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Teoria geral das obrigações

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – Prof. Me. Larissa G. Castro 
Professora Larissa Gonzaga 
 
UNIDADE I - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
“Toda nossa vida se desenvolve numa atmosfera em que o direito das 
obrigações está presente.” Orlando Gomes 
 
A obrigação no sentido que vamos estudar, é uma relação de natureza pessoal na qual uma pessoa se 
compromete a uma prestação, positiva ou negativa, em favor de outra, visando à satisfação de interesses e 
respondendo com o seu patrimônio, inclusive com execução forçada pelo Poder Judiciário. 
 
 
1.1 Conceito de Direito das Obrigações 
É o ramo do direito que regula o complexo das relações de direito patrimonial e que têm por objetivo fatos ou 
prestações de uma pessoa em relação à outra (credor e devedor). 
 
1.2 Esboço Histórico 
A noção de obrigação surgiu com o caráter coletivo, quando todo grupo empreendeu negociações e 
estabeleceu o comércio. O desenvolvimento de tal prática passou da obrigação coletiva para a individual, mas 
sempre tendo um caráter punitivo na hipótese de descumprimento do avençado. 
No Direito Romano, em razão da vinculação das pessoas, o devedor respondia com o próprio corpo pelo 
cumprimento da obrigação. 
Com o surgimento da Lex Poetelia Papiria, de 428 a.C., foi abolida a execução sobre a pessoa do devedor, 
deslocando-a para os seus bens. 
Idade Média: imperava o Direito Canônico e a obrigação tinha a mesma estrutura que no direito romano. 
Sacramentalização da obrigação. Pacta sunt servanta. 
Nessa evolução, o Direito Obrigacional passou por diversas transformações, acompanhando a expansão da 
economia, o desenvolvimento do comércio, a Revolução Industrial, a mais recente evolução tecnológica a aplicação de 
direitos fundamentais as relações cíveis. 
 
1.3 Distinção entre Direito Obrigacional (Pessoal) e Direito Real. 
Direitos reais: definem-se como o poder jurídico, direto e imediato do titular sobre a coisa, com 
exclusividade e contra todos. O sujeito passivo do direito real é toda a coletividade que deve abster-se de violá-lo, 
sendo de caráter erga omnes. 
Direitos obrigacionais (pessoais): Relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito 
passivo determinada prestação. No direito das obrigações somente se vinculam aqueles que fizeram parte do que 
contrataram e anuíram para comprometer-se a prestar ou exigir algo. 
 
Relação Jurídica Obrigacional: 
Sujeito Ativo (credor) ----- relação jurídica obrigacional ----- Sujeito Passivo (devedor) 
 
 Relação Jurídica Real: 
Titular do Direito Real ------------relação jurídica real------------ Bem/Coisa 
 
Direito Pessoal ou Obrigacional Direito Real 
Vincula somente pessoas Estabelece relação entre o titular e a coisa 
É direito relativo É direito absoluto (erga omnes) 
Tem dois sujeitos (ativo e passivo) e a prestação 
(objeto de relação) 
Um só titular, que exerce seu poder sobre a coisa 
objeto de seu direito de forma direta e imediata 
Concede direito a uma ou mais prestações efetuadas 
por uma pessoa Concede o gozo e a fruição de bens 
Caráter transitório Tem um sentido de inconsumibilidade, de permanência 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
2 
Tem apenas garantia geral do patrimônio do devedor 
(execução), não podendo escolher em quais bens 
recairão a satisfação de seu crédito. 
Possui direito de sequela 
São ilimitadas, se apresentam com um número 
indeterminado São numerus clausus, só os considerados na lei. 
 
1.4 Direitos da Personalidade 
Os direitos obrigacionais e os da personalidade são espécies do gênero direitos pessoais. Porém, os da 
personalidade possuem características jurídicas próprias, são oponíveis erga omnes, vitalícios, relativamente 
indisponíveis, enquanto os obrigacionais são inter partes, transmissíveis, patrimonializados e temporários, já que se 
resolvem pelo próprio adimplemento da prestação, em regra. 
 
1.5 Conceito de Obrigação 
“A obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto 
consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o 
adimplemento através de seu patrimônio.” (Washington de Barros Monteiro). 
“Obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, a fazer ou não fazer alguma coisa 
economicamente apreciável em proveito de alguém, que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente 
relacionado, ou em virtude de lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão.” (Clóvis Beviláqua) 
“Obrigação caracteriza-se como o vínculo jurídico transitório entre credor e devedor cujo objeto consiste 
numa prestação patrimônial de dar, fazer ou não fazer.” (Wikipédia) 
 
 
 
UNIDADE II – FONTE DAS OBRIGAÇÕES 
 
São fatos jurídicos que dão margem à criação, ao surgimento das obrigações. Diferentemente das fontes do 
direito, de onde nascem os preceitos e as normas gerais e abstratas que regem a vida de todos na sociedade, as fontes 
das obrigações surgem de relações concretas que dizem respeito ao sujeito ativo e passivo dessas relações, 
constituindo o fato que dá origem à obrigação e podem ser divididas em fontes mediatas (condição determinante do 
nascimento das obrigações) e imediatas (lei como causa eficiente das obrigações). 
São fontes de obrigações: 
• Contrato 
• Atos unilaterais (Promessa de Recompensa, Gestão de Negócios, Pagamento Indevido, Testamento) 
• Ato ilícito (Responsabilidade Civil) 
• Lei 
 
 
UNIDADE III - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL 
 
• As partes na relação obrigatória (sujeitos - elemento pessoal ou subjetivo) 
• A prestação (objeto - elemento material) 
• O vínculo jurídico 
 
CC, Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
3 
 
3.1 As Partes 
Elemento subjetivo da obrigação. 
 Sujeito ativo – credor ou accipiens – pode exigir o cumprimento da obrigação ou a execução – art. 331 CC. 
 
Sujeito passivo – devedor ou solvens – tem um dever perante o credor. 
 
 Características do elemento subjetivo: 
• Duplicidade ou dualidade 
• Transmissibilidade ou Mudança subjetiva (ou seja, os sujeitos originais da obrigação podem mudar). 
• Determinabilidade (partes determinadas ou determináveis) 
• Sinalagma: direitos e deveres para ambas as partes – equilíbrio. 
 
Exceções: 
- Obrigações personalíssimas 
- O sujeito (ativo ou passivo) pode ser indeterminado quando da constituição da obrigação ou no momento do 
pagamento – art. 335 CC 
 
Auxiliares: não tem a condição de sujeitos, mas cooperam ajudando-os. São eles: 
I - Os representantes 
II - Os mensageiros 
III - Os auxiliares executivos 
 
3.2 Objeto 
* Imediato ou direito – a prestação 
* Mediato ou remoto – é o bem material que se insere dentro da prestação (Venosa) 
Características do elemento objetivo (prestação): 
• Licitude (104 e 166, II, CC). 
• Possibilidade física ou material (166, II, CC). 
• Possibilidade jurídica (CC, art. 426). 
• Determinado ou Determinável 
• Patrimonialidade - a obrigação tem que ter valor econômico. 
 
3.3 Vínculo jurídico 
Consiste no dever do sujeito passivo de satisfazer a prestação e o correlato direito do credor de exigir 
judicialmente o seu cumprimento, investindo contra o patrimônio do devedor, visto que o mesmo fato gerador do 
débito produz a responsabilidade. 
• Teoria monista – o vínculo era um elo simples, um exigia o cumprimento e o outro devia pagamento. 
• Teoria dualista da obrigação – o vínculo se subdivideem dois elementos (em duas fases). 
 Elementos que compõem seu conceito: 
1. Dívida (debitum - shuld) 
2. Responsabilidade (obligatio – haftung) 
 
3.3.1 Obrigação X Responsabilidade 
Existem dois elementos que compõem a obrigação: o débito (schuld) e a responsabilidade (haftung). Aquele é 
a prestação que deve ser espontaneamente cumprida pelo devedor. Esta é a obrigação que surge ao devedor pelo 
inadimplemento daquele e recai sobre o patrimônio do devedor, não sobre sua pessoa. A RESPONSABILIDADE É 
SEMPRE UMA OBRIGAÇÃO DERIVADA, já que surge apenas quando a obrigação não for adimplida no prazo. 
O devedor responderá, havendo a responsabilidade, com todo o seu patrimônio para o cumprimento da obrigação, 
ressalvadas as restrições legais dos bens de família, bens absolutamente impenhoráveis e inalienáveis etc. 
Logo, como a execução não recai sobre a pessoa e sim sobre o patrimônio do próprio devedor, há que se dizer 
que ela é real. Somente existe execução pessoal no caso de recusa de alimentos e no direito penal. 
Responsabilidade patrimonial: 
CC, Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
* O Supremo Tribunal Federal (STF) editou, em 16 de dezembro de 2009, a Súmula Vinculante nº 25, que traduz: “É 
ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
4 
CPC, Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas 
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. 
 “Embora os dois conceitos – obrigação e responsabilidade – estejam normalmente ligados, nada impede que 
haja uma obrigação sem responsabilidade ou uma responsabilidade sem obrigação”. (Arnoldo Wald) 
Débito sem responsabilidade: dívida prescrita e dívida de jogo – Ob. Natural 
Responsabilidade sem débito: fiança, aval, direitos reais de garantia prestados por terceiros. 
 
“Schuld” e “Haftung”: Em alemão, “Schuld” pode significar culpa ou débito. “Haftung”, por sua vez 
traduzem responsabilidade. 
 
3.4 Novos paradigmas aplicáveis às Obrigações 
3.4.1 A Teoria dos Interesses: Na clássica acepção de obrigação, mesmo após a superação da filosofia 
positivista oitocentista, ainda prevalece hodiernamente a ideia de que esse instituto civilista tem lastro no poder do 
credor perante o devedor, numa relação de subordinação. 
Ainda que as cláusulas gerais da boa fé objetiva e da função social tenham mitigado um pouco essa 
concepção, tal não ocorreu de forma suficientemente ampla para arraigar na sociedade uma visão mais humana do 
significado de obrigação. 
SEGUNDO A TEORIA DOS INTERESSES, A OBRIGAÇÃO NÃO TERIA LASTRO NO PODER, 
MAS NO INTERESSE, QUE É UM VALOR PRIVADO TUTELADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO. 
Sendo o interesse o norte das obrigações, não se pode admitir que um conjunto de valores privados de certa pessoa 
seja tido como superior ao da outra, visto que são elas iguais no plano civil. 
O interesse tutelado pelo direito é aquele que promove o ser humano, que aprofunda os laços sociais e a 
solidariedade. Nessa linha de pensamento, o homem não se tornaria satisfeito em detrimento do outro, mas cresceria 
culturalmente com o concurso positivo de seu semelhante (síntese axiológica). Os interesses diferenciados, quando 
justapostos, se completam mutuamente, promovendo a conquista de outros valores em projeção infinita. 
 
3.4.2 Princípio da Socialidade: A socialidade serve para harmonizar os princípios da autonomia da 
vontade e da solidariedade social, já que, por ser ela o fim do direito subjetivo obrigacional, deverá ser mantida uma 
relação de cooperação entre os partícipes da relação obrigacional – e entre eles e a sociedade – a fim de que seja 
possível a consecução do fim comum. 
A finalidade do princípio da socialidade é afastar a mera aplicação do Direito Civil às relações dos 
particulares, eis que esses vínculos, em diversas oportunidades, podem interessar à sociedade como um todo, 
autorizando, por conseguinte, a intervenção estatal. Em suma: o princípio da socialidade objetiva afastar a visão 
individualista, egoística e privatística do Código Civil de 1916, influenciado pela visão oitocentista de primeira 
dimensão civilista. 
 
 3.4.3 Princípio da Eticidade: Hoje, as obrigações devem ser pautadas por um comportamento ético, de mútua 
cooperação, observando-se as cláusulas gerais de boa fé, função social, abuso de direito, equidade e bons costumes. 
O princípio da eticidade tem por escopo valorizar o ser humano na sociedade, o que se dá mediante a efetivação 
dos princípios constitucionais, mormente o da dignidade da pessoa humana. 
Carlyle Popp enfatiza que a dignidade da pessoa humana "significa a superioridade do homem sobre todas as 
demais coisas que o cercam; é o homem como protagonista da vida social. Representa, então, a subordinação do objeto 
ao sujeito de direito". 
 
 3.4.5 Tu Quoque, Supressio, Surrectio, Venire Contra Factum Proprium, Stoppel: tipos de atos cujas 
presenças são repudiadas pelo Direito, sendo práticas abusivas. 
 
Tu quoque: proibição de que o torpe se aproveite de sua própria torpeza. 
 
Venire contra factum proprium ou Teoria dos Atos Próprios, que proíbe o comportamento contraditório. Isso 
porque ninguém pode voltar atrás, unilateralmente, numa postura que tenha criado uma legítima expectativa na outra 
parte. São pressupostos para a aplicação do venire: 
a) Conduta inicial (factum proprium); 
b) Legítima confiança da outra parte na conservação do sentido objetivo desta primeira conduta; 
c) Um comportamento contraditório e violador da confiança; 
d) Um dano efetivo ou potencial daí resultante. 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
5 
Supressio1 e surrectio: Pela primeira, constata-se que o não exercício de um direito durante longo tempo poderá 
significar a extinção desse direito, ou ao menos o impedimento de seu exercício, quando contrariar o princípio da boa 
fé por se demonstrar abusiva a inatividade de seu titular, gerando uma expectativa legítima na outra parte. Logo, são 
seus elementos: 
a) Omissão no exercício do direito; 
b) Transcurso de determinado período, geralmente variável; 
c) Indícios objetivos de que esse direito não mais seria exercido2. 
Como diferenciar o venire da supressio? O principal diferencial está no fator temporal. No venire, importam as 
condutas contraditórias em si mesmas consideradas, ainda que pouco tempo tenha se passado. Na supressio, imperioso 
decorrer determinado lapso temporal para configurar a hipótese de perda do direito. Ambos são, no entanto, 
decorrentes da violação da cláusula geral da boa fé objetiva3. 
Já a surrectio seria o nascimento de um direito, a contraface da supressio. 
 
 
 
UNIDADE IV – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
4.1. QUANTO À ÁREA JURÍDICA 
 
• Obrigações civis e obrigações comerciais 
 O atual Código Civil unificou as obrigações civis com as obrigações comerciais, passando ambas a integrar 
em seu texto assuntos pertinentes as duas matérias. 
 
4.2. OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SI MESMAS 
 
4.2.1 Em relação ao seu vínculo: 
Obrigação moral, obrigação civil e obrigação natural 
 
4.2.2 De natureza mista 
Propter rem 
 
4.2.3 Quanto à natureza de seu objeto: 
- Positivas: obrigação de dar e obrigação de fazer 
- Negativas: obrigação de não fazer 
 
4.2.4 Em atenção à sua liquidez: 
Obrigação líquida e obrigação ilíquida 
 
4.2.5 Quanto ao modo de execução: 
Obrigação simples, cumulativa ou conjuntiva; obrigação alternativa e obrigação facultativa 
 
4.2.6 Quanto ao tempo de adimplemento: 
Obrigação momentânea, instantânea, transitória ou transeunte e obrigação de execução continuada, contínua, 
periódica, duradoura ou de trato sucessivo. 
 
4.2.7 Quanto aos elementos acidentais: 
Pura e simples, condicional, modal e a termo 
 
4.2.8 Em relação à pluralidade ou não de sujeitos: 
Fracionárias, conjuntas, disjuntivas, divisíveis, indivisíveis e solidárias4.2.9 Quanto ao fim ou conteúdo: 
Obrigações de meio; de resultado e de garantia 
 
1 Mencionado no STJ, REsp 207.509/SP. 
2 Muitas decisões de Cortes nacionais colocaram como requisito, também, a necessidade de que a supressio promova o equilíbrio 
contratual, ou seja, de que o seu não reconhecimento cause desequilíbrios entre o benefício e o prejuízo suportado pelas partes. 
3 Há, no entanto, quem considere a supressio como uma específica modalidade de venire. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
6 
 
4.3. OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS 
Obrigação principal e acessória 
 
4.2. OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SI MESMAS 
 
4.2.1 Em relação ao seu vínculo: 
 
 - OBRIGAÇÃO MORAL 
É mero dever de consciência. O Direito não lhe reconhece qualquer prerrogativa. O cumprimento de uma 
obrigação moral constitui, sob o prisma jurídico, uma simples questão de princípios, sem qualquer juridicidade. 
 
- OBRIGAÇÃO CIVIL 
São as obrigações, que possuem todos os seus elementos constitutivos (vínculo, partes, objeto). Elas 
apresentam os dois elementos do vínculo jurídico: débito e responsabilidade. 
 
- OBRIGAÇÃO NATURAL 
As obrigações naturais são obrigações INCOMPLETAS ou IMPERFEITAS (não possuem todos os elementos 
constitutivos da obrigação), que apresentam como características essenciais as particularidades de não serem 
judicialmente exigíveis, mas se forem cumpridas EXPONTANEAMENTE, ter-se-á por válido o pagamento, que não 
poderá ser repetido. 
• CC. art. 882, 1ª parte 
• Art. 814/815 CC 
 
- Características 
• Não é obrigação moral 
• Não há ação que garanta o direito 
• Se for cumprida espontaneamente por pessoa capaz, ter-se-á a validade do pagamento 
• O credor natural pode reter o pagamento 
 
- Natureza Jurídica 
As obrigações naturais são DEVERES MORAIS ou SOCIAIS JURIDICAMENTE RELEVANTES. 
 
 
4.2.2 De natureza mista ou híbrida 
 
- OBRIGAÇÕES “PROPTER REM” 
Também chamada de “ob rem” ou simplesmente “in rem”. 
Conceito: trata-se de uma obrigação acessória, de natureza mista, originária e unida a um direito real, 
acompanhando-o e transmitindo-se com este. 
OBS: não se confunde obrigação propter rem com obrigação de eficácia real. Esta última traduz uma prestação 
com oponibilidade erga omnes (ex: locação registrada no cartório de imóveis - art. 8º da Lei nº 8.245/91). 
 
- Natureza Jurídica 
 Acessória mista de direito real e direito pessoal, de fisionomia autônoma. 
 - Exposição dos pontos pacíficos pelos doutrinadores: 
Maria Helena Diniz Sílvio Rodrigues Sílvio Venosa 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
7 
" vinculação a um direito real, ou 
seja, a determinada coisa de que o 
devedor é proprietário ou 
possuidor"; 
- "ela prende o titular de um 
direito real, seja ele quem for, em 
virtude de sua condição de 
proprietário ou possuidor"; 
- "trata-se de relação obrigacional 
que se caracteriza por sua 
vinculação à coisa"; 
- "possibilidade de exoneração do 
devedor pelo abandono do direito 
real, renunciando o direito sobre a 
coisa"; 
- "o devedor se livra da obrigação 
pelo abandono do direito real"; 
- "o nascimento, a transmissão e a 
extinção da obrigação propter rem 
seguem o direito real, com uma 
vinculação de acessoriedade"; 
- "transmissibilidade por meio de 
negócios jurídicos, caso em que a 
obrigação recairá sobre o 
adquirente". 
- "a obrigação se transmite aos 
sucessores a título singular do 
devedor". 
- "sua eficácia perante os 
sucessores singulares do devedor 
confere estabilidade ao conteúdo 
do direito". 
 
 - Aplicação 
• Art. 1315 do Código Civil 
• Art. 1297, § 1º do Código Civil 
• Art. 1383 do Código Civil 
• Art. 1280 do Código Civil 
• Arts. 1277 e 1313 do Código Civil (D. De Vizinhança) 
Jurisprudência 
 
 
4.2.3 Quanto à natureza de seu objeto: 
 
• Positivas: 
 
- OBRIGAÇÃO DE DAR 
 Consiste na obrigação de entregar alguma coisa. Divide-se em obrigação de dar coisa certa (caracteriza-se por 
se referir a um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade) e obrigação de dar coisa 
incerta (caracteriza-se por ter objeto indeterminado, mas determinável, que deve, ao menos, ser indicado pelo gênero e 
quantidade). A distinção entre obrigação de dar coisa certa ou incerta, entretanto, é de duração limitada. A obrigação 
de dar ainda se divide, em obrigação de dar propriamente dita (a entrega da coisa visa à transferência do domínio ou 
de outros direitos reais sobre a coisa) e obrigação de restituir (envolve uma devolução, eis que o devedor, tendo 
recebido coisa alheia, encontra-se obrigado a restituí-la, pois o credor é o proprietário do bem). 
 
I - Regras pertinentes à obrigação de dar coisa certa: 
a) O credor de coisa certa não está obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa. (Art. 313) 
b) Abrangência dos acessórios (Art. 233 do CC) 
c) Perda da coisa (Art. 234 do CC) 
d) Deterioração da coisa (Arts. 235 e 236 do CC) 
e) Melhoramentos e acrescidos sobrevindos à coisa antes da tradição (Art. 237 do CC) 
f) Perda da coisa, na obrigação de restituir coisa certa (Art. 238 e 239 do CC) 
g) Deterioração da coisa, na obrigação de restituir coisa certa (Art. 240 do CC) 
Obs.: A atribuição dos riscos, pela perda ou deterioração da coisa, nas obrigações de dar coisa certa, resolve-se 
pela aplicação da regra res perit domino, ou seja, o dono é quem sofre os prejuízos pela perda ou deterioração da 
coisa. Isto, quando não for o devedor o culpado pela deterioração ou perda. 
h) Melhoramentos e acréscimos sobrevindos à coisa restituível (Art. 241 do CC) 
i) Melhoramentos e acrescidos (cômodos) sobrevindos à coisa restituível (Art. 242 do CC) 
j) Frutos, no caso de obrigação de restituir coisa certa (Art. 242 do CC) 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
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II - Regras pertinentes à obrigação de dar coisa incerta: 
a) Riscos pelo perecimento ou deterioração (Arts. 246 do CC) 
b) Individualização da coisa 
c) A quem compete fazer a escolha (Arts. 244, 342 do CC) 
d) Como se deve fazer a escolha (Arts. 244, do CC) 
 
 - OBRIGAÇÃO DE FAZER 
“É a que vincula o devedor a prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, 
em beneficio do credor ou de terceira pessoa" (MHD). 
Divide-se em obrigação de fazer fungível (a prestação pode ser realizada indiferentemente pelo devedor ou 
por terceira pessoa) e obrigação de fazer infungível (a prestação somente pode ser realizada pelo devedor, eis que é 
intuitu personae). 
 
Conseqüências do inadimplemento: 
I - Impossibilidade da prestação 
II - Inadimplemento voluntário (CC art. 249, parágrafo único). 
III - Da obrigação de emitir declaração de vontade (CPC art. 501) 
 
• Negativas: 
- OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER 
 “É aquela em que o devedor assume o compromisso de se abster de um fato, que poderia praticar, não fosse o 
vinculo que o prende" (Silvio Rodrigues). 
- Inadimplemento da obrigação de não fazer 
- Art. 251, parágrafo único do CC 
 
Tutela específica: CPC 
 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, 
concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a 
continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de 
culpa ou dolo. 
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o 
prazo para o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor 
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará 
individualizada, no prazo fixado pelojuiz. 
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a 
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. 
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para 
compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação. 
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar 
procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
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4.2.4 Em atenção à sua liquidez: 
- OBRIGAÇÃO LÍQUIDA 
 Considera-se líquida a obrigação certa, quanto a sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto. 
 
- OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA 
Considera-se ilíquida aquela obrigação incerta quanto a sua quantidade e que se torna certa pela liquidação. 
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4.2.5 Quanto ao modo de execução: 
- SIMPLES 
 
- Obrigações simples são as coexistentes numa só prestação, recaem somente sobre uma coisa. 
Libera-se o devedor entregando o objeto devido 
• art. 313 CC 
• art. 356 CC 
Silvio de Sávio Venosa afirma que quanto ao objeto a obrigação é simples quando a prestação importar em um 
único ato ou numa só coisa. 
 
- CUMULATIVA OU CONJUNTIVA 
A obrigação é cumulativa ou conjuntiva quando mais de uma prestação é devida conjuntamente. 
Nessas obrigações, há duas ou mais prestações que deverão ser realizadas totalmente. 
 
 
- OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA (DISJUNTIVA) 
a) Conceito: 
Obrigação alternativa é aquela que fica cumprida com a execução de qualquer das prestações que formam seu 
objeto. O objeto é ligado pela partícula “ou”. 
Ex. Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica 
autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa 
consignada. 
 
b) Características 
• Seu objeto é plural ou composto, pluralidade de prestações 
• As prestações são independentes entre si 
• Concedem um direito de opção, pode estar a cargo do devedor, do credor ou de um 3º 
• Feita a escolha, a obrigação se concentra na prestação escolhida 
• Exoneração do devedor mediante realização de uma única prestação. 
 
c) Concentração 
O ato da escolha não se reveste de forma especial (art. 107 CC). 
• Concentração normal 
• Concentração extraordinária 
 
d) Efeito da escolha 
O princípio dominante nas obrigações alternativas é que a escolha é irrevogável e indivisível. 
• Art. 252, § 1º CC 
• Art. 314 CC 
 
- OBRIGAÇÃO FACULTATIVA 
É aquela que tem por objeto uma única prestação (ob. principal), mas confere somente ao devedor a faculdade 
de substituir essa prestação por outra, prevista na avença com caráter subsidiário. 
• Art. 1234 do CC 
• Regem-se pelos mesmos dispositivos concernentes as obrigações simples. 
 
DIFERENÇA COM OUTROS INSTITUTOS 
DAÇÃO EM PAGAMENTO 
(datio insolutum) 
OBRIGAÇÃO FACULTATIVA 
É imprescindível a concordância do credor A faculdade é do devedor 
a substituição do objeto do pagamento ocorre 
posteriormente ao nascimento da obrigação 
Possibilidade de substituição participada na raiz do 
contrato 
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Obrigação facultativa Obrigação alternativa 
Há uma prestação principal e outra acessória. Se a 
obrigação principal é nula, fica Sem efeito a obrigação 
acessória. 
 
As duas ou mais prestações estão no mesmo nível. 
Desaparecendo uma prestação, não extingue a 
obrigação. 
Há exercício de uma opção. Há concentração. 
Unidade de objetos ao contrair a obrigação Pluralidade de objetos ao contrair a obrigação. 
A escolha é sempre do Devedor. Ex: obrigo-me a entregar 
açúcar, sendo que se me convier, poderei substituí-la por 
café 
A Escolha é do devedor, do credor, ou de Terceiro. 
EX: Devo milho Ou Feijão, o Devedor Realiza A 
Obrigação elegendo uma das duas Obrigações. 
É a prestação principal que determina a natureza do 
contrato. 
 
 
 
4.2.6 Quanto ao tempo de adimplemento: 
 
Classificam-se estas obrigações em: 
a) Instantânea: a obrigação se aperfeiçoa num único momento do tempo, como é comum na compra e 
venda. 
b) Diferida: prestação se aperfeiçoa num único momento do tempo, mas a ser realizada futuramente. 
c) De forma continuada: prestação se protrai no tempo, como ocorre no contrato de prestação de serviço 
de transporte, em geral. 
d) De trato sucessivo: aquelas que renascem continuamente, a cada prestação vencida, não se 
extinguindo com o pagamento, o qual apenas tem o efeito de solver o débito referente a cada período. 
Exemplo seria o contrato de fornecimento de bens entre um produtor de carne e um supermercado. 
Aquele se obriga a entregar, todo mês, duas toneladas de carne ao supermercado. A prestação de 
cada mês é adimplida no próprio mês, nascendo e findando uma nova obrigação em cada período. 
Outro exemplo é a prestação previdenciária. 
e) De cumprimento diferido no tempo: a prestação é feita em várias parcelas4 que se sucedem 
continuamente no tempo e fazem o objeto prestacional ser continuamente exaurido, até a extinção da 
obrigação. Exemplo é a compra e venda de um imóvel de forma parcelada. A prestação do 
comprador é única, apenas pagar o preço; o parcelamento não cria prestações autônomas. 
 
 
4.2.7 Quanto aos elementos acidentais: 
 
- PURA E SIMPLES 
Aquela que não se encontra sujeita a condição, termo ou encargo. 
 
 
4 Em direito das obrigações, prestação e parcela não se confundem. A primeira é o objeto da obrigação; a segunda, forma de 
pagamento de uma mesma obrigação. 
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- CONDICIONAL 
Se sua eficácia estiver sujeita a condição. 
• Arts. 121 a 130 do CC 
 
- A TERMO 
Se seus efeitos estiverem sujeitos a termo. 
• Arts. 131 a 135 do CC 
 
- MODAL 
Se estiver sujeita a encargo. 
• Arts. 136 e 137 do CC 
 
4.2.8 Em relação à pluralidade ou não de sujeitos: 
 
- DIVISÍVEIS (Fracionárias ou Parciais) 
"Obrigação divisível é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua 
substância e de seu valor" (Maria Helena Diniz). 
• Art. 257 do CC 
• Art. 87 e 88 do CC 
 
- INDIVISÍVEIS (Conjuntas ou Unitárias ou de Mão Comum) 
"Obrigação indivisível é aquela cuja prestação só pode ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão 
em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém 
nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a parte exata da que resultaria do adimplemento integral" (Maria 
Helena Diniz). 
• Arts. 258 a 263 do CC 
 
 
- SOLIDÁRIAS5 
"Obrigações solidárias são aquelas com pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou 
obrigado ao total, como se houvesse um só credor ou devedor" (Arnoldo	Wald). 
• Art. 264 do CC 
• Solidariedade ativa, passiva e mista ou recíproca. 
 
- Características: 
a) pluralidade de sujeitos ativos e/ou passivos; 
b) multiplicidade de vínculos; 
c) unidade de prestação; 
d) co-responsabilidade dos interessados. 
- Regras gerais: 
a) Não presunção da solidariedade (art. 265 do CC) 
b) Variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade (art. 266 do CC) 
Obs: alguns autores, como Silvio Venosa e Guilhermo Borda, diferenciam obrigação solidaria de obrigações in 
solidum. Esta última é aquela em que os devedores encontram-se vinculados pelo mesmo fato, não havendo necessária 
solidariedade entre eles. Ex: Incendiário e a seguradora. 
 
- Solidariedade ativa 
• Arts. 267 a 274 do CC 
• Ex: de solidariedade ativa convencional é a que se estabelece entre os correntistas em conta corrente 
conjunta (REsp. 708. 612/RO). 
 
5 Não se deve confundiras obrigações solidárias com as obrigações in solidum. Nestas últimas, posto concorram vários 
devedores, os liames que os unem ao credor são totalmente distintos, embora decorram de um único fato (ex: suponhamos um 
caso de incêndio de uma propriedade segurada, causada por culpa de terceiro. Tanto a seguradora como o autor do incêndio devem 
à vítima indenização pelo prejuízo, porém não existe uma origem comum na obrigação. A obrigação daquela decorre de contrato; 
deste, da responsabilidade civil). 
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- Solidariedade passiva 
• Arts. 275 a 285 do CC 
• existe entendimento no STJ (REsp 577.902/DF) no sentido de que há solidariedade entre o 
proprietário e o condutor do veículo pelo fato da coisa. 
• não se pode confundir remissão com renúncia à solidariedade (art. 277 e 282 do CCB). Enunciado 349 
da IV JDC 349 – “Art. 282. Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores 
solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a 
solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados 
pela renúncia.” 
 
Diferenças Existentes entre Obrigações Solidárias e as Obrigações Indivisíveis 
a) A causa da solidariedade é o título (decorrente da lei ou vontade das partes), e a da indivisibilidade é, 
normalmente, a natureza da obrigação; 
b) Na solidariedade, cada devedor paga por inteiro, porque deve integralmente (motivação subjetiva), enquanto 
na indivisibilidade ele solve a totalidade em razão da impossibilidade jurídica de se repartir em quotas a coisa 
devida (motivação objetiva); 
c) A solidariedade é uma relação subjetiva, e a indivisibilidade objetiva; 
d) Enquanto a indivisibilidade assegura a unidade da prestação, a solidariedade visa a facilitar a satisfação do 
crédito/aumentar a garantia do credor; 
e) A indivisibilidade justifica-se com a própria natureza da prestação, quando o objeto é em si mesmo 
insuscetível de fracionamento, enquanto a solidariedade é sempre de origem técnica, resultando da lei ou da 
vontade das partes, nunca se presumindo; 
f) A solidariedade cessa com a morte dos devedores, enquanto a indivisibilidade subsiste enquanto a prestação 
suportar; 
g) A indivisibilidade termina quando a obrigação se converte em perdas e danos, enquanto a solidariedade 
conserva este atributo mesmo com a conversão. 
 
 
4.2.9 Quanto ao fim ou conteúdo: 
- DE MEIO 
Aquela em que o devedor se compromete apenas em atuar com diligência e zelo normais na prestação de 
serviço, a fim de alcançar determinado resultado, sem se vincular a obtê-lo. 
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - ERRO MÉDICO - 
MORTE DE PACIENTE DECORRENTE DE COMPLICAÇÃO CIRÚRGICA - OBRIGAÇÃO DE 
MEIO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MÉDICO - ACÓRDÃO RECORRIDO 
CONCLUSIVO NO SENTIDO DA AUSÊNCIA DE CULPA E DE NEXO DE CAUSALIDADE - 
FUNDAMENTO SUFICIENTE PARA AFASTAR A CONDENAÇÃO DO PROFISSIONAL DA 
SAÚDE - TEORIA DA PERDA DA CHANCE - APLICAÇÃO NOS CASOS DE 
PROBABILIDADE DE DANO REAL, ATUAL E CERTO, INOCORRENTE NO CASO DOS 
AUTOS, PAUTADO EM MERO JUÍZO DE POSSIBILIDADE - RECURSO ESPECIAL 
PROVIDO. 
I - A relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo geral (salvo cirurgias 
plásticas embelezadoras), obrigação de meio, sendo imprescindível para a responsabilização do 
referido profissional a demonstração de culpa e de nexo de causalidade entre a sua conduta e o 
dano causado, tratando-se de responsabilidade subjetiva; 
II - O Tribunal de origem reconheceu a inexistência de culpa e de nexo de causalidade entre a conduta 
do médico e a morte da paciente, o que constitui fundamento suficiente para o afastamento da 
condenação do profissional da saúde; 
III - A chamada "teoria da perda da chance", de inspiração francesa e citada em matéria de 
responsabilidade civil, aplica-se aos casos em que o dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo 
de probabilidade, e não de mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no âmbito da 
responsabilidade civil, em regra, não é indenizável; 
IV - In casu, o v. acórdão recorrido concluiu haver mera possibilidade de o resultado morte ter sido 
evitado caso a paciente tivesse acompanhamento prévio e contínuo do médico no período pós-
operatório, sendo inadmissível, pois, a responsabilização do médico com base na aplicação da "teoria 
da perda da chance"; 
V - Recurso especial provido. 
(STJ, REsp 1104665/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
09/06/2009, DJe 04/08/2009) 
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- DE RESULTADO 
Aquela em que o credor tem a faculdade de exigir determinado resultado do devedor, sem o que ocorrerá o 
inadimplemento da obrigação. 
 
OBS: - O cirurgião plástico reparador assume obrigação de meio; ao passo que o estético de resultado. 
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC. 
CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE 
DE RESPONSABILIDADE. 
1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verdadeira obrigação 
de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito embelezador 
prometido. 
2. Nas obrigações de resultado, A RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL DA 
MEDICINA PERMANECE SUBJETIVA. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os 
eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia. 
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória 
e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano 
apontado pelo paciente e o serviço prestado pelo profissional. 
4. Age com cautela e conforme os ditames da boa fé objetiva o médico que colhe a assinatura do 
paciente em “termo de consentimento informado”, de maneira a alertá-lo acerca de eventuais 
problemas que possam surgir durante o pós-operatório. 
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
(STJ, REsp 1180815/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
19/08/2010, DJe 26/08/2010) 
 
- A maioria da jurisprudência entende que a cirurgia de miopia a laser é obrigação de meio, e não de resultado 
(TJMG AP. Civil, 1070701044481-8/001) 
 
- DE GARANTIA 
Visa à eliminação de risco, que pesa sobre o credor. 
 
 
4.3. OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS 
- PRINCIPAL 
É a obrigação que tem vida própria e independente de qualquer outra. 
• Art. 92 do CC 
• Art. 184 do CC 
• Art. 233 do CC. 
 
- ACESSÓRIA 
 É aquela cuja existência supõe a da principal – P. Da Gravitação Jurídica. 
 
UNIDADE V – TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
1- Cessão de crédito (arts. 286 a 298 C.C.) 
 
1.1. Conceito – conforme Sílvio Rodrigues “a cessão de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter 
oneroso, pelo qual o sujeito ativo (cedente) de uma obrigação a transfere à terceiro (cessionário), estranho ao negócio 
original, independentemente da anuência do devedor”. 
É um negócio jurídico em que o credor transfere a um terceiro seu direito. É apenas uma substituição de 
credor. A obrigação é a mesma e continua com os acessórios. A cessão pode ser total ou parcial. Pode ocorrer a título 
gratuito ou oneroso. 
OBS: o crédito não poderá ser cedido em três situações: 
a) quando a natureza do direito o impedir (alimentos); 
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15 
b) se houver proibição de lei (ex: art. 1749, III, CC - Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob 
pena de nulidade: III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.) 
c) quando houver cláusula proibitiva (pacto de non cedendo) - a cláusula proibitiva somente terá eficácia, em 
respeito ao princípio da eticidade, se constar do título da obrigação. 
 
1.2 - A posição do devedor 
 Não faz parte do negócio jurídico – é alheio ao negócio jurídico, mas deve tomar conhecimentodo ato para 
efetuar o pagamento (pode ser notificado pelo cedente ou cessionário – art. 290, 1ª parte C.C.). No instante em que for 
notificado, o devedor deve opor tanto ao cedente como ao cessionário, as exceções que lhe competirem. 
 
1.3- Natureza jurídica 
 É de natureza jurídica contratual; contrato consensual que poderá ser por instrumento público ou particular. 
Pode ser gratuita, assemelhando-se a uma doação, ou onerosa, assemelhando-se à compra e venda. 
 
1.4- Requisitos 
Objeto lícito (art.286 C.C.), capacidade e legitimação 
 
1.5 - Modalidades: 
-Convencional 
-Judicial e legal 
-Total ou parcial 
-A titulo gratuito ou oneroso. 
-Pro soluto - quando o cedente, após a transferência, deixa de ter qualquer responsabilidade pelo crédito, afora 
a sua existência (regra geral) 
 -Pro solvendo - quando o cedente continua responsável pelo pagamento do crédito, caso o cedido não o faça. 
 
Natureza pro 
solvendo 
Cedente garante existência E solvência 
Cedente responde subsidiariamente 
Natureza pro soluto 
Cedente garante existência do crédito, se houver má fé, caso gratuita 
Cedente garante existência do crédito se nulo ou anulável à época da cessão, se onerosa 
Cedente somente garante solvência se cedido já era inadimplente à época da cessão, se onerosa 
 
1.6 – Forma: A forma é livre, bastando a manifestação da vontade, visto que o contrato de cessão de crédito é 
consensual e não solene. Contudo, para produzir efeitos quanto a terceiros, o contrato só prevalecerá se for solene (art. 
288) 
 
 
2 - Assunção de dívida - cessão de débito – 299 a 303 C.C. 
 
2.1 - Conceito - é um negócio jurídico aonde aconteceu a substituição do devedor com expresso 
consentimento do credor e dos garantes do débito. (art. 299 do CC) 
- Peculiaridade: O novo devedor assume uma obrigação que não foi contraída por ele. 
* A assunção pode liberar o devedor primitivo ou mantê-lo preso à obrigação. 
 Caso o devedor primitivo mantenha-se preso à obrigação, denominamos de Assunção Imperfeita, e caso haja 
a sua liberação teremos a Assunção Perfeita. 
Para que o devedor primitivo seja solidário deve ser convencionado entre as partes (expressamente) – a 
solidariedade não se presume. 
* As garantias especiais não acompanham a assunção – art. 300 do CC. 
Ex.: a fiança não admite a interpretação extensiva, bem como a hipoteca. 
 
2.2 - Características 
- Negócio Jurídico de natureza contratual; 
- Bilateral ou plurilateral; 
- De forma livre; 
- Objeto – dívidas presentes ou futuras. 
 
2.3 - Efeitos 
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- Pressupõe a pré-existência de uma obrigação, que subsiste. 
- Substituição da figura do devedor com ou sem seu consentimento 
- Extinção das garantias especiais 
 
2.4 - Espécies 
• Delegação: Por acordo entre um terceiro (novo devedor) e o devedor primitivo, com expresso 
consentimento do credor. 
• Expromissão: Por acordo entre o terceiro (novo devedor) e o credor, com ou sem o consentimento do 
devedor. 
• Liberatória 
• Cumulativa 
 
3 - Cessão de Contrato ou Cessão de Posição Contratual 
 
3.1 - Conceito- é um negócio jurídico em que uma das partes, o cedente, com consentimento do outro 
contratante, ou seja, o cedido, transfere sua posição para um terceiro (cessionário). 
A Cessão de Contrato realiza a forma mais completa de substituição na relação obrigacional. 
 
* Em regra geral, é necessário o consentimento do cedido. 
 
3.2 - Teorias explicativas da cessão de contrato: 
1) teoria da decomposição (ou atomística – doutrina da decomposição): para esta corrente a cessão de contrato 
não seria global, única, mas sim, várias cessões de crédito e débito reunidas. 
2) teoria unitária: defendida por Pontes de Miranda e Antunes Varela. Esta teoria diferentemente afirma que a 
cessão de contrato se dá globalmente, de forma unitária em um único ato. Na cessão de contrato a anuência da outra 
parte é condição de eficácia para o ato. 
 
3.3 - Natureza jurídica 
Contratual: é um conjunto de cessão de créditos e assunção de dívidas. A cessão em si constitui um contrato 
típico, quem tem por finalidade transferir outro contrato. O contrato transferido, que constitui o objeto da cessão, 
chama-se contrato-base. 
 
3.4 - Categorias 
- cessão de contrato com liberação do cedente 
- cessão de contrato sem liberação do cedente 
 
3.5 - Efeitos 
-Entre o cedente e cessionário - o cedente é responsável pela existência do contrato, por sua validade e pela 
posição que está cedendo. 
-Entre cedente e cedido – Com a transferência de sua posição contratual, sai o cedente da relação jurídica, mas 
as partes podem manifestar em sentido contrário. 
-Entre cessionário e cedido – ambos passam a ser partes no contrato-base. O cessionário toma o lugar do 
cedente nos direito e obrigações. O cedido só liberará de suas obrigações contratuais com o pagamento ao cessionário, 
após tomar conhecimento e anuir na cessão. O contrato pode ser cedido parcialmente cumprido. Todos os acessórios 
dos direitos conferidos pelo contrato também se transmitem ao cessionário. As garantias para o contrato, fiança, 
hipoteca, penhor, prestadas por terceiro necessitam do consentimento destes. 
 
UNIDADE VI – EXECUÇÃO VOLUNTÁRIA E EXECUÇÃO FORÇADA DA OBRIGAÇÃO 
 
Ø O Pagamento – Solutio 
1. Conceito: ato do devedor ao credor que dá cumprimento ao acordo de vontades que originou a obrigação, 
nada mais é então do que a execução do crédito. A execução da obrigação é o pagamento (toda vez que 
houver um cumprimento da prestação). 
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- Teoria do adimplemento substancial (D. Inglês) - esta doutrina sustenta que não se deve considerar resolvida a 
obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se 
consideravelmente do seu resultado final. 
 
2. Natureza jurídica do pagamento 
É um fato jurídico, sendo que respeitável parcela da doutrina (Caio Mário, Roberto de Ruggiero) afirmam que 
o pagamento é um fato jurídico de natureza negocial. Assim, aplicam-se ao pagamento os defeitos do negócio jurídico. 
 
3. Quem pode pagar (Solvens) – devedor, fiador, terceiro interessado (art. 304) e não interessado (art. 304, 
parágrafo único), avalista e herdeiro. 
*O terceiro não interessado pode pagar em nome e por conta do devedor ou pagar em seu próprio nome (neste 
caso tem o direito de reeembolsar-se do que pagou). 
*O pagamento pelo devedor não é apenas uma obrigação, mas um direito seu. 
*Se a obrigação for personalíssima não terá a sua transmissão – o que interessa é que o próprio devedor 
execute a obrigação – infungível. (obrigação de fazer ou não fazer). 
Sum. 581/STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e 
execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou 
fidejussória. 
4. A quem se deve pagar (Accipiens) 
O pagamento deve ser feito ao credor ou seu representante. 
* Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias 
contrariarem a presunção daí resultante (art. 311). 
* Pode se fazer o pagamento ao representante do credor 
 
5. Credor putativo ou aparente (art. 309) 
Supõe-se ser uma pessoa legítima para receber o crédito (acredita-se estar fazendo o pagamento ao único 
herdeiro, por exemplo). Neste caso, se o devedor a ele efetuar o pagamento, este será válido se o devedor estiver de 
boa-fé e ignorar por completo a situação. 
*A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter a aparência de credor e estar o solvens de 
boa-fé. 
 
6. Quando o pagamento feito a terceiro desqualificado será válido 
a) Art. 308 – ratificação de recebimento pelo credor 
b) Art. 308 - 310 – prova de que o pagamento se reverteu em benefício do credor 
c) Credor putativo 
 
7. Pagamento feito ao inibido de receber 
• Art. 310 - Não vale o pagamento cientemente feitoao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que 
em benefício dele efetivamente reverteu. 
• Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da 
impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o 
devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 
• Também estará inibido de receber e quitar o devedor falido desde o momento de abertura da falência 
 
8. Objeto do pagamento – arts. 313 a 318 
• O pagamento deve compreender, como objeto, o que foi acordado (art. 313 e 314). 
* A estipulação de pagamento em moeda estrangeira não é possível, salvo se houver permissão legal – art. 
318. A moeda representa um elemento da soberania nacional. 
- Teoria da imprevisão do contrato – art. 317 
- Clausula da escala móvel – art. 316 
 
9. Prova do pagamento (quitação – arts. 319 a 324): prova é a demonstração material de um fato, ato ou 
negócio jurídico. 
 - observar a regra do art. 320 – documento que libera o devedor do vínculo obrigacional. 
- Prova do pagamento pela entrega do título (art. 321 e 324) 
- Perda ou extravio do titulo representativo da obrigação (art. 321). 
* Observar as normas dos arts. 322, 323 e 324 C.C. 
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10. Pagamento em cotas sucessivas, periódicas (art. 322) 
 
11. Dos Juros ante a quitação do capital - art. 323 - São acessórios do principal. 
*Presunção iuris tantum – presunção relativa – admite prova em contrário (uma corrente) – se recebeu o 
principal não quer dizer que tenha recebido o juro. 
 
*Presunção iuris et de jure – presunção absoluta – se recebeu o principal, não pode reclamar o juro (outra 
corrente) não admite prova em contrário. 
 
12. Despesas com o pagamento e quitação 
Art. 325 – devedor. 
13. Pagamento por medida, ou peso 
 Art. 326 – Silêncio das partes - os do lugar da execução. 
 
14. Do lugar do pagamento 
-Em princípio o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor (dívida quesível- quérable) – Art. 327 
- Pode constar expressamente no contrato, a obrigação do devedor levar o débito no domicílio do credor ou 
onde esse indicar (dívida portável- portable) 
 
Local alternativo – se ficar designado dois ou mais lugares, o credor elege o que lhe for mais favorável. Art. 
327, par. Único. 
- Ver arts. 328, 329 330 
 
15. Do tempo do pagamento 
Regra geral - não pode o credor exigir o pagamento antes do vencimento do prazo. Exceções: art. 333. 
 
16. Obrigações Puras e Simples 
Se não houver nenhuma condição e nenhum vencimento, deverá ser satisfeita imediatamente. – Princípio da 
satisfação imediata (art. 331 c/c 134) 
 
17. Obrigações com prazo e condicionais 
Execuções – por conveniência do devedor quando o prazo houver sido estabelecido em seu favor (art. 332 c/c 
125, 127 e 128, CC). 
No caso do mútuo de dinheiro, não tendo sido estipulado o vencimento, o prazo legal para pagamento é de 30 
dias (art. 592, II, CC). 
 
ATENÇÂO - Antecipação do vencimento por disposição legal (art. 333). 
 
 
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Do Pagamento em Consignação (art. 334 a 345 CC, 539 a 549, CPC) 
 
Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa 
devida, nos casos e forma legais – art. 334. 
Pela sistemática do CPC, art. 539, § 1º,tratando-se de obrigação em dinheiro, o devedor ou terceiro podem 
optar pelo depósito em estabelecimento bancário. 
*A consignação é uma faculdade às mãos do devedor 
 
Natureza jurídica 
Mista ou híbrida – porque está regulamentada tanto no CC quanto no CPC. A decisão judicial é que vai dizer 
se o pagamento feito desse modo em juízo terá o condão de extinguir a obrigação. 
 
Objeto 
Objeto que envolva uma obrigação de dar ou uma obrigação de fazer c/c obrigação de dar. No caso de imóveis 
o depósito judicial é simbolizado pela chave. As obrigações de fazer e não fazer, devido sua própria natureza, não 
permitem consignação. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
19 
Obrigações ilíquidas não podem ser objeto de consignação, enquanto não se tornarem líquidas. 
Se a coisa for consumível não é possível o depósito judicial. (desde que se deteriore em pouco tempo). 
Hipóteses 
- Art. 335 
 
Procedimento 
Arts. 539 a 549 do CPC. 
A pretensão de consignar nasce no momento de vencimento da obrigação. A lei não estabelece até quando 
após o vencimento pode ser utilizada a consignação. 
Se o depósito for insuficiente, permite-se ao autor que o complemente. 
 
Requisitos de validade 
- Art. 336 
 
Levantamento do depósito 
-A arts. 338 a 340 
 
Consignação de coisa certa e incerta 
- Arts 341 e 342 
 
Despesa da consignação 
- Art. 343 
 
Possibilidade de o credor ajuizar a consignatória 
- Art. 345. 
 
DO PAGAMENTO POR SUB-ROGAÇÃO – arts. 346 a 351 
 
Conforme esclarece Washington de Barros Monteiro, em sentido amplo, sub-rogar é colocar uma coisa no 
lugar da outra (sub-rogação real – art. 1911 e 1.659, II do CC), ou uma pessoa no lugar da outra (sub-rogação pessoal). 
É desta última espécie que ora trataremos. 
Assim, “sub-rogação é a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou 
o necessário para solvê-la” (Clóvis Beviláqua, citado por Washington de Barros Monteiro). 
 
I - Modalidades: 
a) Sub-rogação legal (346 do CC) - é a imposta por lei, nos seguintes casos: 
- do credor que paga a dívida do devedor comum; 
- do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o 
pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; 
- do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. 
 
b) Sub-rogação convencional (347 do CC) - é a que decorre de acordo de vontades entre o credor e terceiro 
ou entre o devedor e terceiro, desde que tal convenção seja contemporânea do pagamento, e expressamente declarada, 
pois, se o pagamento é um ato liberatório, a sub-rogação não se presume (MHD). Ocorre nos seguintes casos: 
- quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos. Nesta 
hipótese, vigoram as disposições pertinentes à cessão de crédito; 
- quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar 
o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
II - Efeitos: 
1º) efeito translativo - transferência ao novo credor de todos os direitos, ações, privilégios e garantias do 
primitivo em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Na sub-rogação convencional, entretanto, as 
partes poderão estabelecer restrições a alguns desses direitos; 
2º) efeito liberatório - exoneração do devedor ante o credor originário; 
3º) na sub-rogação legal, o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma, 
que tiver desembolsado para desobrigar o devedor (a convencional pode ter natureza expeculativa); 
4º) o credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida, se os 
bens do devedor não chegarem, para saldar inteiramente o que a um e outro dever. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
20 
 
 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (art.352 a 355 C.C.) 
 
Álvaro Villaça: trata-se da determinação feita entre dois ou mais débitos da mesma natureza líquidos e 
vencidos devidos a um só credor. 
 
I - Requisitos: 
a) existência de dualidade ou pluralidade de dívidas; 
b) identidade de credor e de devedor; 
c) igual natureza dos débitos; 
d) suficiência do pagamento para resgatar qualquer das dívidas. 
 
II - Espécies: 
a) imputação do pagamento feita pelo devedor ou terceiro, nos casos em que tiver direito de fazê-la. É 
possível apenas se referir-se a débitos líquidos e vencidos, salvo consentimento do credor. O devedor encontra duas 
limitaçõesao proceder a tal imputação: 1ª) havendo capital e juros, o pagamento se imputará primeiro nos juros 
vencidos e, depois, no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital; 2ª) 
se a dívida for de montante superior ao pagamento oferecido, não pode o devedor nela imputar o pagamento. 
 
b) imputação do pagamento feita pelo credor - quando o devedor não declara em qual das dívidas pretende 
imputar o pagamento. Aceita a quitação de uma delas pelo devedor, este não poderá reclamar contra a imputação feita 
pelo credor, salvo se provar haver ele cometido violência, ou dolo. 
 
c) imputação do pagamento feita pela lei - quando nenhuma das partes procede à imputação do pagamento. 
Assim, se o devedor não fizer a imputação, e se a quitação for omissa quanto a ela, esta se fará nas dívidas líquidas e 
vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na 
mais onerosa. 
 
III - Efeitos: extinção do débito a que se refere, com todas as garantias reais e pessoais. 
 
OBS: As regras do CC não se aplicam nem mesmo subsidiariamente no Direito Tributário, já que o instituto 
da imputação ao pagamento foi disciplinado de forma exaustiva art. 163 do CTN. 
 
 
DAÇÃO EM PAGAMENTO- datio in solutum (arts. 356 a 359) 
 
1. CONCEITO - consiste na entrega pelo deve 
2. dor, a título de pagamento, de um objeto que não é devido (estipulado) no vínculo obrigacional, mediante a 
aceitação do credor. Pode consistir na substituição de dinheiro por coisa (rem pro pecuni), também de uma 
coisa por outra (rem pro re), assim como a substituição de uma coisa por uma obrigação de fazer. 
 
2 - REGRAS DA DAÇÃO:arts. 356 a 359. 
 
3 - REQUISITOS 
- Animus solvendi 
- A coisa dada em pagamento deve ser diferente do objeto da prestação original. 
- O credor deve concordar com a substituição. 
- Não há necessidade de equivalência de valor na substituição. 
*A dação em pagamento com títulos de crédito – aplicação das regras de cessão de crédito (art. 358). 
*O representante necessita de poderes especiais para dar esse tipo de quitação, que foge ao exato cumprimento 
da obrigação. O mandatário com poderes gerais não poderá aceitá-la. 
 
SFH. SUBSTITUIÇÃO DA GARANTIA HIPOTECÁRIA POR TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA. 
DAÇÃO EM PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 
1. Não é possível utilização de Títulos da Dívida Pública para quitação de débito relativo a contrato de 
mútuo com garantia hipotecária. Inexistência de requisitos dos institutos da dação em pagamento e da 
compensação. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
21 
2. A dação em pagamento, como meio indireto de satisfazer obrigação, não pode ser coativa, 
pois demanda o consentimento do credor, sem o qual será irrealizável (arts. 313 e 356, do CC). 
Precedentes desta Corte. 
[...] 
(TRF1, AC 2000.34.00.018612-0/DF, Rel. Desembargadora Federal Selene Maria De Almeida, 
Conv. Juíza Federal Mônica Neves Aguiar Da Silva (conv.), Quinta Turma,e-DJF1 p.553 de 
22/09/2009) 
 
- NATUREZA JURÍDICA 
Trata-se de um negócio jurídico bilateral, oneroso e real. 
 
- RESPONDE O ALIENANTE PELA EVICÇÃO – art. 359. 
 
- EQUIPARAÇÃO À COMPRA E VENDA - aplicam-se todas as regras atinentes ao negócio, suas questões 
de nulidade e anulabilidade (art. 357) 
*O art. 357 incide tanto se o bem objeto da dação for móvel quanto se for imóvel. 
*Se o objeto não for pecuniário e houver substituição por outra coisa, a analogia é com a troca ou permuta. 
 
 
UNIDADE VII – NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, CONFUSÃO, REMISSÃO 
 
1 - DA NOVAÇÃO (art.360 a 367 do C.C.) 
 
“Ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir a precedente, substituindo-a” (Maria Helena Diniz). 
 
I - Requisitos: 
a) existência de uma obrigação anterior, que se extingue com a constituição de uma nova, que a substitui. Não 
podem ser objeto de novação obrigações nulas, extintas ou inexistentes, admitindo-se, entretanto, que tal modalidade 
extintiva se refira a obrigações simplesmente anuláveis, caso em que se terá a confirmação destas (art. 172 do CCB); 
b) criação de uma obrigação nova, em substituição à anterior, que se extinguiu; 
c) elemento novo, que pode se referir ao objeto ou aos sujeitos; 
d) animus novandi, expresso ou tácito, mas inequívoco - não havendo ânimo de novar, a segunda obrigação 
confirma simplesmente a primeira; 
e) capacidade e legitimação das partes. 
 
II - Espécies: 
a) objetiva ou real 
Quando há alteração no objeto da relação obrigacional; 
 
b) subjetiva ou pessoal 
Quando há alteração no que tange aos sujeitos da relação obrigacional. Pode ser passiva (quando a pessoa do 
devedor se altera) ou ativa (quando a pessoa do credor se altera). A novação subjetiva passiva pode se dar por 
expromissão (ocorre quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-o sem o consentimento 
deste, desde que o credor concorde com tal mudança) ou delegação (a substituição do devedor é feita com o 
consentimento do devedor originário). 
 
 c) mista 
 
III - Efeitos: 
1º) extinção da dívida anterior; 
2º) extinção dos acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário; 
3º) ineficácia da ressalva da hipoteca, anticrese ou penhor, se os bens dados em garantia pertencerem a 
terceiro, que não foi parte na novação; 
4º) exoneração do fiador, se for feita sem o seu consenso com o devedor principal; 
5º) operada entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova 
obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato 
exonerados; 
6º) se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo 
se este obteve de má-fé a substituição. 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
22 
Novação na jurisprudência6: 
a) Não se considera novação a simples renegociação contratual, dilação de prazo ou parcelamento do débito; 
b) Logo, com a simples renegociação, os fiadores não se exoneram; 
c) Considera-se novação a renegociação e consolidação da dívida quando houver agregação de elementos novos 
ao contrato, revelando uma descontinuidade do contrato anterior; 
 
6 AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SÚMULA 7/STJ. ÓBICE INEXISTENTE. MANUTENÇÃO DA 
DECISÃO AGRAVADA. CONTRATO BANCÁRIO NOVADO. REVISÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA 286/STJ. 
[...] 
2. Nos termos da Súmula 286/STJ: "OS CONTRATOS BANCÁRIOS SÃO PASSÍVEIS DE REVISÃO JUDICIAL, AINDA 
QUE TENHAM SIDO OBJETO DE NOVAÇÃO, POIS NÃO SE PODE VALIDAR OBRIGAÇÕES NULAS". 
[...] 
(STJ, AgRg no Ag 518.822/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
21/09/2010, DJe 29/09/2010) 
AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO. REVISÃO DE CONTRATOS 
EXTINTOS PELA NOVAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 286/STJ. 
1. A revisão de contratos extintos pela novação é cabível até mesmo em sede de embargos à execução. 
[...] 
(STJ, AgRg no REsp 908.879/PE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 06/04/2010, 
DJe 19/04/2010) 
LOCAÇÃO E PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO 
RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. PARCELAMENTO DO DÉBITO. NOVAÇÃO NÃO CONFIGURADA. 
EXONERAÇÃO DO FIADOR. IMPOSSIBILIDADE. AGR AVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou o entendimento de que o simples parcelamento do débito 
entre locador e locatário NÃO CONSTITUI NOVAÇÃO CONTRATUAL, capaz de exonerar os fiadores da garantia 
prestada. Precedentes. 
[...] 
(STJ, AgRg no AgRg no REsp 966.339/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 
23/03/2010, DJe 03/05/2010) 
CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SASSE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. 
DESNECESSIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. INVALIDEZ PERMANENTE NA VIGÊNCIA DO 
CONTRATO ORIGINÁRIO. INOBSERVÂNCIA.RENEGOCIAÇÃO. NOVAÇÃO NÃO CONFIGURADA. 
[...] 
5. "A RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA NÃO CARACTERIZA NOVAÇÃO SE O NOVO CONTRATO NÃO AGREGA 
ELEMENTOS NOVOS, suficientes à caracterização do animus novandi, REVELANDO, ASSIM, A 
DESCONTINUIDADE DA RELAÇÃO ANTERIOR (...)". (AC 0010570-40.2001.4.01.3300/BA, Rel. Desembargador Federal 
Daniel Paes Ribeiro, Sexta Turma,e-DJF1 p.22 de 11/10/2010). 
[...] 
(TRF1, AC 0006449-46.2000.4.01.3803/MG, Rel. Desembargadora Federal Selene Maria De Almeida, Quinta Turma,e-DJF1 
p.468 de 21/01/2011) 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. SFH. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. SÉRIE EM GRADIENTE. PES. 
RENEGOCIAÇÃO. MODIFICAÇÃO . SISTEMA SACRE. 
1. A pretensão da Apelante é a observância do comprometimento inicial da renda no reajuste das prestações do financiamento 
habitacional, após este ter passado a ser regido pelo Sistema de Amortização Crescente - SACRE, tendo ocorrido a novação da 
referida obrigação assumida pela ré, nos termos do aditamento contratual de fls. 16/21, efetuado com base na MP n. 1768-29/99. 
posteriormente reeditada e convertida em Lei n. 10.150, de 21.12.2000. 
2. De acordo com julgados desta Corte, tendo em vista a novação contratual, é indevida a aplicação do PES. 
[...] 
(TRF1, AC 0006119-69.2001.4.01.3300/BA, Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Conv. Juiz Federal Ricardo 
Gonçalves Da Rocha Castro (conv.), Sexta Turma,e-DJF1 p.257 de 22/11/2010) 
CIVIL. PROCESSO CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO (SFH). AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. 
RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA COM ADOÇÃO DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CRESCENTE (SACRE). NOVAÇÃO. 
MUDANÇA DA FORMA DE AMORTIZAÇÃO E JUROS REMUNERATÓRIOS. IMPROCEDÊNCIA. 
1. A renegociação e consolidação de nova dívida caracterizam a novação QUANDO O NOVO CONTRATO, ALÉM DE 
ESTABELECER NOVOS PRAZOS, AGREGA ELEMENTOS NOVOS, suficientes à caracterização do animus novandi, 
revelando uma descontinuidade da relação anterior. 
2. Assim, correta a sentença ao analisar o pedido dos autores, considerando esse segundo ajuste de vontades. 
[...] 
(TRF1, AC 2006.38.00.008974-9/MG, Rel. Desembargador Federal Daniel Paes Ribeiro, Sexta Turma,e-DJF1 p.33 de 
23/08/2010) 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
23 
d) Os contratos viciados extintos pela novação são passíveis de revisão, já que as nulidades não se convalidam 
com o tempo. A novação, assim como a renegociação da mesma dívida, a luz do princípio da função social, 
não impedem a rediscussão da validade do contrato (Súmula 286, STJ e Ag. Reg. No Ag. 801.930/SC). 
Novação em obrigação natural – a doutrina majoritária entende quem pode ocorrer (art. 814, par.1º) 
 
2 - DA COMPENSAÇÃO (art.368 a 380 do C.C.) 
Conceito: “Um modo de extinção especial das obrigações recíprocas, pelo qual duas obrigações existentes, 
em sentido inverso entre as mesmas pessoas, extinguem-se até o montante da menor” (Planiol e Ripert, citados por 
Sílvio Rodrigues). Aliás, neste sentido, dispõe o Código Civil que “se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e 
devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”. 
 
I - Espécies: 
a) legal - prevista no Código Civil, cujos efeitos operam de pleno direito, independente de convenção das 
partes. Entretanto, não pode ser declarada de ofício pelo juiz, cabendo ao interessado alegá-la. O fato de a 
compensação processar-se por força de lei, implica nas seguintes conseqüências: é irrelevante o problema da 
capacidade das partes; a compensação retroage à data em que a situação de fato se configurou, inclusive quanto aos 
acessórios do débito; 
b) convencional ou voluntária - decorrente de acordo das partes, que podem dispensar qualquer de seus 
requisitos. 
c) judicial 
 
II - Requisitos (da compensação legal): 
1º) reciprocidade de débitos - é indispensável que duas pessoas sejam, ao mesmo tempo, credoras e 
devedoras uma da outra. Impõe-se observar as seguintes regras: 
- terceiro não interessado poderá pagar, se o fizer em nome e por conta do devedor, porém não poderá 
compensar; 
- pessoa que se obriga por terceiro não poderá compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever; 
- Exceção - o devedor só pode compensar com o credor o que este lhe dever, mas o fiador pode compensar 
sua dívida com a de seu credor ao afiançado; 
- o devedor que, notificado, nada opõe à cessão, que o credor faz a terceiros, dos seus direitos, não pode opor 
ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido 
notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente; 
2º) liquidez das dívidas; 
3º) exigibilidade atual das prestações; 
4º) fungibilidade dos débitos; entretanto, embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das 
duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato; 
5º) a diferença da causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: se uma provier de furto ou roubo; 
se uma se originar de comodato, depósito, ou alimentos; se uma for de coisa não suscetível de penhora; 
6º) não haver renúncia prévia de um dos devedores; 
7º) não haver estipulação entre as partes excluindo a possibilidade de compensação; 
8º) dedução das despesas necessárias à operação, quando as duas dívidas não forem pagáveis no mesmo 
lugar; 
9º) observância das regras pertinentes à imputação do pagamento, havendo vários débitos compensáveis; 
10º) ausência de prejuízo a terceiros. Assim, o devedor que se torne credor do seu credor, depois de 
penhorado o crédito deste por terceiro, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor 
disporia. 
 
Obs: - o STJ tem flexibilizado a proibição de compensação de débito alimentar, como podemos observar no 
REsp 982.857/RJ, julgado em 18/09/08. 
- o STJ no Agr. Reg. No Agr. 353.291/RS apontou a impossibilidade de retenção de salário para efeito de 
compensação. Todavia, note-se que o empréstimo consignado é uma exceção admitida pelo próprio 
ordenamento jurídico. 
- Súmula 306, STJ: “Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência 
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da 
própria parte”. 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
24 
3 - DA CONFUSÃO7 (art.381 a 383 do C.C.) 
 Conceito: “É a reunião, em uma única pessoa e na mesma relação jurídica, da qualidade de credor e 
devedor” (Silvio Rodrigues). 
I - Espécies 
a) total ou própria - se diz respeito ao total da dívida; 
b) parcial ou imprópria - se diz respeito a apenas parte da dívida. 
II - Requisitos: 
a) unidade da relação obrigacional; 
b) união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor; 
c) ausência de separação dos patrimônios. 
III - Efeitos: 
a) extinção da obrigação; 
b) cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. 
 
4 - DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS (art.385 a 388 do C.C.) 
Conceito: “É a liberalidade do credor, consistente em dispensar o devedor de pagar a dívida” (Silvio 
Rodrigues). É o perdão da dívida. 
I - Modalidades: 
a) expressa (firmada por ato escrito) e tácita (nos casos previstos em lei); 
b) total (se tiver por objeto a completa extinção da obrigação) e parcial (se tiver por objeto apenas parte da 
dívida). 
II – Regras: 
- a remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro; 
- a devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova a desoneração do devedor e seus 
coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. 
- a restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, mas não a extinção da 
dívida. 
- a remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda 
reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não podecobrar o débito sem dedução da parte remitida. 
 
 
UNIDADE VIII – INADIMPLEMENTO RELATIVO 
 
- DA MORA (Arts. 394 a 401) 
I – Conceito: “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o credor que o não quiser 
recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer” (art. 394, CC). A mora (inadimplemento 
relativo) distingue-se do inadimplemento absoluto. Neste, há o descumprimento da obrigação e a impossibilidade de 
sê-lo, proveitosamente, para o credor. Naquela, a obrigação não é cumprida em tempo, lugar e forma devidos, mas 
poderá sê-lo, proveitosamente, para o credor. 
- Enunciado 162 da III JDC, a luz do princípio da boa-fé, se a prestação objetivamente considerada tornar-se 
inútil, não haverá simples mora, mas sim inadimplemento absoluto e responsabilidade civil. 
 
II - Espécies: 
- mora solvendi ou debitoris - mora do devedor, quando este não cumprir, por culpa sua, a prestação devida 
na forma, tempo e lugar devidos. Manifesta-se como mora ex re (decorre da lei, resultando do simples 
descumprimento da obrigação quando existe termo certo e independendo de provocação do credor) e como mora ex 
persona (se não houver estipulação de termo certo para a execução da relação obrigacional, sendo indispensável a 
 
7 PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CANCELAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
IMPOSSIBILIDADE. SUCESSÃO. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 267, X, CPC. 
1. Com a extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo S/A - BNCC em 23/05/1994, a União o sucedeu na presente 
execução, e, após a edição da Lei 11.457/2007, a União passou a representar judicialmente o INSS. No presente caso, credor e 
devedor se confundem. 
2. Ocorrendo confusão entre credor e devedor, incabível a condenação aos honorários advocatícios. 
3. Apelação a que se dá provimento. 
(TRF1, AC 2008.01.00.064802-7/DF, Rel. Desembargadora Federal Maria Do Carmo Cardoso, Oitava Turma,e-DJF1 p.899 de 
15/05/2009) 
 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
25 
adoção de certas providências do credor para constituir o devedor em mora). Para se configurar, exige culpa do 
devedor, eis que não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. 
 
- mora credendi ou accipiendi - mora do credor, quando este se recusa injustamente a aceitar o 
adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma devidos ou não vai recebê-la. 
 
 - mora de ambos - compensação 
 
III - Conseqüências jurídicas: 
1º) Da mora do devedor: 
- responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários 
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado; 
- se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir satisfação de perdas e 
danos (inadimplemento absoluto); 
- o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso 
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa (na mora), ou que o 
dano sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. 
 
2º) Da mora do credor: 
- subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa; 
- obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas na conservação da coisa; 
- sujeita o credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se o valor oscilar entre o dia 
estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. 
 
IV - Termo inicial: 
- mora ex re - o inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, no seu termo constitui de pleno direito em 
mora o devedor. Regra dies interpellat pro homine. 
Obs: 
- no caso das obrigações decorrentes de alienação fiduciária, o STJ tem entendido de forma pacífica que se 
trata de mora ex re, de maneira que a notificação do devedor é apenas comprobatória da mora (Ag. Reg. No REsp 
1.041.543/RS). 
CONTRATO BANCÁRIO. MORA. DESCARACTERIZAÇÃO. 
A Seção, reiterando jurisprudência consolidada deste Superior Tribunal, reafirmou que a 
cobrança de encargos ilegais, durante o período da normalidade contratual, descaracteriza a 
configuração da mora. Precedente citado: EREsp 785.720-RS, DJe 11/6/2010. EREsp 
775.765-RS, 2S, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 8/8/2012. 
 
 
- mora ex persona - não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. 
- mora solvendi na obrigação negativa - nas obrigações negativas, o devedor fica constituído em mora, desde o 
dia em que executar o ato de que se devia abster. 
- mora em caso de ato ilícito (responsabilidade extracontratual ou aquiliana) - nas obrigações provenientes de 
ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. 
 
V - Purgação ou emenda da mora: É o ato espontâneo do contratante moroso, que visa remediar a situação a 
que deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade. 
- Purgação da mora debitoris - ocorre quando o devedor oferece a prestação devida (desde que esta não tenha 
se tornado inútil ao credor), mais a importância dos prejuízos decorrentes até o dia da oferta. 
- Purgação da mora do credor - ocorre quando credor se oferece a receber o pagamento e a se sujeitar aos 
efeitos da mora até a mesma data. 
 
 
- DAS PERDAS E DANOS (Arts. 402 a 405) 
 
I – Regra geral: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, abrangem os danos emergentes e os 
lucros cessantes. Visam restabelecer o status quo ante. 
 
II – Requisitos: 
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Professora Me. Larissa Castro 
 
 
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- Culpa 
- Existência de dano 
- Nexo causal (não se indeniza o dano indireto) 
 
III - Perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro: serão pagas com atualização monetária 
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo 
da pena convencional. Pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. 
IV - Regras pertinentes à fixação dos prejuízos efetivos e dos lucros cessantes: as perdas e danos só 
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito direto e imediato da inexecução. 
 
 
- DOS JUROS MORATÓRIOS (Arts. 405 a 407) 
 
I – Noções: Juros são o preço do uso do capital (Silvio Rodriges). Podem ser compensatórios, remuneratórios 
ou juros-frutos (compensação pelo uso de capital alheio) ou moratórios (indenização pelos prejuízos resultantes do 
retardamento ou descumprimento de obrigação). Os juros ainda podem ser divididos em convencionais (decorrentes da 
manifestação de vontade das partes) e legais (decorrentes da lei). 
 
II – Regra: Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros de mora que se contarão assim 
às dívidas em dinheiro, com às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por 
sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. 
Independem de pedido na inicial – art. 322 do CPC e SUM 254 do STF 
 
III - Taxa: Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou 
quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do 
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional8. 
 
IV - Momento em que começam a correr os juros de mora: 
a) regra geral – art. 405: contam-se os juros de mora desde a citação inicial (aplica-se em geral nas obrigações 
ilíquidas); 
b) regras especiais: 
b.1) inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, com termo fixado: a mora se constitui pelo mero 
advento do termo, contando-se os juros moratórios a partir desse momento; 
b.2) inadimplemento de obrigação sem termo fixado: a mora se constitui pela interpelação judicial ou 
extrajudicial, bem como pela citação, contando-se os juros moratórios a partir de então; 
b.3) obrigações provenientes de ato ilícito: considera-se o devedor em mora desde que praticou o ato ilícito,

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