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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GEOGRAFIA APLICADA AO TURISMO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU SUMÁRIO 1 TURISMO E GEOGRAFIA: DEFININDO CONCEITOS 2 2 O ESPAÇO GEOGRÁFICO 4 3 TERRITÓRIO TURÍSTICO 6 4 PAISAGEM GEOGRÁFICA 7 4.1 Espaço 8 4.2 Lugar: 9 4.3 Região 9 4.4 Paisagem 9 4.5 Território 10 5 A GLOBALIZAÇÃO 10 6 PAISAGENS TURÍSTICAS 13 7 FUNDAMENTOS DA CARTOGRAFIA APLICADOS AO TURISMO 14 8 O SISTEMA DE FUSOS HORÁRIOS 21 9 POLO OU DESTINO TURÍSTICO 23 10 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE POLO TURÍSTICO 25 11 TURISMO E CLIMA: UMA RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA 27 12 DESASTRES NATURAIS E O TURISMO 30 13 A POLÍTICA PÚBLICA E A ECONOMIA DO TURISMO 34 14 TURISMO E TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO 38 BIBLIOGRAFIA 46 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 1 TURISMO E GEOGRAFIA: DEFININDO CONCEITOS Fonte: www.google.com.br O turismo é a única política social que consome elementarmente o espaço. Daí a importância de entendermos o interesse da geografia pelo turismo. Como entender esse fenômeno? Fazendo um estudo, uma abordagem sobre a introdução à geografia do turismo, uma abordagem socioespacial. A prática social do turismo está diretamente ligada à geografia, não se pode falar em turismo e não lembrar da geografia. Pois a ciência geográfica está sempre atenta a toda e qualquer manifestação da sociedade, sem esquecer os problemas gerados pela relação homem-natureza. Daí a importância de se fazer um estudo, uma compreensão do turismo, do ponto de vista de sua dimensão socioespacial. Fazendo um estudo do turismo sob a ótica da geografia. Entendendo a prática do turismo e suas consequências. http://www.google.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A geografia é uma ciência muito importante para o turismo, já que nos ajuda a compreender melhor o uso do espaço e as transformações que são constantes em qualquer localidade. Além disso, a geografia, de modo prático, auxilia na localização, que é fundamental para encontrar os melhores caminhos de uma viagem, situar-se num mapa, diminuindo as chances de se perder em um local teoricamente desconhecido. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O turismo é um criador de novos espaços. Não que necessariamente uma cidade tenha sido criada pela presença de turistas, mas, à medida que ela recebe os turistas, e os habitantes também realizam viagens, em termos conceituais, um novo espaço geográfico está sendo criado: o espaço turístico. Dentro desse espaço podemos identificar três áreas: Emissora: – de onde partem os turistas que realizarão suas viagens. Local onde moramos, planejamos nos deslocar. É importante pois determina a facilidade dessa mobilidade. Por exemplo, as pessoas que moram em São Paulo tendem a viajar mais, por isso existem mais voos diretos, simplesmente porque há demanda. Áreas de Deslocamento: – são as estruturas, como rodovias, postos de gasolina, e mesmo cidades que sirvam de hospedagem antes da chegada definitiva da área recebedora. Área Receptora – é a localidade que receberá o turista. Ponto de chegada, o que encontrarei nesse local? Que tipo de turismo espero fazer? As viagens internacionais, há algum tempo, servia apenas a uma restrita parcela da população mundial, aquelas com alto poder aquisitivo, no entanto, atualmente a indústria do turismo tem produzido um volume extraordinário de dinheiro, todos os países têm adotado políticas direcionadas ao turismo. O turismo se expandiu por vários motivos, mas com certeza o que impulsionou essa atividade foi o desenvolvimento dos transportes (ferroviário, rodoviário, hidroviário, marítimo e aéreo) e da telecomunicação (telefone, internet, celular etc.), CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU pois esses facilitam a comunicação entre as empresas que trabalham nesse ramo. Hoje existe um fluxo internacional grande de turistas que gastam e consomem, incrementando ainda mais a atividade. O ramo turístico modifica o espaço geográfico, pois para atender o turista é preciso criar infraestrutura e direcionar mão de obra especializada, mas é importante destacar que o turismo exerce uma função importante em cidades turísticas, pois as características e a identidade do lugar são preservadas. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A geografia também nos ajuda a compreender de que modo as características de cada paisagem influenciam na prática do turismo. Existem vários tipos de turismos e é muito importante saber qual é o meu gosto, personalidade, vontades, para poder escolher qual será o destino das próximas férias, certo? Podemos classificar basicamente três tipos: O turismo no meio Urbano: – costuma se caracterizar por atrativos históricos e culturais, também por forte influência de estrutura turística de hospedagem e de alimentação, sendo que os meios de transporte, saneamento básico e outras infraestruturas urbanas podem influenciar muito no comportamento das pessoas que escolhem esse tipo de local para conhecer. O meio Rural – mais conhecido como turismo aventura, se caracteriza por atrativos mais ligados à natureza e por infraestrutura mais esparsas. O meio Litorâneo: – esse pode conjugar características de turismo do meio urbano quanto do meio rural, a medida que temos tanto praias em meio urbano como em áreas mais afastadas. Esse é um dos mais procurados e o que mais necessita de dados geográficos para obter sucesso e atender às expectativas, principalmente em relação ao clima e a infraestrutura. Falando em clima, esse também é alvo de estudo da geografia que interessa, e muito, ao turismo. É sempre importante compreendermos a sazonalidade do clima para a localidade que iremos viajar. Incidências e probabilidades de CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU fenômenos naturais, tais como: neve, frio, calor, terremotos, tornados, ciclones, etc. 2 O ESPAÇO GEOGRÁFICO É um importante conceito para a Geografia, haja vista que ele é o objeto principal de estudo dessa área do conhecimento. Sendo assim, entender o espaço geográfico significa também compreender o papel que essa ciência possui no sentido CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU de investigar a realidade tanto em seu aspecto social quanto em suas premissas naturais, com ênfase nas relações entre sociedade e natureza. Não há, no entanto, um consenso entre os geógrafos sobre o que seria, exatamente, o espaço geográfico, haja vista que muitos deles orientam-se a partir de diferentes correntes de pensamento que apresentam diferentes perspectivas. Por exemplo, para a corrente Nova Geografia, o espaço geográfico corresponde à organização da sociedade e seus elementos sobre o meio. Fonte: www.pt.slideshare.net Há autores, como Richard Hartshorne, que defendem que o espaço geográfico é apenas uma construção intelectual, não http://www.pt.slideshare.net/ https://brasilescola.uol.com.br/geografia/richard-hartshorne.htm CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU existindo de fato na sociedade. Seria, nesse caso, uma concepção da forma como nós enxergamos a realidade no sentido de apreender como acontece a espacialização da sociedade e tudo o que por ela foi construído. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Já Milton Santos afirma que o espaço geográfico é um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os itens e elementos artificiais e as ações humanas que manejam tais instrumentos no sentido de construir e transformar o meio, seja ele natural ou social. Para os geógrafos humanistas, porém, o conceito de espaço geográfico estaria atrelado à questão subjetiva, cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local de morada dos seres humanos e, maisdo que isso, é o meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas cotidianamente, proporcionando novas leituras à medida que a compreensão do mundo se modifica. Portanto, se consideramos apenas algumas das várias definições existentes, podemos perceber que o conceito em questão possui várias visões conflitantes entre si. O que, no entanto, pode ser estabelecido como consenso é que o espaço geográfico representa a intervenção do homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, dependendo da abordagem, pode também ser um produtor) das relações humanas e suas práticas sobre o substrato natural. Se ao longo de um rio, por exemplo, constrói-se uma ponte, estamos provocando a alteração das paisagens locais, o que representa a expressão do espaço geográfico. Se em uma cidade adotam-se medidas de revitalização de áreas degradadas, temos aí a transformação do espaço. Portanto, tudo o que é construído pelo homem é, notadamente, geográfico: hidrelétricas, cidades, campos agrícolas, sistemas de irrigação, entre outros elementos, são as construções mais visíveis do espaço geográfico. 3 TERRITÓRIO TURÍSTICO https://brasilescola.uol.com.br/geografia/milton-santos.htm CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Por meio de análises com base nos conceitos oriundos da geografia, destaca- se a importância do território no planejamento turístico para o desenvolvimento sustentável. A cognição e análise dessas territorialidades auxiliam no planejamento e distribuição das atividades turísticas, principalmente das que utilizam áreas naturais protegidas ou ambientes com fragilidade inerente ao uso público. É preciso investigar as relações entre “turismo e território”, através de uma discussão a partir da análise do planejamento turístico sustentável, englobando o planejamento estratégico adotado com base no Plano Maior. Procurou-se ainda discutir a importância do CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU planejamento estratégico territorial para o turismo, o papel das políticas públicas no ordenamento territorial desta atividade. Fonte: www.sebraedestinosinteligentes.com.br 4 PAISAGEM GEOGRÁFICA A ciência geográfica apresenta, de acordo com as diferentes correntes do pensamento, categorias consideradas essenciais para a compreensão do seu estudo. As principais categorias geográficas são: paisagem, lugar, território, região e espaço. Portanto, a paisagem é considerada, pela maioria das correntes do pensamento geográfico, um conceito-chave da Geografia. O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode ser utilizado de diferentes maneiras e por várias ciências. Essa categoria geográfica consiste em tudo aquilo que é perceptível através de http://www.sebraedestinosinteligentes.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU nossos sentidos (visão, olfato, tato e audição), no entanto, a análise da paisagem é mais eficaz através da visão. Nesse sentido, a Geografia moderna, que priorizava os estudos dos lugares e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos lugares para atingir CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU êxito em suas abordagens geográficas, observando as transformações no espaço geográfico em decorrência das atividades humanas na natureza. A paisagem é formada por diferentes elementos que podem ser de domínio natural, humano, social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os outros. A paisagem está em constante processo de modificação, sendo adaptada conforme as atividades humanas. Fonte: www.google.com.br 4.1 Espaço: No senso comum o espaço denota as estrelas, às distâncias de um lugar a outro, ou ainda, o tamanho ocupado pelos objetos e pessoas. O espaço se constitui de diferentes formas e estas, por sua vez, apresentam alguma relação com as pessoas que o habitam. O exemplo disso é percebido a sua volta a partir da observação dos elementos existentes na sua http://www.google.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU localidade, próximo a sua moradia, as ruas, as avenidas, as casas, os prédios comerciais, residenciais e industriais os quais apresentam serventia ao Homem. Pelas ruas nos deslocamos. As casas servem de abrigo e moradia, os prédios podem conter lojas e indústrias e nestes se encontram o local de trabalho de grande parte da população. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 4.2 Lugar: É onde as dinâmicas das relações dos indivíduos são de proximidade e vivências diretas e, ainda, onde cada pessoa busca as referências pessoais e constrói os seus sistemas de valores que fundamentam a vida em sociedade. Portanto, o conceito de lugar está relacionado à dimensão cultural e fortemente relacionado à identidade e ao cotidiano. Com isso o conceito passa a ter forte grau de subjetividade, reconhecendo seu conceito antagônico de não-lugar, como espaço criado e sem identidade, como um shopping, um resort ou um aeroporto. Apesar da aparente proximidade com a escala local, tal confusão dificulta a assimilação de tal conceito. Local é uma escala geográfica de limite, mais ou menos definido, está muito relacionado à questão de proximidade geográfica. O lugar, no contexto da globalização, pode dar-se na escala local, mas também nas escalas regionais, nacionais e globais. 4.3 Região: Os lugares são diferentes entre si, cada qual com suas especificidades. Constituem-se por formas e funções diversas. As regiões surgem a partir do agrupamento de lugares que possuem características comuns naturais e culturais como, por exemplo, extensas planícies fluviais cobertas de vegetação ombrófila, ou então, uma significativa concentração de estabelecimentos comerciais e industriais. Também é possível distinguir esses lugares por sua localização como, por exemplo, quando a porção da cidade está em um dos extremos, denominando-as de região Norte, Sul, Leste e Oeste. Dividir o espaço em regiões é bastante útil, pois possibilita uma melhor administração dos recursos naturais e humanos. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 4.4 Paisagem: A paisagem se constitui a partir da presença em diferentes escalas dos elementos naturais e culturais sobre os quais a sociedade interage e cuja percepção permite a leitura do espectador a partir dos princípios da semiótica, linguística, CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU psicologia e sociologia, não há uma escala determinada, aceitando percepções diferenciadas. 4.5 Território: Considera-se que são feições do espaço geográfico que vão além do identificar limites e extensões. Compreende também o conhecimento da sociedade de que a ele pertence, das razões que o mantém coeso e das relações de poder, uma construção social. O território é transitório e mutável, depende das relações e escalas temporais. 5 A GLOBALIZAÇÃO Fonte: www.Fribeirao.usp.br O turismo sempre foi forte e atraente. Com a globalização, as facilidades de conexão e deslocamento, o aumento da http://www.fribeirao.usp.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU curiosidade e do interesse pelos "outros", assim como com a maior circulação de informações, ganhou proporções gigantescas, a incorporar sempre novos protagonistas, provenientes tanto de grupos sociais emergentes quanto dos segmentos etários antes excluídos dos passeios internacionais. Tempos atrás só viajavam para fora do País pessoas "maduras", com CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU dinheiro no bolso e profissão garantida. Crianças pequenas e avós ficavam em casa, como que protegidos dos azares do mundo. Hoje o turismo se democratizou. Viajam todos, dos bebês à "terceira idade", dos intelectuais às novas classes médias e aos empresários, muitas vezes em excursões temáticas especialmente desenhadas para acomodar distintos ritmos e expectativas. Hápacotes turísticos para todos os gostos e interesses: gastronomia, artes, compras, parques infantis, futebol, cinema, moda, decoração, ciência. Todo grande evento internacional inclui uma invariável "agenda social", com a qual arrasta acompanhantes não diretamente envolvidos nas pautas principais. O turismo tornou-se, de fato, uma indústria. Emprega centenas de milhares de pessoas, cria em torno de si inúmeras atividades, movimenta os negócios em escala global, produz riqueza material e intercâmbio cultural. Ainda que quase sempre centrado no lazer e no entretenimento, tem múltiplas implicações. É evidente que tudo isso alterou o modo como se viaja, se usufrui e se absorve a experiência de conhecer outros lugares. Aeroportos e aviões abarrotados, com os aborrecimentos imagináveis, existem no mundo todo. Nas grandes metrópoles turísticas - Nova York, Roma, Paris - a paisagem é tingida por filas até para se caminhar nas ruas. Um passeio a pé pela Times Square pode assemelhar-se a um congestionamento nas Marginais de São Paulo. A multidão tornou-se onipresente, com impactos expressivos na indústria turística como um todo. Museus imponentes e circunspectos precisam se adaptar para receber um público sempre maior, rumoroso, buliçoso e despreparado para seguir a etiqueta da visita-padrão. Restaurantes e lojas têm de ajustar preços e cardápios para atender à massa de gente necessitada de alimentos, desejosa de CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU experimentar algo novo e com desmesurado apetite para comprar o que quer que pareça uma boa oportunidade ou sirva como registro das particularidades do local visitado. Tais particularidades, bem como as tradições e o modo de vida nessas localidades, certamente sobrevivem e permanecem inscritas na rotina cotidiana dos moradores, mas são muitas vezes "ressignificadas" e precisam ser compartilhadas com os estrangeiros. Nenhum romano deixa de beber seu cappuccino, nenhum parisiense deixa de comprar sua baguette, nenhum nova-iorquino deixa de se estender para tomar sol na grama do Central Park, mas todos devem conviver com bandos de curiosos e imitadores. Muitos reagem com irritação, outros viajam para longe ou não saem de casa. Lugares menos CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU conhecidos, fora dos roteiros, vinculados ao dia a dia que os turistas não veem, convertem-se assim em refúgios dos moradores, fortalezas de onde tentam defender suas cidades. Seja como for, é uma experiência coletiva de interação, ao sabor da qual o mundo se vai integrando culturalmente. O turismo oferece a seus praticantes a oportunidade rara de apreciar in loco aquilo de que se ouve falar ou com o que se fantasia. Diminui a distância entre filmes, livros e vida real. É uma ferramenta de desmitificação. Devolve à realidade certos lugares comuns dos relatos e conversas sobre os "outros". O turista descobre, surpreso ou extasiado, que os argentinos admiram os brasileiros, que os franceses não são mal-humorados (embora alguns o sejam) nem os italianos são alegres e receptivos (embora muitos o sejam), que não há somente glamour em Nova York nem tristeza em Lisboa. A depender da profundeza social que alcança em sua viagem, pode descobrir também que o cotidiano é tão desgastante em Barcelona e na Filadélfia quanto em São Paulo ou no Rio de Janeiro, sobretudo para os grupos sociais menos favorecidos, obrigados a experimentar dissabores de todo tipo. Descobre, enfim, que os brasileiros não são melhores nem piores que os outros povos, que nossa economia não está tão racional e eficiente quanto dizem, que não somos os únicos a gostar fanaticamente de música e futebol, que nossas garotas de Ipanema são tão lindas quanto milhões de holandesas, tailandesas, espanholas, mexicanas, húngaras e chinesas. O turismo globalizado ajuda-nos a entender que a vida atual, independentemente de onde estivermos, se equilibra entre a reprodução teimosa de certos ritos e tradições e a invenção frenética e permanente do cotidiano, flutuando entre o sólido e o fluido. Mostra que a crise não perdoa ninguém, seja no plano econômico-social, onde faz com que homeless e CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU desempregados desmintam a estabilidade e a segurança, seja na sociabilidade, onde faz com que surjam novas práticas e condutas que estremecem rotinas e tradições. O turista que se dedica a observar mais atentamente os locais que visita descobre, assim, que a realidade é feita mesmo de essência e aparência, nem tudo é o que parece. Pode perceber, então, que a "festa" de que participa na Quinta Avenida ou na Fontana de Trevi desaparece num piscar de olhos quando vai ao Queens, ao Bronx ou às periferias romanas e parisienses. A rigor, ele não tem nada que ver com isso. Viaja para descansar e se divertir, não para fazer análises sociológicas. Mas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU acaba por voltar para casa com uma nova chance de refletir sobre o mundo em que vive. 6 PAISAGENS TURÍSTICAS Fonte: www.eurodicas.com.br As mutações do território podem ter implicações na atratividade turística. Os novos espaços construídos para o turismo influenciam a qualidade paisagística e a carga desses territórios. Esta relação biunívoca nem sempre foi tratada com sensibilidade por parte dos agentes econômicos e políticos, tanto em Portugal como noutros países cujos recursos naturais e culturais têm sido propícios à evolução do turismo. Partindo do princípio de que todo o território se torna importante para o turismo, o que não significa que em todo ele se estabeleça zonas de interesse para o investimento turístico, http://www.eurodicas.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU o nosso País é caracterizado por muitos locais que estão irreconhecíveis em relação à sua fisionomia de há meio século, mas também por outros evidentemente valorizados ou regenerados. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A paisagem que se alcança é vista pelos olhos e sentida com emoção. É presente e passado. Dela, fazem parte uma identidade e um sem-fim de evocações. Esta mutação é permanente, pela influência do homem, mais evidente no litoral das zonas urbanizadas e cosmopolitas e das grandes infraestruturas do que no interior da urbanização contida e de um imaginário rural. Algumas zonas turísticas em Portugal, assistiu à construção desenfreada, alguma dela sobre dunas ou junto a falésias e mais em altura para concentrar o máximo de pessoas no mínimo espaço. A construção massificada em algumas zonas do litoral retirou-lhes capacidade atrativa, mesmo que os seus recursos persistam. Mas, em contrapartida, alguns conjuntos turísticos são marcos importantes, porque planeados, mesmo que alguns deles não tenham completamente atingido a sua concretização. O espaço do turismo é todo o território, mesmo que alguns troços apenas existam atividades econômicas aparentemente externas ao turismo, porque cada vez mais as pescas, a aquicultura e as atividades industriais, agrícolas e portuárias se podem inter- relacionar com o turismo e ser pretexto de visitação numa lógica de integração, complemento e procura das identidades locais por parte dos turistas. No mesmo sentido, a gestão racionalizada da ocupação do território tem em vista a preservação do património e dos recursos naturais, do património arqueológico e artístico e da estética da paisagem. 7 FUNDAMENTOS DA CARTOGRAFIA APLICADOS AO TURISMO Para a Geografia, a Cartografia serve como apoio para fornecer representações em forma de produtos cartográficos CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU para essa ciência. Sabendo-se que a Geografia pode se relacionar com o Turismo, pois tal atividade ocorre no espaço geográfico e pode modificá-lo, cabe à Cartografia fornecermateriais que deem suporte a ele, tais como mapas para o turismo, guias, roteiros turísticos, e auxiliar na localização e conhecimento das atividades locais. Faltam materiais cartográficos que ofereçam informações sobre onde ficam hotéis, restaurantes, serviços, museus e outros locais de interesses do turista. A Cartografia pode auxiliar significativamente nesse processo, e a disponibilização de dados registrados em mapas é uma necessidade não apenas para CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU a localização dos turistas, pois funciona como auxiliar na gestão do turismo, gestão da cidade e organização das atividades turísticas. Fonte: www.pinterest.pt A Cartografia do Turismo é um ramo da Cartografia Temática que se dedica ao tratamento dos elementos que formam as atividades do turismo. Tem como objetivo comunicar quais serviços de turismo estão disponíveis, para que o turista possa ter acesso, seja com função econômica ou com função sociocultural; apresentar os atrativos turísticos e encaminhar o turista a visitá-los. Ela está “envolvida com a representação do turismo, enquanto atividade econômica e sociocultural”. A ligação entre a Cartografia do Turismo e a Cartografia Temática, permitiu que houvesse o “acréscimo sucessivo de elementos específicos desse tópico ao mapa topográfico, especialmente em suas manifestações pontuais”. A Cartografia do Turismo serve como um instrumento http://www.pinterest.pt/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU para refletir e planejar o turismo. A Cartografia, além de fazer mapas para o turismo, participa na produção de atlas geográficos, onde sempre há uma página para o turismo, havendo até mesmo atlas específicos para municípios turísticos. A Cartografia Turística oferece opções para representação da atividade, conhecimento e planejamento do turismo. Quando se cria um mapa com fins turísticos, remetemo-nos à seguinte dúvida: os mapas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU seriam mapas turísticos, mapas do turismo ou mapas para o turista? Indica que o emprego dos mapas deve ser pensado a partir das etapas de diagnóstico da potencialidade turística de um determinado lugar ou para a implantação de um espaço turístico (mapas para o turismo), para a avaliação dessa atividade (mapas sobre o turismo) ou para a implementação ou consolidação de uma atividade turística (mapas para turistas). A informação turística é essencialmente geográfica e pode ser trabalhada em duas vertentes distintas: uma, para o planejamento turístico, visando fornecer subsídios para o desenvolvimento turístico de uma localidade; e outra, para a orientação de turistas em visita a um sítio turístico. Nesse trabalho, ora seriam utilizados mapas para o turismo, ora mapas para os turistas. O atlas permite o entendimento das paisagens, dos valores culturais e especificidades existentes no patrimônio cultural local. Pode ser apropriado pelo turismo para divulgação do local, servir como material de apoio para conhecimento do patrimônio e, até mesmo, como uma forma de atualização dos dados relativos ao turismo. Para a gestão turística e patrimonial, um atlas se constitui como importante instrumento para conhecimento geográfico e administração do território. O turismo pode ser abordado pela Cartografia como meio auxiliar na compreensão das potencialidades turísticas de um lugar. Os mapas são produtos de consumo visual tanto para merchandising turístico quanto para o conhecimento turístico em si. O mapa dessa temática emergirá de uma acurada sistematização teórico-metodológica voltada à representação da realidade turística, proporcionando sua compreensão a partir do potencial em recursos naturais, histórico-culturais e sociais, sejam de origem espontânea, seja artificial, enaltecendo cada vez mais a realidade do lugar com sua expressiva identidade e valor. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Considerando que os leitores dos mapas do turismo, geralmente, são pessoas que não possuem um conhecimento apurado sobre Cartografia, o autor do mapa tem de criá-lo procurando transmitir sua representação da forma mais clara, perceptiva e objetiva possível. Para isso, ressaltamos três questões importantes: A questão fisiológica, que promove uma visualização clara e fácil; A questão da finalidade pedagógica, que permite uma rápida apreensão sobre o assunto; E a questão sociopsicológica, relacionada com estereótipos. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU As representações gráficas em mapas do turismo em três dimensões figuram como uma perspectiva inovadora para a Cartografia do Turismo. Oferecem visões em perspectiva com conteúdo cartográfico, criados atualmente em softwares de Geotecnologias e, além de tornarem o material mais atraente, ainda oferecem uma visão contextualizada do espaço. Acontece também alguns problemas existentes na geração dos mapas do turismo. O primeiro deles seria o estudo dos fenômenos turísticos e a sua influência no espaço geográfico, quando os mapas são apenas ilustrativos ou utilizados apenas como referência para a localização da área de estudo, não possuindo uma explicação do espaço estudado. O segundo seria a inexistência ou uso indevido e/ou incompleto das representações gráficas complementares, tais como diagramas, redes e croquis, na análise geográfica dos elementos turísticos. A relevância da cartografia para o turismo está em desvelar um espaço ainda desconhecido que remete a um conhecimento físico territorial dos lugares apropriados para o turismo como, também, integra as preocupações exaltadas pelos planos estratégicos de marketing turístico, que fundamentam os mapas temáticos necessários à articulação da gestão. Algumas questões em que a Cartografia do Turismo pode auxiliar são explicadas por diferentes autores. Fernandes, Menezes e Silva (2012) explicam que a informação turística, representada pela Cartografia do Turismo, serve para o planejamento turístico e orientação de turistas. Já Boullón (2002) afirma que serve para delimitar os usos da terra e as funções especiais de um lugar, como as áreas de proteção (utiliza-se, aqui, o exemplo de áreas tombadas). Oliveira (2005) aponta para o potencial da Cartografia Turística no monitoramento de atividades turísticas já implementadas. A comunicação visual irá CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU permitir um diagnóstico dos pontos positivos e negativos das atividades para o turismo em um local. Através de um banco de dados existente em um programa de Geotecnologias, esses dados podem ser visualizados, gravados e atualizados. Um dos motivos que levam as pessoas a fazer turismo é a busca pelo lazer, que faz parte da vida contemporânea. A origem da palavra “lazer” está ligada à realização de atividades ou ações desenvolvidas durante o tempo livre Para a realização do lazer, não é necessário o deslocamento de 24 horas e pernoite, assim como é estabelecido no Turismo, de acordo com a OMT. A relação entre a Geografia e o Turismo está na possibilidade do entendimento dos espaços CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ocupados pelas atividades de turismo, a criação de novos lugares em função do turismo e também as relações sociais existentes dentro do espaço geográfico. O tratamento geográfico dos lazeres urbanos pretende revelar ou, mais apropriadamente, desvelar a criação das formas espaciais expressas na paisagem urbana e buscar a compreensão das suas formas e estruturas por meio do estudo dos processos sociais que o engendraram. O avanço do turismo nos atrativos pode causar problemas, tais como impactos sociais (alteração do local original, construção de edificações, poluição) e impactos ambientais (alteração do meio ambiente local). A Geografia pode auxiliar na minimização desses impactos, gerandoum material cartográfico que sirva para a consulta do turista, esclarecendo, por exemplo: o tipo de patrimônio do local e as formas para preservá-lo, o tipo de fauna e flora encontradas, um meio de deslocamento que não gere grandes impactos ao local, dados da geologia e outros. Para representar em mapas os elementos do turismo, também se devem considerar as seguintes orientações: Primeiramente, a escolha das formas de manifestação dos fenômenos (ponto, linha ou área). Na sequência, a forma de apreciação, seja estática (representações qualitativas, ordenadas e quantitativas) ou dinâmica (transformações de estados, variações quantitativas, em valores absolutos ou relativos, no tempo e movimentos no espaço). O nível de raciocínio que uma elaboração cartográfica pode assumir é percebido tanto pelas representações analíticas, onde comparecem, na representação em mapas, elementos constitutivos (lugares, caminhos, áreas), caracterizados por atributos ou variáveis, como pelas representações de síntese que resultam da fusão dos elementos constitutivos em “tipos” (agrupamentos de lugares, caminhos ou áreas caracterizadas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU por agrupamentos de atributos ou variáveis). Em programas de Geotecnologias, as representações analíticas e de síntese referentes a temas selecionados partem de arquivos organizados em tabelas, onde se cruzam os pontos ou unidades espaciais de referência, que podem, de acordo com o projeto do mapa, ser objetos de processamentos específicos. Essas tabelas contêm uma série de dados, que são os atributos ou variáveis do tema e podem ser selecionados de acordo com o interesse da pessoa que está vislumbrando a elaboração de um mapa. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Há um resgate em um nível de apreensão do conteúdo através de tais produtos cartográficos. Um mapa exaustivo, que contém todos os atributos ou variáveis sobre si, permite apenas uma leitura em nível elementar. Para superar esta limitação, a representação pode ser elaborada mediante uma coleção de mapas, com um mapa por atributo ou variável, o que proporcionará ao leitor uma rápida visão de conjunto. Mapas do turismo O setor turístico utiliza as representações gráficas para atender ao turista no sentido de dar-lhe ou uma localização preliminar apenas pela orientação, ou uma localização bastante exata por sistemas de coordenadas, fornecendo-lhe, assim, informações sobre o local e as formas de acesso. Por isso, o mapa é um trabalho relevante para fins turísticos, desde que transmita coerentemente a mensagem a que se propõe e esteja baseado em regras cartográficas adequadas. A elaboração de um mapa turístico deve comportar: Título – o tema turístico a ser abordado, o lugar onde se encontra e a data da representação. Deve ser objetivo e não muito extenso. Pesquisa de uma base cartográfica – deve ser confiável e, de preferência, originada em fontes da Cartografia Topográfica. Construção do símbolo do mapa – divide-se em pictográfico, abstrato ou ideograma. Alguns autores defendem o uso de uma simbologia pictográfica para o tema, pois torna-se mais fácil e imediata. Pôr a legenda não ser complexa, proporciona ao consulente um mínimo número de consultas. Organização da legenda – a legenda “traduz” o que os símbolos significam e deve ser legível e de fácil entendimento para o leitor do mapa. A legenda reflete a concepção da CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU realidade representada por quem a elaborou e o contexto social em que o autor está inserido. Outras formas de legendas são possíveis, com fotos associadas aos significados dos signos e legendas referentes a modelos 3D. Para a elaboração de uma legenda para um turista, deve ser facilitado o entendimento do local representado. Isso ocorre ao se organizar o mundo do turista ou reorganizar o seu entendimento do espaço, através de uma representação simbólica como a legenda. Pode-se através dela destacar os recursos naturais, culturais e artificiais, as infraestruturas e o patrimônio cultural, entre outros. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Escala – uma redução proporcional do espaço real da representação. Recomenda-se que a adoção da escala no turismo possa ser apresentada entre várias escalas, indo desde a local até a global, pois “o turista vai se inserindo passo a passo no contexto global, podendo considerar também idas e voltas entre as várias escalas” Projeção – associada à escala, pode ser um poderoso instrumento de percepção ou “ocultação” do espaço em questão. Um modelo digital de elevação consiste em uma “representação em visão oblíqua de um bloco quadrangular como se tivesse sido extraído da crosta terrestre, deixando à vista, além da face superior seus laterais”. Demonstra as irregularidades das formas da superfície do terreno, a partir de uma perspectiva selecionada. Sua elaboração gráfica, com os recursos da geoinformação, exige apenas dados básicos do terreno, tais como as coordenadas locais e pontos cotados do terreno, podendo mostrar a superfície nas visões frontal, oblíqua ou zenital, ou, de forma mais específica ainda, aquela selecionada pelo observador. Outra opção para representação em turismo seria o perfil que reforça a visualização das características da paisagem. Sua visualização, através da visão frontal da paisagem, em direção ao horizonte, permite um entendimento dos elementos do mapa, podendo destacar ou não a sucessão de alguns planos verticais e reforçar o valor turístico da paisagem. O objetivo com essas representações em determinados pontos de vista está em obter uma visão panorâmica da paisagem, com acesso a planos verticais e de profundidades do terreno. A paisagem passa a ser percebida em diferentes pontos de vista e em diferentes escalas. Os mapas pictóricos são uma representação ilustrada de paisagens. Sua origem data do Renascimento (séculos XV e XVI), com a função de atrair o comércio para as cidades e CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU auxiliar na localização de comerciantes estrangeiros. Com o crescimento do turismo e da difusão das imagens, criou-se um sistema de comunicação capaz de ser entendido em qualquer parte do mundo, inclusive na área do turismo. Surgiram os pictogramas, símbolos básicos que podem ser facilmente entendidos e usados em situações públicas ultrapassando as barreiras linguísticas. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 8 O SISTEMA DE FUSOS HORÁRIOS As zonas horárias ou fusos horários são cada uma das vinte e quatro áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo. Os fusos horários corrigiram em parte o problema ao colocar os relógios de cada região no mesmo tempo solar médio. Os fusos horários geralmente estão centrados nos meridianos das longitudes que são múltiplos de 15°; no entanto, como se vê no mapa anexo, as formas dos fusos horários podem ser bastante irregulares devido às fronteiras nacionais dos vários países ou devido a questões políticas (caso da China, que poderia abranger algo como 4 fusos horários, mas obriga todo o país a utilizar o horário de Pequim com evidentes distorções no oeste chinês, onde quando não é inverno o sol nasce por volta das nove horas da manhã). Todos os fusos horários são definidos em relação ao Tempo Universal Coordenado (UTC), o fuso horário que contém Londres quando esta cidade não está no horário de verão onde se localiza o meridiano de Greenwich, o qual divide o fuso horário. É o sucessor do Tempo Médio de Greenwich (Greenwich Mean Time), cuja sigla é GMT. A nova denominação foi cunhada para eliminar a inclusão de uma localização específica num padrão internacional, assim como para basear a medida do tempo nos padrões atômicos, mais do que nos celestes. Ao contrário do GMT, o UTCnão se define pelo sol ou as estrelas, mas é sim uma medida derivada do Tempo Atômico Internacional (TAI). Devido ao fato do tempo de rotação da Terra oscilar em relação ao tempo atômico, o UTC sincroniza-se com o dia e a noite de UT1, ao que se soma ou subtrai segundos de salto (leap seconds) quando necessário. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Os segundos de salto são definidos, por acordos internacionais, para o final de julho ou de dezembro como primeira opção e para os finais de março ou setembro como segunda opção. Até hoje somente julho e dezembro foram escolhidos como meses para ocorrer um segundo de salto. A entrada em circulação dos segundos de salto é determinada pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS), com base nas suas medições da rotação da terra. No uso informal, quando frações de segundo não são importantes, o GMT pode ser considerado CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU equivalente ao UTC. Em contextos mais técnicos é geralmente evitado o uso de "GMT" Horário de Verão é a alteração do horário de uma região, designado apenas durante uma porção do ano, adiantando-se em geral uma hora no fuso horário oficial local. O procedimento é adotado costumeiramente durante o verão, quando os dias são mais longos, em função da posição da Terra em relação ao Sol, daí o nome em português, espanhol, alemão e outras línguas. Em inglês, por exemplo, o termo "Daylight saving time" (Horário de economia com luz do dia, em tradução livre) enfatiza a função prática da operação, enquanto em italiano "Ora legale" (Hora legal), destaca o caráter artificial da medida. O horário de verão contribui para reduzir o consumo de energia, mas a medida só funciona nas regiões distantes da linha do equador, porque nesta estação os dias se tornam mais longos e as noites mais curtas. Porém nas regiões próximas ao equador, como a maior parte do Brasil, os dias e as noites têm duração igual ao longo do ano e a implantação do horário de verão nesses locais, traz muito pouco ou nenhum proveito. Contudo, seu maior efeito é diluir o horário de pico, evitando assim uma sobrecarga do sistema energético. Críticos do horário de verão alegam que a medida afeta o chamado relógio biológico das pessoas, principalmente das mais velhas, com prejuízos à saúde. A esfera terrestre é geograficamente dividida em 360° formando meridianos que se encontram nos polos. Os fusos horários são formados dividindo-se esses 360° pelas 24 horas do dia. O resultado são 24 fusos horários de 15° cada. Antes do final do século 19 cada país ou cidade tinha sua própria referência de tempo com base na passagem do Sol. Acordos internacionais resultaram na adoção do CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU meridiano que cruza o Observatório de Greenwich, na Grande Londres, como o marco zero de referência para os fusos horários. As horas aumentam para leste e diminuem para oeste, devido ao movimento do Sol. Sendo a Terra uma esfera (ainda que não uma esfera perfeita, devido ao seu formato geoide), ela é dividida em 360º, ficando 180º para o hemisfério oeste e 180º para o hemisfério leste. O marco zero, ou seja, o ponto que separa um hemisfério do outro é o Meridiano de Greenwich, dessa forma, à medida que nos deslocamos para CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU o oeste do planeta, temos que diminuir as horas e, à medida que nos deslocamos para o leste, aumentamos o valor da medida dos horários. Fonte: www.viagemcomsabor.com.br 9 POLO OU DESTINO TURÍSTICO É qualquer unidade geográfica que possa ser entendida como tendo uma imagem comum. “Destino turístico é um espaço físico em que um visitante http://www.viagemcomsabor.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU passa pelo menos um dia. Ele inclui produtos turísticos, tais como serviços de apoio e atrações, e recursos turísticos num período de um dia de viagem. Tem limites físicos e administrativos que definem a sua gestão, imagens e percepções que definem sua competitividade no CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU mercado. Destinos turísticos incluem atores, muitas vezes, incluindo um sistema de acolhimento, e pode abrigar e se interligar para formar destinos maiores." (Organização Mundial do Turismo - OMT) Fonte: www.google.com.br Pode ser entendido como: (OMT) A unidade fundamental, em que se baseiam todas as muitas dimensões complexas de turismo, Ponto focal no desenvolvimento e fornecimento de produtos e implementação da política do turismo, A unidade básica de análise no setor do turismo, Oferece uma ampla gama de produtos, experiências e serviços com a marca de destino, Cluster: co-localização das atividades (produtos e serviços) que estão ligadas horizontal, vertical ou diagonalmente ao longo de uma cadeia de valor, servidos por setores público e privado, http://www.google.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Física, mas também intangíveis (imagem, cultura, identidade, personalidade). CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 10 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE POLO TURÍSTICO Fonte: www.ead.senac.br O turismo é um processo elaborado e complexo de decisão que envolve os seguintes aspectos: aonde ir, como chegar, onde ficar, o que fazer e a que preço. Nesse processo intervêm inúmeros fatores de realização pessoal e sociocultural, de natureza motivacional, econômica, política, ecológica e tecnológica que influenciam a escolha dos destinos, assim como o objetivo da viagem em si, procurando atender as expectativas do cliente. Existem locais que irão agradar mais ou menos as necessidades dos turistas, que dependerão de quão integrados http://www.ead.senac.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU estão os diversos agentes, a qualidade de seus serviços e a que preço. Esse tipo de concorrência abre espaço para a formação de clusters. Clusters são aglomerados de vários atrativos, infraestruturas compatíveis, equipamentos e serviços receptivos e a organização turística concentrada em âmbito geográfico delimitado. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O objetivo do desenvolvimento sustentável de Polo Turístico é contribuir com a melhoria da qualidade de vida das populações fixas dos municípios que integram o Polo, a apropriação da população do processo e seu comprometimento e a melhoria da capacidade de gestão do turismo pelos governos municipais. O Polo Turístico necessita identificar as competências que necessita para estar em equilíbrio com três outros fatores, considerados na figura abaixo. O Polo Turístico deve oferecer aos turistas que os serviços turísticos integrados com qualidade, para isso é necessário: Definir o encadeamento dos meios para atingir o objetivo, através da estratégia formulada, inter-relacionando os aspectos internos e externos do Polo Turístico, e considerando os pontos fortes e oportunidades como metas a serem alcançados; Considerar o comportamento humano dos prestadores de serviço e da população do Polo Turístico que deve ser preparado para prestar o melhor serviço e, enxergar os concorrentes como cooperados para atingir o objetivo do Polo. Para que isso ocorra há necessidade que os prestadores de serviço e os representantes da sociedade participem do processo de desenvolvimento sustentável do Polo, para se apropriar de sua realidade e se comprometer com a implantação das ações estratégicas. Criar o cluster do Polo Turístico, apresentando a seguinte disposição: Aonde ir? Ao Polo Turístico; Como chegar? Definir os meios de transporte; Onde ficar? Os estabelecimentos que possam hospedar com qualidade; O que fazer? A definição dos atrativos turísticos. A integração dos serviços turísticos deve ser efetuada CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃOLATO SENSU para oferecer ao turista, por dia, uma quantidade mínima de atrativos durante os 365 dias do ano inteiro. Esses serviços devem ser oferecidos pelas operadoras locais. Nessa integração, acrescentam-se os serviços complementares, tais como: farmácia, hospital, banco, supermercado, correio, igreja e outros serviços necessários para o turista sentir tranquilo e confiante no local. A figura abaixo ilustra a organização do cluster do Polo Turístico, tendo no centro três aspectos: análise da situação estratégica e a formulação de estratégias, comportamento humano dos prestadores de serviço e a estrutura do Polo que contempla a integração os diversos fluxos dos serviços turísticos. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Organização do Cluster do Polo Turístico 11 TURISMO E CLIMA: UMA RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA Pode-se pensar o turismo por intermédio de várias características que apresentam forte correlação e grande importância em diversos contextos: econômico, social, psicológico, espacial, cultural, antropológico, climático etc. Experiência econômica, contato pessoal, admiração artística e sentimental e contemplação paisagística são elementos dignos de apreços por aqueles que estejam envolvidos com o turismo. Além disso, o sistema do turismo tem uma característica transversal e heterogênea que o expõe de certa singularidade como atividade de forte inter-relação entre fatores econômicos, sociais, culturais e políticos, além dos CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU fatores naturais. A superfície do planeta Terra é significativamente diferente em seus vários lugares. Essa diferenciação é decorrente da existência de paisagens, resultado da combinação atuante de ações naturais, como a geológica, a hidrológica, a vegetação, a fauna, o clima. Diante das ações naturais que atingem a superfície terrestre que CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU diferenciam os espaços paisagísticos, o clima atua na configuração externa da paisagem e nos elementos que ali estão, por isso, o estudo do clima em relação às atividades sociais é imprescindível ao equilíbrio planetário. Fonte: www.universiaenem.com.br A climatologia, como ciência que estuda o clima em suas atividades funcionais, ajuda a entender melhor a reação geofísica do meio ambiente natural. Essa ciência estuda os fenômenos atmosféricos do ponto de vista de suas propriedades estatísticas (médias e variabilidades) para caracterizar o clima em função da localização geográfica, estação do ano, hora do dia etc. Os aspectos da climatologia estão relacionados aos fatores meteorológicos - limita-se exclusivamente a estudar a própria atmosfera e seus fenômenos - porque é preciso analisar os fenômenos atmosféricos de forma mais dinâmica e http://www.universiaenem.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU desenvolvê-los com mais facilidade de entendimento e com métodos indispensáveis para uma transmissão de dados relativamente importantes para aqueles sistemas que necessitem das informações, dentre eles as do turismo. O homem pode ser conhecedor das influências que os fatores climatológicos e meteorológicos exercem sobre sua vida e suas atividades; as que são desenvolvidas CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ao ar livre, afetadas em maior grau. E em decorrência disso, ciente também das ações que algumas dessas atividades exercem sobre a atmosfera, dentre essas atividades que influem sobre o clima estão, sem dúvida, as atividades turísticas. O turista, elemento motriz do sistema turístico, reúne necessidades e está ávido para, no destino, consolidar uma experiência, uma vivência caracterizada pela admiração de acontecimentos e obras históricas que sobrevivem no território e nos quais se atribuem valor monumental, artístico ou cultural, pelos hábitos e pela gastronomia local, além das paisagens naturais abrigadas. É com esse pensamento que as atividades turísticas refletem procedimentos diferenciais a partir do meio ambiente e das culturas, fazendo com que, por intermédio da relação clima- turismo, características de um se incline para o outro. Diante das características do mundo contemporâneo, o turismo pode desempenhar um papel muito importante na conexão entre ser humano (cultura) e espaço (meio ambiente). Conexão essa desenvolvida com planejamento estratégico, a analisar fenômenos sociais e naturais, como as climáticas, tendem a gerar atributos e percalços sobressalentes que, às vezes, implicam na satisfação dos turistas. A satisfação do turista gera contentamento em toda a cadeia turística. A expectativa de deslocamento de turistas para um espaço turístico constitui expectativas de relações sociais, culturais, econômicas e do meio geográfico. O turismo é um fenômeno dinâmico, ou seja, está sujeito a mudanças em sua estrutura, de acordo com o destino explorado. De forma mais eficiente, quando uma crise atinge um destino turístico, ao mesmo tempo outro destino estará apto a receber turistas. A ideia de relação climático-turística é ampla, dado integrar tanto a relação casual natural como a relação CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU racional social, admitindo a correlação significativa da ação do clima (casual) com o comportamento relativo da sociedade (racional). Na procura da superação do casual-racional, os que usufruem da dependência mútua, da ação recíproca entre clima e turismo determinam o fluxo da sua atividade. A opção é relativa ao clima, somente, ou ao turismo, só, ou a ambos em conjunto. As múltiplas interações entre o clima e o turismo são essenciais para ambos, ou melhor, são elementares para os dois sistemas. O sistema turístico, em sua maioria, é dependente do sistema climático, uma vez que a maior parte dos diversos tipos de clima da Terra funciona como meio para as práticas turísticas. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Dessa forma, a relação entre o sistema climático e o sistema turístico tem sido abordada tradicionalmente do ponto de vista natural, considerando-se o clima como um recurso natural especial entre os recursos turísticos naturais por ser renovável e não degradável. Porém, ao se identificar o clima como uma variável de planejamento turístico, é válido dizer que o espaço geográfico-turístico, a demanda turística, a oferta turística e os agentes do sistema podem se ver alterados, direta ou indiretamente, pelos fenômenos das mudanças climáticas. Destarte, o clima, recurso turístico natural, ajuda na elaboração do produto turístico. A prática das modalidades turísticas utiliza os recursos naturais e valoriza socialmente o meio natural pelos deslocamentos dos interessados. Sintetizando, valoriza o conjunto de seu meio ambiente. Por conseguinte, o clima se constitui num recurso básico para diversas atividades, como o turismo de sol e praia, o turismo cultural, os esportes de verão, o turismo de saúde ou os esportes náuticos, entre outros. O heliotropismo é um argumento fundamental que explica por si só importantes fluxos de frequentação turística: encontrar e desfrutar do sol aparece como uma das motivações principais das saídas de férias de muitos turistas. Ou o oposto, em que turistas de regiões predominantemente quentes procuram regiões de climas mais amenos, em busca de satisfações diferentes daquela vivida no dia a dia. Diante de tais pressupostos, advoga-se a necessidade de incluir o componente climático no planejamento de destinos turísticos. Precaver-se das armadilhas dos fenômenos meteorológicos e climatológicos, ainda mais trabalhando com a atividade turística, torna-se cada vez indispensável. É necessário estar alerta aos problemas atmosféricos e associar as soluções desses problemas ao turismo. De fato, a CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU climatologiae a meteorologia, ao menos no Brasil, não são discutidos com a ênfase que merecem no âmbito do turismo. É preciso potencializar esses meios em qualquer planejamento turístico, enfatizando as informações sobre a atual situação atmosférica do planeta, como as mudanças climáticas globais, que de resto representam fortes ameaças ao turismo. 12 DESASTRES NATURAIS E O TURISMO O setor turístico tem assumindo um fator importante no desenvolvimento econômico de determinadas localidades. Assim, esse setor vem sendo tratado como CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU segmento estratégico em função do seu poder gerador de divisas, principalmente para espaços que apresentam condições reais para a exploração de seus recursos, seja naturais e/ou culturais. Fonte: www.bagamy-bezopasnost.com No entanto, muitas vezes esse desenvolvimento é comprometido pela vulnerabilidade a desastres. Tal elemento, quando associado a fatores negativos, seja de ordem física, climática e/ou socioambiental, tende a proporcionar a iminência e, dependendo do grau de vulnerabilidade da localidade, poderá acarretar efetivação de intempérie. Dentro disso, sobre o desenvolvimento do turismo, territórios que apresentam características negativas, como vulnerabilidade socioambiental, poderão se tornar turísticos em função da existência de atrativos naturais e/ou culturais. Muitas localidades ou destinações turísticas vêm surgindo, https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q&esrc=s&source=images&cd&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiYvtCkz4XcAhVLhpAKHdDpDiMQjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Fpt.theall-countries.com%2F CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU apresentando características de vulnerabilidade e, além disso, associam-se com práticas ambientais insustentáveis, proporcionando um aumento iminente de desastres. O segmento turístico é muito suscetível a intervenções externas, como guerras, epidemias, crises econômicas, aspectos climáticos, entre outros, podendo gerar impactos negativos para a dinâmica CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU do setor. Territórios transformados em destinações turísticas em função dos elementos existentes, quando associados com características de desastres, podem se tornar um fator preocupante para o desenvolvimento do setor. Existem no Brasil e no mundo destinações que, além de apresentar todos os elementos necessários para o desenvolvimento do turismo, vêm demonstrando elementos, como, por exemplo, questões como vulnerabilidade socioambiental que pode a vir causar um desastre e, assim, trazer prejuízos para o setor. Dentro dessa questão, Santa Catarina possui uma destinação turística denominada Costa Verde e Mar, sendo uma das localidades mais visitadas dentro do estado em função das belezas naturais existentes. No entanto, uma parcela dos municípios integrantes da Costa Verde e Mar encontra-se dentro de região da Bacia Hidrográfica do Vale do Itajaí-Açu que possui suscetibilidade a desastres devido às condições geológicas existentes. A pesquisa tem como pressuposto metodológico a realização de um estudo de caso da Destinação Turística Costa Verde e Mar, evidenciando por meio de referências bibliográficas e dados qualitativos e quantitativos sobre esses fenômenos. Dessa forma, pretende-se realizar uma análise e apresentar elementos sobre a relação dessa destinação com a iminência dos desastres sobre essa região turística. Na última década, uma série de desastres naturais afetou severamente destinos turísticos. Os exemplos mais proeminentes incluem o tsunami no Oceano Índico em 2004, o furacão Katrina nos EUA (2005), o tsunami de Samoa (2009), as inundações na Austrália (2010/2011) e Christchurch (Nova Zelândia), terremotos em (2010-2011) (BECHEN; HUGHEY, 2013, tradução nossa). Os impactos dos desastres sobre a atividade turística podem abranger infraestruturas físicas (meios de hospedagem e transporte), marketing turístico (propaganda CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU rádio e TV), perda do fluxo de turistas, diminuição da arrecadação, entre outros, gerando impactos econômicos sem precedentes para tais territórios. O turismo é muitas vezes descrito como uma indústria frágil em que a demanda por viagens é altamente suscetível a inúmeros choques, tais como guerras, epidemias de doenças mortais, doenças contagiosas, incidentes de terrorismo, flutuações econômicas, instabilidade da moeda, crises de energia, e assim por diante. Assim, essas localidades se tornam mais suscetíveis a abrigar esse fenômeno. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Os desastres são determinados a partir da relação entre o homem e a natureza e resultam das tentativas humanas em dominar a natureza, que, em sua maioria, acabam derrotadas, sendo que, quando não são aplicadas medidas para a redução dos efeitos dos desastres, a tendência é aumentar a intensidade, a magnitude e a frequência dos impactos. O turismo é dependente de um ecossistema intacto e de estruturas institucionais que possam responder às necessidades da população local e visitantes. Portanto, a prevenção de catástrofes e gestão (por desastres naturais e provocados pelo homem) deve ser uma parte essencial do plano de gestão integrada para qualquer destino. Dentro disso, “no turismo, as preocupações de estabelecer políticas para o setor só aparecem quando este adquire importância econômica ou quando começa a causar transtornos”. As questões que envolvem a gestão dos desastres sobre a atividade turística nas políticas públicas podem se tornar fator determinante entre o sucesso e o fracasso de determinada localidade turística que apresenta elementos de vulnerabilidade. “O turismo é altamente sensível a crises e elas se agravam quando associadas a desastres, e um sistema de proteção aos turistas e de recuperação das áreas turísticas deve ser implementado pelas autoridades competentes”. Dessa forma, os impactos podem atingir diretamente os turistas, e para minimizar os impactos é necessário que ações emergenciais sejam implementadas. Os desastres aumentam as preocupações de turistas com segurança e proteção colocando pressão crescente sobre planejadores e gestores envolvidos com o turismo, impelindo-os a analisar o impacto das catástrofes sobre essa indústria e a desenvolver estratégias para lidar com as crises. A redução da eminência do perigo de um desastre depende, sobretudo, de CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ações pautadas e estabelecidas na concepção de uma nova cultura, enfatizada no campo ambiental e social, visando uma melhor integração entre os seres humanos e ambiente. No entanto, fatores como a intervenção por meio de planejamento e gestão por parte das esferas governamentais trazem benefícios para diminuição dos riscos de desastres e, consequentemente, aumento da capacidade de resiliência em diversas áreas, como, por exemplo, o setor do turismo. Adotar quesitos, como a gestão dos desastres na atividade turística em determinadas localidades como medida preventiva contra possíveis impactos, pode CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU se tornar uma ferramenta indispensável para muitas localidades turísticas que apresentam alguma característica de vulnerabilidade. Dentro dessas linhas de raciocínio o desastre está muito vinculado à questão da prevenção e do planejamento por parte dos responsáveis em diminuir os riscos de um evento calamitoso. Quando um evento desse porte ocorre em uma destinação turística, os efeitos são sentidos a curto, médio e longo prazo, trazendo problemas e principalmente prejuízos para a localidade turística. 13 A POLÍTICA PÚBLICA E A ECONOMIA DO TURISMO Fonte: www.google.com.br No Brasil, as potencialidades naturais, culturais e regionais favorecem o desenvolvimentoda economia do turismo. http://www.google.com.br/ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O mercado brasileiro apresenta vantagens comparativas baseadas na diversidade de destinos turísticos e na oferta de preços competitivos. O país detém as condições necessárias para gerar resultados na economia e melhoras nas condições sociais dos atores locais de forma sustentável. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O turismo possui características que de um sistema complexo e dinâmico, e isto precisa ser considerado quando do seu planejamento. Desta forma, o desenvolvimento do turismo e seu respectivo planejamento precisam levar em conta os atrativos reais ou potenciais, sejam eles naturais, históricos ou culturais, mas, depois disto, precisa considerar os desejos e necessidades dos diferentes stakelholders e, principalmente, suas relações e interações. O conceito de turismo pode ser estudado em diversas perspectivas, principalmente do ponto de vista social e econômico, dada a complexidade das relações entre os elementos que constituiu a indústria do turismo. O turismo não é uma atividade típica de produção capitalista industrial, mas se planejado e integrado com as demais políticas sociais e econômicas, pode oferecer caminhos interessantes para o desenvolvimento local. O turismo é uma ferramenta utilizada por governos para atingir metas de reestruturação e crescimento econômico, geração de empregos e desenvolvimento e que contribui de forma positiva no equilíbrio econômico. Logo, o Estado propõe-se a administrar políticas públicas passíveis de possibilitar a gestão da atividade turística. A participação das políticas públicas é compreendida como “toda a atividade política que tem como objetivo específico assegurar, mediante a intervenção do Estado, o funcionamento harmonioso da sociedade, suplantando conflitos e garantindo a manutenção do sistema vigente”. O Estado, desta maneira, deveria despertar interesse e ser o grande orientador pelo menos no que concernem as políticas públicas voltadas para a educação, a cultura, a saúde e o transporte. A conservação do patrimônio, bem como a influência de outras políticas públicas, evidencia a necessidade de se tratar CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU o turismo de forma transversal, pois ele necessita fortemente de todas as áreas citadas anteriormente, mas ao mesmo tempo, pode alavancar as referidas áreas e setores. Grécia e outros países, mostram que a participação do Estado pode perfeitamente ser regulador e indutor de atividades setoriais. Dito de outra forma: não precisa escolher entre ser ou não ser produtor no setor, mas sim participar. O turismo pode contribuir para minimizar o desemprego, a pobreza e as injustiças sociais no mundo globalizado e, pode apresentar alternativas para o desenvolvimento socioeconômico de muitas sociedades. Ao se falar de políticas públicas para o turismo, se faz necessário pensar também em uma política urbana, relacionada à CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU criação de infraestrutura urbana em localidades consideradas pelos estados envolvidos, relevantes para o desenvolvimento do turismo regional. As políticas para o desenvolvimento do turismo, paralelamente, passam pelo entendimento do papel das classes dirigentes e do Estado para a sua definição. As principais matérias-primas do turismo são o patrimônio natural e o cultural de uma localidade. Em função disto, torna-se impossível o desenvolvimento do turismo sem a participação direta ou indireta do poder público, podendo abranger várias áreas, pois grande parte dos impactos negativos atribuídos ao turismo deve-se à falta de políticas para prevenir os problemas suscitados. O papel do poder público pode abranger inúmeras atividades relativas ao turismo. A ação com a finalidade de incentivar o desenvolvimento da atividade turística implica a existência de políticas públicas com programas voltados para atender primeiramente necessidades essenciais de condições estruturais como: saneamento, saúde, transporte, distribuição de renda, lugares para lazer, infraestrutura de moradia, conservação de recursos naturais. Esses programas fazem parte de objetivos de médio e longo prazo das estratégias dos gestores públicos, que poderá fazer a diferença no sucesso ou no insucesso da promoção da economia do turismo, como promotor do desenvolvimento do território. As mudanças devem beneficiar tanto os turistas como a população visitada e possibilitar o seu acesso a condições melhores de vida. Somente assim pode-se pensar em desenvolvimento continuado. A obtenção de uma política integrada do turismo no âmbito federal, estadual e municipal deve ser matéria de responsabilidade de todo o segmento do turismo, seja público ou privado. Assim, a política de turismo poderá ter sua efetividade e legitimidade ampliada na medida em que for apoiada na mais CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU larga base representativa dos interesses do turismo, garantindo seu desenvolvimento e minimizando seus efeitos negativos. Por ser um fenômeno tão complexo, pressupõe- se que a cooperação e integração entre o Estado e os agentes privados são necessárias para que ocorra um desenvolvimento amparado nas premissas do crescimento e desenvolvimento do turismo. O papel do Estado como organismo social deve estar presente nas discussões das sociedades. Motivados pela influência do ideário neoliberal, muitos governos passaram a adotar uma postura empresarial em relação ao turismo, a fim de aumentar a contribuição financeira do setor à receita do Estado. Com isso, os investimentos em CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU divulgação e marketing dos destinos, bem como o desenvolvimento de parcerias com o setor privado em atrações e instalações turísticas, aumentaram consideravelmente nos últimos anos. O setor privado raramente está interessado nas questões ligadas às necessidades sociais e ambientais de longo prazo. Esta busca pelo aumento de receita e lucros de curto prazo pode, no entanto, causar impactos negativos não só para a economia local como para o bem-estar de toda a comunidade. Nesse caso, o governo local, deveria ser chamado para interferir e corrigir o problema. A atividade turística, considerada como vetor de desenvolvimento e de impacto sobre diversos setores, não deveria depender de iniciativas isoladas nem de decisões sobre investimentos baseadas única e exclusivamente na experiência dos agentes econômicos do turismo. O turismo está sendo considerado como um novo ramo da economia. Países que outrora se mantiveram avessos à entrada de turistas atualmente estão investindo nesse ramo. As praias do Caribe, consagradas pelos que se deslocam em busca do sol, foram motivo suficiente para Cuba investir na venda de sua imagem, entrando em concorrência com outros países caribenhos. Se no século XX a urbanização tornou- se um fato praticamente universal com sua inerente exigência produtiva, o aparecimento ou revitalização das cidades com atrativos singulares, também se fizeram cada vez mais frequentes, numa tentativa de minimizar os desgastes promovidos pela vida urbana. Conclui-se que as políticas públicas são capazes de gerar resultados visíveis e passíveis de serem avaliados. Neste artigo se construiu um modelo de avaliação dos impactos (matriz de impacto- MI) capazes de efetivarem (fórmula para medir a efetividade- Epp) ou não uma política pública. Acredita-se que esta avaliação ainda, seja insuficiente para o objetivo proposto, CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU que é avaliar o grau de efetividade das políticas públicas promovidas e aplicadas para atender as necessidades da economia do turismo, mas, por outro lado, é uma ferramenta necessária e fundamental para saber os impactos causados noterritório por uma política pública efetiva, pois o reconhecimento do papel do Estado na organização da economia do turismo é de vital importância, estabelecendo os parâmetros do desenvolvimento da atividade nas suas prioridades e nos impactos sociais, ambientais e econômicos que estabelecem conexão com o bem estar da população e dos seus visitantes. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 14 TURISMO E TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO O Turismo é um fenômeno capaz de transformar e reorganizar o espaço geográfico. Ao se inserir no espaço natural o Turismo resgata valores culturais e sociais, fortalece noções ambientais e cria mecanismos que dinamizam a economia do lugar. Entretanto, para desencadear essa rede de relações, o Turismo necessita da articulação entre as políticas públicas, o setor privado e a comunidade local e depende da inter-relação com diversas ciências. O Turismo é um fenômeno espacial e social que existe desde o surgimento da humanidade com a necessidade de transportar informações, imagens, carga ou pessoas. Esses deslocamentos só foram possíveis através da abertura de estradas e do desenvolvimento dos meios de transportes. Ele está associado à expansão das forças produtivas e do desenvolvimento do capitalismo, vetor de mudanças, que vêm produzindo novas configurações sócio espaciais, tanto no meio urbano, como no meio rural, em diferentes escalas. O interesse da Geografia nos estudos em Turismo se relaciona ao fato do Turismo ser um fenômeno capaz de transformar e organizar o espaço geográfico. A análise integrada, interpretativa, contextualizada e crítica nasce em meio ao movimento de renovação da Geografia Tradicional e ganha concepções filosóficas estruturadas a partir da Geografia Nova. A influência do pensamento antropocêntrico de Marx e Engels alia a teoria e a prática e insere uma nova visão da realidade, uma mudança fundamental na linha de pensamento em todas as ciências. As várias manifestações e implicações dessa mudança de paradigma trouxeram a riqueza de análises que atrelam à compreensão do espaço natural e de suas relações com a sociedade. Assim, tornou-se possível, também, a relação entre CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU as ciências e a percepção da interconectividade entre todos os fenômenos do espaço geográfico. A transferência da concepção mecanicista para a holística da realidade já são, portanto, perceptíveis em todas as ciências. Assim, buscar e evidenciar conceitos dentro da imensa bagagem teórica de ciências mais antigas como a Geografia, pode trazer uma grande luz para pesquisas em Turismo, uma ciência que iniciou a sistematização de seu arcabouço teórico a partir de segunda metade do século XX. A Ciência Geográfica pode contribuir e, também, aprender a partir do diálogo com o Turismo, especialmente no que se refere a motivação do exercício da tradição geográfica do trabalho de CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU campo, apropriando-se de uma abordagem social e incorporando novas categorias na investigação da realidade. As categorias da Geografia como, paisagem, região, lugar, espaço e território são importantes para analisar e fundamentar a transformação que a atividade turística produz ao modificar o espaço. O Turismo enquanto atividade é indutor de profundas transformações no espaço geográfico, pois esse constitui o espaço para o Turismo. Ao se apropriar/ dominar o espaço o Turismo territorializa-o numa relação de poder imposta pelo capital, sendo capaz de provocar desterritorialização e reterritorialização no espaço. Haesbaert (2004) analisa que vivemos sempre em movimentos de desterritorialização e reterritorialização, ou seja, abandonando territórios e fundando novos. O território para Haesbaert, a partir da distinção entre apropriação e domínio significa que, “o território envolve sempre, ao mesmo tempo, uma dimensão simbólica, cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos sociais, como forma de “controle simbólico” sobre o espaço onde vivem (sendo também, portanto, uma forma de apropriação), e uma dimensão mais concreta, de caráter político-disciplinar e político econômico: a apropriação e ordenação do espaço como forma de domínio e disciplinarização dos indivíduos”. (HAESBAERT, 1997, p.42) O produto turístico não corresponde apenas a um determinado tipo de atrativo, ele é a soma dos aspectos geográficos, históricos, culturais, equipamentos e serviços constituintes no espaço. Possui caráter dinâmico e integrador do espaço geográfico, assim, como o conceito de território ambos apresentam múltiplas dimensões e escalas. O produto turístico não deve ser analisado numa visão estreita, total e sim integrada do conjunto de relações de dominação e apropriação, dessa forma evidenciando os aspectos natural, social e cultural e não CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU somente o aspecto econômico. Antigamente era possível detectar claramente um território como “experiência total do espaço”, hoje cada vez mais nos deparamos com territórios cada vez mais fragmentados, móveis e descontínuos estando associados às entidades que os promovem seja uma igreja ou uma firma. (HAESBAERT, 2004). Existem diversas dimensões a respeito do conceito de território, como a materialista, economicista naturalista, idealista jurídico-política. É possível dizer que o espaço representa a matéria prima para o consumo do Turismo e que este é anterior ao território que se transformará em território turístico. Sabe-se que o território se forma a partir do espaço de acordo com RAFESTTIN. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo pela representação), o ator “territorializa” o espaço (RAFESTTIN, 1993, p.143). O território turístico se formará através de uma prática social e uma rede de interesses e exercício de poder que envolvem os fatores sociais, políticos e econômicos dos atores envolvidos como empresários, políticos, população local, que almejam o desenvolvimento local/ regional com a inserção do turismo. RODRIGUES (2006, p.306), se refere ao “território turístico, como um espaço dominado e ou/ apropriado que assume um sentido multiescalar e multidimensional que só pode ser devidamente apreendido numa concepção maior de multiterritorialidade”. HAESBAERT (2004, p. 127) afirma que “muito mais do que uma coisa ou um objeto, o território é um ato, uma ação, uma relação, um movimento”. Ao analisar o território turístico Castro diz que: Enfim o turismo constrói novos territórios e territorialidades ao promover inovações relacionadas a infraestrutura energética, transportes e comunicações, saneamento básico, expansão imobiliária com valorização do solo urbano; ao afetar valores, costumes e cultura da comunidade local, resultando uma série de efeitos favoráveis e desfavoráveis ao inscrever uma nova racionalidade espacial, numa conexão sistêmica entre o local e o global (CASTRO,2006, p.42). SOUZA (2005) caracteriza o território como uma rede de relações que ao mesmo tempo implica diversidade entre os insiders (comunidade) e os outsiders os “outros”, os de fora como os turistas. O Turismo ao atuar no espaço o transforma, sendo assim responsável em produzir novas territorialidades. Ao valorizar CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU paisagens ele cria um território próprio para consumo do turista, se caracterizando assim como um hibrido que ao mesmo tempo possibilita o desenvolvimento de uma localidade, também gera degradação do meio ambiente e exclusão social (BECKER, 1999).
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