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Sistema digestório

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BIANCA ABREU-MD4 1 
 
 
 
 
 
Objetivos 
1. Descrever a anatomia da cavidade oral 
1.1. Língua: papilas e botões gustativos, músculos, inervação, vascularização. 
1.2. Dentes: tipos, função, camadas, formação da dentição (decíduos e permanentes) 
1.3. Glândula salivar: tipo, localização, local de ejeção da saliva. 
2. Descrever o mecanismo de mastigação 
2.1. Inervação 
2.2. Músculos mastigatórios 
2.3. Relacionar com o processo de deglutição 
3. Descrever a síntese, secreção, regulação, composição e tipos de saliva 
3.1. A saliva é armazenada em vesículas? 
3.2. Qual a função da saliva? 
3.3. Inervação/controle neural (SNA, receptores) 
3.4. Fatores que estimulam a secreção de saliva (cortisol, receptores de estiramento, melatonina, 
insulina) 
3.5. Existe salivação basal, de curto e de longo prazo? 
4. Explicar o mecanismo de deglutição 
4.1. Quais as fases? 
4.2. Tem diferença entre alimentos sólidos/líquidos? 
4.3. Onde começa e onde termina a deglutição? Quais estruturas envolvidas? 
4.4. É voluntário e/ou involuntário? 
5. Caracterizar a anatomia do esôfago 
5.1. Relacionar com os movimentos peristálticos. 
5.2. Os movimentos peristálticos são constantes? 
6. Descrever o mecanismo de fome e saciedade 
6.1. Quais os núcleos, vias, nervos, hormônios, receptores, neurotransmissores 
6.2. Existem alimentos com maior potencial sacietógeno? 
6.3. Por que ocorre a distensão abdominal? 
7. Diferenciar anorexígeno e orexígeno e explicar seus mecanismos (insulina, grelina, leptina, GLP-1, 
cortisol, dopamina, norepinefrina, serotonina) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIANCA ABREU-MD4 2 
 
Cavidade Oral 
Embriologia 
Esôfago 
 Quando o embrião tem cerca de 4 semanas, o divertículo respiratório (broto pulmonar) aparece na parede 
ventral do intestino anterior, na fronteira com o intestino faríngeo. O septo traqueoesofágico separa 
gradualmente esse divertículo da porção dorsal do intestino anterior, o qual, desse modo, é dividido em uma 
porção ventral, o primórdio respiratório e em uma porção dorsal, o esôfago. A princípio, o esôfago é curto; 
porém, com a descida do coração e dos pulmões, ele se alonga rapidamente. O revestimento muscular, que 
é formado pelo mesênquima esplâncnico circunjacente, é estriado em seus dois terços superiores e inervado 
pelo nervo vago; o revestimento muscular é liso em seu terço inferior e inervado pelo plexo esplâncnico. 
Língua 
A língua aparece em embriões com aproximadamente 4 semanas, como dois tubérculos linguais laterais e 
um tubérculo medial, o tubérculo ímpar. Esses três tubérculos se originam no primeiro arco faríngeo. Um 
segundo tubérculo mediano, a eminência hipobranquial, é formado pelo mesoderma do segundo, do terceiro 
e de parte do quarto arco. Finalmente, um terceiro tubérculo mediano, formado pela porção posterior do 
quarto arco, marca o desenvolvimento da epiglote. Imediatamente atrás desse tubérculo se encontra o orifício 
laríngeo, que é delimitado pelos tubérculos aritenoides. Ao aumentar de tamanho, as saliências linguais laterais 
crescem mais que o tubérculo ímpar e se fundem, formando os dois terços anteriores, ou corpo, da língua. 
Como a mucosa que reveste se origina do primeiro arco faríngeo, a inervação sensorial para essa área é do 
ramo mandibular do nervo trigêmeo. O corpo da língua é separado do terço posterior por um sulco em forma 
de “V”, o sulco terminal . A porção posterior ou raiz da língua se origina a partir do segundo, do terceiro e de 
parte do quarto arco faríngeo. O fato de que a inervação sensorial para essa parte da língua é fornecida pelo 
nervo glossofaríngeo indica que o tecido do terceiro arco cresce sobre o segundo. 
Dentes 
Os próprios dentes surgem a partir de uma interação epiteliomesenquimal entre o epitélio oral sobrejacente 
e o mesênquima subjacente derivado das células da crista neural. Na sexta semana do desenvolvimento, a 
camada basal do revestimento epitelial da cavidade oral forma uma estrutura com formato de “C”, a lâmina 
dentária, ao longo do comprimento da maxila e da mandíbula. Subsequentemente, essa lâmina dá origem a 
inúmeros brotos dentários, dez em cada mandíbula, que formam os primórdios dos componentes ectodérmicos 
dos dentes. Em breve, a superfície profunda dos brotos invagina, resultando no estágio de capuz do 
desenvolvimento dentário. Esse tipo de capuz consiste em uma camada externa, o epitélio dentário externo, 
uma camada interna, o epitélio dentário interno, e um núcleo central de tecido frouxamente compacto, o 
retículo estrelado. O mesênquima, que se origina na crista neural na endentação, forma a papila dentária 
Conforme o capuz dentário cresce e a endentação se aprofunda, os dentes adquirem o formato de sino 
(estágio de sino). As células mesenquimais da papila adjacente à camada dentária interna se diferenciam 
em odontoblastos, que, mais tarde, produzem dentina.. O restante das células da papila dentária forma a 
polpa do dente. Enquanto isso, células epiteliais do epitélio dentário interno se diferenciam em ameloblastos 
(formadores de esmalte). Além disso, um aglomerado desse tipo celular no epitélio dentário interno forma o 
nó de esmalte, que regula o desenvolvimento inicial do dente. O esmalte é colocado primeiramente abaixo 
do ápice do dente e dali se espalha na direção do pescoço. A formação das raízes dos dentes começa quando 
as camadas epiteliais dentárias penetram no mesênquima subjacente e formam a bainha epitelial da raiz .. 
BIANCA ABREU-MD4 3 
 
A erupção dos dentes decíduos ocorre entre 6 e 24 meses após o nascimento. Os brotos dos dentes 
permanentes, que se encontram na face lingual dos dentes decíduos, são formados durante o terceiro mês 
do desenvolvimento e permanecem quiescentes até por volta do sexto mês da vida pós-natal. Então, eles 
começam a crescer, empurrando-os contra a porção inferior dos dentes decíduos e ajudando a projeção deles. 
Conforme os dentes permanentes crescem, a raiz dos dentes decíduos sobrejacentes é reabsorvida pelos 
osteoclastos. 
Regulação molecular do desenvolvimento dentário 
Dentes existem apenas nos vertebrados e acompanham o aparecimento evolucionário da crista neural. O 
desenvolvimento dentário representa um exemplo clássico de interação epiteliomesenquimal, nesse caso entre 
o epitélio sobrejacente e o mesênquima subjacente derivado da crista neural. A regulação da padronização 
dentária dos incisivos até os molares é criada pela expressão combinada de genes HOX expressos no 
mesênquima. Em relação ao desenvolvimento individual de cada dente, o epitélio governa a diferenciação do 
estágio de broto, em que essa função regulatória é transferida para o mesênquima. Os sinais para o 
desenvolvimento envolvem fatores que incluem WNT, BMP e FGF; o fator de secreção SHH; e fatores de 
transcrição, como MSX1 e MSX2, que interagem em uma via complexa para produzir a diferenciação celular 
e a padronização de cada dente. Os dentes também parecem ter um centro de sinalização que representa 
o “organizador” para o desenvolvimento dentário de modo semelhante à atividade do nó durante a gastrulação . 
Essa região organizadora é chamada de nó de esmalte e aparece em uma região circunscrita do epitélio 
dentário nas extremidades dos brotos dentários. Ele, então, cresce no estágio de capuz em um grupo celular 
altamente compacto, sofre apoptose (morte celular) e desaparece por volta do final desse estágio. Enquanto 
está presente, expressa FGF4, SHH e BMP2 e 4. FGF4 pode regular o crescimento de cúspides, bem como 
participar no brotamento dos membros produzido pela crista ectodérmica apical; enquanto BMP4 regula a 
sincronização da apoptose nas células do nó. 
Histologia 
 Camadas do trato gastrointestinal: 
As paredes do trato gastrointestinal, da parte inferior do esôfago até o canal anal, possuem o mesmo arranjo 
básico, com quatro camadas: 
As quatro camadas do trato, do centro para periferia, são: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e 
túnica serosa. 
Túnica mucosa: 
É dividida em: 
Camadade epitélio, em contato direto com o conteúdo do trato gastrointestinal. 
 Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado (função protetora): boca, faringe, esôfago e 
canal anal. 
 Epitélio colunar simples (secreção e absorção): estômago e intestinos. 
A velocidade de renovação das células epiteliais do trato GI é rápida: a cada 5 a 7 dias as células se 
desprendem e são substituídas por células novas. Localizadas entre as células epiteliais estão as células 
exócrinas, que secretam muco e líquido no lume do trato, e diversos tipos de células endócrinas, coletivamente 
chamadas de células enteroendócrinas, que secretam hormônios na corrente sanguínea. 
Camada de tecido conjuntivo, chamada de lâmina própria. 
 Contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos. 
BIANCA ABREU-MD4 4 
 
 Contém grande parte das células do tecido linfático associado à mucosa (MALT). 
Fina camada de músculo liso (lâmina muscular da mucosa). 
Projeta a túnica mucosa do estômago e do intestino delgado em numerosas pequenas pregas, aumentando 
a área de superfície para digestão e absorção. 
Os movimentos da túnica muscular da mucosa garantem que todas as células absortivas fiquem 
completamente expostas aos conteúdos do trato GI. 
Tela submucosa: 
Consiste em tecido conjuntivo areolar que liga a túnica mucosa à túnica muscular. 
Contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos que recebem moléculas de alimentos absorvidos. Nessa região, 
encontra-se uma rede extensa de neurônios conhecidos como plexo submucoso. Pode, também, conter 
glândulas e tecido linfático. 
Túnica muscular: 
 Músculo esquelético: boca, faringe e partes superior e média do esôfago. 
Relacionado à deglutição voluntária. O músculo esquelético também forma o músculo esfíncter externo do 
ânus, que permite o controle voluntário da defecação. 
 Músculo liso: restante do trato gastrointestinal. 
É encontrado em duas camadas: uma camada interna de fibras circulares e uma camada externa de fibras 
longitudinais. 
As contrações involuntárias do músculo liso auxiliam a decomposição do alimento, misturando-o com secreções 
digestivas e impelindo-o ao longo do trato. Entre as camadas da túnica muscular encontra-se um segundo 
plexo de neurônios - o plexo mioentérico. 
Túnica serosa: 
É uma membrana serosa composta de tecido conjuntivo areolar e epitélio pavimentoso simples (mesotélio). 
É também chamada de peritônio visceral, porque forma uma parte do peritônio. 
OBS: O esôfago não tem túnica serosa; em seu lugar, apenas uma simples camada de tecido conjuntivo 
areolar, chamada de túnica adventícia, forma a camada superficial desse órgão. 
Inervação do trato gastrointestinal: 
O trato GI é regulado por um conjunto intrínseco 
de nervos conhecido como sistema nervoso 
entérico, e por um conjunto extrínseco de nervos 
que é parte da divisão autônoma do sistema 
nervoso. 
Sistema nervoso entérico: 
Consiste em aproximadamente 100 milhões de 
neurônios que se estendem desde o esôfago até 
o ânus. Consistem em neurônios motores, 
interneurônios e neurônios sensoriais 
BIANCA ABREU-MD4 5 
 
Está disposto em dois plexos: 
 Plexo mioentérico (plexo de Auerbach): 
Está localizado entre as camadas de músculo liso circular e longitudinal da túnica muscular. 
Como os neurônios motores do plexo mioentérico suprem as camadas de músculo liso circular e longitudinal 
da túnica muscular, esse plexo, basicamente, controla a motilidade (movimento) do trato GI, especialmente 
a frequência e a intensidade das contrações da túnica muscular. 
 Plexo submucoso (plexo de Meissner): 
Os neurônios motores do plexo submucoso suprem as células secretoras do epitélio mucoso, controlando as 
secreções dos órgãos do trato GI. 
Os interneurônios do SNE interligam os neurônios dos plexos submucoso e mioentérico. 
Os neurônios sensoriais do SNE suprem o epitélio mucoso. 
Alguns desses neurônios sensoriais atuam como quimiorreceptores, receptores ativados pela presença de 
certas substâncias químicas dos alimentos no lume de um órgão GI. 
Outros neurônios sensoriais atuam como mecanorreceptores, receptores ativados quando o alimento distende 
(estica) a parede de um órgão GI. 
SNA 
Embora os neurônios do SNE atuem independentemente, estão sujeitos à regulação pelos neurônios da divisão 
autônoma do sistema nervoso. 
 Parassimpático: nervos vago e esplâncnicos pélvicos. 
Fazem sinapse com os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos localizados nos plexos submucoso e 
mioentérico. 
Alguns dos neurônios pós-ganglionares parassimpáticos, por sua vez, fazem sinapse com os neurônios no SNE. 
Outros inervam diretamente o músculo liso e as glândulas no interior da parede do trato GI. 
Em geral, a estimulação dos nervos parassimpáticos que suprem o trato GI provoca um aumento na secreção 
e motilidade GI, aumentando a atividade dos neurônios no SNE. 
 Simpático: gânglios das regiões torácica e lombar superior 
da medula espinal. 
Neurônios pós-ganglionares simpáticos fazem sinapse com os 
neurônios localizados nos plexos mioentérico e submucoso. 
Em geral, os nervos simpáticos que suprem o trato GI provocam 
diminuição na secreção e motilidade GI, inibindo os neurônios do SNE. 
Emoções como raiva, medo e ansiedade podem retardar a digestão, 
porque estimulam os nervos simpáticos que suprem o trato GI. 
Obs. A cavidade oral é revestida pela mucosa oral que consiste na 
mucosa mastigatória, em uma mucosa de revestimento e em uma 
mucosa especializada. A mucosa mastigatória é encontrada sobre a 
gengiva e o palato duro. Ela tem um epitélio estratificado pavimentoso 
queratinizado e, em algumas áreas, paraqueratinizado 
BIANCA ABREU-MD4 6 
 
O epitélio paraqueratinizado é semelhante ao epitélio queratinizado, exceto que as células superficiais não 
perdem seus núcleos e seus citoplasmas não se coram intensamente com a eosina 
A lâmina própria subjacente consiste em uma espessa camada papilar e tecido conjuntivo frouxo que contém 
vasos sanguíneos e nervos, alguns dos quais enviam terminações axônicas desnudas até o epitélio como 
receptores sensoriais e outros terminam nos corpúsculos de Meissner. Profundamente à lâmina própria está 
uma camada reticular de tecido conjuntivo mais denso. 
Como na pele, a profundidade e o número de papilas de tecido conjuntivo contribuem para a relativa 
imobilidade da mucosa mastigatória, protegendo-a com isso do estresse friccional e de cisalhamento. Na 
linha média do palato duro, na rafe palatina, a mucosa adere firmemente ao osso subjacente. A camada 
reticular da lâmina própria funde-se com o periósteo e, portanto, não há submucosa. O mesmo é válido para 
a gengiva. Onde existe uma submucosa suprajacente à lâmina própria no palato duro, ela contém tecido 
adiposo anteriormente (zona adiposa) e glândulas mucosas posteriormente (zona glandular) que são contínuas 
com as do palato duro. 
Nas regiões submucosas, faixas espessas de colágeno estendem-se da mucosa para o osso. A mucosa de 
revestimento é encontrada nos lábios, nas bochechas, na superfície mucosa alveolar, no assoalho da boca, 
nas superfícies inferiores da língua e no palato mole. Nesses locais, ela reveste o músculo estriado (lábios, 
bochechas e língua), o osso (mucosa alveolar) e as glândulas (palato mole, bochechas, superfície inferior da 
língua). 
A mucosa de revestimento tem menor quantidade de papilas e papilas mais curtas, de modo que ela pode 
se ajustar ao movimento de seus músculos adjacentes. Geralmente, o epitélio da mucosa de revestimento 
não é queratinizado, embora em alguns locais ele possa ser paraqueratinizado. 
O epitélio da borda do vermelhão do lábio (a parte avermelhada entre a superfície interna úmida e a pele 
facial) é queratinizado. O epitélio de revestimento não queratinizado é mais grosso que o epitélio queratinizado. 
Ele consiste em apenas três camadas: 
 Estrato basal, uma única camada de células que repousam sobre a lâmina basal 
 Estrato espinhoso, que tem a espessura de várias células 
 Estrato superficial,a camada de células mais superficial, também referida como camada superficial 
da mucosa. 
As células do epitélio mucoso são semelhantes às da epiderme da pele e incluem queratinócitos, as células 
de Langerhans, os melanócitos e as células de Merkel. 
A lâmina própria contém vasos sanguíneos, nervos que enviam terminações axônicas desnudas até as camadas 
basais do epitélio e terminações sensoriais encapsuladas em algumas papilas. 
O nítido contraste entre as numerosas papilas profundas da mucosa alveolar e as papilas rasas no restante 
da mucosa de revestimento permite a fácil identificação das duas regiões diferentes em um corte histológico. 
Uma submucosa distinta localiza-se subjacentemente à mucosa de revestimento, exceto na superfície inferior 
da língua. 
Essa camada contém grandes faixas de colágeno e de fibras elásticas que ligam a mucosa ao músculo 
subjacente; ela também contém as muitas glândulas salivares menores dos lábios, língua e bochechas. 
Ocasionalmente, as glândulas sebáceas não associadas a um folículo piloso são encontradas na submucosa 
imediatamente laterais ao canto da boca e nas bochechas em oposição aos dentes molares. 
BIANCA ABREU-MD4 7 
 
Elas são visíveis a olho nu e são denominadas manchas de Fordyce. A submucosa contém os maiores vasos 
sanguíneos, nervos e vasos linfáticos que suprem as redes neurovasculares subepiteliais na lâmina própria 
por toda a cavidade oral. A mucosa especializada está associada à sensação do paladar e se limita à superfície 
dorsal da língua. Ela contém papilas e botões gustativos responsáveis pela geração da sensação química do 
paladar. 
A mucosa oral forma uma importante barreira protetora entre o ambiente externo da cavidade oral e os 
ambientes internos dos tecidos circunvizinhos. Ela é resistente aos microrganismos patogênicos que entram 
na cavidade oral e a microrganismos “nativos” que residem aí como flora microbiana. As células epiteliais, os 
neutrófilos migratórios e a saliva contribuem para manter a saúde da cavidade oral e proteger a mucosa 
oral de infecções bacterianas, fúngicas e virais. Os mecanismos protetores incluem diversos peptídios 
antimicrobianos salivares, as β-defensinas expressas no epitélio, as α-defensinas expressas nos neutrófilos 
e a imunoglobulina A secretora (IgAS). Entretanto, nos indivíduos com imunodeficiência ou que estejam 
recebendo terapia com antibióticos, nos quais o equilíbrio entre microrganismos e mecanismos protetores é 
rompido, as infecções orais são bem comuns. 
Boca (cavidade oral) 
Formada por bochechas, palatos mole e duro e língua. As bochechas formam as paredes laterais da cavidade 
oral. São recobertas externamente por pele e, internamente, por uma túnica mucosa, que consiste em epitélio 
pavimentoso estratificado não queratinizado. Os músculos bucinadores (entre a maxila e a mandíbula) e 
tecido conjuntivo situam-se entre a pele e as túnicas mucosas das bochechas. As partes anteriores das 
bochechas terminam nos lábios 
Os lábios são pregas carnudas que envolvem a abertura da boca. Contêm o músculo orbicular da boca e são 
recobertos externamente por pele e, internamente, por uma túnica mucosa. A face interna de cada lábio está 
presa à sua gengiva correspondente por uma prega da linha mediana da túnica mucosa, chamada de frênulo 
do lábio. 
O palato é uma parede ou septo que separa a cavidade oral da cavidade nasal, formando o teto da boca. 
Essa estrutura importante torna possível mastigar e respirar ao mesmo tempo. 
O palato duro é a parte anterior do teto da boca, é formado pelas maxilas e palatinos e recoberto por uma 
túnica mucosa, formando uma parte óssea entre as cavidades oral e nasal. 
O palato mole é a parte que forma a parte posterior do 
teto da boca, é uma partição muscular, em forma de arco, 
entre as partes oral e nasal da faringe, revestida por 
túnica mucosa. 
A úvula é um processo muscular cônico na margem livre 
do palato mole. Durante a deglutição, o palato mole e a 
úvula são puxados para cima, fechando a parte nasal da 
faringe e impedindo que alimentos e líquidos deglutidos 
entrem na cavidade nasal. 
Lateralmente à base da úvula encontram-se duas pregas 
musculares que correm para baixo nas bordas laterais do 
palato mole: anteriormente, o arco palatoglosso estende-
BIANCA ABREU-MD4 8 
 
se até a parte lateral da base da língua; posteriormente, o arco palatofaríngeo estende-se até a parte lateral 
da faringe. 
As tonsilas palatinas estão situadas entre os arcos, e as tonsilas linguais, na base da língua. Na margem 
posterior do palato mole a boca se abre na parte oral da faringe, através das fauces. 
Glândulas salivares: 
Cada glândula salivar é recoberta por uma cápsula fibrosa. A saliva produzida pelas células secretoras das 
glândulas é transportada através de uma rede de finos ductos para um único grande ducto de drenagem. 
Este ducto principal transpassa a cápsula e se abre na superfície da túnica mucosa oral. 
Os ácinos secretores são organizados em lóbulos. As glândulas salivares maiores são circundadas por uma 
cápsula de tecido conjuntivo moderadamente denso a partir do qual septos dividem as porções secretoras 
da glândula em lobos e lóbulos. Os septos contêm os maiores vasos sanguíneos e ductos excretores. O tecido 
conjuntivo associado aos grupos de ácinos secretores funde-se imperceptivelmente com o tecido conjuntivo 
frouxo circundante. As glândulas salivares menores não têm cápsula. Numerosos linfócitos e plasmócitos 
povoam o tecido conjuntivo que circunda os ácinos tanto nas glândulas salivares maiores quanto nas menores. 
Sua significância na secreção dos anticorpos salivares é descrita a seguir. 
Os ácinos são de três tipos: serosos, mucosos ou mistos. 
A unidade secretora básica das glândulas salivares, o salivon, consiste no ácino, no ducto intercalar e no ducto 
excretor. O ácino é um saco cego composto de células secretoras. O termo ácino refere-se à unidade secretora 
das glândulas salivares. Os ácinos das glândulas salivares contêm células serosas (proteínas secretoras), 
células mucosas (secretoras de mucina) ou ambas. As frequências relativas dos três tipos de ácino são uma 
característica importante pela qual as glândulas salivares maiores são distinguidas. Portanto, são descritos 
três tipos de ácinos: 
 Ácinos serosos, que contêm apenas células serosas e são geralmente esféricos 
 Ácinos mucosos, que contêm apenas células mucosas e, geralmente, são mais tubulares 
 Ácinos mistos, que contêm tanto células serosas quanto mucosas. Nas preparações de rotina com 
H-E, os ácinos mucosos têm um capuz de células serosas que parecem descarregar sua secreção 
no espaço intercelular altamente contorcido entre as células mucosas. Devido a sua aparência nos 
cortes histológicos, esses capuzes são denominados meias-luas serosas. 
As células serosas são células secretoras de proteína. As células serosas têm um formato piramidal com uma 
superfície basal relativamente larga defrontando-se com a lâmina basal e uma pequena superfície apical 
defrontando-se com a luz do ácino. Elas contêm grandes quantidades de RER, ribossomos livres, um aparelho 
de Golgi proeminente e numerosos grânulos secretores esféricos. Assim como a maioria das células secretoras 
de proteína que armazenam suas secreções nos grânulos de zimogênio, os grânulos estão localizados no 
citoplasma apical. 
Assim como outros epitélios secretores de muco, as células mucosas dos ácinos salivares mucosos sofrem 
atividade cíclica. Durante parte do ciclo, o muco é sintetizado e armazenado dentro da célula como grânulos 
de mucinogênio. Quando o produto é descarregado após estimulação hormonal ou neural, a célula começa a 
ressintetizar muco. Após a descarga da maior parte ou de todos os grânulos de mucinogênio, fica difícil 
distinguir a célula de uma célula serosa inativa. Entretanto, a maioria das células mucosas contém grande 
número de grânulos de mucinogênio em seu citoplasma apical, e, como o mucinogênio é perdido nos cortes 
incluídosem parafina e corados com H-E, a porção apical da célula geralmente aparece vazia. A porção apical 
da célula mucosa contém numerosos grânulos de mucinogênio e um grande aparelho de Golgi, no qual 
grandes quantidades de carboidrato são adicionadas a uma base proteica para sintetizar a glicoproteína da 
mucina. As células mucosas possuem complexos juncionais apicais, os mesmos daqueles encontrados nas 
células serosas. 
BIANCA ABREU-MD4 9 
 
As células mioepiteliais são células contráteis com numerosos prolongamentos. Elas se localizam entre a 
membrana plasmática basal das células epiteliais e a lâmina basal do epitélio. As células mioepiteliais também 
se localizam subjacentemente às células da porção proximal do sistema ductal. Em ambos os locais, as células 
mioepiteliais são instrumentos na mobilização dos produtos secretores na direção do ducto excretor. 
Glândulas parótidas 
São as maiores glândulas salivares, com um peso médio de aproximadamente 20 g. Apresentam formato 
irregular e se estendem entre a superfície inferior do arco zigomático e a margem anterior do músculo 
esternocleidomastóideo, e a partir do processo mastóide do osso temporal, cruzando anteriormente a 
superfície do músculo masseter. As secreções de cada glândula são drenadas por um ducto parotídeo, ou 
ducto de Stensen (ou Stenon), que esvazia seu conteúdo no vestíbulo da boca, no nível do segundo dente 
molar superior; 
As glândulas parótidas produzem uma secreção serosa espessa contendo a enzima digestiva amilase salivar, 
que inicia o processo químico de quebra de carboidratos complexos. 
Glândulas sublinguais 
São recobertas pela túnica mucosa do soalho da boca. Numerosos ductos sublinguais (maior e menores), ou 
ductos de Rivinus, abrem-se ao longo de cada lado do frênulo da língua; 
Glândulas submandibulares 
São encontradas próximo ao soalho da boca ao longo da superfície interna do corpo da mandíbula, 
inferiormente à linha milo-hióidea. Os ductos submandibulares, ou ductos de Wharton, abrem-se na boca de 
cada lado do frênulo da língua, imediatamente posterior aos dentes. 
 
Em conjunto, as glândulas salivares produzem de 1 a 1,5 litros de saliva diariamente, com uma composição de 
99,4% de água, além de uma variedade de íons, soluções-tampão, metabólitos e enzimas. Glicoproteínas, 
denominadas mucinas, são principalmente responsáveis pelos efeitos de lubrificação da saliva. 
Durante as refeições, a produção de grandes quantidades de saliva lubrifica a boca, hidrata o alimento e 
dissolve substâncias químicas que estimulam os receptores gustatórios. Um nível básico e contínuo de 
secreção banha as superfícies orais e auxilia no controle da população local de bactérias. Uma redução ou 
eliminação das secreções salivares desencadeia uma explosão de crescimento populacional bacteriano na 
cavidade oral. Esta proliferação leva rapidamente a episódios repetidos de infecção e erosão progressiva de 
dentes e gengivas. 
É uma glândula que libera uma secreção, chamada de saliva, na cavidade oral. Comumente, é secretada saliva 
suficiente apenas para manter as túnicas mucosas da boca e da faringe úmidas e limpar a boca e os dentes. 
No entanto, quando o alimento entra na boca, a secreção de saliva aumenta para lubrificar, dissolver e 
começar a decomposição química do alimento. 
BIANCA ABREU-MD4 10 
 
A túnica mucosa da boca e da língua contém muitas pequenas glândulas salivares que se abrem direta ou 
indiretamente, por meio de duetos curtos, na cavidade oral. Essas glândulas incluem as glândulas labiais, da 
bochecha e palatinas nos lábios, nas bochechas e no palato, respectivamente, e as glândulas linguais, na 
língua, todas as quais fazem uma pequena contribuição para a saliva. 
Contudo, grande parte da saliva é produzida pelas glândulas salivares 
maiores, que se situam além da túnica mucosa da boca, com ductos que 
levam à cavidade oral. 
Língua 
É um órgão digestório acessório, composto de músculo esquelético recoberto 
com túnica mucosa. É dividida em metades laterais simétricas por um septo 
mediano que se estende por todo o seu comprimento e está presa 
inferiormente ao hioide, ao processo estiloide do temporal e à mandíbula. 
Ela manipula materiais dentro da boca e pode ocasionalmente ser utilizada 
para trazer alimentos para a cavidade oral. 
Funções: (1) processamento mecânico por compressão, abrasão e distorção; (2) movimentação para auxiliar a 
mastigação e a preparação do alimento para a deglutição; (3) análise sensitiva por receptores de tato, 
temperatura e gustação; e (4) secreção de mucina e de uma enzima que auxilia a digestão de gorduras. 
São encontrados três tipos principais de células nas papilas gustativas: 
 As células neuroepiteliais (sensoriais), que são as células mais numerosas do botão gustativo. Essas 
células alongadas estendem-se da lâmina basal do epitélio até o poro gustativo, através da qual a 
superfície apical afunilada de cada célula estende microvilosidades. Próximo da sua superfície apical, 
elas são conectadas às células neuroepiteliais e de sustentação vizinhas por zônulas de oclusão. Na 
sua base, elas formam uma sinapse com os prolongamentos dos neurônios sensoriais aferentes dos 
nervos facial (nervo craniano VII), glossofaríngeo (nervo craniano IX) ou vago (nervo craniano X). 
O período de renovação das células neuroepiteliais é de cerca de 10 dias. 
 As células de sustentação são menos numerosas. Elas também são células alongadas que se 
estendem da lâmina basal até o poro gustativo. Assim como as células neuroepiteliais, elas contêm 
microvilosidades em sua superfície apical e possuem zônulas de oclusão, porém não fazem sinapse 
com outras células nervosas. O período de renovação das células de sustentação também é de cerca 
de 10 dias. 
 As células basais são pequenas células localizadas na porção basal do botão gustativo, próximo da 
lâmina basal. Elas são as células-tronco para os dois outros tipos celulares 
Pode ser dividida em: 
 Corpo da língua, porção anterior, porção oral 
No dorso do corpo da língua há projeções afiladas → as papilas linguais. 
O epitélio espessado que recobre cada papila produz atrito adicional que auxilia a movimentação do alimento 
pela língua. Além disso, receptores gustatórios são encontrados ao longo das margens de muitas papilas 
linguais. 
 Raiz da língua, porção posterior, porção faríngea 
O epitélio da língua é banhado por secreções de pequenas glândulas que se estendem para dentro da lâmina 
própria da língua. Essas secreções contêm mucinas aquosas e a enzima lipase lingual. 
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A lipase lingual inicia a quebra enzimática de lipídeos, especificamente triglicerídeos. O epitélio que recobre 
a superfície inferior da língua é mais delgado e delicado do que o do dorso. 
 Músculos: A língua contém dois grupos diferentes de músculos: os músculos intrínsecos da língua e 
os músculos extrínsecos da língua. Tanto os músculos extrínsecos quanto os intrínsecos são supridos 
pelo nervo hipoglosso (N XII). Os músculos extrínsecos incluem os músculos miolohióide, genioide 
genioglosso, hioglosso, estiloglosso, e palatoglosso. Os músculos intrínsecos incluem os longitudinal 
superior, longitudinal inferior, transverso da língua e vertical da língua. 
 
Os músculos extrínsecos movem a língua de um lado para o outro e para dentro e para fora, manobram o 
alimento para a mastigação, modelam o alimento em uma massa arredondada e empurram o alimento para 
o fundo da boca, para deglutição. Além disso, formam o assoalho da boca e mantêm a língua em posição. Já 
os músculos intrínsecos originam-se e inserem-se no tecido conjuntivo dentro da língua e alteram o formato 
e o tamanho da língua na fala e na deglutição. 
O frênulo da língua é uma prega de túnica mucosa na linha mediana da face inferior da língua, está preso 
ao assoalho da boca e auxilia a limitar o movimento da língua posteriormente. Se o frênulo da língua é 
anormalmente curto ou rígido - uma condição chamada de anciloglossia-, diz-se que a pessoa tem a "língua 
presa", em razão do prejuízo resultante à fala. 
Papilas são projeções da lâmina própria recobertas com epitélio pavimentoso queratinizado, recobrem o dorso 
e as faces laterais da língua. 
 Papilas filiformes: formato cônico e alongado, são numerosas e estão presentes sobre toda a 
superfície dorsal da língua; função mecânica de fricção; epitélio queratinizado e não possui botões 
gustativos. 
 Papilas fungiformes: semelhantes a cogumelos, possuindo uma base estreita e uma porção superior 
mais superficial dilatada e lisa; possuem poucos botões gustativos na sua superfície superior, estão 
irregularmente distribuídas entre as papilas filiformes. 
 Papilas foliadas: são pouco desenvolvidas em humanos, consistem em duas ou mais rugas paralelas 
separadas por sulcos na superfície dorsolateral da língua, contendo muitos botões gustativos. 
 Papilas circunvaladas: são 7-12 estruturas com formato circular, cujas superfícies achatadas se 
estendem acima das outras papilas; estão distribuídas na região do V lingual, na parte posterior da 
língua. 
Numerosas glândulas serosas (glândulas de von Ebner) secretam seu conteúdo no interior de uma profunda 
depressão que circunda cada papila. Este arranjo similar a um fosso permite um fluxo contínuo de líquido 
sobre um grande número de botões gustativos que serve para remover partículas de alimento da vizinha dos 
botões gustativos, para que eles possam receber novos estímulos. 
As glândulas serosas secretam uma lipase que 
previne a formação de uma camada hidrofóbica 
sobre os botões. Além deste papel local, a lipase 
lingual é ativa no estômago e pode digerir até 30% 
dos triglicerídeos da dieta 
Vascularização da língua 
As artérias da língua são derivadas da artéria lingual, 
que se origina da artéria carótida externa. Ao 
penetrar na língua, a artéria lingual segue 
profundamente ao músculo hioglosso. As artérias 
dorsais da língua vascularizam a raiz; as artérias profundas da língua vascularizam o corpo da língua. As 
BIANCA ABREU-MD4 12 
 
artérias profundas da língua comunicam-se entre si perto do ápice da língua. O septo da língua impede a 
comunicação entre as artérias dorsais da língua. 
As veias da língua são as veias dorsais da língua, que acompanham a artéria lingual; as veias profundas da 
língua, que começam no ápice da língua, seguem em sentido posterior além do frênulo lingual para se unirem 
à veia sublingual. Pode haver drenagem de parte dessas veias, ou de todas elas, para a VJI, ou isso pode ser 
feito indiretamente, unindo-se primeiro para formar uma veia lingual que acompanha a parte inicial da artéria 
lingual. 
Dentes 
Existem 32 dentes permanentes em adultos. A mastigação quebra tecidos conectivos resistentes e fibras 
vegetais, contribuindo para saturar o alimento com secreções salivares e enzimas. A massa de cada dente 
consiste em uma matriz mineralizada similar ao osso. Este material, denominado dentina, difere do osso 
porque não contém células vivas. Em vez disso, processos citoplasmáticos estendem-se para o interior da 
dentina a partir de células na cavidade pulpar central. 
A cavidade pulpar é esponjosa e altamente vascularizada. Ela recebe vasos sanguíneos e nervos que passam 
através de um túnel estreito denominado canal da raiz do dente, localizado na base, ou raiz do dente. Os 
ramos dentais sanguíneos e nervosos penetram o canal da raiz através do forame do ápice do dente para 
suprir a cavidade pulpar. 
A dentina da coroa é recoberta por uma camada de esmalte. O esmalte contém cristais de fosfato de cálcio 
densamente agrupados, sendo a mais dura substância de fabricação biológica no corpo. Quantidades 
adequadas de fosfato de cálcio e vitamina D durante a infância são essenciais para completar o revestimento 
de esmalte e aumentar a resistência do dente. 
A raiz do dente é ancorada em um soquete ósseo, ou alvéolo dental. Fibras colágenas do periodonto (ligamento 
periodontal) estendem-se da dentina da raiz ao osso alveolar, criando uma resistente articulação conhecida 
como gonfose. Uma camada de cemento recobre a dentina da raiz, oferecendo proteção e ancorando 
firmemente o periodonto. Em sua estrutura histológica, o cemento é muito semelhante ao osso, sendo menos 
resistente à erosão em comparação com a dentina. 
O colo do dente marca o limite entre a raiz e a coroa do dente. A coroa é a porção visível do dente que se 
projeta acima do tecido mole da gengiva. 
Estes estão dispostos em dois arcos bilateralmente simétricos nos ossos maxilar e mandibular: 
 Incisivos (8): dentes frontais afiados, em forma de cinzel (4 superiores, 4 inferiores) são utilizados 
para cortar alimentos; 
 Caninos (4): possuem a forma pontuda e são usados para rasgar e segurar alimentos (2 superiores 
e 2 inferiores); 
 Pré-molares (8): possuem duas cúspides pontudas em sua superfície de mordida; servem para 
esmagar e rasgar alimentos; (4 superiores e 4 inferiores). 
 Molares (12): usados para moer e mastigar alimentos, esses dentes possuem várias cúspides na 
superfície de mordida para auxiliar nesse processo; (6 inferiores e 6 superiores). 
Sucessão dental 
O primeiro a aparecer é o conjunto de dentes decíduos, também denominados dentes primários, dentes “de 
leite” ou dentes infantis. Estes são os dentes temporários da primeira dentição. Geralmente existem 20 
dentes decíduos, cinco em cada um dos quadrantes da maxila e da mandíbula. Em cada um dos quadrantes 
da maxila e da mandíbula, a dentição primária consiste em dois incisivos, um canino e um par de molares 
decíduos. Estes dentes são gradativamente substituídos pela dentição permanente. 
BIANCA ABREU-MD4 13 
 
 Neste processo, o periodonto e as raízes dos dentes decíduos sofrem um processo de erosão e reabsorção 
até que o dente caia ou seja empurrado pela erupção do dente permanente (secundário). Os dentes pré-
molares adultos substituem os molares decíduos, e os molares permanentes estendem a linha dental com o 
crescimento dos arcos dentais. Os terceiros molares, ou dentes serotinos (do siso), podem não irromper antes 
dos 21 anos de idade e podem inclusive não irromper. 
 
Mecanismo da mastigação 
É a fase inicial do processo digestivo que começa na boca. 
É o conjunto de fenômenos que visam a: 
 Degradação mecânica dos alimentos, isto é, a trituração e a moagem dos alimentos, degradando-os em 
partículas pequenas. 
 Misturar os carboidratos ingeridos com a amilase salivar 
 Misturar o alimento com a saliva, lubrificando-o para a deglutição 
Controle Muscular 
 Os músculos da mastigação movimentam a mandíbula. O masseter e o temporal são os principais responsáveis pela 
elevação da mandíbula. Já os músculos pterigoideo lateral e pterigoideo medial movimentam lateralmente e para 
trás a mandíbula. Os músculos da mandíbula, em conjunto, conseguem aproximar os dentes e gerar uma força de 
até 25 kg nos incisivos e 91 kg nos molares. 
Reflexo da mastigação 
A presença de bolo de alimento na boca, primeiro, desencadeia a inibição reflexa dos músculos da mastigação, 
permitindo que a mandíbula inferior se abaixe. Isso, por sua vez, inicia reflexo de estiramento dos músculos 
BIANCA ABREU-MD4 14 
 
mandibulares que leva à contração reflexa. Essa ação automaticamente eleva a mandíbula, causando o cerramento 
dos dentes, mas também comprime o bolo, de novo, contra as paredes da cavidade bucal → inibe mais uma vez 
os músculos mandibulares, permitindo que a mandíbula desça e suba mais uma vez. Esse processo é repetido 
continuamente. 
Controle neural (Inervação) 
A maioria dos músculos da mastigação é inervada pelo ramo motor do trigêmeo e o processo é controlado por 
núcleos do tronco encefálico. A estimulação de áreas reticulares específicas, nos centros do paladar do tronco 
cerebral, causa movimentos de mastigação rítmicos. Além disso, a estimulação de áreas no hipotálamo, na amigdala 
e, até mesmo, no córtex cerebral, próxima às áreas sensoriais do paladar e do olfato, muitas vezes podecausar 
mastigação. 
Ato mastigatório 
 Fase de abertura da boca: primariamente, a presença do bolo alimentar na cavidade oral inibe os músculos 
levantadores da mastigação e induz a contração isotônica simultânea dos músculos abaixadores 
mandibulares, permitindo que a mandíbula inferior se abaixe; 
 Fase de fechamento da boca: isso, por sua vez, inicia o reflexo de estiramento dos músculos levantadores 
da mastigação, e, ao mesmo tempo, ao relaxamento dos músculos abaixadores mandibulares, o que, por sua 
vez, eleva a mandíbula; 
 Fase oclusal (golpe mastigatório): há contato e intercuspidação dos dentes, fisiologicamente em oclusão 
cêntrica, gerando forças interoclusais, devido à contração isométrica dos músculos levantadores da 
mandíbula. Obviamente esta constitui a fase crucial da mastigação, já que gera a pressão interoclusal, 
quebrando o alimento interposto entre os dentes. 
A compressão do bolo alimentar contra as paredes da cavidade nucal, inibe a contração dos músculos levantadores 
da mandíbula, fazendo a mandíbula descer mais uma vez. Esse processo é repetido continuamente. 
A mastigação é importante para a digestão dos alimentos, mas especialmente importante para maiorias das frutas 
e dos vegetais crus, com membranas de celulose indigeríveis, ao redor das porções de nutrientes que precisam ser 
rompidas para que o alimento possa ser digerido. Além disso, a mastigação ajuda na digestão dos alimentos, pois 
as enzimas digestivas só agem nas superfícies das partículas de alimentos. Logo, a intensidade da digestão depende 
da área de superfície total exposta às secreções digestivas. 
Outra observação da importância da mastigação é que triturar os alimentos, em partículas pequenas, previne 
escoriações do trato gastrointestinal e facilita o transporte do alimento do estômago ao intestino delgado. 
Fases mecânicas: 
 Fixação: concerne especificamente a alimentos duros, como carne crua ou mal passada que devem ser 
esmiuçadas por movimentos de lateralidade da mandíbula, o alimento vai ser fixado pela ação do canino . 
Além disso, a ação do canino pode quebrar alimentos duros, como sementes ou caroços, esmiuçando-os. 
 Incisão: A elevação da mandíbula em protrusão vai aprisionar o alimento entre as bordas incisiais. A 
mandíbula vai retro propulsar-se, deslizando-se as bordas incisiais dos incisivos inferiores contra a face 
palatina dos incisivos superiores. A língua e a bochecha vai localizar o alimento entre as superfícies oclusais 
dos dentes, agora preferencialmente os posteriores (pré-molares e molares), que pelas suas características 
vão realizar a próxima fase. 
 Trituração: É a transformação mecânica de partes grandes do alimento em menores. Ocorre nos pré-
molares (pintercuspideana é maior), pois consegue moer mais facilmente as partículas maiores que 
oferecem maior resistência. 
 Pulverização: Moagem de partícula pequena, transformando-as em alimentos muito reduzidos que não 
oferecem resistência ao nível da superfície oclusal. 
 
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Durante as etapas do ciclo mastigatório, em especial na incisão e trituração, ocorre reflexamente secreção salivar 
que ajuda na mastigação do bolo alimentar. Além disso, a atividade muscular é intensa, especialmente a dos 
movimentos verticais da mandíbula e na pulverização molar, além dos movimentos verticais são importantes os 
movimentos horizontais, laterais e de protusão ou retrusão 
Salivação 
Papel e importância: 
A saliva produzida na intensidade de 1L é secretada na boca. Ela lubrifica o alimento ingerido, possibilitando a 
formação de uma porção arredondada e lisa, o bolo alimentar (apropriada para a deglutição). A saliva tem a 
capacidade de solubilizar as moléculas da refeição, o que possibilita a sua difusão para os botões gustativos da 
língua, afetando o apetite e a ingestão de alimentos. Isso tem impacto nos segmentos mais distais do trato 
gastrointestinal, já que a mastigação de uma substância branda vai estimular certo grau de secreção gástrica. 
Obtém-se uma resposta mais intensa quando o indivíduo mastiga um alimento que ele considera saboroso. Logo, a 
secreção salivar pode iniciar o processo digestivo. Ela desempenha também papéis da defesa do hospedeiro, pois 
contêm uma variedade de substâncias antibacterianas que atuam para proteger a cavidade oral contra a colonização 
microbiana. Ela é ligeiramente alcalina, sendo importante para neutralizar qualquer refluxo gástrico do esôfago, 
protegendo contra erosões e lesões esofágicas e também auxilia na fala. 
A saliva apresenta dois componentes: (1) componente inorgânico, que é inteiramente dependente do estímulo e da 
intensidade do fluxo salivar, formado por íons na+, k+, hco3 -, mg+2 e cl- (hipertônico). Além disso, pode haver a 
secreção de fluoretos, os quais formam a base do tratamento oral com fluoreto para a prevenção de cáries dentárias. 
A concentração de íons varia com a intensidade da secreção, que é estimulada durante o período pós-prandial. E (2) 
componente orgânico, que apresentam alta concentração de enzimas (amilases, lipase), mucina e fatores de 
crescimento e são secretados por células acinares. A amilase (uma enzima que inicia a digestão do amido), lipase 
(importante para a digestão lipídica), glicoproteína (mucina que forma muco quando hidratada) e lisozima (ataca a 
parede celular bacteriana, para limitar a colonização bacteriana na boca). Embora a amilase salivar inicie o processo 
de digestão de carboidratos, não é necessária em adultos saudáveis, devido ao excesso de amilase pancreática. De 
maneira similar, a importância da lípase lingual não está clara 
Funções da saliva 
1. A lubrificação do alimento pela mucina (n-acetilglicosamina) e pelas proteínas ricas em prolina protege a 
mucosa oral e os dentes da ação mecânica dos alimentos durante a mastigação e facilita o processo da 
deglutição; 
2. A diluição e a solubilização dos alimentos pela saliva; 
3. Gustação, uma vez que a solubilização dos alimentos estimula as papilas gustativas; 
4. Regulação da temperatura dos alimentos; a diluição dos alimentos efetuada pela saliva resfria-os ou aquece-
os; 
5. Higienização; a saliva remove restos de alimentos que se alojam entre os dentes; 
6. Fonação, pois o umedecimento da cavidade oral facilita a fonação; 
7. Ação tamponante; resulta do ph alcalino da saliva, protegendo a mucosa oral contra alimentos ácidos e os 
dentes contra os produtos ácidos da fermentação bacteriana. Durante as ânsias que precedem o vômito, a 
salivação é grandemente estimulada, protegendo a mucosa oral do quimo ácido proveniente do estômago; 
8. Ação bactericida: a saliva secreta a lisozima que lisa a parede celular bacteriana, o scn- (sulfocianato), também 
com ação bactericida, e a proteína ligadora de imunoglobulina a, ativa contra vírus e bactérias; 
9. Ação bacteriostática: é efetuada pela lactoferrina, que impede o crescimento de bactérias dependentes deste 
íon; 
10. Ação na cicatrização de feridas ou lesões da mucosa oral pela secreção do fator de crescimento epidérmico, 
razão pela qual os animais instintivamente lambem suas feridas; 
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11. Ação antimicrobiana: efetuada pelas proteínas ricas em prolina que interagem com o ca+2 e com a 
hidroxiapatita, participando da manutenção da integridade dos dentes; 
12. Incorporação de flúor e fosfato aos dentes, uma vez que estes íons são captados do sangue e concentrados 
pelas glândulas salivares que os secretam. 
 
Ação digestiva da saliva 
 
1. α -amilase salivar (ptialina): é sintetizada nas células acinares; é uma endoamilase que hidrolisa 
ligações α-[1- 4]-glicosídicas no interior das cadeias polissacarídicas. O PH ótimo para a ação da α-
amilase é 7. Da ação da αamilase sobre a cadeia polissacarídica resultam maltose (dissacarídeo), 
maltotriose (trissacarídeo) e as α-limite dextrinas. A ação da α-amilase salivar na cavidade oral é de 
curta duração e é continuada no interior do estômago durante a fase de armazenamento do alimentono fundo; 
2. Lipase lingual: é secretada pelas glândulas de von ebner da língua e hidrolisa triacilgliceróis que 
possuem ácidos graxos com cadeias curtas e médias, resultando em ácidos graxos livres e 
monoacilgliceróis. A lipase lingual difere da lipase gástrica porque esta é ativa em ph menor que 4, 
agindo, assim, apenas no interior do estômago; 
3. Calicreína: enzima produzida no mesênquima das glândulas salivares, sendo liberada no interstício 
durante a estimulação neural da secreção salivar. Esta enzima catalisa a produção de bradicinina a 
partir de proteínas plasmáticas específicas. A bradicinina é um potente vasodilatador, elevando o fluxo 
sanguíneo e a taxa metabólica das glândulas salivares. 
Produtos secretores salivares 
As células acinares serosas secretam o componente proteico, enquanto as células acinares mucosas secretam o 
componente aquoso. 
Componentes proteicos: 
Enzimas digestivas JÁ CITADAS! 
Substâncias protetoras: 
 Lisozima (+peptídeos bacterianos): limitam a colonização da cavidade oral por micróbios. 
 Lactoferrina: sequestra o ferro, inibindo o crescimento das bactérias que necessitam dessa substância. 
 IgA: defesa imunológica. 
 Fatores de crescimento: contribuem para o reparo e para o crescimento de células epiteliais e de outros 
tipos celulares de localização mais distal, incluem os fatores de crescimento neural e epidérmico. 
 Lubrificantes: os principais são mucina e água. As mucinas são moléculas grandes de glicoproteínas com 
propriedades viscoelásticas. Todavia, a água representa o principal componente da saliva é secretada em 
taxas muito altas. 
Solutos inorgânicos: incluem o cálcio e o fosfato, os quais são importantes para a formação e manutenção do dente. 
IMPORTANTE! 
No caso das parótidas, elas são compostas de células serosas e secretam solução composta de glicoproteínas, água, 
íons e enzimas. Já as sublinguais (abaixo da língua) possui ácinos predominantemente mucosos com alguns ácinos 
serosos dispersos. 
As submandibulares são mistas, tendo células serosas e mucosas. 
 Células serosas: secretam solução aquosa 
 Células mucosas: secretam as mucinas (glicoproteínas) importantes para a lubrificação. 
 Células ductais: 
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Os ductos intercalados, ligados diretamente aos ácinos, servem predominantemente para transportar saliva para fora 
do ácino e impedir seu refluxo. As células intralobulares, por outro lado, são células epiteliais polarizadas com funções 
especializadas de transporte e possuem junções firmes intercelulares entre as células que limitam a sua 
permeabilidade em relação ao ácino que é permeável. 
Regulação da secreção salivar 
A secreção salivar está sob controle neural exclusivo enquanto as outras secreções estão sob controle neural e 
hormonal. No entanto, os hormônios podem exercer efeitos crônicos sobre a composição da saliva, como exemplo a 
aldosterona: pode aumentar a capacidade dos ductos salivares de absorver íons sódio. A secreção salivar é aumentada 
pela estimulação parassimpátiaca e simpática. Porém, do ponto de vista quantitativo, a regulação predominante da 
taxa secretora e da composição da saliva ocorre por vias parassimpáticas enquanto que os eferentes simpáticos 
produzem apenas um papel modificador. Existem inervações simpáticas e parassimpáticas nas células acinares ductais. 
Essa estimulação em células salivares provoca produção salivar aumentada, secreções aumentadas de bicarbonato e 
de enzimas e contração das células mioepiteliais. 
Inervação parassimpática 
A eferência parassimpática para as glândulas salivares é conduzida 
pelos nervos facial (VII) e glossofaríngeo (IX). Esses nervos se 
originam do núcleo salivatório do bulbo e recebem impulsos de centros 
superiores que integram as necessidades fisiológicas e fisiopatológicas. 
Os reflexos condicionados como olfato, e paladar estimulam 
acentuadamente o efluxo parassimpático, enquanto que a atividade 
parassimpática é diminuída por medo, sono, fadiga e desidratação. 
Em condições patológicas, a sensação de náuseas transmite um 
estímulo importante na secreção salivar, estimulando-a 
acentuadamente para proteger a cavidade oral e o esôfago dos efeitos 
lesivos do ácido gástrico vomitado e outros conteúdos intestinais. Os 
neurônios parassimpáticos pós-ganglionares liberam ACh, que interage 
com os receptores muscarínicos M3 nas células acinares e ductais. A 
atividade desses receptores promove a produção de inositol (IP3) e 
de concentrações de Ca+2 aumentadas. 
A inervação parassimpática também causa a dilatação dos vasos sanguíneos que suprem a glândula, sendo importante 
para manter as altas taxas de secreção durante as necessidades líquidas e metabólicas. 
Inervação simpática 
Estímulo simpático eleva o fluxo secretor por contração das células mioepiteliais, o que, por sua vez expulsa a saliva 
pré-formada, mediado por receptores α-adrenérgicos; além de potencializar o efeito da acetilcolina, por meio da 
liberação de noradrenalina e ativação dos receptores β-adrenérgicos nas células acinares. Mas como causa 
vasoconstrição, diminui, em uma segunda fase, a secreção salivar. A secreção é, portanto, de pequeno volume e 
viscosa, rica em muco e com alta concentração de K+ e de HCO3 - . Situações de estresse, medo, excitação e 
ansiedade causam ''boca seca". As fibras simpáticas para as glândulas salivares se ramificam do gânglio cervical 
superior. Essa eferência simpática é originada nos segmentos torácicos de T1 a T3, com os nervos pré-ganglionares 
que fazem sinapse no gânglio cervical superior. 
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Não se acredita que esses nervos sejam capazes de iniciar ou de sustentar a secreção de modo independente, 
porém eles podem potencializar os efeitos da regulação parassimpática por meio da liberação de NA, pelos neurônios 
simpáticos pós-ganglionares, que interage com os receptores β-adrenérgicos nas células acinares e ductais. A 
ativação desse receptor provoca a estimulação da adenilil-ciclase e a produção de monofosfato cíclico de adenosina 
(AMPc), aumentando a secreção salivar. 
A estimulação simpática tem um efeito bifásico: inicialmente os receptores α-adrenérgicos na rede vascular 
produzem vasoconstrição, porém a ativação dos β-adrenérgicos é mais importante. 
Obs.: Reflexos salivares não condicionados: apresenta-se 
aumento do fluxo salivar na mastigação, na excitação 
sexual, na presença de alimento na boca. A causa mais 
frequente do aumento da secreção de saliva é a 
estimulação dos nervos da cavidade oral pela presença de 
alimentos, ou corpos estranhos na boca. As aferências 
salivatórias se iniciam nos corpúsculos gustativos em 
especial, mas também nos mecanoceptores de tato e 
pressão da mucosa bucal, nos proprioceptores musculares 
excitados especialmente na função estomatognática como 
falar, mastigar, succionar. Os impulsos realizam sinapses 
no núcleo do trato solitário que, por sua vez, excita os 
núcleos salivares superior e inferior. As substâncias mais 
apetitosas, ou seja, aquelas que desencadeiam mais 
intensamente a sensação de paladar, são as que mais 
estimulam a secreção salivar, em particular a sensação de 
ácido. Segundo a natureza e a intensidade do estímulo aplicado, a resposta salivar será quantitativa e qualitativamente 
diferente. 
Reflexos Salivares Condicionados (de Pavlov): precisam de Treino Prévio Repetitivo e comandam um número 
bastante grande de Respostas Salivares, cuja origem não está na boca, mas em outro órgão, sobretudo na da 
Olfação e Visão. Estes Órgãos Sensoriais, quando estimulados com um treinamento prévio associado à Gustação, 
provocam uma resposta de salivação mais eficiente 
Base molecular da saliva 
Células acinares 
Elas liberam seu conteúdo proteíco e mucoso por exocitose, esse processo envolve a mobilização do Ca+2 intracelular, 
distalmente ao receptor msucarínico de ACh. Elas também secretam de maneira ativa os íons cloreto e potássio na 
secreção salivar primária. Como essas células são relativamentepermeáveis, o Na+ acompanha paracelularmente 
através das junções firmes. Já o movimento da água pode ser tanto paracelular, como transcelular (essa via é 
facilitada pela expressão apical de AQP-5). Logo, a secreção salivar inicial é isotônica e tem uma composição iônica 
relativamente comparável à do plasma, apesar de uma concentração um pouco elevada de K+. 
 Passo-a-passo do processo secretor: 
1. A bomba de Na+/K+-ATPase na membrana basolateral mantém os níveis de sódio intracelulares baixo, o 
que fornece energia para o cotransportador de Na+-K+-2Cl- (NKCC1) para acumular o cloreto no citosol da 
célula acinar acima de seu gradiente eletroquímico. 
BIANCA ABREU-MD4 19 
 
2. Em seguida, o cloreto sai pela membrana apical em resposta às altas concentrações de Ca+2 intracelular 
pelo canal de cloreto conhecido como anoctamina. Existem também, na mebrana apical, canais de potássio 
dependentes de cálcio responsáveis pela secreção efetiva de potássio. 
Células ductais 
Essas células modificam a composição da saliva à medida que passa pelos ductos. E nessas células dos ductos, o 
transporte é ativo. O sódio e o cloreto são reabsorvidos pela membrana apical, por meio de canais de sódio ENaC 
(canal de Na+ epitelial) e canais de cloreto CTFR, por um mecanismo acoplado. O cloreto quando é secretado na 
região apical, também pode ser reabsorvido por um trocador de ânions com o HCO3- para promover sua secreção 
e alcalinização da saliva. Já o bicarbonato deriva do transportador pNBC1 da membrana basolateral. E o potássio 
também é secretado por meio de canais apicais. A força que impulsiona a captação de Na+ na membrana apical é 
fornecida pelo transportador Na+/K+-ATPase na membrana basolateral. 
Como essas células possuem baixa permeabilidade passiva, a água não atravessa as junções firmes de modo rápido, 
acompanhando a reabsorção ativa de sódio e cloreto, a saliva se torna hipotônica. Além disso, o BIC é secretado de 
modo progressivo ao longo do lúmen, alcançando aproximadamente pH 8 quando 
a saliva entra na boca em condições de fluxo estimulado. 
 
Variações na composição da saliva 
A composição iônica da saliva modifica à medida que a taxa de fluxo aumenta. 
 Baixas taxas de secreção: 
Hipotônica 
Maior concentração e K+ do que de Na+. 
Menor concentração de cloreto. 
 Altas taxas 
de secreção: 
ccConcentração de 
Na+ e K+ são semelhantes. 
A Concentração de cloreto aumenta. 
OBS: Isso ocorre, pois, o tempo que a saliva passa nos ductos é demasiadamente curto para que as células sejam 
capazes de modificar a composição de modo significativo. 
O que é a “boca seca”? 
Chamada tecnicamente de xerostomia e refere-se a uma série 
de condições em que a secreção salivar está comprometida. Ela 
pode ser congênita ou ocorre em consequência de um processo 
autoimune dirigido para as glândulas salivares (síndrome de 
Sjögren). 
É de etiologia iatrogênica e ocorre como efeito colateral de 
várias classes diferentes de fármacos (antidepressivos, 
psicotrópicos e anti-hipertensivos) ou secundariamente à 
irradiação da cabeça e do pescoço para o tratamento de 
neoplasias malignas. 
Os pacientes nessa condição apresentam: 
 Diminuição do pH oral 
 Problemas dentários associados 
BIANCA ABREU-MD4 20 
 
 Erosões esofágicas 
 Dificuldade na lubrificação e na deglutição do alimento, resultando em nutrição precária. 
 Infecções oportunistas em consequência do comprometimento das defesas do hospedeiro. 
 
 Deglutição 
Refere-se ao conjunto de mecanismos motores perfeitamente coordenados, visando à passagem do conteúdo oral 
para o estômago com participação ativa da faringe e esôfago. Esse efeito se refere ao conteúdo da cavidade oral, 
seja o bolo alimentar (consistência elevada) ou de líquido (bebida e secreção salivar). 
Também se refere à expulsão do conteúdo das vias aéreas subfaríngeas, especialmente as secreções mucosas, por 
mecanismos respiratórios de retropulsão de caráter protetor, que remove partículas originariamente captadas em 
ditas vias. 
Recebe a influência de estruturas reticulares bulbares, denominadas centro deglutitório funcional que integra a 
contração dos 3 pares de músculos esqueléticos. 
As fases da Deglutição dividem-se em: (1) Estágio Voluntário, que inicia o Processo de Deglutição; (2) Estágio Faríngeo, 
que é involuntário e corresponde à passagem do alimento pela Faringe até o Esôfago; (3) Estado Esofágico, outra 
fase Involuntária que transporta o alimento da Faringe ao Estômago. O Reflexo da Deglutição, portanto, consiste 
numa sequência ordenada de eventos que levam o alimento da Cavidade Oral à Faringe e de lá ao Estômago. Esse 
Reflexo também inibe a respiração e impede a entrada do alimento na Traqueia durante a Deglutição. A Via Aferente 
do Reflexo da Deglutição começa quando os Receptores de Estiramento, principalmente os próximos à abertura da 
Faringe, são estimulados. Impulsos Sensoriais desses receptores são transmitidos para uma Área no Bulbo e na Ponte 
Inferior, chamada Centro da Deglutição. Os Impulsos Motores passam do Centro da Deglutição para a Musculatura 
da Faringe e do Esôfago Superior, via vários Nervos Cranianos e para o restante do Esôfago por Neurônios Motores 
Vagais. 
Obs.: Estágio Voluntário da Deglutição: inicia-se quando a Ponta da Língua e, em seguida, sua Porção Posterior, 
empurra o Bolo Alimentar contra o Palato Duro. Dessa forma, o Bolo Alimentar é comprimido e empurrado para trás, 
em direção à Faringe, o que, por sua vez, estimula Mecanorreceptores e se iniciam os Estágios Involuntários 
Propósitos 
 Alimentar: introdução do bolo alimentar já formado na boca por mastigação e salivação. Visa completar o 
processo digestivo no trato gastrointestinal. 
 Escoamento do conteúdo líquido: seja por ingestão de fluidos ou por secreção salivar 
 Defesa das V.A.I: permite a drenagem do produto obtido por ação de mecanismos protetores como o 
mecanismo mucociliar. 
 Proteção da permeabilidade das vias aéreas: evita a introdução de fluidos ou bolo alimentar na sua passagem 
inicial na faringe. 
 Coordenação funcional dos processos respiratório e digestório. 
Fases da deglutição 
São 4 estágios ou fases evolutivas da deglutição, em que o conteúdo bucal vai sendo deslocado seguindo etapas 
diferentes da boca até o esôfago. Sendo que o tempo de duração dessas fases varia e aumenta na progressão 
destas. E a musculatura é diversa segundo a natureza da fase, predominando a musculatura esquelética nas primeiras 
fases e a lisa nas etapas finais. 
BIANCA ABREU-MD4 21 
 
 
Fase preparatória 
Ela consiste no preparo da língua, com a colaboração 
das bochechas e dos lábios, fenômeno no qual o 
controle cortical é fato proeminente, mas com 
participação reflexa da mucosa do dorso glóssico 
anterior, bem como da mucosa dos lábios e 
bochechas. Esta fase é exclusiva da deglutição 
alimentar, na qual ocorre a formação do bolo 
alimentar. 
Os nervos participantes são: trigêmeo, facial e 
hipoglosso e o músculo bucinador é responsável por facilitar o movimento lingual que vai misturar o bolo com a 
secreção salivar, cujo ritmo secretório é mantido elevado, visando diminuir a viscosidade do bolo e facilitando a 
condutância e o consequente fluxo. 
Fase oral 
É a propulsão intra-oral que transporta o bolo sobre a própria superfície da língua. Esse fenômeno inicial é uma 
projeção do ápice da língua para cima e para trás, estabelecendo uma zona de hipertensão anterior e uma 
concavidade na superfície dorsal da língua. Esse processo ondulatório segue para a base da língua, condição que 
contribui para o deslocamento no bolo alimentar no sentido da faringe. A partir disso, forma-se um êmbolo lingual 
que pressiona o bolo alimentar para trás, formando-se um sistema de pistão propulsor do bolo. 
Essa fase é finalizada com a abertura do esfíncter glossopalatino, determinado por um aumento do diâmetro 
posterior da boca por abaixamento da base da língua e levantamento do véu do palato, em que participam os 
músculosestilo-hióideo e estiloglosso, além dos músculos suprahióideos, como o milo-hióideo, porém, com 
proeminente participação do genioglosso que, quando contrai, traciona a língua para frente, abrindo o canal posterior 
da boca. 
O relaxamento do esfíncter funcional glossopalatino é determinado pela contração do músculo levantador do véu, 
puxando o palato mole para cima e obliterando a abertura posterior das narinas, protegendo essa via do fluxo 
deglutitório. 
Os nervos mais importantes dessa fase são o trigêmeo e hipoglosso e começam a assumir um papel relevante o 
conjunto dos três nervos que integram o plexo faríngeo: vago (X), glossofaríngeo (IX) e acessório (XI), fundamentais 
no desenvolvimento da etapa seguinte. 
 
 
Fase faríngea 
É a etapa mais complexa da deglutição, pois participa um grande número de estruturas e tem duração de 0,7-1 
segundo. 
Passo-a-passo: 
BIANCA ABREU-MD4 22 
 
 Contração do músculo milo-hióideo que promove o deslocamento das estruturas sub-hióideas como a laringe, 
favorecido pela contração quase simultânea do músculo tireo-hioideo. 
 O músculo constritor superior da faringe começa a sua contração e provoca um incremento na pressão 
intrafaríngea na porção superior da faringe, estabelecendo a ∆P suficiente para provocar o fluxo de 
deglutição. 
Isso se deve ao relaxamento precoce do esfíncter hipofaríngeo pela contração do músculo cricofaríngeo. Esse 
relaxamento determina um ponto de menor resistência que facilita um fluxo descendente do bolo alimentar. 
 A laringe sofre modificações para diminuir ainda mais a resistência para o fluxo descendente e impedir a 
aspiração do conteúdo deglutitório para as vias aéreas inferiores e pulmão. 
Ocorre o complexo faríngeo (conjunto de fenômenos laríngeos) que consiste em: 
 Transferência da laringe para cima e para frente, abrindo o canal inferior a faringe. 
 Deslocamento da epiglote que de sua posição vertical passa à horizontal, permitindo a passagem lateral do 
fluxo deglutitório, tampando o orifício superior da laringe. 
 Fechamento da glote por contração dos músculos cricotireóideo e aproximação das cordas ou pregas vocais, 
fenômeno que impede o fluxo aéreo (parada inspiratória por indução de apnéia por inibição do grupo dorsal 
respiratório da formação reticular bulbar). 
 
Após a constrição dos músculos faríngeos no início da deglutição faríngea, o processo se segue pela constrição do 
músculo constritor superior da faringe que determina zona hiperpressórica alta e o bolo alimentar é orientado em 
direção ao esfíncter esofágico superior. 
 Quando o bolo alimentar está no meio da faringe, o músculo constritor médio da faringe passa a se contrair 
e leva o bolo ainda mais em direção inferior. O músculo constritor inferior da faringe procede a orientar o 
fluxo no sentido esofágico, ultrapassando o esfíncter esofágico superior que estava previamente relaxado 
pela contração do cricofaríngeo. 
A contração desses músculos é ocasionada pela excitação de núcleos motores de diversos nervos cranianos, como 
trigêmeo (V), hipoglosso (XII), glossofaríngeo (IX), vago (X) e acessório (XI), além da participação dos nervos espinais 
cervicais C3-C5. 
 A etapa faríngea da deglutição deve-se à ação do padrão rítmico da deglutição, mas com a intervenção de 
impulsos aferentes gerados nas vias digestivas altas e laringe que podem precipitar a ritmicidade contrátil. 
Proprioceptores mucosos: Na boca posterior, faringe superior, superfície interna da laringe e das pregas vocais. 
Os receptores excitados pelo bolo alimentar (de consistência mais elevada): Nos pilares amigdalianos anteriores, na 
sua porção inferior, na base da língua e úvula. 
 
Receptores sensíveis ao fluxo de líquido: encontram-se nos canais paraepiglóticos que representam os osmorreceptores 
periféricos. 
 
Pressoreceptores: nos pilares anteriores, na porção superior e na faringe posterior que quando excitados promovem 
vômito. 
 
Obs.: Os nervos que inervam as estruturas musculares da faringe e do esfíncter esofágico superior liberam acetilcolina 
(ACH), que provoca contração muscular por meio de sua ligação a receptores nicotínicos. Embora esses nervos 
acompanhem anatomicamente o nervo vago, trata-se de nervos motores somáticos, que terminam diretamente em 
placas motoras no músculo estriado dessa região. 
 
Ocorre inibição do centro respiratório do bulbo durante o estágio faríngeo da deglutição, interrompendo a respiração 
em qualquer ponto do ciclo para permitir a deglutição. E mesmo quando a pessoa está falando, a deglutição interrompe 
a respiração por um breve período de tempo, quase imperceptível. 
 
Fase esofágica 
BIANCA ABREU-MD4 23 
 
Nessa fase, estipulam-se três setores do esôfago que contemplam processos funcionais diversos, segundo o tipo de 
músculo envolvido na contratilidade descendente. 
 Terço superior do esôfago: 
Musculatura esquelética constituída por feixes musculares, prolongações do constritor inferior da faringe, cuja 
contratilidade é controlada pelo plexo faríngeo (nervo vago, glossofaríngeo e acessório). 
 Terço médio do esôfago: 
É formado por uma substituição gradativa do músculo esquelético por musculatura lisa tanto longitudinal como 
circular. E a expressão contrátil é o movimento peristáltico de caráter descendente. 
 Terço inferior do esôfago: Exclusivamente músculo liso que segue as mesmas características da região anterior. 
E esse musculo liso é controlado pelo nervo vago por impulsos gerados na formação reticular bulbar. Somente 
ao nível esofagiano inferior, o controle do músculo liso recebe eferências simpáticas e a ação de hormônios 
peptídicos gastrointestinais, especialmente gastrina e bombesina. 
O movimento peristáltico representa uma onda progressiva bifásica, em que a onda contrátil é proximal e determina 
a área hiperpressórica enquanto a onda de relaxamento é distal e (precede a contração) determina a área de 
hipotensão, pelo que o conteúdo da deglutição se desloca em sentido descendente. 
Componente Nervoso do Estágio Esofágico da Deglutição 
São estímulos mecânicos que iniciam as várias da atividade do musculo liso, sendo eles (1) estímulo faríngeo, durante 
a deglutição; e (2) distensão da parede esofágica. As vias neurais envolvem reflexos intrínsecos e extrínsecos. Os 
mecanorreceptores respondem à distensão esofagiana e ativam vias reflexas extrínsecas (do nervo vago ao tronco 
cerebral) e intrínsecas. O músculo estriado é regulado pelo núcleo ambíguo no tronco cerebral; enquanto que o 
músculo liso é regulado pelo efluxo parassimpático via nervo vago (NC X). A estimulação das vias reflexas, por sua 
vez, inicia a onda peristáltica. 
Atividade motora durante a fase esofágica: o esôfago apresenta dois tipos de movimentos peristálticos: (1) o 
peristaltismo primário e (2) o peristaltismo secundário. O peristaltismo primário consiste na continuação da onda 
peristáltica que se inicia na faringe, onde o músculo contrai e alternadamente relaxa, durante o estágio faríngeo da 
deglutição. Essa onda dura cerca de 8 a 10 segundos e se desloca lentamente (3 a 5 cm/s). Se o peristaltismo 
primário não conseguir mover todo o alimento da faringe ao estômago, a distensão esofágica provocada pelo 
movimento do alimento desencadeia o peristaltismo secundário; até o esvaziamento completo do esôfago. Além 
disso, a estimulação da faringe pela deglutição provoca relaxamento reflexo do EEI, o qual permite, agora, a passagem 
do bolo alimentar ao estômago; e relaxamento da parte proximal do estômago, permitindo, portanto, que o estômago 
acomode grandes volumes com aumento mínimo da pressão intragástrica. Esse processo é chamado de relaxamento 
receptivo 
As ondas peristálticas secundárias são deflagradas, em parte, por circuitos neurais intrínsecos do sistema nervoso 
mioentérico e, em parte, por reflexos iniciados na faringe e transmitidos por fibras vagais aferentes para o bulbo 
retornando ao esôfago por fibras nervosas eferentes vagais e glossofaríngeas. 
Obs: "A musculaturada parede faríngea e do terço superior do esôfago é composta por músculo estriado. Portanto, 
as ondas peristálticas nessas regiões são controladas por impulsos em fibras nervosas motoras de músculos 
esqueléticos dos nervos glossofaríngeo e vago. Nos dois terços inferiores do esôfago, a musculatura é composta por 
músculo liso e essa porção do esôfago é controlada pelos nervos vagos, que atuam por meio de conexões com o 
sistema nervoso mioentérico esofágico. Quando os ramos do nervo vago para o esôfago são cortados, o plexo nervoso 
mioentérico do esôfago fica excitável o suficiente para causar, após vários dias, ondas peristálticas secundárias 
fortes, mesmo sem o suporte dos reflexos vagais. Portanto, inclusive após a paralisia do reflexo da deglutição no 
tronco encefálico, alimento introduzido por sonda no esôfago, ainda passa rapidamente para o estômago. 
BIANCA ABREU-MD4 24 
 
.Importante! Em condições de repouso, o Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) está tonicamente contraído, pois tem 
função protetora importante e participa da prevenção de refluxo ácido do estômago de volta para o esôfago. O 
tônus do EEI pode ser aumentado por agentes neuro-humorais, que são liberados de modo simultâneo com a 
ingestão de uma refeição, incluindo a acetilcolina (ACH) e a gastrina. A integração cuidadosa da peristalse com o 
relaxamento do esfíncter esofagiano interno é produzida pela atividade combinada do nervo vago e do sistema 
nervoso mioentérico esofágico, sendo mediada pela liberação de NO a partir de nervos inibitórios mioentéricos, cujos 
corpos celulares estão localizados no plexo mioentérico. Há evidências sugerindo que o polipeptídeo intestinal 
vasoativo (VIP) também esteja contido dentro desses nervos, de modo que esse neurotransmissor peptidérgico 
também contribui para o relaxamento do Esfíncter Esofágico Inferior. 
Esôfago 
É um tubo muscular de aproximadamente 25 cm de comprimento e diâmetro médio de 2 cm que transporta o 
alimento da cavidade oral/faringe ao estômago. De modo geral, contém as mesmas camadas que o restante do trato 
digestivo. O esôfago desce do mediastino superior ao posterior, seguindo, posteriormente e à direita do arco da aorta 
e posteriormente ao pericárdio e átrio esquerdo, tendo, portanto, importantes relações anatômicas com o coração. 
Em seguida, desvia-se para a esquerda e atravessa o hiato esofágico, localizado no diafragma, ao nível da 10ª 
vértebra torácica, anteriormente à aorta. Ele possui 3 pontos de constrição na parte torácica do esôfago (constrições), 
evidenciadas após fluoroscopia (ingestão de bário): 
Constrição cervical (esfíncter superior do esôfago): presente no início do esôfago, ao nível da junção faringo-
esofágica, provocada pela parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da faringe. Situa-se a 15 cm dos dentes 
incisivos; 
Constrição broncoaórtica (cervical): consiste em uma constrição combinada, no local onde ocorre o cruzamento do 
arco da aorta e depois onde ocorre o cruzamento pelo brônquio principal esquerdo; 
Constrição diafragmática: ocorre no local onde o esôfago atravessa o hiato diafragmático. O alimento rapidamente 
atravessa o esôfago devido ao peristaltismo e, em menor grau, à gravidade, mas não sendo dependente dela (é 
possível engolir de cabeça para baixo). 
Parte abdominal do esôfago: apresenta apenas 1,25 cm de comprimento e apresenta a forma de um trompete, vai 
do hiato esofágico até o óstio cardíaco do estômago. O esôfago se fixa às margens do hiato esofágico pelo ligamento 
frenicoesofágico, uma extensão da fáscia diafragmática anterior. Esse ligamento permite o movimento independente 
do diafragma e do esôfago durante a respiração e a deglutição. A face anterior do esôfago é recoberta por peritônio, 
enquanto que a face posterior se encaixa em um sulco do fígado. 
Vascularização do esôfago 
Parte torácica do esôfago: a face anterossuperior da artéria subclávia origina o tronco tireocervical, que, por sua vez, 
emite 4 ramos, sendo a artéria tireóidea inferior o mais importante deles, a artéria visceral primária do pescoço, 
responsável por suprir o esôfago, as glândulas tireoides e paratireoides, a laringe e os músculos adjacentes. 
Parte abdominal do esôfago: o tronco celíaco, derivado da aorta abdominal, origina a artéria gástrica esquerda, a 
qual, juntamente com a artéria frênica inferior esquerda, realizam a irrigação da parte abdominal do esôfago. A 
drenagem venosa das veias submucosas dessa parte do esôfago se faz para o sistema venoso porta, através da veia 
gástrica esquerda e para o sistema venoso sistêmico, pelas veias esofágicas que entram na veia ázigo 
Inervação do esôfago 
BIANCA ABREU-MD4 25 
 
O esôfago é inervado pelo plexo esofágico, formado pelos troncos vagais (que se tornam os ramos gástricos anterior 
e posterior) e pelos troncos simpáticos, por meio dos nervos esplâncnicos maiores (abdominopélvicos) e plexos 
periarteriais ao redor das artérias gástrica esquerda e frênica inferior. O plexo esofágico é formado por ramificações 
do nervo vago (NC X), inervando todas as vísceras torácicas e a maior parte do sistema digestório, da porção inferior 
do esôfago até a flexura esquerda do colo (intestino grosso). Os nervos laríngeos recorrentes se originam do nervo 
vago na porção inferior do pescoço, ascendem superiormente até a face posteromedial da glândula tireoide, onde 
ascendem o sulco traqueoesofágico, suprindo a traqueia e o esôfago e todos os músculos intrínsecos da laringe, com 
exceção do músculo cricotireoideo. Os ramos gástricos anterior e posterior do plexo esofágico acompanham o esôfago 
através do hiato esofágico para distribuição nas faces anterior e posterior do estômago. Por outro lado, as fibras 
nervosas simpáticas pós-ganglionares do plexo celíaco são distribuídas para esses órgãos por intermédio o dos plexos 
periarteriais. 
Histologia do esôfago 
Camada mucosa: grande parte das variações entre as regiões do trato gastrointestinal e esôfago ocorrem na mucosa. 
O epitélio é adaptado às funções de cada parte do canal, tendo como principais funções: (1) proteção, (2) absorção 
e (3) secreção. 
A mucosa esofágica é revestida por um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, o qual fornece proteção 
contra a abrasão física pelos alimentos ingeridos. 
Lâmina própria: a lâmina própria contém glândulas mucosas por toda a extensão do canal alimentar. No esôfago, por 
exemplo, a lâmina própria contém agregados de glândulas secretoras de muco, as quais, em geral, lubrificam a 
superfície epitelial para proteger a mucosa contra lesão química e mecânica. 
Glândulas cardíacas esofágicas: são encontradas na lâmina própria e estão presentes na porção terminal do esôfago 
e, muitas vezes, na porção inicial do esôfago. As glândulas cárdicas esofágicas produzem muco neutro. 
Correlação clínica- refluxo gastresofágico: as glândulas próximas do estômago tendem a proteger o esôfago do 
conteúdo gástrico regurgitado. Entretanto, sob certas circunstâncias, elas não são plenamente efetivas, e o refluxo 
excessivo resulta em pirose (azia). Essa condição pode progredir para a doença do refluxo gastresofágico (drge) 
plenamente desenvolvida. 
Correlação clínica- esôfago de barret (metaplasia epitelial pavimentosa): a metaplasia epitelial pavimentosapara-
colunar pode ocorrer como resultado de refluxo gastresofágico (esôfago de barrett), o epitélio estratificado 
pavimentoso não queratinizado da porção inferior do esôfago pode sofrer transformação metaplásica em um epitélio 
simples colunar semelhante ao intestinal contendo células caliciformes. Geralmente, a metaplasia é um fenômeno 
reversível, e se o estímulo que causou a metaplasia é removido os tecidos retornam ao seu padrão normal de 
diferenciação. Se os estímulos anormais persistirem por um longo tempo, as células metaplásicas pavimentosas 
podem se transformar em carcinoma. 
Subcamada muscular da mucosa: é a porção mais profunda da mucosa, consiste em células musculares lisas 
dispostas

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