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Indaial – 2019 Técnicas e PlanejamenTo e GesTão da Produção na consTrução civil Prof.ª Laura Silvestro 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Laura Silvestro Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SI587t Silvestro, Laura Técnicas e planejamento e gestão da produção na construção civil. / Laura Silvestro. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 216 p.; il. ISBN 978-85-515-0365-2 1. Gestão da produção na construção civil. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658 III aPresenTação O elevado grau de competitividade e a busca pela excelência das empresas no que tange à gestão e planejamento na Indústria da Construção Civil, um setor com características únicas que as diferenciam dos demais setores de produção, demanda a otimização da utilização de recursos e do tempo despendido na execução das atividades. Para isso, é de fundamental importância a realização de um planejamento adequado e condizente com as características específicas de cada obra, bem como o acompanhamento das atividades executadas em relação às previstas, o que possibilitará, nos casos necessários, a adoção de medidas corretivas para que o desempenho do projeto seja adequado e atinja os objetivos previamente estabelecidos, demandando habilidades e conhecimentos em gestão. Isto posto, este livro didático tem como objetivo abordar os principais assuntos referentes às técnicas de planejamento e gestão da produção na Construção Civil. O livro em questão é composto por três unidades que serão descritas brevemente a seguir. A Unidade 1 aborda as funções da administração, sendo estas, planejamento, organização, direção e controle, os conceitos da função de produção e do modelo de transformação de inputs em outputs; as principais abordagens de trabalho existentes ao longo do tempo e, por fim, as leis e normas pertinentes à atividade profissional de engenheiro civil, visando nortear o profissional no que diz respeito à importância do conhecimento, do cumprimento e das restrições impostas por estas legislações. A Unidade 2 apresenta as principais diretrizes para o planejamento e dimensionamento das áreas de vivência dos canteiros de obras; os diferentes tipos de documentos que compõe um projeto como um todo e as diretrizes para a elaboração de orçamentos e levantamento de quantitativos de materiais. A Unidade 3 descreve os principais métodos para o controle de custos em obras, dentre os quais destaca-se a curva S e o método do valor agregado; os métodos para a programação e controle de obras; o sistema de informações gerenciais, composto pelas etapas de coleta de dados de entrada, processamento dos dados, informações de saída e uma etapa final de feedback e, por fim, os principais sistemas de gestão da qualidade e de certificação de obras na construção civil. Prof.ª Laura Silvestro IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................................ 1 TÓPICO 1 – AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO ....................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................ 4 2.1 PLANEJAMENTO ........................................................................................................................... 4 2.2 ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................................. 10 2.2.1 Estrutura organizacional ....................................................................................................... 11 2.2.2 Estrutura vertical .................................................................................................................... 12 2.2.3 Direção .................................................................................................................................... 16 2.2.4 Controle .................................................................................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ........................................................................ 25 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25 2 MODELO DE TRANSFORMAÇÃO ................................................................................................. 25 3 TIPOS DE OPERAÇÕES DE TRANSFORMAÇÃO ...................................................................... 26 3.1 VOLUME DE OUTPUT ................................................................................................................. 27 3.2 VARIEDADE DE OUTPUT ............................................................................................................ 27 3.3 VARIAÇÃO DA DEMANDA DE OUTPUT ............................................................................... 28 3.4 GRAU DE CONTATO COM O CONSUMIDOR ENVOLVIDO NA PRODUÇÃO DO OUTPUT ............................................................................................................................................ 29 3.5 ATIVIDADES DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ......................................................... 30 3.6 MODELO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ............................................................... 31 3.7 OBJETIVOS DE DESEMPENHO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO ................................................. 32 3.7.1 Qualidade................................................................................................................................. 32 3.7.2 Rapidez ....................................................................................................................................34 3.7.3 Confiabilidade ........................................................................................................................ 34 3.7.4 Flexibilidade ........................................................................................................................... 35 3.7.5 Custo ........................................................................................................................................ 38 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .............................................................................. 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 OBJETIVOS DO PROJETO DE TRABALHO ................................................................................. 44 2.1 QUALIDADE.................................................................................................................................... 45 2.2 RAPIDEZ .......................................................................................................................................... 45 2.3 CONFIABILIDADE ........................................................................................................................ 46 2.4 FLEXIBILIDADE ............................................................................................................................. 46 2.5 CUSTO .............................................................................................................................................. 46 2.6 SAÚDE E SEGURANÇA ............................................................................................................... 47 sumário VIII 2.7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ................................................................................. 47 2.8 ABORDAGENS PARA O PROJETO DE TRABALHO ............................................................... 48 2.8.1 Divisão do trabalho ................................................................................................................ 49 2.8.2 Administração científica ....................................................................................................... 51 2.8.3 Ergonomia ................................................................................................................................ 52 2.8.4 Abordagens comportamentais ............................................................................................. 53 2.8.5 Empowerment ......................................................................................................................... 54 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 56 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57 TÓPICO 4 – LEGISLAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBRAS DE EDIFICAÇÃO .................................................................................................................... 61 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61 2 LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................................................................... 61 2.1 LEI Nº 5.194 – REGULA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE ENGENHEIRO ..................... 62 2.2 LEI Nº 6.496 – RESPONSABILIDADE TÉCNICA ....................................................................... 62 3 PARCELAMENTO E USO DO SOLO .............................................................................................. 62 3.1 LEI N˚ 6.766 – DISPÕE SOBRE O PARCELAMENTO DO SOLO URBANO ......................... 62 3.2 LEI N˚ 6.063 – DO ESTADO DE SANTA CATARINA ............................................................... 63 4 CÓDIGO DE OBRAS .......................................................................................................................... 64 5 PLANO DIRETOR ................................................................................................................................ 64 6 LEI DAS INCORPORAÇÕES E CONDOMÍNIOS ........................................................................ 65 6.1 LEI N˚ 4.591 – CONDOMÍNIOS EM EDIFICAÇÕES E INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS ................................................................................................................................ 65 6.2 ABNT NBR 12.721 – AVALIAÇÃO DE CUSTOS UNITÁRIOS DE CONSTRUÇÃO PARA INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA E OUTRAS DISPOSIÇÕES PARA CONDOMÍNIOS EDILÍCIOS ......................................................................................................................................... 65 7 LICITAÇÕES ......................................................................................................................................... 66 7.1 LEI N˚ 8.666 – NORMAS PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................................... 66 7.2 DECRETO N˚ 7.983 – ESTABELECE REGRAS E CRITÉRIOS PARA A ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA DE OBRAS PÚBLICAS ......................................................................................................................................... 67 8 CONDIÇÕES DE TRABALHO .......................................................................................................... 67 8.1 NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO ................................................................................................................................ 68 8.2 NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO ........................................................................................................ 68 9 MEIO AMBIENTE ............................................................................................................................... 68 9.1 LEI N˚ 6.938 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................... 69 9.2 RESOLUÇÃO CONAMA N˚ 001 - EIA E RIMA ......................................................................... 69 9.3 RESOLUÇÃO CONAMA N˚ 307 – GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL..... 70 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 75 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76 UNIDADE 2 – TÉCNICAS E PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................................ 77 TÓPICO 1 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO CANTEIRO DE OBRAS .................. 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 DEFINIÇÃO DE CANTEIRO DE OBRAS ....................................................................................... 80 IX 2.1 DEFINIÇÃO DO PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS ......................................... 80 2.2 TIPOS DE CANTEIROS ................................................................................................................. 812.3 PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS ........................................................................ 82 2.3.1 Análise preliminar .................................................................................................................. 83 2.3.2 Diretrizes para a definição dos arranjos físico e detalhado .............................................. 85 2.3.3 Cronograma de implantação do layout ............................................................................... 86 2.4 INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS ................................................................................................... 86 2.4.1 Tipologia das instalações provisórias .................................................................................. 87 2.4.2 Dimensionamento das instalações provisórias .................................................................. 88 2.4.3 Armazenagem e estocagem de materiais ............................................................................ 91 2.4.4 Elevador de carga ................................................................................................................... 92 2.4.5 Grua ......................................................................................................................................... 92 2.4.6 Elevador de passageiros ........................................................................................................ 92 2.5 ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS .............................. 93 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 94 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95 TÓPICO 2 – O PROJETO ....................................................................................................................... 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 TERMO DE REFERÊNCIA ................................................................................................................ 101 3 ESTUDO PRELIMINAR ...................................................................................................................... 102 4 ANTEPROJETO..................................................................................................................................... 102 5 PROJETO BÁSICO ............................................................................................................................... 103 6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ........................................................................................................... 103 7 PROJETO EXECUTIVO ...................................................................................................................... 103 8 DETALHAMETO DO PROJETO ...................................................................................................... 103 9 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ........................................................................................................ 104 10 MEMORIAL DESCRITIVO ............................................................................................................. 105 11 CADERNO DE ENCARGOS ............................................................................................................ 105 12 LIVRO DE ORDEM ........................................................................................................................... 106 13 MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO ................................................................ 106 14 PROJETO LEGAL ............................................................................................................................... 107 15 RIMA ..................................................................................................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 108 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 109 TÓPICO 3 – ORÇAMENTOS PARA OBRAS DE EDIFICAÇÕES ................................................ 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111 2 GRAUS DO ORÇAMENTO .............................................................................................................. 112 2.1 ESTIMATIVA DE CUSTOS ............................................................................................................ 112 2.2 ORÇAMENTO PRELIMINAR ....................................................................................................... 114 2.3 ORÇAMENTO ANALÍTICO OU DETALHADO ....................................................................... 114 3 LEVANTAMENTO DE QUANTIDADES ........................................................................................ 114 3.1 DIMENSÕES ..................................................................................................................................... 115 3.2 DEMOLIÇÃO .................................................................................................................................. 115 3.3 FÔRMA ............................................................................................................................................ 116 3.4 ARMADURA ................................................................................................................................... 116 3.5 ALVENARIA ................................................................................................................................... 118 3.6 PINTURA ......................................................................................................................................... 121 3.7 COBERTURA ................................................................................................................................... 121 3.8 PERDAS ............................................................................................................................................. 122 4 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS UNITÁRIOS .................................................................................... 123 X 4.1 PRODUTIVIDADE ......................................................................................................................... 125 5 CÁLCULO DO BDI .............................................................................................................................. 129 6 CURVA ABC........................................................................................................................................... 132 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 134 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 139 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 140 UNIDADE 3 – CONTROLE DE CUSTOS E OBRAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS E DE QUALIDADE ........................................................................... 143 TÓPICO 1 – CONTROLE DE CUSTOS NAS OBRAS DE EDIFICAÇÃO ................................... 145 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 145 2 ANÁLISE DE CONFORMIDADE .....................................................................................................146 2.1 EVOLUÇÃO DO DESEMPENHO ................................................................................................ 147 2.1.1 Curva S ..................................................................................................................................... 147 2.1.2 Análise do valor agregado ..................................................................................................... 150 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 161 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 162 TÓPICO 2 – PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE OBRAS .......................................................... 163 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 163 2 IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES – ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP) .................................................................................................................................... 163 2.1 DURAÇÃO DAS ATIVIDADES .................................................................................................... 166 2.2 PRECEDÊNCIA DAS ATIVIDADES ............................................................................................. 167 2.3 DIAGRAMA DE GANTT ............................................................................................................... 169 2.4 DIAGRAMA DE REDE PERT/CPM .............................................................................................. 170 2.4.1 Método das flechas ................................................................................................................ 170 2.4.2 Método dos blocos ................................................................................................................. 172 2.4.3 Caminho crítico ....................................................................................................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 178 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 179 TÓPICO 3 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS ....................................................... 181 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 181 2 FLUXO DE INFORMAÇÕES ............................................................................................................. 182 2.1 SUBSISTEMAS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO ............................................................ 182 2.1.1 Entrada .................................................................................................................................... 183 2.1.2 Processamento ........................................................................................................................ 184 2.1.3 Saída.......................................................................................................................................... 184 2.1.4 Feedback ................................................................................................................................. 185 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............................................................................................ 186 2.2.1 Hardware ................................................................................................................................. 186 2.2.2 Software .................................................................................................................................... 186 2.2.3 Banco de dados ...................................................................................................................... 187 2.2.4 Telecomunicação .................................................................................................................... 187 2.2.5 Tecnologia da informação na construção civil .................................................................. 187 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 189 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 190 TÓPICO 4 – SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO .......................... 193 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 193 XI 2 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE .................................................................................. 193 2.1 CICLO PDCA ................................................................................................................................... 194 2.2 CONCEITO KAIZEN ....................................................................................................................... 195 2.3 DIAGRAMA ESPINHA DE PEIXE ............................................................................................... 196 2.4 ISO 9000 ............................................................................................................................................ 197 2.5 ISO 14001 ........................................................................................................................................... 198 2.6 PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO HABITAT (PBQP-H) ........................................................................................................................ 198 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 200 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 205 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 206 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 207 1 UNIDADE 1 TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os principais conceitos de administração; • compreender as quatro funções do processo administrativo e os funda- mentos da administração visando à aplicação na construção civil; • definir a função produção e a sua importância dentro de uma organização; • introduzir os conceitos associados ao modelo de transformação; • compreender os objetivos da função produção sob o aspecto da constru- ção civil; • conhecer as características das principais abordagens do projeto de trabalho; • informar as legislações pertinentes ao engenheiro civil, relacionadas à profissão, ao parcelamento e uso do solo, às incorporações e condomí- nios; às licitações de obras públicas, às condições de trabalho na indústria da construção civil e ao meio ambiente. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo. TÓPICO 1 – AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO TÓPICO 4 – LEGISLAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE OBRAS DE EDIFICAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 1 INTRODUÇÃO A administração, tal como conhecemos hoje, é resultado histórico e integrado de inúmeros precursores. Referências históricasmostram que conceitos administrativos de mais de 1.200 a.C. ainda são aplicados no nosso dia a dia. Acredita-se que a origem da administração data de 5000 a.C., quando os sumerianos aplicavam a arte de administrar para a resolução de problemas práticos do dia a dia. Desde então, diversas áreas do conhecimento humano têm contribuído para o delineamento da administração ao longo dos anos, dentre as quais se destaca a filosofia, com contribuições de filósofos como Platão, Aristóteles, René Descartes e Jean-Jacques-Rousseau (ROSSÉS, 2014). Rossés (2014) menciona que a Igreja Católica Romana e as Organizações Militares tiveram papel fundamental do ponto de vista de contribuições para o entendimento das organizações e da administração em si. Chiavenato (2009) destaca a importância da Administração em áreas como a medicina, engenharia e tecnologia em geral, uma vez que possibilita que os resultados destas áreas sejam transmitidos a fim de serem devidamente projetados, desenvolvidos, produzidos, comercializados e entregues como produto ou serviço por meio das organizações para o consumidor final. Na área de Engenharia Civil, o engenheiro deve apresentar as seguintes competências: gerenciar recursos humanos e materiais, cumprir prazos, atingir níveis de qualidade estipulados por norma e pelo cliente, ter controle financeiro dos gastos e recursos, atender ao cronograma da obra, dentre inúmeras outras competências, todas baseadas em princípios da Administração. A palavra administração tem sua origem ligada ao latim ad (direção para, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), e significa a função que se desenvolve sob o comando de outro. NOTA UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 4 2 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO Maximiano (2000) defi ne administração como um processo de tomar decisões e realizar ações que compreendem quatro funções básicas. Neste contexto, o processo administrativo é composto das funções administrativas: planejamento, organização, controle e direção, conforme apresentado na Figura 1. Esse processo é cíclico, dinâmico e interativo. Nos subitens a seguir, cada uma das quatro funções administrativas, mencionadas anteriormente, serão abordadas com mais detalhes. FIGURA 1 - INTERAÇÃO DAS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) 2.1 PLANEJAMENTO O planejamento é a função administrativa que defi ne os objetivos, bem como as atividade e recursos necessários para alcançá-los adequadamente, levando em consideração a viabilidade e a aceitação pelos gerentes e funcionários da organização. “Signifi ca estabelecer planos, métodos e processos que irão guiar as ações e os objetivos da organização, eliminando o empirismo e palpites das decisões administrativas” (ROSSÉS, 2014, p. 21). Para Maximiano (2000), o processo de planejamento é a ferramenta que as pessoas e organizações utilizam para administrar sua relação com o futuro. É uma aplicação do processo decisório, refl etindo como as decisões visam infl uenciar o futuro, ou como serão postas em prática no futuro. Essa função administrativa está intrinsicamente relacionada com a defi nição de planos, os quais facilitam o alcance das metas e objetivos por parte das organizações, além de contribuírem para (CHIAVENATO, 2009): TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 5 • defi nição dos recursos necessários para alcançar os objetivos organizacionais; • integração dos vários objetivos a serem alcançados em um esquema organizacional que facilita a coordenação; • dar racionalidade ao processo administrativo e permitir que as pessoas trabalhem em diferentes atividades para alcançar objetivos em comum; • o monitoramento contínuo do atendimento dos objetivos defi nidos em relação a padrões e indicadores pré-estabelecidos, permitindo o estabelecimento de ações corretivas quando o desempenho da organização não é satisfatório. O processo de planejamento é composto por seis etapas, as quais se encontram apresentadas na Figura 2. Inicialmente é necessária a defi nição dos objetivos que a organização pretende alcançar. Estes objetivos servirão de direção para os planos a nível departamental e em nível operacional. Posteriormente, deve- se verifi car a situação atual da organização em relação aos objetivos pré-defi nidos, para que se possa determinar as ações e os recursos que deverão ser aplicados para o atendimento. A terceira etapa consiste em desenvolver premissas quanto às condições futuras da organização, ou seja, quais os ambientes esperados para os planos em operação. Essa etapa é de fundamental importância, uma vez que consiste em gerar cenários alternativos para os estados futuros da organização, além de permitir a antecipação de eventuais problemas, bem como identifi car ações que podem contribuir para o progresso em direção aos objetivos. A quarta e quinta etapas englobam a análise das alternativas de ação e a defi nição de qual ação é a mais adequada e viável para o cumprimento das metas e objetivos. Por fi m, a sexta etapa consiste em implementar o plano de ação adotado, avaliar os resultados obtidos e, se necessário, tomar ações corretivas no sentido de melhorar o desempenho da organização (CHIAVENATO, 2009). FIGURA 2 - ETAPAS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) Dependendo da abrangência e do impacto que têm sob a organização, o planejamento pode ser classifi cado em três níveis principais, sendo estes: estratégico, tático e operacional. No Quadro 1 são apresentadas as principais características de cada um dos tipos de planejamento. Enquanto o planejamento estratégico engloba a organização toda, tem um conteúdo mais genérico e tem uma visão a longo prazo, o planejamento operacional tem o foco nas operações individuais, possui um grande nível de detalhamento e tem uma visão de curto UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 6 prazo. Já o planejamento tático encontra-se entre os dois tipos de planejamento anteriormente citados. Isto posto, a seguir, cada um dos níveis do planejamento será abordado com maiores detalhes. Tipo de planejamento Nível organizacional Conteúdo Tempo Amplitude Estratégico Institucional Genérico e sintético Longo prazo Foco na organização como um todo Tático Intermediário Menos genérico e mais detalhado Médio prazo Foco na unidade organizacional Operacional Operacional Detalhado e analítico Curto prazo Foco na operação QUADRO 1 – OS TRÊS NÍVEIS DO PLANEJAMENTO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) O planejamento estratégico define os objetivos de toda a organização e sua relação pretendida com o ambiente. Estabelece os produtos e serviços que a organização pretende oferecer, e os mercados e clientes a que pretende atender. Este tipo de planejamento busca responder a questões básicas, como: por que a organização existe? O que ela faz? Como ela faz? Qual é a sua missão? Qual é a sua visão? E seus valores? Estudar a missão de uma organização é uma das principais tarefas no desenvolvimento de um plano estratégico. A missão determina o propósito e razões para a existência da organização, com foco na sua utilidade para os clientes. Para a definição da missão, devem ser respondidas a algumas perguntas básicas (MAXIMIANO, 2000): • Qual é a situação atual da organização? • Qual é a sua utilidade para os clientes? • Em que negócio estamos? • Quem são nossos clientes? • A que necessidades estamos atendendo? • Que papéis estamos cumprindo? De acordo com Chiavenato (2009), o planejamento estratégico possui cinco características fundamentais: está relacionado com a adaptação da organização a um ambiente mutável; é orientado para o futuro, com um horizonte de tempo a longo prazo; envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico da organização; é um processo de construção de consenso, ou seja, o planejamento estratégico visa atender às necessidades e interessesde todos os parceiros internos e externos da empresa da melhor maneira possível e; é uma forma de TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 7 aprendizagem organizacional, uma vez que a empresa precisa se ajustar a um ambiente complexo, competitivo e dinâmico. A responsabilidade pela defi nição do planejamento estratégico é da alta administração, contudo, se a empresa tiver um caráter participativo, pode englobar funcionários de outros níveis (tático e operacional) neste processo. O planejamento estratégico está apoiado sob três pilares: a visão do futuro, os fatores ambientais externos à organização e os fatores organizacionais internos (Figura 3). FIGURA 3 - PILARES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) A visão do futuro pode ser encarada como os objetivos que a organização pretende alcançar a longo prazo, dentro de 10 a 20 anos. A viabilidade externa está relacionada com a condição atual do mercado em que a empresa está inserida, com a relação entre oferta e demanda para o serviço/produto oferecido e com a concorrência existente. Envolve a comparação da organização com outras empresas existentes e a identifi cação da sua participação no mercado. A partir desse estudo de participação no mercado, a empresa adquire informações do crescimento/declínio dos concorrentes, além de conseguir identifi car as principais preferências dos consumidores. Tais informações podem ser utilizadas como vantagens competitivas e para traçar tendências de comportamento do ambiente externo. Os principais indicadores de tendência, que devem ser constantemente monitorados pela organização, são: mudanças tecnológicas; ações e controle do governo; mudanças nas condições da economia, tais como taxa de desemprego, taxas de juros, valor das ações, fl utuação do poder aquisitivo, entre outros; mudanças nas normas sociais, que englobam o estudo das variáveis comportamentais do mercado, atitudes e preferências e tendências e hábitos coletivos dos potenciais clientes. Por fi m, deve ser avaliada a capacidade interna da organização através da identifi cação dos seus pontos fortes e fracos. Isso pode ser feito através de três formas (MAXIMIANO, 2000): UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 8 • Estudos das principais áreas funcionais da organização: consiste em uma análise rigorosa das competências, deficiências e vulnerabilidades das principais áreas da empresa (marketing, produção, operações, recursos humanos e financeiros). • Estudo do desempenho: foca nos resultados obtidos pela empresa, principalmente no que se refere às finanças e vendas. Enquanto o estudo do desempenho das vendas enfatiza a identificação do volume de vendas e a participação no mercado, o estudo de desempenho financeiro enfatiza a lucratividade e a identificação das fontes de lucros. • Benchmarking: é uma prática na qual a organização compara seus produtos, serviços, práticas empresarias e desempenho com outras empresas. Tem como objetivo buscar melhores práticas, visando à identificação e o ganho de vantagens competitivas. Pode ser encarada como uma prática que consiste em aprender com outras empresas. O planejamento tático, também conhecido como planejamento administrativo ou departamental, é um desdobramento do planejamento estratégico, e envolve um determinado departamento, divisão ou setor da empresa. Independente do seu porte, toda organização é composta por diversas áreas funcionais, que agrupam recursos especializados e realizam tarefas especializadas. Os planos táticos abrangem áreas de atividades especializadas da empresa, tais como: produção, marketing, operação, recursos humanos, finanças e novos produtos. Essencialmente, existem quatro tipos de planos táticos (CHIAVENATO, 2009): • Planos de produção: envolve métodos e tecnologias necessárias para a realização de um trabalho, assim como o arranjo físico do ambiente de trabalho e os equipamentos que servem de suporte para as atividade e tarefas. • Planos financeiros: envolve a captação e aplicação dos recursos necessários para o desenvolvimento de operações da organização. • Planos de marketing: envolve os requisitos de venda e distribuição de bens e serviços e o atendimento das necessidades e requisitos dos clientes. • Planos de recursos humanos: envolve o recrutamento, seleção e treinamento dos funcionários da empresa. No Quadro 2 são apresentados os principais aspectos que devem ser levados em consideração para a elaboração do planejamento tático das áreas funcionais: produção e operações, finanças, marketing e recursos humanos. TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 9 Área funcional Principais aspectos do planejamento Produção e operações • Definição da quantidade de produtos e serviços a serem fornecidos. • Planejamento e forma de implantação da capacidade produtiva. • Operação dos processos produtivos. Finanças • Necessidades de investimentos. • Custo dos investimentos. • Necessidades de financiamentos. • Impacto sobre o desempenho financeiro da empresa. Marketing • Acompanhamento e estudo da concorrência. • Análise e seleção de mercados e clientes. • Análise e seleção de produtos e serviços. • Definição do preço. • Definição da estratégia promocional. Recursos humanos • Quantidade necessária de pessoas para fornecer produtos e serviços, e administrar a organização. • Qualificações necessárias para um desempenho satisfatório. • Estratégias de recrutamento, seleção, treinamento etc. QUADRO 2 - PRINCIPAIS FOCOS DO PLANEJAMENTO TÁTICO EM FUNÇÃO DA ÁREA FUNCIONAL DA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Maximiano (2000) O planejamento operacional engloba cada uma das tarefas ou operações da empresa de maneira individual e é caracterizado por um curto horizonte de tempo. Esse tipo de planejamento define como, e o quê, a organização deve fazer para realizar os objetivos do planejamento estratégico. Apesar de serem heterogêneos e diversificados, os planos operacionais podem ser essencialmente classificados em quatro categorias (CHIAVENATO, 2009): • Procedimentos: relacionados com os métodos. • Orçamentos: relacionados com os recursos e custos. • Programação: relacionados com o tempo. • Regulamentos: relacionados com o comportamento das pessoas. Neste contexto, de acordo com Maximiano (2000), o planejamento operacional envolve os seguintes aspectos: identificação das atividades, quando os objetivos específicos são desdobrados em um conjunto de atividades; programação, uma vez definidas as atividades, estas devem ser distribuídas no tempo, o que usualmente é feito através de cronogramas; previsão de recursos e custos para a realização das atividades; definição de políticas e procedimentos e, por fim, estrutura organizacional, a qual funciona como um plano que define as responsabilidades, autoridades e níveis de comunicação dentro da organização. UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 10 Após detalhados os três níveis do planejamento, na Figura 4 é apresentado um resumo com as principais características dos planejamentos estratégico, tático e operacional. FIGURA 4 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TRÊS TIPOS DE PLANEJAMENTO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) 2.2 ORGANIZAÇÃO Organização é o processo de alocar e distribuir tarefas, atividades, responsabilidades e recursos entre os membros integrantes da organização. Representa a adequação da estrutura da organização aos objetivos propostos, uma vez que objetivos distintos exigem diferentes adaptações (ROSSÉS, 2014). De acordo com Lacombe e Heilborn (2008, p. 13), a defi nição de organização é “um grupo de pessoas que se forma de maneira organizada para atingir objetivos em comum”. Chiavenato (2009) destaca que a palavra organização pode ser utilizada com dois signifi cados, sendo estes (Figura 5): • Organização como unidade ou entidade social. Nesse sentido, a palavra organização signifi ca qualquer empreendimento humano criadopara atingir determinados objetivos. As organizações podem ser empresas, bancos, universidades, lojas etc. Neste contexto, a organização pode ser defi nida como formal ou informal. A organização formal é baseada numa divisão racional do trabalho e na diferenciação e integração de seus órgãos, usualmente representada por um organograma. É uma organização planejada e formalizada ofi cialmente. Já a organização informal emerge de forma espontânea e natural entre as pessoas que integram posições na organização formal, a partir de relacionamentos interpessoais. Surge a partir do surgimento de grupos informais que não constam no organograma ou em qualquer outro documento ofi cial da organização formal. Desta forma, a organização informal ultrapassa a organização formal em três aspectos: na duração, na localização e nos assuntos, TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 11 visto que, enquanto a organização formal está limitada aos horários de trabalho e a um local físico, a organização informal pode prolongar-se para o período de lazer, pode ocorrer em qualquer local e não se limita apenas a assuntos exclusivos da organização, podendo englobar interesses em comum entre as pessoas que a integram. O organograma é um gráfi co da estrutura hierárquica de uma organização, que representa simultaneamente todo os integrantes do grupo e as suas ligações. DICAS • Organização como função administrativa de organizar. É considerada parte integrante do processo administrativo. Neste caso, defi ne o ato de organizar e estruturar os recursos e órgãos responsáveis pela sua administração, bem como estabelecer relações entre eles e suas atribuições. FIGURA 5 - SIGNIFICADOS DO TERMO ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) 2.2.1 Estrutura organizacional Uma das atividades mais importantes na administração de uma organização é a defi nição de sua estrutura organizacional. Esta representa a autoridade e as responsabilidades dos indivíduos e das pessoas como parte integrante de um grupo. Adicionalmente, a estrutura organizacional defi ne a comunicação entre as pessoas e entre os grupos. Usualmente a estrutura organizacional é representada por um organograma, e é defi nida de acordo com a divisão do trabalho e dos sistemas de autoridade e comunicação existentes. Na Figura 6 é representado um organograma padrão. A divisão do trabalho é representada pelos retângulos, que indicam as unidades de trabalho e como as responsabilidades estão divididas UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 12 dentro da organização. A comunicação é representada pelas linhas que ligam os retângulos, as quais indicam a interdependência entre as unidades de trabalho. Já a autoridade e a hierarquia são expressas pelo número de níveis em que os retângulos estão agrupados, indicando como a autoridade está graduada. No topo da estrutura temos as pessoas com mais autoridade dentro da organização. E na base da estrutura, aquelas com menos autoridade (MAXIMIANO, 2000). FIGURA 6 - INFORMAÇÕES CONTIDAS EM UM ORGANOGRAMA FONTE: Adaptado de Maximiano (2000) 2.2.2 Estrutura vertical A estrutura vertical de uma organização envolve dois principais fatores, sendo estes: amplitude de controle e o grau de centralização ou descentralização do processo de tomada de decisão. Se uma organização adiciona um nível administrativo à sua estrutura organizacional, sua amplitude de controle fi ca mais estreita, a estrutura administrativa mais elevada e o grau de centralização/ descentralização é afetado. Se ela reduz um nível administrativo, sua amplitude de controle fi ca mais larga, sua estrutura administrativa mais achatada e o grau de centralização/descentralização também é afetado. São dois fatores interligados que precisam ser considerados de maneira independente (CHIAVENATO, 2009). A seguir, cada um dos dois fatores mencionados anteriormente será abordado com mais detalhes. I. Amplitude de controle A amplitude de controle, também conhecida como amplitude administrativa, representa o número de funcionários que devem se reportar a um administrador. Determina quanto um administrador deve monitorar estreitamente seus subordinados. Quanto maior a amplitude de controle, maior é o número de subordinados para cada administrador. Quanto menor a amplitude de controle, menor é o número de subordinados que deve se reportar a esse administrador. Nessa conjuntura, uma amplitude de controle estreita signifi ca um custo administrativo superior, isto porque existe um número de administradores maior para supervisionar um número menor de pessoas. Nessa situação, o administrador tem poucos subordinados, o que lhe permite investir TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 13 mais tempo nas atividades gerenciais. Além disso, os funcionários recebem maior atenção individual e suporte do chefe, contudo, tendem a ter menos autonomia. A amplitude estreita tende a produzir estruturas organizacionais altas e alongadas, com diversos níveis hierárquicos, o que refl ete em um sistema de comunicação mais lento e difi culdades na coordenação entre os diferentes grupos. Em contrapartida, uma amplitude de controle larga possibilita custos administrativos menores. Entretanto, como os funcionários que se reportam a um administrador em específi co é maior, resta menor tempo ao administrador para a execução de tarefas administrativas. Neste tipo de sistema, as pessoas têm mais liberdade e iniciativa e são encorajadas a desenvolver mais habilidades. Uma maior amplitude de controle tende a produzir estruturas organizacionais mais baixa e achatadas, caracterizadas por poucos níveis hierárquicos, o que possibilita uma comunicação direta entre as pessoas dos níveis altos e baixos da organização (CHIAVENATO, 2009). Conforme já mencionado, a amplitude de controle afeta diretamente a forma da estrutura organizacional, que pode ser verticaliza ou horizontalizada, conforme exemplifi cado na Figura 7. Uma estrutura organizacional alta produz uma amplitude de controle estreita e muitos níveis hierárquicos, apresentando um formato verticalizado. Já uma estrutura organizacional achatada tem uma amplitude de controle larga, poucos níveis hierárquicos e apresenta um formato horizontalizado. Nesse sentido, é importante levar em consideração que a quantidade de níveis hierárquicos está diretamente associada ao custo administrativo, à qualidade do trabalho realizado, ao relacionamento interpessoal entre as pessoas integrantes da organização e à relação das mesmas com o trabalho que desempenham. FIGURA 7 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL VERTICALIZADA E HORIZONTALIZADA FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) II. Grau de centralização/descentralização O grau de centralização/descentralização refl ete a forma como o poder decisório está distribuído dentro de uma organização. Para exemplifi car diferentes graus de centralização é apresentada a Figura 8, que contém duas confi gurações características que uma organização pode apresentar, sendo estas: uma organização centralizada e uma organização descentralizada. Na primeira UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 14 situação, o poder decisório está concentrado no nível de mais alta gerência, enquanto que na segunda, verifi ca-se que está distribuído entre as pessoas que compõem os níveis de menor grau hierárquico. Nesse sentido, podem ser destacados alguns pontos positivos de cada uma dessas confi gurações, conforme será abordado a seguir. FIGURA 8 - GRAUS DE CENTRALIZAÇÃO/DESCENTRALIZAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) Conforme já mencionado, a centralização é caracterizada pela retenção do poder decisório nos níveis hierárquicos mais altos de uma organização. A centralização usualmente é adotada quando quer se manter um nível de integração da empresa, a uniformidade das decisões e ações e quando se deseja um maior nível de controle da empresa. Existem trêsprincipais vantagens que a centralização pode trazer (CHIAVENATO, 2009): • Representa o melhor método para controlar e coordenar as atividades, recursos e decisões de uma organização, principalmente quando a empresa precisa atender a requisitos legais de complexa interpretação e quando existe uma grande interdependência entre as partes da organização, de forma que uma decisão errada tomada por um setor pode afetar negativamente as demais partes da organização. • Redução de custos, visto que um número de tarefas desempenhadas em um único lugar é maior, o que representa uma economia de recursos e um menor número de pessoas necessárias para a realização das atividades. • O advento de novas tecnologias tem possibilitado a migração de empresas descentralizadas para confi gurações centralizadas e vice-versa, sem afetar signifi cativamente o processo decisório, uma vez que essas novas tecnologias possibilitam uma efi ciente comunicação e informações que são rapidamente recebidas, interpretadas e transmitidas. A descentralização ocorre quando a maioria das decisões são tomadas nos níveis hierárquicos inferiores da estrutura organizacional, o que signifi ca que o poder decisório se encontra mais próximo dos níveis de execução. Atualmente, existe uma tendência de descentralização das empresas, o que pode ser associado à importância que as mesmas dão cliente, visando a uma maior agilidade no atendimento das necessidades dos mesmos e um sistema de comunicação mais TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 15 eficiente. Normalmente, a descentralização é adotada quando a carga de trabalho dos níveis mais altos da administração está volumosa e/ou excessivamente complexa, quando a empresa que dar uma maior no atendimento dos requisitos dos clientes e para aumentar o nível de participação e a motivação dos funcionários da organização. As principais vantagens desse tipo de configuração são (CHIAVENATO, 2009): • Quando o processo decisório é descentralizado a organização responde mais rapidamente aos clientes e às condições locais. • A descentralização também estimula a criatividade e a independência dos funcionários que integram os níveis mais baixos da estrutura organizacional. • A tecnologia da informação possibilita uma maior descentralização da autoridade, permitindo que a autoridade seja delegada aos níveis inferiores, enquanto a alta administração recebe a informação em tempo real. Para facilitar a comparação da centralização e descentralização do poder decisório dentro de uma organização, foi elaborada o Quadro 3, que engloba as principais vantagens e desvantagens de cada uma das duas configurações abordadas. CENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS • As decisões são tomadas por administradores que possuem uma visão global de toda a organização; • As decisões refletem melhor os objetivos globais da organização. • Os administradores que detém o poder decisório usualmente estão distanciados dos fatos e das situações; • A comunicação entre os níveis hierárquicos superiores e inferiores pode ser lenta, tornando mais lento a tomada de decisão; • As decisões são tomadas mais rapidamente; • As decisões são tomadas por pessoas que estão a par dos fatos e situações; • Desenvolvimento da criatividade e da independência dos funcionários, assim como um maior nível motivacional maior. • Pode ocorrer falta de informação entre os níveis hierárquicos superiores e inferiores; • As decisões tomadas pelos departamentos nem sempre refletem os objetivos globais da organização. QUADRO 3 - RESUMO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER DECISÓRIO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 16 2.2.3 Direção “A direção consiste na terceira função administrativa que compõe o processo administrativo, vindo depois do planejamento e da organização e antecedendo o controle” (CHIAVENATO, 2009, p. 368). De acordo com Rossés (2014, p. 22), “direção significar liderar, influenciar e motivar as pessoas a realizarem as tarefas essenciais à obtenção dos resultados” desejados e à consolidação dos objetivos globais da organização. Sua função primordial é criar uma atmosfera adequada para o exercício de todas as funções dentro de uma estrutura organizacional. Dirigir significa interpretar os planos para as pessoas que integram a organização e dar instruções e orientações sobre como executa-los. A direção é uma função administrativa que se distribui por todos os níveis hierárquicos de uma organização. No nível institucional é usualmente denominada de direção. No nível intermediário é chamada de gerência. Já no nível operacional recebe o nome de supervisão de primeira linha (CHIAVENATO, 2009). Essa função administrativa se refere ao relacionamento interpessoal do administrador e seus subordinados. Para que o planejamento e organização possam ser eficazes, eles precisam ser complementados pela orientação as pessoas, através de uma boa comunicação, liderança e motivação (CHIAVENATO, 2009). Desta forma, características fundamentais para um bom administrador envolvem uma comunicação clara e inclusiva, bom desempenho frente a ocasiões adversas e inesperadas, flexibilidade, autoconfiança, espírito de liderança e de motivação dos funcionários. De acordo com Maximiano (2000), as competências que são necessárias para que uma pessoa ocupe um cargo de gerência são: habilidades de relacionamento com os colegas, habilidades de liderança, habilidades de resolução de conflitos, habilidades de processamento de informações, habilidades para tomar decisões em condições de ambiguidade, habilidades de alocação de recursos e, por fim, habilidades empresariais e de introspecção. Linkert (1967), um nome de destaque no campo da teoria comportamental, fez uma pesquisa levando em consideração diversos aspectos comportamentais importantes dentro de uma organização, dentre os quais se destaca o processo decisório adotado, o sistema de comunicação, o relacionamento interpessoal e o sistema de recompensa/punições adotado. A partir deste estudo, o autor definiu que podem ser estabelecidos quatro tipos de sistemas administrativos: • O Sistema 1, denominado autoritário-coercitivo, é caracterizado por uma forma fechada e arbitrária de administração, pela imposição de regras e regulamentos, pela monopolização das decisões por parte dos níveis hierárquicos superiores, pela falta de comunicação entre os integrantes da estrutura organizacional, pela falta de relações interpessoais entre as pessoas e por um sistema de punições e castigos, o que pode gerar um sentimento de intimidação, isolamento e falta de liberdade; TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 17 • O Sistema 2, conhecido como autoritário-benevolente, também é um sistema autoritário, contudo menos fechado e coercitivo que o Sistema 1. É caracterizado pela delegação de algumas decisões em níveis hierárquicos mais baixos, menor restrição de liberdade, pela existência de um sistema de informações precário e pela utilização de um sistema de punições em conjunto com um sistema de recompensas, limitado apenas a recompensas materiais e salariais; • O Sistema 3, designado de consultivo, tem uma maior abertura em relação aos sistemas anteriormente apresentados. Tem como foco a contribuição das pessoas, evitando um modo de administração totalmente autocrático. Nesse tipo de sistema ocorre a descentralização e a delegação das decisões, um sistema de comunicação intenso e a predominância de um sistema de recompensas, com eventuais punições; • Já o Sistema 4, denominado participativo, é a forma mais democrática e aberta de administração. É caracterizado pela total descentralização do processo decisório, visto que as decisões passam a ser tomadas pelos níveis hierárquicos mais baixos da instituição, por pessoas ligadas diretamenteà execução das tarefas. O empoderamento dos funcionários é incentivado e valoriza-se o trabalho em equipe. Além das recompensas salariais, também são fornecidas recompensas sociais ou simbólicas. Raras são as punições aplicadas, que fi cam restritas aos grupos de trabalhos ou equipes. Na Figura 9 é apresentado um esquema com as principais características dos quatro sistemas administrativos defi nidos por Linkert (1967), no que diz respeito às principais variáveis dentro de uma organização. FIGURA 9 - CARACTERIZAÇÃO DOS QUATRO SISTEMAS ADMINISTRATIVOS PROPOSTOS POR LINKERT (1967) FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 18 Linkert (1967) também identifi cou que o sistema mais adequado para lidar com as mudanças que ocorriam na sociedade na época que ele realizou sua pesquisa era o Sistema 4. De acordo com Chiavenato (2009), o Sistema 4 tem se revelado como o melhor meio de incrementar e impulsionar as habilidades, as atitudes, os valores e as necessidades das pessoas em direção aos objetivos organizacionais. Para auxiliar a fi xação do conteúdo relacionado aos quatro sistemas administrativos propostos por Linkert (1967) foi elaborado o Quadro 4, que contém um resumo dos Sistemas 1, 2, 3 e 4. QUADRO 4 - RESUMO DOS QUATRO SISTEMAS ADMINISTRATIVOS PROPOSTOS POR LINKERT (1967) FONTE: Chiavenato (2009, p. 373) 2.2.4 Controle Controle é a função administrativa que consiste em medir e corrigir o desempenho de uma organização para assegurar e garantir que os objetivos e metas da empresa sejam atingidos. Desta maneira, controlar consiste em: acompanhar ou medir algo, comparar os resultados obtidos com aqueles previstos e tomar as medidas e ações corretivas necessárias (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Rossés (2014, p. 22) defi ne controle como “verifi car, constatar ou certifi car-se da realização das atividades e objetivos estabelecidos”. É a função administrativa que visa medir o desempenho das pessoas com relação aos objetivos previstos para manter a organização no “caminho certo” e assegurar que o planejamento, organização e direção sejam bem-sucedidos. Neste contexto, o controle é um processo composto por quatro etapas, conforme representado na Figura 10 (CHIAVENATO, 2009). TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 19 FIGURA 10 - ETAPAS DO PROCESSO DE CONTROLE FONTE: A autora I. Etapas do processo de controle a) Estabelecimento de padrões de desempenho: A primeira etapa do processo de controle consiste no estabelecimento dos padrões de desempenho que a organização pretende alcançar. Padrões de desempenho são valores mensuráveis e compreensíveis para medir o progresso ou os resultados desejados. Desta forma, os padrões devem ser baseados nos planos estabelecidos para atingir os objetivos e metas da empresa. Os padrões de desempenho são compostos por uma unidade de medida e por um índice numérico da medida, como nos exemplos a seguir: 1,25 reais por peça, ou 5,45 peças por minuto, quando os valores numéricos correspondem ao índice, enquanto que a unidade de medida é reais/peça e peças/minuto, respectivamente (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Existem vários tipos de padrões utilizados para avaliar e controlar os diferentes aspectos de uma organização, tais como (CHIAVENATO, 2009): • padrões de quantidade: como número de empregados, volume de produção, índice de acidentes; índice de rotação de estoque etc.; • padrões de qualidade: como padrões de qualidade da produção, qualidade dos produtos e serviços oferecidos; satisfação do atendimento ao cliente etc.; • padrões de tempo: como tempos padrões de produção, permanência média do empregado na organização etc.; • padrões de custo: como custo de estocagem da matéria prima, custos diretos e indiretos da produção etc.; Lacombe e Heilborn (2008) destacam a importância do estabelecimento de padrões de desempenho realistas, enfatizando que devem ser altos, mas ao mesmo tempo atingíveis, ou seja, devem representar um desafi o alcançável. b) Avaliação ou mensuração do desempenho atual: A mensuração do desempenho corresponde ao registro do trabalho efetuado, à medida que vai sendo realizado, para que, posteriormente, o desempenho atual da organização seja comparado com os padrões estabelecidos. UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 20 Essas medidas podem ser expressas em unidades de volume de produção, produtividade, custo unitário ou nível de qualidade. Essa etapa do processo de controle também engloba o envio das informações dos resultados das atividades para o responsável pela análise destes valores frente aos padrões de desempenho e pela tomada de decisões no que se refere às ações corretivas (LACOMBE; HEILBORN, 2008). c) Comparação do desempenho atual com os objetivos estabelecidos: O desempenho atual da organização deve ser avaliado em função dos padrões estabelecidos. A análise envolve não apenas a comparação dos valores reais com os padrões de desempenho pré-definidos, mas também a identificação das causas das variações encontradas. Cabe lembrar que a conjuntura econômica nacional e internacional pode afetar a demanda por produtos e serviços de uma organização e, portanto, seu desempenho atual e metas e objetivos (LACOMBE; HEILBORN, 2008). d) Ação corretiva: Quando ocorrem desvios entre o desempenho da organização e os padrões de desempenho pré-estabelecidos, é necessária a aplicação de ações corretivas, as quais podem ser encaradas como medidas que devem ser tomadas para atingir os resultados esperados. Essa etapa do processo de controle pode ser encarada como a etapa voltada para o futuro da empresa e reflete a capacidade do administrador de impor mudanças. As ações corretivas podem envolver medidas simples de correção, ou exigir alterações nos processos produtivos ou nos sistemas administrativos, treinamento ou troca de funcionários, mudanças na estrutura organizacional da empresa e, em situações extremas, alterações nas técnicas de gestão e a reformulação dos planos e objetivos da organização (LACOMBE; HEILBORN, 2008). II. Tipos de controle Em função do nível que o controle é aplicado, o mesmo pode ser classificado em controle estratégico, tático e operacional, conforme reportado na Figura 11. TÓPICO 1 | AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 21 FIGURA 11 - TIPOS DE CONTROLE DENTRO DE UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Chiavenato (2009) Isto posto, é importante salientar que os conceitos de administração apresentados neste tópico podem ser aplicados diretamente na construção civil. As quatros funções administrativas anteriormente apresentadas, planejamento, organização, direção e controle, possuem aspectos que estão intrinsicamente relacionados com o gerenciamento e o planejamento na indústria da construção civil. Considerando a execução de uma obra de um condomínio residencial, espera-se que o engenheiro civil responsável tenha o pleno domínio destas quatro funções administrativas. O profi ssional precisa realizar o planejamento das atividades de longo, médio e curto prazos, defi nindo o cronograma da obra. Além disso, precisa organizar as diversas equipes de trabalho da melhor maneira possível, levando em consideração a duração e a interdependência entre as atividades. No que tange à função direção, é imprescindível que o engenheiro responsável pela obra tenha um bom relacionamento interpessoal com seus funcionários subordinados, que os incentive e os motive a desenvolver um bom trabalho. Por fi m, deve acompanhar a qualidade das atividades desenvolvidas e verifi car se elas atendem aos padrões estabelecidos e, se necessário, tomar medidas corretivas. 22 Neste tópico, você aprendeu que: • O processo administrativo é composto por quatro funções: o planejamento, a organização, a direção e o controle. • Em função da abrangência e do impacto sob a organização o planejamento pode ser estratégico, tático ou operacional.• A organização pode ser encarada como uma unidade/entidade social, ou como uma função administrativa. • A amplitude de controle e o grau de centralização/descentralização influenciam na estrutura organizacional de uma empresa. • Os sistemas administrativos podem ser classificados em quatro tipos, sendo denominados de autoritário-coercitivo, autoritário-benevolente, consultivo e participativo. • A função administrativa controle, consiste em um processo composto pela definição dos padrões de desempenho, avaliação do desempenho atual, comparação do desempenho atual com os objetivos estabelecidos e, por fim, por ações corretivas. RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 (IBGE, 2008) Quando os administradores concentram a autoridade e as decisões no topo da organização, esse processo chama-se: FONTE:<https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia- federal-2008-aula-04-05-08?part=5>. Acesso em: 10 jun. 2019. a) ( ) Planejamento. b) ( ) Centralização. c) ( ) Controle. d) ( ) Descentralização. 2 (IBGE, 2008) Quanto à execução, o planejamento estratégico para uma empresa tende a ser responsabilidade dos: FONTE:<https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia- federal-2008-aula-04-05-08?part=5>. Acesso em: 10 jun. 2019. a) ( ) Altos executivos. b) ( ) Gerentes de nível médio. c) ( ) Administradores. d) ( ) Diretores de produção. 3 Na Administração são definidas funções para o administrador, com o objetivo de otimizar o uso dos recursos organizacionais, para alcançar os objetivos pretendidos cujo desempenho independe da característica pública ou privada da organização. São elas: a) ( ) Interpessoais, informacionais, direção e decisão. b) ( ) Planejar, organizar, dirigir e controlar. c) ( ) Mapeamento do ambiente, planejamento estratégico, responsabilidade social e visão geral. d) ( ) Planejamento, desburocratização, alinhamento político e gerencia participativa. 4 (FUNCAB, 2014) A função administrativa que se refere ao relacionamento do administrador com os seus subordinados é: FONTE:<https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/347102>. Acesso em: 10 jun. 2019. a) ( ) Avaliação. b) ( ) Organização. c) ( ) Planejamento. d) ( ) Direção. AUTOATIVIDADE https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/347102 24 5 O processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro está associado ao conceito de: a) ( ) Planejamento. b) ( ) Contabilidade. c) ( ) Controle. d) ( ) Fluxo de caixa. 6 (ESAF, 2004) Tomando por base o processo de controle, identifique a opção que apresenta, de forma sequencial, as fases deste processo: FONTE: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia- federal-2008-aula-04-05-08?part=5>. Acesso em: 10 jun. 2019. a) ( ) Definição da meta; padrão de medida; comparação entre planejado e executado; e decisão e ação. b) ( ) Identificação do problema; medidas corretivas; padrão de medida; e comparação entre planejado e executado. c) ( ) Definição da meta; identificação do problema; medidas corretivas; comparação entre planejado e executado; e decisão e ação. d) ( ) Identificação do problema; padrão de medida; medidas corretivas; e decisão e ação. 7 (CESPE, 2007) Planejamento pode ser conceituado como um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de modo mais eficiente, eficaz e efetivo. A esse respeito, assinale a opção incorreta: FONTE: <https://www.estudegratis.com.br/questao-de-concurso/19865>. Acesso em: 10 jun. 2019. a) ( ) O documento formal que representa a consolidação do processo de planejamento é denominado plano. b) ( ) O princípio da precedência significa que o planejamento ocorre antes das funções administrativas: organizar, coordenar, comandar e controlar. c) ( ) Planejar se relaciona a tomada de decisões futuras baseada na análise ambiental. d) ( ) O tipo de planejamento que busca otimizar os resultados de determinadas áreas da organização e denominado planejamento tático. https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.ebah.com.br/content/ABAAABi-oAE/apostila-lfg-administracao-policia-federal-2008-aula-04-05-08?part=5 https://www.estudegratis.com.br/questao-de-concurso/19865 25 TÓPICO 2 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Gaither e Frazier (2002) definem administração da produção como a administração do sistema produtivo de uma organização que visa à transformação de insumos em produtos ou serviços. Silva, Ba e Nicolau (2015, p. 305) citam que “a administração da produção é uma atividade orientada para a produção de um bem físico ou para a prestação de um serviço, tendo como função administrativa a responsabilidade pelo desempenho de técnicas de gestão da produção de bens e serviços”. Slack et al. (2006, p. 28) destacam a importância da definição do termo função produção, que pode ser compreendido como a “reunião de recursos destinados à produção de bens e serviços”. Os autores salientam que nem todas as organizações denominam a função produção com este nome. Dentre os termos utilizados, comumente esta função é designada de produção ou sistema de produção. Para Martins e Laugeni (2005) a função produção pode ser entendida como o conjunto de atividades que levam a transformação de um bem tangível em um outro com maior utilidade. A função produção é central dentro de uma organização, uma vez que produz os bens e serviços que são a razão de sua existência, embora não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Além da função produção existem outras três funções principais, sendo estas: a função marketing, a função contábil-financeira e a função de desenvolvimento de produto/serviço; e funções complementares que servem de apoio às funções principais, sendo estas: função recursos humanos, função compras e função suporte técnico. Entretanto, é importante destacar que o nome das funções, suas fronteiras e responsabilidade variam entre as diferentes organizações (SLACK et al., 2006). 2 MODELO DE TRANSFORMAÇÃO Qualquer operação que produz bens ou serviços realiza essa ação através de um modelo de processo de transformação. Neste âmbito, o termo transformação refere-se à utilização de recursos para alterar o estado ou condição de algo para produção dos outputs (saídas). Na Figura 12 é apresentado um modelo de transformação utilizado para representar a natureza da produção. Pode-se constatar que a produção envolve um conjunto de recursos de inputs (entradas) usado para transformar algo ou para ser transformado em outputs de bens ou serviços. Dentre os recursos transformados, os quais são tratados, transformados ou convertidos de alguma forma, cita-se como exemplo os materiais, informações UNIDADE 1 | TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 26 e consumidores. Já como exemplo de recursos de transformação dos inputs, os quais agem sobre os recursos transformados, podemos citar as instalações e as pessoas envolvidas no processo (SLACK et al., 2006). Desta maneira, qualquer atividade de produção pode ser vista sob a perspectiva no modelo de transformação de inputs e outputs. Por exemplo, um canteiro de obras de uma edifi cação residencial possui inputs de pedreiros, ajudantes de pedreiros, mestre de obras, engenheiros, estagiários, equipamentos, materiais de construção civil etc. Já o output deste processo é a edifi
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