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M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – C a r d i o p e d – A n a K a r i n a – P á g i n a | 1 CONCEITO K São as cardiopatias congênitas nas quais a cianose está sempre presente. K ORIGEM GREGA “CYANOS”: azul-escuro. K PELE E MUCOSA EM CONDIÇÕES CLÍNICAS ESPECIAIS: cinzenta violeta. K MECANISMO: K COLORAÇÃO DA PELE: Pigmentação → alteração x Vascularização → aumento da hemoglobina reduzida. Adulto normal= 12,5-15g Hb/100Ml → 5g Hb reduzida= cianose. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS K “Shunt” D → E. K Crises de cianose → arritmias; crises convulsivas. K Unhas em vidro relógio. K Dedos em baqueta de tambor. K Posição de cócoras. K Policitemia → tromboembolismo; abscessos. CIANOSE K RESPIRATÓRIA: Desequilíbrios da relação ventilação/perfusão do pulmão. K TRANSITÓRIAS: Quando infecciosos/sépticos, distúrbios metabólicos e neurológicos. K Meta-hemoglobina e intoxicações. TIPOS DE CIANOSE: K CENTRAL: Ventilação inadequada; Transt. De perfusão → Sg → Desox-Hg (capilales). K PERIFÉRICO: Fen. De Raynaud; ICC; TVP. K HEMOGLOBINAS: Methemoglinemia. SEMIOLOGIA DA CIANOSE K LOCAIS MAIS COMUNS: Leito ungueal, extremidades digitais, lábios e lobos da orelha. K NEGROS: Coloração da língua e mucosa oral. → Por conta da coloração da pele nós podemos subestimar/superestimar a cianose. K Referir se a cianose é generalizada ou localizada. K ACHADOS CONCOMINTANTES: Unhas em vidro relógio, sopro cardíaco, assimetria de pulsos periféricos e edemas de MMII. RN CIANÓTICO CIANOSE PERIFÉRICA OU CENTRAL: K ACROCIANOSE: Cianose de extremidades. → Vai melhorar com o aquecimento: cobre o bebê, INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS – AULA 10 M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – C a r d i o p e d – A n a K a r i n a – P á g i n a | 2 enxuga, coloca no berço aquecido e assim ele vai melhorando. K Monitorizar SaO2%. → Se o bebê evoluir com saturação muito baixa, com desconforto respiratório ou piora do padrão, nós fazemos o ABC normal, se não realizamos o teste de hiperóxia (após a estabilização do paciente). K Realizar TESTE DE HIPEROXIA: Coleta de gasometria arterial (de preferência pós ductal), com o bebê em ar ambiente ou com a menor FiO2 possível, se ele estiver entubado, a gente reduzir a FiO2 para 21% (pois é melhor do que deixar no ventilador). Colhemos a gasometria e medimos a PaO2. Após a coleta, ofertamos oxigênio a 100%, se estiver entubado, em ventilação mecânica a gente aumenta a FiO2, se estiver em ar ambiente a gente faz um cateter para um alo e também aumenta a FiO2, ofertamos oxigênio a 100% por 5 a 10 minutos e vamos colher novamente a gasometria e avaliar a PO2. o PaO2 > 25%: Cardiopatia congênita cianogênica pouco provável. → Temos que ir atras de outras causas de cianose (causas pulmonares, hiperplasia pulmonar). o PaO2 inalterada/reduzida: Possibilidade de cardiopatia congênita. o PORQUE AVALIAMOS A PaO2? Nas cardiopatias congênitas cianogênicas críticas (cardiopatias dependentes de canal arterial) eu vou entender que a saturação adequada desse bebê depende da persistência do canal arterial. Por exemplo: Se eu tenho uma atresia pulmonar, eu preciso que o sangue chegue no pulmão de alguma forma e vai ser através do canal arterial. Se eu ofertei O2 a 100% eu promovi uma constricção desse canal arterial e por isso eu vou ter uma redução na PaO2. K Quando eu tenho um bebê que não passa no teste de hiperóxia (não aumenta a PaO2) eu tenho uma autorização mesmo sem o diagnóstico ecocardiográfico, diagnóstico fetal de cardiopatia congênita de introdução de PROSTAGLANDINA até confirmação diagnóstica. → Substancia utilizada para manter essa latência arterial. K Outra dica é o observar o padrão respiratório: K Cardiopatias congênitas cianóticas → TAQUIPNEIA. K Pneumopatias → DISPENIA. Se eu tenho uma hiperplasia pulmonar, hernia diafragmática que acaba evoluindo para uma hiperplasia funcional do pulmão, pneumotórax. K Presença de SOPROS cardíacos. K TESTE DO CORAÇÃOZINHO: É a triagem neonatal de cardiopatia congênita critica de oximetria de pulso. Ela é utilizada em bebês que estejam em alojamento conjunto a cima de 36 semanas, entre 24-48h de vida, sempre antes da alta hospitalar. K Hoje é LEI que seja realizada em toda maternidade pública ou privada independente de realização previa de ecocardiograma fetal. K TÉCNICA: Esse bebê deve ter a sua oximetria medida em MSD e um dos MMII, ou seja, uma oximetria pré-ductal e oura pós-ductal. O bebê deve estar aquecido, o sensor do oxímetro deve ser de tamanho adequado para o tamanho do RN e a gente deve ter uma curva adequada no monitor (sempre homogênea). K Quando temos uma SpO2 maior ou igual a 95% e uma diferença <3% entre as medidas, p.ex. eu tenho 97% de SpO2 em MSD e 95% em MI, eu vou dar seguimento neonatal de rotina. “passou no teste do coraçãozinho”. K No entanto, se eu tiver uma SpO2 menor a 95% e uma diferença > ou igual 3% entre as medidas, eu vou realizar outra oximetria em 1h. Se ele regularizar (exemplo do tópico a cima), eu vou dar seguimento neonatal de rotina. “passou no teste do coraçãozinho”. Caso se mantenha igual, devemos realizar um ECO (para afastar cardiopatia) e não dar alta até esclarecimento diagnóstico. K Esse é um exame de alta sensibilidade, com especificidade razoável, em que vamos conseguir fazer uma suspensão da maioria das cardiopatias criticas que por algum acaso não foram observados cianose importante a olho nu, ou, ainda tem o canal arterial mantendo esse RN estável. É um exame de baixo custo, ele é realizado pela enfermagem. K A única cardiopatia crítica que ele mostra que tem uma falha um pouco maior é para coarctação de aorta e as cardiopatias de hiperfluxo. Mas elas também não são cardiopatias críticas que vão precisar de intervenção ainda no período neonatal. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – C a r d i o p e d – A n a K a r i n a – P á g i n a | 3 CARDIOPATIAS CIANÓTICAS K Tem o mecanismo de shunt D→E. K Ou ainda alterações de conexão entre ventrículo arterial com discordância, atresia ou estenose importante. K Ou ainda circulação em paralelo. Na imagem abaixo podemos observar a transposição das grandes artérias. PRINCIPAIS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS CIANÓTICAS K Por circulação pulmonar e sistêmica INDEPENDENTES → Cianose severa PaO2= 20 e 50mmHg. o TGA sem CIV. K Por fluxo sanguíneo pulmonar INADEQUADO → Cianose severa. o Atresia da valva tricúspide. o Atresia da valva pulmonar sem CIV. o T4F. o Anomalia de Ebstein. K Por mistura de sangue venoso com arterial → Cianose moderada, PaO2 entre 50 e 80mmHg. o Drenagem anômala das veias pulmonares não obstrutiva. TETRALOGIA DE FALLOT – T4F K Cardiopatia CIANOGÊNNICA mais comum. K 3,5 a 6% das cardiopatias congênitas. K T4F: 32% cianóticas. K 2/10.000 nascidos vivos. K H/M: 1/1. K É caracterizada por um desvio anterossuperior do septo infundibular. A valva pulmonar se apoia em componentes musculares, sendo que a valva aórtica se apoia em componentes musculares e membranosos. K Na região infundibular há uma anteriorização desse septo infundibular (ele vai para frente e para cima). Então as câmaras direitas são anterossuperiores e as esquerdas póstero-superiores. Quando a gente tem esse desvio anterossuperior do septo a gente obrigatoriamente vai ter uma CIV (comunicação interventricular). Quando o septo vai pra frente, ou seja, arrasta a aorta, acaba fazendo o cavalgamento da aorta do septo interventricular. K Associado a esse desvio eu vou ter uma estenose infundibular, uma obstrução subpulmonar por estenose, hipertrofia do infundíbulo e em consequente a essa obstrução infundibular eu vou ter hipertrofia do ventrículo direito. QUATRO DEFEITO DA TETRALOGIA DE FALLOT: Comunicação interventricular, cavalgamento,estenose infundibular e hipertrofia do ventrículo direito. K Se eu tenho uma obstrução do fluxo pulmonar, nós podemos ter vários graus de hipoplasia tanto da valva pulmonar, quanto do tronco, quanto dos ramos pulmonares. Quando temos qualquer alteração de hipodesenvolvimento de valva, tronco e ramos eu vou ter uma tetralogia de Fallot de má anatomia. Se eu não tiver essa hipoplasia eu vou de tetralogia de Fallot de boa anatomia. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – C a r d i o p e d – A n a K a r i n a – P á g i n a | 4 FISIOLOGIA: K O retorno venoso sistêmico chega pelo AD e vai para o VD. Lembrando que na imagem abaixo estamos com uma CIV, não estamos com o cavalgamento da aorta só para vocês entenderem a diferença. K Então a gente tem uma obstrução ao fluxo pulmonar, dependendo do grau dessa obstrução ao fluxo pulmonar, a minha resistência aórtica vai ser maior do que a minha resistência sistêmica, tendo assim, shunt D→E e dai o motivo da minha cianose. Além disso eu vou ter um hipofluxo pulmonar com retorno venoso diminuído pelas veias pulmonares de sangue oxigenado, então são esses os dois mecanismos. K Qual maior o grau de obstrução pulmonar maior vai ser o shunt D→E. K Se eu tiver qualquer coisa que faça hipotensão que reduza minha resistência vascular sistêmica eu também vou favorecer o shunt D→E. Ou seja, se eu tiver um choque séptico com hipotensão, tomar banho muito quente e fazer uma vasodilatação importante, uso de captopril inadvertidamente. Podendo gerar uma crise de hipoxia. QUADRO CLÍNICO: K Cianose. K Sopro→ Secundário ao grau de obstrução da via de saída do VD, por conta anteriorização da dextroposição da aorta, não conseguindo ouvir desdobramento fixo da bulha, eu vou ouvir apenas o componente aórtico. K Policitemia→ aumento da produção de hemácias. K Baqueteamento digital. K Posição de cócoras→ Na tentativa de aumentar a pressão em cavidade abdominal, aumentar a resistência vascular sistêmica, reduzindo o shunt D→E e também aumentando esse retorno venoso do lado direito melhorando o DC. DIAGNÓSTICO: K ECG. K Radiografia, K ECO→ Cavalgamento da aorta, tamanho da CIV, grau de estenose infundibular, grau de hipertrofia do VD e fazer uma suspeita de hipoplasia de ramos pulmonares porque a gente consegue medir, tronco, ramos e etc. K Angiotomografia→ Na suspeita de uma má anatomia, a gente obrigatoriamente pede uma angiotomografia para melhor avaliação da arvore pulmonar. K Cateterismo→ Casos muito específicos de pacientes que não tiveram diagnostico, teve alteração de coronária (muito comum) e etc. K Falei de hipertrofia de VD, hipertrofia infundibular, VAMOS TER SOBRECARGA DE QUE CÂMARA, O QUE APARECE O ECG? Eu vou ter um fluxo que vai quase todo para a aorta, então, na realidade nós vamos ter um shunt D→E mais direcionado para a aorta do que propriamente pro VE. Não temos uma sobrecarga volumétrica importante das câmaras esquerdas, nós vamos ter uma sobrecarga pressórica sendo mais evidente uma sobrecarga das câmaras direitas, especialmente do VD. Então eu vou ter um ECG, como eixo desviado para a direita, com sinais de sobrecarga de VD. QUAIS OS SINAIS DE SOBRECARGA DE VD? R amplos em V1 e V2, S profundos V5 e V6. K E NO RAIO-X? Se eu tenho sobrecarga de câmaras direitas eu vou ter ponta para cima, as câmaras esquerdas são póstero-inferiores, então eu vou ter o VE para baixo. Agora vamos ter um VD com sobrecarga pressórica, então não necessariamente eu só vou ter uma área M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – C a r d i o p e d – A n a K a r i n a – P á g i n a | 5 cardíaca aumentada ao raio-x, já quando eu tenho um remodelamento importante, eu vou ter uma alteração da silhueta, mas o índice cardiotorácico vai estar preservado. Pulmão mais preto devido ao hipofluxo pulmonar. TRATAMENTO: K Até a correção cirúrgica a gente pode tentar manter essa criança estável até o procedimento eletivo. Utilizamos o beta- bloqueador Propranolol → Aumentar o tempo de relaxamento porque reduzindo a FC ele aumenta o tempo de relaxamento, inclusive do infundíbulo favorecendo o fluxo VDTP, reduzindo o shunt D→E. Mas todos os pacientes deverão se encaminhados para a cirurgia cardíaca. Podendo ser uma cirurgia paliativa ou correção total. K A correção total é feita em paciente assintomáticos que tem saturação a cima de 85%, cresce, não faz uso de hipoxia, conseguem levar uma vida adequada em torno de 6 a 12 meses de vida. → Colocamos o propranolol. K Mas existem crianças que não evoluem dessa forma e que façam ou crises de hipoxia recorrente devido a uma anatomia muito ruim e que não sedem mesmo com o uso das medidas. K CORREÇÃO CIRÚRGICA: Cirurgia paliativa (shunt sistêmico pulmonar → Blalock- Taussing Shunt); correção total. K ASSINTOMÁTICO: Correção cirúrgica 6 a 12 meses de vida. K CRISE DE CIANOSE: Cirurgia IMEDIATA. K BLALOCK-TAUSSING SHUNT: Anastomose entre a artéria subclávia esquerda e a artéria pulmonar esquerda. Toda a descompensação é pelo alto grau de obstrução a via de saída do VD. Porém os pacientes evoluíam com 2 complicações importantes: Ou eles evoluíam com hipodesenvolvimento do MSE por não desenvolverem circulação colateral suficiente ou ainda por ser vaso ativo que as vezes evolui para uma insuficiência cardíaca por conta do shunt. Alterando a técnica e fazendo a Anastomose entre a artéria subclávia esquerda e a artéria pulmonar esquerda com o uso do tubo de PDFE. K Quando feita a direita é chamado de cirurgia de Blalock-Taussing modificada, entre a artéria subclávia direita ou tronco braquiocefálico para artéria pulmonar direita. K A correção cirúrgica de correção total consiste em no fechamento da CIV com direcionamento da aorta para o VE. A ressecção de bandas musculares dessa estenose infundibular e havendo necessidade ampliação da via de saída VD, tronco pulmonar com o uso de PET para melhorar esse fluxo para o pulmão. COMPLICAÇÕES: K Arritmias cardíacas. K Morte súbita. K Disfunção miocárdica. K Fenômeno tromboembólico (mais comum). EVOLUÇÃO: K NÃO OPERADOS: 23% aos 10 anos; 30% morrem no 1º ano de vida. K OPERADOS: Bom prognóstico; Sobrevida em 5 anos: 90%.
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