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Para mais resumos: gg.gg/ricpassei DPOC A DPOC, doença pulmonar obstrutiva crônica, existe pela associação de duas outras condições, o enfisema e a bronquite crônica, que ocorrem de modo concomitante em tabagistas. Enfisema O enfisema pulmonar é definido como a dilatação irreversível dos ácinos pulmonares, acompanhada por destruição dos septos alveolares sem fibrose evidente. Um ácino pulmonar compreende o bronquíolo respiratório, ductos, sacos alveolares e alvéolos associados. De outro modo, um lóbulo pulmonar é o conjunto de três a cinco bronquíolos terminais e seus ácinos. Classificação O enfisema é classificado de acordo com sua distribuição anatômica pelo lóbulo. Enfisema centroacinar (centrolobular) Nesse tipo, que compreende 95% dos casos, maioria dos tabagistas, as partes centrais ou proximais dos ácinos são afetadas, enquanto alvéolos distais são poupados. Enfisema panacinar (panlobular) Esse tipo é associado comumente à deficiência de α1-antitriprisina, onde os ácinos encontram-se uniformemente aumentados, desde o bronquíolo respiratório até os alvéolos distais. Enfisema acinar distal (parasseptal) Nessa forma, o acometimento ocorre nas partes distais, sendo mais notável em áreas de fibrose, cicatrização ou atelectasia, sendo associado ao pneumotórax espontâneo em jovens adultos. Enfisema irregular Os ácinos estão envolvidos de forma irregular, quase sempre associado à cicatrização. Patogênese A inalação prolongada da fumaça do cigarro e de outros poluentes iniciam o processo inflamatório pulmonar, que pode evoluir para o enfisema; essa evolução depende de fatores: Mediadores inflamatórios As substâncias da fumaça do cigarro induzem a secreção de diversos mediadores pró-inflamatórios, que atuam iniciando o recrutamento de células inflamatórias (IL-8, TNF-α e LTB4). Desequilíbrio protease-antiprotease É o fator principal do enfisema; o fluido que reveste o epitélio respiratório é rico em antiproteases, principalmente a α1- antitriprisina; quando células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos) e epiteliais iniciam a secreção de proteases, principalmente elastases e metaloproteinases, de modo a superar o equilíbrio das antiprotease, ocorre a destruição do parênquima alveolar. Um importante aspecto genético a ser considerado é a deficiência de α1-antitriprisina, que constitui maior facilidade ao dano sob os ácinos. Estresse oxidativo Os agentes agressores inalados, os danos teciduais e as células inflamatórias recrutadas produzem oxidantes, que amplificam a lesão tecidual. Aspectos morfológicos Macroscópicos Os pulmões apresentam aumento de volume significativo, com presença de bolhas nas margens e na região apical. O órgão é pálido e se torna praticamente inelástico. Sob superfície de corte, notam-se cavidades resultantes da dilatação dos ácinos, podendo se classificar o tipo de enfisema. Em fumantes, focos de antracose estão associados. Asma e DPOC (enfisema e bronquite crônica) Doenças pulmonares obstrutivas Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Microscópicos O principal achado é a destruição da parede alveolar, resultando em septos delgados ou inexistentes, com dilatação permanente dos ácinos. Em associação com a bronquite, nota-se obstrução da luz bronquiolar por tampões de muco e exsudato inflamatório. Aspectos clínicos A dispneia (insuficiência respiratória) é o sintoma primário do enfisema, progredindo gradualmente. Tosse e sibilos podem ser encontrados e confundidos com asma. Sob exame físico, o paciente apresenta tórax em barril e senta-se curvado para a frente; a perda de peso é comum e pode ser severa. O diagnóstico diferencial ocorre na espirometria, com baixo FEV1 (volume expiratório). Na DPOC, a predominância do enfisema é manifestada pelo aumento da FR (frequência respiratória), dispneia alta e hipercapnia; pacientes são denominados sopradores rosados (“pink puffer”). A complicação principal é a cor pulmonale, quando uma pneumopatia provoca hipertensão pulmonar compensatória, que leva à insuficiência ventricular direita (causa hipertrofia). Bronquite crônica A bronquite crônica é definida na clínica como tosse persistente produtiva, por no mínimo três meses em pelo menos 2 anos consecutivos. A etiologia da bronquite crônica é diretamente ligada a inalação de agentes irritantes, como a fumaça do tabaco e poluentes atmosféricos. Patogênese A exposição prolongada aos agentes irritantes desencadeia inflamação das vias aéreas e do parênquima pulmonar, que pode ser dividida em dois componentes: Hipersecreção de muco É a característica mais precoce e se inicia nas grandes vias aéreas, associada a hipertrofia das glândulas submucosas; com o tempo, também atinge as pequenas vias aéreas através da hiperplasia de células caliciformes. Acredita-se que essas duas alterações celulares constituam reações protetoras contra os agentes irritantes. Componente celular A irritação do tecido respiratório promove o recrutamento das células inflamatórias: Linfócitos: predominam os linfócitos T CD8+, de modo que a limitação do fluxo aéreo esteja diretamente relacionada com o número de linfócitos; acredita-se que a ação linfocitária promove a lesão do parênquima pulmonar e o recrutamento de neutrófilos Macrófagos: localizam-se nas regiões de destruição das paredes alveolares, além de promoverem a quimiotaxia de neutrófilos (IL-8 e TNF-α) Neutrófilos: a gravidade da doença está relacionada com o aumento de número de neutrófilos, que possuem importante papel na hipersecreção de muco Células epiteliais: promovem tanto o recrutamento de células inflamatórias, como o remodelamento das vias aéreas (fibrose) pela secreção de TGFβ e EGF Aspectos morfológicos Macroscópicos Podemos observar um espessamento da parede da árvore brônquica e acúmulo de secreção mucinosa ou mucopurulenta nas vias aéreas. Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Microscópicos Histologicamente, as vias aéreas apresentam: hipersecreção de muco, hipertrofia das glândulas submucosas, hiperplasia das células caliciformes e acúmulo de secreção; em fumantes, a antracose também pode ser encontrada. O resultado é a formação de tampões formados por muco, inflamação e fibrose; em casos severos, ocorre obliteração total da luz do bronquíolo (bronquiolite obliterante) O índice de Reid avalia a hipersecreção de muco através desses parâmetros: é a relação entre a espessura da camada das glândulas mucosas e a espessura da parede entre o epitélio e a cartilagem. Um achado comum em casos graves é a metaplasia escamosa, com perda das células ciliadas. Aspectos clínicos O sintoma cardinal da bronquite crônica é a tosse persistente e produtiva, com presença de sibilo e estertores crepitantes sob auscultação pulmonar; após anos de persistência dos sintomas, surge leve dispneia aos esforços. Na DPOC, a predominância da bronquite caracteriza o tossidor azul (“blue bloater”), que manifesta hipercapnia, hipoxemia e cianose leve com policitemia. As complicações incluem maior susceptibilidade a infecções, pelo acúmulo de secreções, e cor pulmonale. Asma A asma é um distúrbio inflamatório crônico de origem imunológica, caracterizada por episódios reversíveis de hiper- reatividade brônquica (broncoconstrição inflamatória) e hipersecreção de muco. A asma existe em duas formas clássicas: Atópica: quando há evidências de sensibilização a antígenos específicos, geralmente em indivíduos com história familiar e que também apresentam eczema e rinite alérgica. Não atópica: quando não se identificam alérgenos, geralmente sem história familiar de asma. Entretanto, também existem a asma induzida por medicamentos (como aspirina e outros AINEs) e asma ocupacional (quese manifesta em trabalhadores com contato direto a alérgenos). Nas várias formas da asma, os agentes etiológicos parecem ser diversos, como infecções respiratórias, poluentes atmosféricos, fumaça, frio, estresse e exercício físico. Epidemiologia A asma é uma doença de sociedades industrializadas, onde a maioria das pessoas vive em cidades, em constante contato com poluentes e alérgenos. A asma pode ser desenvolvida em qualquer fase da vida, porém é mais comum abaixo dos 25 anos. Enquanto na infância é mais prevalente em meninos, após a puberdade sua frequência em meninas aumenta discretamente. Cerca de 5% dos asmáticos apresentam quadros de difícil controle e refratários ao tratamento comum (asma grave). Etiopatogênese Na asma atópica, pessoas com predisposição genética inalam alérgenos (pó doméstico, pelos de animais, pólen, alimentos, etc.) que são capturados por células dendríticas na mucosa respiratória. Ocorre, então, a apresentação do antígeno a linfócitos T, induzindo uma resposta Th2; a partir disso, a produção de IL-5 atrai eosinófilos, enquanto a IL-4 induz a síntese de IgE, que recobrem a superfície de mastócitos. Surge assim uma reação de hipersensibilidade do tipo I: quando mastócitos revestidos por IgE são expostos ao alérgeno, ocorre degranulação e liberação de histamina e leucotrienos, que causam broncoconstrição, aumento da permeabilidade vascular e aumento da produção de muco (reação imediata em minutos). Horas depois da crise aguda, uma nova crise com maior broncoconstrição, edema e produção de muco pode ressurgir (reação tardia). Portanto, a inflamação das vias aéreas resulta na obstrução brônquica, que é provocada por dois estímulos: Redução do lúmen: ocorre pelo acúmulo de muco e edema das camadas mucosa e submucosa Broncoconstrição: causada por múltiplas substâncias pró-inflamatórias Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Aspectos morfológicos Macroscopia Em pacientes comuns, é possível notar presença de secreção espessa obstruindo brônquios e bronquíolos. Pacientes que falecem com asma grave (mal asmático) apresentam hiperinsuflação pulmonar, através do aumento da complacência. Microscopia Os achados incluem: secreção abundante na luz das vias respiratórias associado a hipertrofia glandular, descamação epitelial, espessamento fibrótico da membrana basal, edema da camada submucosa, hipertrofia da musculatura lisa e infiltrado inflamatório de neutrófilos e eosinófilos. O conjunto desses fatores, associados a cronicidade da doença, dão origem ao remodelamento das vias aéreas. Aspectos clínicos Uma crise aguda de asma pode durar várias horas, embora os sintomas cardinais de pressão torácica, dispneia, sibilos e tosse permaneçam presentes constantemente em menor intensidade. Na forma mais severa, o estado de mal asmático, a crise persiste por dias ou semanas, podendo causar uma obstrução tão extrema que resulta em óbito. O diagnóstico é baseado em alguns aspectos: obstrução do fluxo aéreo, dificuldade na exalação (expiração prolongada com sibilos), eosinofilia e espirais de Curschmann (muco condensado em fibrilas) e cristais de Charcot-Leyden (degeneração das fosfolipase de eosinófilos) no escarro. Enfisema Classificação Patogênese Aspectos morfológicos Aspectos clínicos Bronquite crônica Patogênese Aspectos morfológicos Aspectos clínicos Asma Epidemiologia Etiopatogênese Aspectos morfológicos Aspectos clínicos
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