplicável. Para entendermos este requisito, talvez um dos requisitos que mais as equipes de gestão da qualidade tenham dúvida em sua aplicação, é só lembrarmos que em alguns casos apenas quando o produto está em uso pelo cliente é que teremos a certeza de que ele está conforme com os requisitos. Imagine, por exemplo, uma fábrica de fósforos, uma fábrica de cigarros. Se elas testarem todos os seus produtos então o que os clientes vão receber? Devemos lembrar ainda que este requisito difere da validação realizada no requisito 7.3 durante o projeto. Esta validação se refere ao produto final, quando o mesmo está em vias de ser entregue ao cliente. É comum que as empresas realizem testes ao final da produção antes de liberar o produto, porém os testes nem sempre são aplicados em 100% das unidades. Portanto, o teste de, por exemplo, 10% do lote, passa a ser uma ação de validação do funcionamento de 100% do lote. AN02FREV001/REV 4.0 111 E se voltarmos ao caso do fósforo? O fósforo que foi riscado não será entregue ao cliente, então o teste que eu faço é para validar que o restante dos fósforos não testados atende as especificações dos clientes. No caso da prestação de serviço, este requisito passa a ser mais importante, porque, por exemplo: como testar um atendimento médico antes que o serviço seja utilizado? Não temos como fazê-lo, porém a qualificação do médico, em universidade reconhecida, os anos de residência e toda a sua experiência curricular, além de sua carteira profissional e o registro no Conselho Federal de Medicina validam o serviço para que tenhamos garantia que o serviço oferecido atenderá os requisitos antes que o cliente “paciente” utilize o serviço. Outra sugestão é indicar a confiabilidade do processo de realização do produto por meio da implantação de melhorias e o seu monitoramente. Quando não se pode inspecionar o produto, aquele que vai ser entregue ao cliente (veja a diferença da validação no item 7.3 quando estou validando uma partida piloto, antes da decisão da sua fabricação e não o produto que vai ser entregue ao cliente), existe uma grande possibilidade para a inspeção de o processo ser indicada como uma forma de validação. Nesse caso pode ser inspecionado o equipamento e garantir sempre sua corretamanutenção, podem ser realizados treinamentos e qualificação da mão de obra. Em certos casos a amostragem com ensaios destrutivos pode fornecer uma confiabilidade alta para o processo, garantindo assim maior satisfação do cliente. Um exemplo de ensaio destrutivo são os testes de resistência aplicados a uma amostra de um lote de blocos cerâmicos (tijolos), onde após destruirmos algumas peças dentro do ensaio de resistência, podemos validar que as demais peças possuem a resistência requerida, já que foram fabricadas nas mesmas condições das peças destruídas no ensaio. O mesmo acontece em testes com panelas de pressão, blocos de concreto, telhas, etc. Um salão de beleza só vai conseguir dizer que o produto “corte de cabelo” está ou não conforme após o cliente ter se submetido ao serviço e relatar se gostou ou não. Mas, para liberar o serviço, o salão já tomou todas as medidas para garantir que o profissional que executará o serviço está qualificado – mais uma vez este é um exemplo de validação. AN02FREV001/REV 4.0 112 Nesses casos, o salão pode validar seu processo, verificar se todos os equipamentos estão disponíveis, treinar os funcionários e selecioná-los de forma adequada, realizar simulados de atendimento e registrá-los, verificar se as condições estão adequadas, isso com certeza vai impactar na confiabilidade do serviço e assim pode ser definido como ações que validam a realização do produto ou serviço. E se os testes do seu produto puderem ser feitos antes da utilização pelo cliente? Quando dizemos testes, estamos dizendo em 100% das peças. Então esse requisito pode ser excluído para aquele determinado produto e as verificações intermediárias substituirão esse requisito. As organizações, por vezes, acham soluções únicas para este requisito, porém devemos lembrar que se dentro do escopo temos diversos produtos, pode ser que para um este requisito pode ser exclusão, mas para outro não, então a análise crítica para realização do serviço passa a ser mais uma vez essencial na implantação da norma. Façamos a leitura deste requisito para fecharmos o conceito: 7.5.2 Validação dos processos de produção e prestação de serviços A organização deve validar quaisquer processos de produção e prestação de serviços onde a saída resultante não possa ser verificada por monitoramento ou medição subsequente e, como consequência, deficiências tornam-se aparentes depois que o produto estiver em uso ou o serviço tiver sido entregue. A validação deve demonstrar a capacidade desses processos de alcançar os resultados planejados. A organização deve estabelecer providências para esses processos, incluindo, quando aplicável: critérios definidos para análise crítica e aprovação dos processos; aprovação de equipamento e qualificação de pessoal; uso de métodos e procedimentos específicos; requisitos para registros (ver 4.2.4); e revalidação. (ISO 90012008, NORMA). Após nossos estudos sobre validação, iniciaremos o assunto rastreabilidade, apresentado na norma no requisito 7.5.3. A norma define que, quando apropriado, a organização deve ter meios que torne possível identificar positivamente um produto, em qualquer estágio do processamento, e se possível correlacionar essa identificação com o que foi planejado para o produto, como por exemplo, desenhos, especificações, etc. AN02FREV001/REV 4.0 113 A norma deixa claro que a rastreabilidade deve ser completa tanto para frente, visando determinar quais produtos incorporam certos materiais, como para trás, visando identificar o material que foi utilizado para prover o produto. A norma não define o nível de rastreabilidade, porém cabe à organização identificar junto a outros requisitos, como os do cliente ou requisitos legais, qual o nível exigido da rastreabilidade. O nível de detalhamento da rastreabilidade vai depender, portando, do tipo de indústria, da legislação, da natureza do produto, da política da companhia e até da necessidade do cliente. Softwares e ferramentas como código de barras são meios que podem ser utilizados pela empresa para o atendimento do requisito. A empresa pode realizar simulados de rastreabilidade, exercícios e testes das ferramentas de rastreabilidade, simulando a situação em que poderia ser necessário levantar todos os dados da produção daquele referido lote e ainda para quais clientes ele foi comercializado, ajudam a empresa a identificar falhas ou promover melhorias na ferramenta e principalmente se os meios providos pela empresa para o levantamento dos dados são confiáveis e permitem uma rápida realização do levantamento. Lembrando que é decisão da empresa o nível de detalhamento e o nível de facilidade para que os dados de rastreabilidade sejam conhecidos. A ferramenta deve ser coerente com as necessidades da empresa. Lembrando que quando falamos em rastreabilidade do produto, isso implica também rastreabilidade dos processos realizados, pois isso que vai cooperar com a identificação das falhas para tomada de ações corretivas para promoção da melhoria contínua. Vejamos o requisito na norma. 7.5.3 Identificação e rastreabilidade Quando apropriado, a organização deve identificar o produto por meios adequados ao longo da realização do produto. A organização deve identificar a situação do produto no que se refere aos requisitos de monitoramento e de medição ao longo da realização do produto. Quando a rastreabilidade for um requisito, a organização deve controlar a identificação unívoca do produto e manter registros (ver 4.2.4). Nota: Em alguns setores de atividades, a gestão da configuração é um meio pelo qual a identificação e a rastreabilidade são mantidas. (ISO 90012008, NORMA). AN02FREV001/REV 4.0 114 Atender os requisitos de rastreabilidade do produto permite que a empresa, por exemplo, consiga realizar o recall, isto é, o recolhimento do produto, seja em seus clientes, seja nos clientes dos seus clientes. Um mecanismo de rastreabilidade implantado em uma empresa pode permitir que ela consiga identificar os clientes que receberam tais produtos, e ainda, dentro da organização, em qual etapa do processo se encontra uma ordem de produção, qual foi o fornecedor, quem processou, quais verificações e testes foram feitos. Dependendo do nível de implantação do requisito, a empresa será capaz de identificar um produto desde a matéria-prima até a entrega ao cliente final. Nesse caso, códigos, formulários e metodologias de identificação podem ser desenvolvidos por cada organização para facilitar o processo, ou ainda o uso de softwares de gestão que possibilite essa atividade, conforme já mencionado. Vejamos o exemplo do envio de um produto pelo correio. Após enviar, você receberá um código único, e por meio desse código você pode rastrear o seu produto desde a postagem até a chegada ao destinatário, isso em qualquer momento que decidir realizar este acompanhamento de sua entrega. Esse seria um exemplo do seu cotidiano que exemplifica a rastreabilidade. Se imaginarmos isso dentro de uma linha de produção de uma fábrica de peças automotivas, o código único seria o número de lote daquela peça produzida. Segundo a ISO 9000:2005, a rastreabilidade significa: “Capacidade de recuperar o histórico, a aplicação ou a localização daquilo que está sendo considerado.” O que nos demonstra que tanto o histórico de quem recebeu o produto e com quais processos e materiais este produto foi produzido como também a localização do produto, onde na minha empresa ele se encontra e para quais eles clientes ele foi destinado, é importante quando dizemos que o requisito 7.5.3 está implantado na empresa. Nas organizações em que a segurança do produto é importante esse requisito torna-se ainda mais necessário. Se você produz livros, por exemplo, não existe um risco muito grande de danos ao cliente, por issoa identificação e a rastreabilidade não são tão importantes, porém vão facilitar as análises de não conformidades e a recuperação de informações para gerenciamento e melhoria. Mas na indústria de extintores, alimentos e na de pneus esse requisito torna-se mais importante, porque os produtos possuem requisitos fortes de segurança. AN02FREV001/REV 4.0 115 O recall é o ato de recolher os produtos, para isso, a rastreabilidade é essencial, pois lançar na TV ou no jornal uma nota sobre o recolhimento dos produtos não é suficiente, eu devo ter meios adicionais para chegar ao cliente, e isso só é obtido se eu tiver rastreabilidade dos meus produtos. Convém que a empresa tenha um procedimento de recall, de preferência documentado, para que em caso de recolhimento a organização tenha um método ágil para recolher os produtos, principalmente se o produto a ser recolhido pode ter chance de causar dano ao cliente. Muitas legislações específicas, como as legislações da indústria de alimentos, exigem que este procedimento seja documentado e testado a intervalos planejados. O requisito 7.54 trata da necessidade de realizar controle da propriedade do cliente. Este requisito está relacionado com a capacidade da organização para guardar e cuidar dos produtos ou materiais dos clientes. Requer que sejam estabelecidos e mantidos procedimentos e que o cliente seja informado de qualquer perda ou dano dos mesmos. Um exemplo clássico de propriedade do cliente que a própria norma cita são os dados do cliente. Dados como CPF, RG e demais informações fornecidas à organização devem ser mantidos em sigilo, pois são propriedade do cliente, e só devem ser utilizados para os fins que foram acordados entre o cliente e a organização, por exemplo, a empresa deve ter políticas de senhas, para que apenas empregados autorizados possam acessar estes dados e utilizá-los para os fins determinados. E no caso de vendas a distância, com cartão de crédito, por exemplo? Ou vendas pela internet? Qual o cuidado que a organização tem com esses dados em salvaguardá-los? Outro exemplo de propriedade de cliente são organizações que realizam manutenções de equipamentos e veículos e, para isso, retiram o equipamento ou veículo da empresa ou residência do cliente e levam para a organização para serem reparados. Aquele veículo ou equipamento é a propriedade do cliente, e não deve sofrer danos. Uma boa prática a ser implantada, é o uso de formulários e listas de verificações para avaliar este equipamento ou veículo, no momento de sua retirada no cliente. O uso da lista de verificação permitirá que a organização, junto com o cliente, tenha conhecimento formal das condições em que o veículo ou equipamento AN02FREV001/REV 4.0 116 está sendo entregue à organização que vai repará-lo e consequentemente assegure que as mesmas serão mantidas. Pode ocorrer que em uma organização não seja rotina ter produtos, equipamentos, matérias-primas, que sejam propriedade do cliente, nesses casos esporádicos, é uma boa prática a identificação desses itens como propriedade do cliente, evitando o uso ou dano não intencional. Um exemplo é uma empresa que fabrica rações para animais e o seu cliente solicita que uma matéria-prima especial seja colocada nos produtos que ele vai adquirir, como este produto não é utilizado como rotina na indústria, o cliente concorda em adquirir a matéria-prima e enviá-la à indústria, portanto, isso passa a ser uma matéria-prima de propriedade do cliente que está na indústria, e até o seu uso final, a indústria deve manter e cuidar desta propriedade do cliente nas condições exigidas por ele. No caso de uma construtora, que termina a etapa de colocação de revestimento cerâmico (piso) em uma casa que está sendo construída e já está comercializada, os empregados devem tomar todo cuidado para não riscar ou danificar este revestimento no momento que for construir outros itens da obra, como por exemplo, colocar portas e janelas, pois uma vez realizado e incorporado no imóvel, isso passa a ser propriedade do cliente. A norma ainda definiu que registros devem ser realizados quando a propriedade for perdida, danificada ou considerada inadequada para uso, o cliente deve ser avisado imediatamente do fato. Propriedade do cliente ainda pode ser desde um e-mail com informações confidenciais da organização, projetos, receitas, desenhos, subcomponentes para serem incorporados no produto final. Qual seria o cuidado, por exemplo, de uma empresa que possui a fórmula de um produto de um cliente que tem a sua matriz fora do Brasil, mas terceiriza a sua produção aqui no Brasil? O sigilo e cuidado devem ser definidos inclusive dentro da organização, deve-se definir quem dos empregados poderia ter acesso a este tipo de informação e de que modo seria guardada essa informação. Em uma empresa que presta serviços de manutenção de computadores, dentro da empresa do cliente ou fora dela, qual o cuidado que esta empresa tem com os dados que acessa? Qual o cuidado que a empresa tem para que os dados não sejam perdidos durante a manutenção? AN02FREV001/REV 4.0 117 Nota-se aqui uma relação direta entre o requisito de aquisição 7.4 e o 7.5.4, pois estes requisitos, para cuidar da propriedade do cliente, podem estar definidos durante o processo de aquisição, antes que o fornecedor seja aprovado. Em alguns ramos de negócio este requisito é muito forte, em outros não temos que ter muito cuidado, mas é um requisito que não pode ser excluído, pois como diz a nota do próprio requisito na norma, dados dos clientes são considerados propriedade do cliente, e não há como uma empresa não ter em algum momento esses dados armazenados na empresa. A seguir, vamos fazer a leitura do requisito: 7.5.4 Propriedade do cliente A organização deve ter cuidado com a propriedade do cliente enquanto estiver sob o controle da organização ou sendo usada por ela. A organização deve identificar, verificar, proteger e salvaguardar a propriedade do cliente fornecida para uso ou incorporação no produto. Se qualquer propriedade do cliente for perdida, danificada ou considerada inadequada para uso, a organização deve informar ao cliente este fato e manter registros (ver 4.2.4). NOTA: Propriedade do cliente pode incluir propriedade intelectual e dados pessoais. (ISO 90012008, NORMA). No requisito 7.5.5 trataremos da preservação do produto, vejamos que para se ter a norma implantada a organização deve assegurar que o produto não está danificado ou degradado. Este requisito ressalta a necessidade de proteger o produto ou mesmo o material que vai se tornar produto em todos os estágios da produção e processo de entrega. Nada adianta produzir um produto conforme os requisitos e depois deixá-lo abandonado sem os cuidados e o armazenamento adequados. Este é um requisito a ser implantado principalmente nos almoxarifados e armazéns e ainda nos chamados centros de distribuição (CD), porém sem esquecer a preservação destes produtos ao longo da linha de produção, ou da realização do serviço. Uma empresa que presta serviços de asseio e conservação não tem como preservar o serviço, mas ela deve manter controles sobre a preservação dos produtos por ela utilizados para a realização do serviço. Claro que imaginar a produção de iogurte é muito mais fácil. Então vejamos o processo de produção de iogurte: ao final do seu processo, a última etapa de monitoramento do produto atesta que ele foi produzido conforme o especificado, mantido na temperatura ideal, tanto durante o processo como no seu AN02FREV001/REV 4.0 118 armazenamento; mas a organização identifica que a transportadora terceirizada não possui um transporte com a temperatura ideal para sua preservação, ou seja, preservação das características requeridas para o produto, então é claro que o cliente vai receber o produtoestragado, fora das especificações. Isso ocorrerá sempre que a empresa não verificar as condições de preservação do produto durante todo o processo, até a entrega para o cliente. Outro exemplo é de um laboratório de calibração de equipamentos, que após realizar o serviço de calibração não tem os devidos cuidados em armazenar o equipamento, fazendo com ele perca a calibração devido a danos durante o transporte. Convém que a empresa defina se é necessário implantar controles em relação à preservação do produto, isso baseado no quão crítico isto é para o produto, porém os procedimentos devem estar definidos e cumpridos. Documentar estes procedimentos também é uma decisão da empresa. 7.5.5 Preservação do produto A organização deve preservar o produto durante o processamento interno e entrega no destino pretendido, afim de manter a conformidade com os requisitos. Quando aplicável, a preservação deve incluir identificação, manuseio, embalagem, armazenamento e proteção. A preservação também deve ser aplicada às partes integrantes de um produto. (ISO 90012008, NORMA). O requisito 7.6 trata de calibração relacionada a dispositivos de medição e monitoramento, pois é necessário garantir que quaisquer dispositivos ou equipamentos de medição e monitoramento não sejam somente adequados para o uso, mas também verificados periodicamente para assegurar que se mantêm da maneira adequada para sua respectiva finalidade (calibração). Todos os equipamentos de inspeção, medição ou ensaio devem ser adequados para a utilização pretendida, devem ser corretamente mantidos para que estejam completamente adequados ao uso e devem estar corretamente ajustados de forma que as leituras indicadas sejam precisas dentro de uma incerteza conhecida. Os requisitos desta cláusula são extensos, vamos explicá-los então. A organização deve avaliar a validade dos resultados anteriores caso um equipamento esteja fora dos limites quando for calibrado. Sendo que a norma cita um AN02FREV001/REV 4.0 119 requisito adicional para o controle que se deve ter sobre os softwares. Softwares que fazem a medição dos produtos devem ser calibrados, seja internamente, com ferramentas do próprio software, com uso de padrões ou ainda com testes externos. A medição é parte fundamental para garantir a conformidade do produto, assim torna-se necessário controlar os equipamentos usados na medição e monitoramento. A precisão da medição deve ser definida e controlada a intervalos planejados, dependendo do grau de utilização desses equipamentos e das condições de uso dos mesmos. É preciso manter registros da calibração, e essas calibrações quando externas devem ser feitas em empresas – prestadores de serviços de calibração credenciados na Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou que utilizem padrões oriundos de empresas credenciadas na RBC. Para saber quais empresas são credenciadas acesse o link <http://www.inmetro.gov.br/infotec/redecalibracao.asp>. Essa calibração deve acontecer a intervalos planejados, sendo importante a organização definir o período ideal entre essas medições, ou de acordo com as próprias exigências do equipamento. Esses intervalos serão impactados principalmente pela frequência no uso do equipamento; quanto maior o uso, menor tende a ser o intervalo de calibração. Calibrações não planejadas deverão ocorrer quando for necessário, quando, por exemplo, o equipamento for danificado, ajustado e vai voltar à empresa para ser utilizado, antes disso o equipamento deve ser calibrado. E medidas devem ser tomadas pela organização caso os resultados anteriores foram medidos com equipamento de medição sem a precisão necessária, que necessitavam de ajustes, a organização deverá tomar as devidas providências, o grau de complexidade e importância da ação vai depender do dano ou grau de impacto gerado pelo erro. Neste fato, o requisito 7.5.3, de rastreabilidade, torna-se essencial, pois vai permitir identificar quais produtos/serviços foram medidos com equipamento impreciso. Em uma indústria, por exemplo, este requisito pode ser mais importante do que para uma empresa de consultoria, podendo até ser excluído. AN02FREV001/REV 4.0 120 O INMETRO é o órgão central nesse requisito e a RBC fornece a lista com os laboratórios. De acordo com as características do seu produto, esse requisito vai ser muito importante e um procedimento específico poderá ser criado. Existem empresas especializadas em calibração que podem inclusive auxiliar a organização a estabelecer um programa de calibrações, que inclui a montagem do cronograma, a realização de verificações, o uso de padrões, etc. 7.6 CONTROLE DE EQUIPAMENTO DE MONITORAMENTO E MEDIÇÃO A organização deve determinar o monitoramento e a medição a serem realizados e o equipamento de monitoramento e medição necessário para fornecer evidencias da conformidade do produto com os requisitos determinados. A organização deve estabelecer processos para assegurar que a medição e monitoramento possam ser realizados e sejam executados de maneira consistente com os requisitos de monitoramento e medição. Quando for necessário assegurar resultados válidos, o equipamento de medição deve: ser calibrado ou verificado, ou ambos, a intervalos especificados, ou antes do uso, contra padrões de medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou nacionais; quando esse padrão não existir, a base usada para calibração ou verificação deve ser registrada (ver 4.2.4); ser ajustado ou reajustado, quando necessário; ter identificação para determinar sua situação de calibração; ser protegido contra ajustes que invalidariam o resultado da medição; ser protegido contra dano e deterioração durante o manuseio, manutenção e armazenamento. Adicionalmente, a organização deve avaliar e registrar a validade dos resultados de medições anteriores quando constatar que o equipamento não está conforme os requisitos. A organização deve tomar ação apropriada no equipamento e em qualquer produto afetado. Registros dos resultados de calibração e verificação devem ser mantidos (ver 4.2.4). Quando o programa de computador for usado no monitoramento e medição de requisitos especificados, deve ser confirmada a sua capacidade para atender à aplicação pretendida. Isso deve ser feito antes do uso inicial e reconfirmado se necessário. NOTA: A confirmação da capacidade do programa de computador para atender à aplicação pretendida incluiria, tipicamente, sua verificação e gestão da configuração para manter sua adequação ao uso. (ISO 90012008, NORMA). FIM DO MÓDULO VI
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