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( Otorrino ) ( 6 ) OTOLOGIA ANATOMIA · Orelha externa = do pavilhão até a membrana timpânica · Orelha média = da membrana timpânica até a tuba auditiva · Orelha interna = cóclea e labirinto FISIOLOGIA · O som passa pelo canal auditivo externo e segue pela membrana timpânica, sendo transformada em energia mecânica e transmitida aos ossículos. · Os estímulos atingem a membrana do tímpano, que vibra e se desloca em um movimento de para dentro e para fora da orelha média. · As estruturas dos ossículos transmitem as vibrações pela base do estribo e bigorna até o cabo do martelo, onde são propagados pelo fluido que está presente na cóclea. · Ocorre então a transformação do estímulo mecânico em energia hidrodinâmica. · Os estímulos são conduzidos até o vestíbulo pela janela oval. Orelha Externa (patologias) · Cerúmen: · Sinais e Sintoma: hipoacusia (é a perda parcial ou total da acuidade auditiva), otalgia (raramente), sensação de ouvido cheio (plenitude auricular). · Tratamento: medicação ceratolítica com posterior remoção instrumental. · Pericondrite: · Infecção na cartilagem da orelha externa secundária a traumas (piercings), cirurgias etc. · Pseudomonas aeruginosa (mais comum). · História clínica: dor intensa e de rápida evolução. · Glicemia: quando há história de diabetes; · Internação hospitalar: doença sistêmica complicando o quadro, infecção de partes moles da face/ pescoço. · Tratamento: Drenagem cirúrgica; Curativo focal diário; Antibiótico (Ciprofloxacino/ Ceftazidima). · Síndrome De Ramsay-Hunt: · Etiologia: Vírus varicela-zoster · Sinais e sintomas: hipoacusia, presença de lesões cutâneas (vesículas dolorosas e/ou úlceras), tontura, pode acontecer paralisia facial periférica · Tratamento: Analgésicos; Aciclovir por 10 dias; Corticóide em casos de paralisia facial; Colírio – 1 gota a cada 2h (pois o olho fica paralisado e perde a capacidade de piscar) e oclusão do olho para dormir – tampão ocular; Fisioterapia. Orelha Interna (patologias) · Estão diretamente relacionadas à perda auditiva. · Perdas auditivas congênitas genéticas: · Síndrome de Treacher Collins · Síndrome de Pendred · Síndrome de Alport (doença renal crônica) · Síndrome de down · Síndrome de Turner · Perdas auditivas congênitas não genéticas: · TORCHS/Zikavírus · Icterícia · Parto prematuro, hipóxia perinatal, trabalho de parto prolongado. · Ototoxicidade: · Algumas drogas podem causar surdez definitiva ou reversível como: aminoglicosídeos, gentamicina (cocleotoxica), amicacina (vestibulotoxica); Antineoplásicos: Cisplatina, metotrexato, vincristina; AINH – ibuprofeno, aspirina; Furosemida – causa perda auditiva reversível, potencializa o efeito ototoxico dos aminoglicosídeos · Sinais e Sintomas: zumbido, hipoacusia uni ou bilateral, plenitude auditiva, desequilíbrio. · Fatores de Risco: Sintomas auditivos ou vestibulares prévios, histórico familiar e idade avançada. · Diagnóstico: exposição ao fármaco, exames audiométricos. · Tratamento: retirada das medicações ou aparelho de amplificação sonora individual (AASI). · Presbiacusia: · Perda auditiva secundaria ao envelhecimento (60 anos). · Perda simétrica, levemente progressiva. · Diagnóstico: audiometrias (tonal e vocal). · Tratamento: AASI. · Surdez Súbita: · Acometimento súbito e progressivo (minutos até 3 dias). · Limiares tonais > ou igual a 30db em 3 frequências contiguas. · Sem causa evidente. · Diagnóstico: audiometrias tonal e vocal, ressonância nuclear magnéticas das mastóides. · Tratamento: corticóide e AASI. · Trauma Acústico Agudo: · Perda severa ou profunda, unilateral e abrupta · Exposição repentina a ruído de alta intensidade. · Diagnóstico: audimetrias tonal e vocal. · Tratamento: repouso acústico, vasodilatador/corticóide. · Perda auditiva induzida por ruído (PAIR): · Exposição repetida a ruídos acima de 85db por tempo prolongado. · Perda auditiva bilateral e simétrica, inicia-se geralmente em torno de 4000Hz. · Diagnóstico: audiometrias tonal e vocal. · Tratamento: cessar a exposição, AASI. OTITES EXTERNAS · Etiologia infecciosa, podendo comprometer pele, anexos e cartilagem. · Tratamento feito através de limpeza, medicação tópica (com eficácia contra pseudômonas) e acidificação do conduto. · Localizada: · Inflamação da unidade polissebácea na porção cartilaginosa do conduto. · Podendo envolver um ou mais folículos. · Etiologia: S. aureus (mais comum) e estreptococos. · Tratamento: Analgésicos, ATB (Cefalexina) e se necessário drenagem. · Difusa aguda: · É uma celulite da pele e do subcutâneo do conduto auditivo externo (CAE). · Etiologia: S. aureus, psedomonas aeruginosa (mais comum) · Sinais e Sintomas: prurido inicial, dor, hipoacusia e pode haver otorreia (clara e inodora). Otalgia (sintoma característico da fase inflamatória). · Tratamento: Analgésicos, Limpeza do local, ATB Tópico (polimixina B + neomicina + hidrocortisona ou cipro por 7 dias) e Sistêmico (Cefalosporinas), Corticóides. · Fúngica: · Otomicose · Etiologia: aspergillus e cândida são os mais comuns. · Pode ser causado por uso prévio de ATB, história de diabetes ou de imunossupressão. · Sinais e sintomas: Prurido e otorreia espessa. (otalgia apenas em casos de infecção bacteriana secundária). · Tratamento: Limpeza e antifúngico tópico (cetoconazol). · Otite Externa eczematosa (Crônica): · Etiologia: Alérgica (ingestão de medicamentos, alimentos e estresse) · Característica recidivante. · Sinais e sintomas: Prurido intenso de Meato Acústico Externo (MAE), Descamação furfurácea da pele, Secreção de liquido seroso amarelado, Historia de seborreia capitis (caspa) e Hipoacusia devido a restos epiteliais. · Os sintomas devem estar presentes por mais de 2 meses. · Tratamento: Evitar gatilhos + corticóides tópicos e antihistamínicos. · Otite Externa Maligna/ Necrotizante: · É uma osteomielite do osso temporal e da base do crânio, potencialmente letal · Acomete com frequência pacientes diabéticos e imunodeprimidos. · Etiologia: P. aeruginosa. · Sinais e sintomas: otalgia severa, otorreia, tecido de granulação (patognomônico) no assoalho do meato, áreas de necrose da pele e/ou ósseo. · Diagnóstico: Sinais de otite externa que não respondem a terapia adequada dentro de 2 a 3 semanas; Otoscopia com tecido de granulação ou microabcessos no nível da junção osteocartilaginosa do conduto auditivo externo (CAE) + Histopatológico. · Exames complementares: TC do osso temporal com contraste para avaliar se há destruição óssea; Cultura com antibiograma; Debridamento da necrose e Cintilografia com Tecnécio para detectar fases inicias da osteíte, antes mesmo que a erosão se torne visível a TC. · Tratamento: Hospitalar (ATB EV); Debridamento + ATB sistêmico (ciprofloxacino, ceftazidima) e Cintilografia com gálio 67 para controle de cura. OTITES MÉDIAS · Otite Média Aguda · Processo inflamatório da orelha média, com presença de secreção, de inicio agudo ou repentino, acompanhando sinais e sintomas de inflamação. Tem grande incidência na infância e é precedida de uma IVA. · A inflamação é acompanhada de transudações da mucosa da orelha média e dará origem a efusão, provocando otalgia, que melhora com a saída de secreção pelo CAE, e abaulamento da MT. · Etiologia: Viral – VSR, influenza, parainfluenza 2, Cocsakie B4, enterovírus e Bacteriana – S. pneumoniae (30-35%), H. influenzae, M. catarrhalis. · Diagnóstico: Clínico (Otorreia e Otalgia de início recente – 48h; Febre) + otoscopia. · Sinais encontrados na Otoscopia: Abaulamento timpânico moderado a intenso, hipervascularização da MT com hiperemia, presença de liquido = efusão na orelha média (obrigatório*) e opacificação. · Tratamento: Amoxicilina 1ª escolha por 10 dias, remissão da febre com 48 a 72hrs, caso não haja remissão da febre amoxacilina + clavulanato ou cefalosporinas de 2° geração. Critérios para tratamento com ATB Idade Diagnóstico confirmado Diagnóstico incerto < 6 meses Antibioticoterapia Antibioticoterapia 6 meses – 2 anos Antibioticoterapia · Se grave – Antibioticoterapia · Se não grave – conduta expectante>2 anos · Se grave – Antibioticoterapia · Se não grave – conduta expectante Conduta expectante *Sinais de gravidade: febre a partir de 39° e prostração. · Otite Média Crônica · É aquela que persiste por mais de 3 meses · Fatores de risco: frequentar creches, ser fumante passivo, mãe com historia de otorreia e grande histórico de IVAS. · Suspeitar de otorreia recidivante sem otalgia. · Tem como característica a perfuração timpânica, o colesteatoma (pseudomonas e s. aureus), a secreção otológica recorrente e hipoacusia. · Diagnóstico: Clínico, realizar a TC das mastóides para estadiar a destruição óssea e audiometria. · Tratamento: Simples – ATB tópico (cipro) e sistêmico (fase aguda), cuidados locais e timpanoplastia; Supurativa e colesteatomatosa – ATB tópico e sistêmico (fase aguda), cuidados locais e timpanomastoidectomia. · Complicações: Mastoidite; Petrosite; Labirintite infecciosa; Paralisia facial periférica infecciosa; Fístula labiríntica; Meningite otogênica; Abcesso extradural, subdural e cerebral Distúrbios Vestibulares Tonturas · Equilíbrio – visão + propriocepção + sistema labirinto · Tontura não é sinônimo de labirintopatia, pode acontecer por condições visuais ou muscular. · Vertigem – é um tipo de tontura sentida como uma falsa sensação de movimento. As pessoas geralmente sentem que elas, o ambiente, ou ambos estão girando. Sistema vestibular · O sistema vestibular, também chamado de labirinto, é a parte não acústica do ouvido interno, sendo responsável, em parte, da origem de atividades reflexas em relação à orientação do corpo no espaço durante o repouso e o movimento. É formado pelo Sáculo e utrículo: detectam movimentos lineares e pelos Canais semicirculares: detectam movimento angulares. · A endolinfa circula pelos canais semicirculares deslocando pequenos cristais localizados na ampola. São cristais de carbonato de cálcio denominados otólitos ou otocônias, que tem por função controlar a posição do corpo, ou seja, manter o equilíbrio postural. É justamente, o deslocamento desses cristais para dentro dos canais semicirculares que causam vertigem/tontura. · Funções do labirinto vestibular: · Transformar as forças provocadas pela aceleração da cabeça e da gravidade em um sinal biológico. · Informar aos centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua posição no espaço. · Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olho, da cabeça e do corpo. Exemplo: nistagmo. · Sinais Clínicos: · Vertigem = tontura rotatória · Tontura · Nistagmo · Vômito · Reflexo vagal · OBS: anormalidades neurológicas podem levar a causas centrais de tontura, como por exemplo, tumores, AVE, doenças demielinizantes. · Perguntas chaves na anamnese: · Tonturas do tipo vertigem? · A tontura/vertigem inicia-se aos movimentos da cabeça? · Há sintomas cocleares (plenitude auricular, zumbido ou hipoacusia) durante a crise de tontura? · Qual a duração da tontura/vertigem? · Há cefaléia? Vertigem Posicional Paroxística Benigna · Caracterizada por crises breves e intensas de vertigem de inicio súbito e redução rápida, relacionadas com alterações da posição da cabeça, que demonstra o caráter posicional. · A alteração que causa a VPPB está associada à presença das otocônias circulando nos canais semicirculares e não só na ampola, que seria o normal. · Essas partículas podem estar em livre flutuação na endolinfa dos canais, mecanismo chamado de canalolitíase; Na maioria das vezes no canal posterior (85-95%). · É o distúrbio vestibular periférico mais comum; Não há envolvimento coclear, não há queixa de zumbido, sensação de plenitude auricular. · Sinais e Sintomas: · Vertigem súbita ao movimentar a cabeça (dura segundos a minutos) sem associação com sintomas cocleares - ausência de sintomas auditivos; · Teste de Dix-Hallpike (avaliar canais posteriores): Inicia-se com o paciente sentado na maca. Realiza-se uma rotação de 45° para o lado testado e, em seguida, deita-se se o paciente na maca com uma extensão de 30° da cabeça, mantendo a cabeça girada. Observa-se nistagmo característico. · Tratamento: · Manobra de Epley (reposiocionamento canalicular): contralateral. Com o paciente sentado na maca, gira-se a cabeça do paciente para o lado a ser tratado em 45°. 1. No primeiro passo da manobra, deita-se o paciente com extensão de 30° da cabeça, completando exatamente a manobra de Dix-Hallpike. 2. Após cessar o nistagmo, o segundo passo é realizado. Gira-se em 90º a cabeça para o lado 3. No terceiro passo, pede-se que o paciente se coloque em decúbito lateral para o lado em que está sendo girado e gira-se a cabeça em mais 90°, sendo que, nessa posição, o paciente fica olhando para o chão em um ângulo de 45°. 4. O quarto passo consiste em voltar o paciente para a posição sentada na maca. Doença de Meniere · A doença de Méniêre (DM) é uma alteração da orelha interna caracterizada por dois grupos de sintomas: os vestibulares e os auditivos. · Acredita-se que a característica patológica mais descritiva da doença seja a hidropsia endolinfativa por um déficit na reabsorção no ducto/saco endolinfático (aumento da produção ou pouca absorção). · Sinais e sintomas: · A tontura é do tipo vertigem, não está associada com a movimento da cabeça. A vertigem está presente mesmo no repouso. · Quando se trata da forma clássica ou definida, caracteriza-se por episódios recorrentes e espontâneos de vertigem, perda auditiva flutuante, do tipo neurossensorial, zumbido e plenitude aural. · Presença de sintomas cocleares durante as crises. · Não ocorre cefaleia. · O mais comum é que seja unilateral. · Diagnóstico: · Audiometria: Nas fases iniciais, ocorre uma curva ascendente. Nas fases tardias, ocorre um U invertido, perda auditiva irreversível. · Exames para triagem: lipidograma, hemograma, glicemia, TSH, investigar sífilis (VDRL, FTA-abs) · Eletrococleografia: serve para comprovar a hidropsia endolinfatica · Teste do glicerol (VO): solução hipertônica. Com esse teste, ocorre desidratação da orelha interna com melhora da audiometria tonal e eletrococleografia · Tratamento: · Conservador por seis meses a um ano: Dieta hipossódica, menos café, nicotina, álcool e chocolate; Bataistina (24mg 2X ao dia) – antivertiginoso; Diuréticos (hidroclorotiazina – 25mg 1x/dia; Sedativos labirínticos nas crises (ex: dimenidrato). · Procedimentos invasivos: Gentamicina intratimpanica para pacientes refratários as medidas conservadoras; Medidas cirúrgicas (casos sem sucesso com tratamento com gentamicina intratimpânica). Ex: cirurgia do saco endolinfatico, secção do nervo vestibular, labirintectomia. Enxaqueca Vestibular · Inflamação neurogênica do sistema trigeminal (núcleo caudal do trigêmeo) – núcleos vestibulares · Sinais e sintomas: · Associação enxaqueca e vertigem; · Podem durar minutos, horas ou dias de forma recorrente; · A vertigem pode surgir antes, durante ou após a crise de enxaqueca · Tratamento: 1. Medidas comportamentais = dieta, hábitos regulares de sono, diminuição do nível de estresse e atividade física, regular por um período de pelo menos um mês. 2. Caso continue apresentando as crises, terapia medicamentosa para enxaqueca. Neurite Vestibular · A vertigem de início agudo e duração prolongada de origem periférica é comumente causada por um quadro clínico chamado de neurite vestibular. No popular, é conhecida como labirintite; · Terceira causa de vertigem vestibular periférica; · Relacionada a infecções virais, principalmente. · Etiologias: · Viral (reativação do HSV-1); · Oclusão vascular; · Mecanismos imunes; · Lesões degenerativas (nervo vestibular, gânglio de scarpa, neuroepitélio vestibular). · Sinais e sintomas: · Vertigem súbita e severa (náuseas, vômitos e palidez). Geralmente, a vertigem dura dias, com gradual melhora no decorrer das semanas. · O paciente tem uma intensa sensação de rotação, que é agravada com os movimentos da cabeça e com a mudança de posição. Há uma dificuldade para manter-se em pé e caminhar. · Degeneração dos nervos vestibulares. · Historia de IVAS.· Audição normal. · Exame neurológico normal. · OBS: Diferenciar dos casos de vertigem central (AVE de tronco encefálico e cerebelo). · Tratamento: · Depressor labiríntico e corticóide: prednisona por 10 dias, iniciando com dose de 60 mg, com redução da dose a partir do 6° dia. · Se houver melhora, pode encaminhar para casa com orientações. Se não melhorou, realizar avaliação neurológica (TC/RNM). · Fazer RNM já no inicio se: sinais ou sintomas neurológicos, fatores de risco para AVE. Vestibulotoxicidade · Os sintomas podem se iniciar por zumbidos e hipoacusia. · Exemplos de drogas causadoras: aminoglicosídeos, diuréticos, AAS, AINH, anticonvulsivantes, antidepressivos, quimioterápicos. · A cafeína e a nicotina em virtude de sua ação vasoconstritora atuam como adjuvantes nas síndromes vertiginosas. · Profilaxia/ TTO: Não utilizá-los em caso de função renal comprometida; Dosagem segura e por tempo não muito longo; Monitoramento com audiometria e controle vestibular. Labirintopatias Metabólicas · Diabetes · Hiperinsulinemia · Hipo/hipertireoidismo · Hiperuricemia · Dislipidemia
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