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Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Introdução Pericárdio É uma membrana serosa com 2 camadas que isolam o coração das outras estruturas torácicas, mantendo a posição deste no tórax e impedindo que este órgão se distenda excessivamente. Além disso, funciona como uma barreira contra infecção. Camadas Camada visceral É a camada interna, que adere ao epicárdio. Camada parietal É a camada externa fibrosa, que está ligada aos vasos que entram e saem do coração, esterno e diafragma. Cavidade pericárdica É um espaço virtual com líquido seroso que separa as 2 camadas. Líquido seroso ♦ Funciona como lubrificante. ♦ Impede forças de atrito à medida que o coração contrai e relaxa. Pericardite Aguda Etiologia Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Epidemiologia É uma doença subdiagnosticada, com incidência descrita entre 3 e 28 casos/100 mil pessoas/ano, sendo mais prevalente em homens entre 16 e 65 anos. Estágios Pericardite aguda serosa ♦ Vasodilatação com aumento do acúmulo de líquido. ♦ É produzida por doenças inflamatórias não infecciosas, como febre reumática, LES e esclerodermia. Pericardite aguda serofibrinosa ♦ Permeabilidade vascular aumentada, de modo que o conteúdo de proteínas no líquido aumenta, incluindo fibrinogênio ou fibrina. ♦ As causas mais comuns são o IM, síndrome pós-infarto, uremia, irradiação do tórax, febre reumática, LES e traumas. Pericardite aguda purulenta ♦ Reflete a infecção ativa provocada pela migração de leucócitos no espaço pericárdico. ♦ Ocorre em função da propagação direta a partir de infecções vizinhas; da disseminação pelo sangue; da propagação linfática; e, da introdução direta durante uma cardiotomia. Pericardite aguda hemorrágica ♦ Exsudato composto por sangue misturado com derrame fibrinoso ou supurativo. ♦ Causada pela disseminação de uma neoplasia maligna ao espaço pericárdico. Pericardite aguda caseosa ♦ Origem tuberculosa. ♦ Ocorre envolvimento pericárdico por disseminação direta a partir de focos de tuberculose dentro dos linfonodos traqueobrônquicos. Processo “Ataque” Algum patógeno ou outra substância ataca o pericárdio, desencadeando outros eventos. Inflamação O tecido pericárdico lesado por bactérias ou outras substâncias libera mediadores químicos da inflamação (como prostaglandinas, histaminas, bradicininas e serotoninas) no tecido, iniciando o processo inflamatório. Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Vasodilatação e coagulação ♦ Esses mediadores químicos provocam a vasodilatação e a permeabilidade vascular aumentada. ♦ O fluxo sanguíneo local aumenta, as paredes dos vasos extravasam líquidos e proteínas (incluindo fibrinogênio) para os tecidos, provocando um edema extracelular. ♦ Os coágulos de fibrinogênio e líquido tissular formam uma parede, bloqueando os espaços tissulares e os vasos linfáticos da área que foi lesada. Dessa forma, essa parede impede que ocorra uma disseminação de bactérias e toxinas para os tecidos saudáveis. Fagocitose inicial Os macrófagos começam a fagocitar as bactérias invasoras, mas não conseguem “vencer” a infecção. Fagocitose aumentada ♦ As substâncias liberadas pelo tecido lesado estimulam a produção de neutrófilos na medula óssea. ♦ Esses neutrófilos “viajam” até o local da lesão através da corrente sanguínea e juntam-se aos macrófagos no processo de destruição de patógenos. ♦ Ao mesmo tempo, macrófagos e monócitos adicionais migram para a área lesada e continuam a fagocitose. Exsudação ♦ Após vários dias, a área que foi infectada se preenche com um exsudato composto de tecido necrosado, bactérias mortas e quase mortas, neutrófilos e macrófagos. ♦ Esse exsudato se forma até o final da infecção, criando uma cavidade que permanece até o fim da destruição tissular. Fibrose e cicatrização ♦ À medida que os produtos da infecção desaparecem, a fibrose e o tecido cicatricial podem se formar. ♦ A cicatrização, se restringir o movimento, pode ocasionar insuficiência cardíaca. Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Manifestações Clínicas Constituem a tríade de dor torácica, atrito pericárdico e alterações do eletrocardiograma. Dor ♦ Início repentino. ♦ Bem demarcada na área precordial. ♦ Pode irradiar para o pescoço, dorso, abdome ou lado do tórax. Piora da dor Por causa das alterações do retorno venoso e do enchimento cardíaco, a dor piora durante a respiração profunda, tosse, deglutição e mudança de posição. Alívio da dor O paciente sente alívio na posição sentada e inclinado para frente. Diagnóstico Atrito pericárdico Som agudo ou rangente, resultante da esfregação e do atrito entre as superfícies pericárdicas inflamadas. Ecocardiografia Diagnostica efusão pericárdica ao mostrar um espaço sem eco entre a parede ventricular e o pericárdio. Eletrocardiograma ♦ Estágio I: primeiras horas a dias; elevações difusas do segmento ST e depressão do segmento PR. ♦ Estágio II: primeira semana; normalização dos segmentos ST e PR. ♦ Estágio III: após a normalização do segmento ST; inversões com alargamento de ondas T. ♦ Estágio IV: normalização das ondas T. Pericardite Crônica Definição Caracteriza-se por episódios repetidos de pericardite, com caráter incessante ou intermitente, em um processo de provável etiologia autoimune. Diagnóstico Eletrocardiograma Supradesnivelamento difuso do segmento ST, infradesnivelamento de PR. Atrito pericárdico Som agudo ou rangente, resultante da esfregação e do atrito entre as superfícies pericárdicas inflamadas. Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Pericardite Constritiva Características ♦ Desenvolvimento dos tecidos fibróticos e calcificados entre as camadas visceral e parietal do pericárdio seroso. ♦ Contração do tecido fibrótico que interfere no enchimento diastólico do coração; tornando o débito cardíaco e a reserva cardíaca invariáveis. ♦ Equalização das pressões diastólicas finais nas 4 câmaras cardíacas. Etiologia Inflamação crônica causada por irradiação do mediastino, cirurgia cardíaca ou infecção. Características Clínicas Ascite Pode ser acompanhado de edema dos pés, dispneia aos esforços e fadiga. Sinal de Kussmaul É a distensão inspiratória das veias jugulares causada pela incapacidade de o átrio direito acomodar o aumento do retorno venoso que ocorre durante a inspiração. Sinais e sintomas terminais Intolerância aos esforços, atrofia muscular e emagrecimento. Derrame Pericárdico Definição É a acumulação de líquido na cavidade pericárdica, geralmente em consequência de um processo infeccioso ou inflamatório. Causas Neoplasias, cirurgia cardíaca, traumatismos, ruptura cardíaca secundária a um infarto do miocárdio e aneurisma dissecante da aorta. Patogênese Geral O volume de líquido, a velocidade de acumulação e a elasticidade do pericárdio determinam o efeito causado pelo derrame pericárdico na função cardíaca. Derrame pericárdico pequeno Podem ser assintomáticos ou causas algumas anormalidades clínicas. Derrame pericárdico volumoso ♦ Se houver acumulação lenta, podem causar poucos sintomas ou nenhum, contanto que o pericárdio consiga se estirar e evitar a compressão do coração. Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA ♦ Se a acumulação for rápida, alcançando 200mL, pode-se aumentar a pressão intracardíaca a níveis que limitam o retorno venoso ao coração. Características Clínicas Pode ocasionar tamponamento cardíaco, aumento da estimulação adrenérgica, levando a taquicardia e aumento da contratilidade cardíaca. Além disso, há um aumento da pressão venosa central, distensão dasveias jugulares, redução da pressão arterial sistólica, redução da pressão do pulso e sinais de choque circulatório. Tamponamento Cardíaco Introdução A elevação rápida da pressão intrapericárdica compromete o enchimento cardíaco diastólico. Causas Efusão Câncer, infecções bacterianas, tuberculose e febre reumática aguda. Hemorragia causada por traumatismo Ferida por arma de fogo e cirurgia cardíaca. Hemorragia de causas não traumáticas Ruptura do coração ou dos grandes vasos e terapia anticoagulante em paciente com pericardite. Pericardite vira Pós-irradiação ou idiopática. Reação medicamentosa Provocada por procainamida, hidralazina, minoxidil, isoniazida, penicilina ou metisergida. Enfermidades do tecido conjuntivo Artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, febre reumática, vasculite e esclerodermia. Sem causa conhecida? Síndrome de Dressler. Fisiopatologia Beatriz Tianeze de Castro | SOI III | P3 - MEDICINA Primeiro Há um acúmulo progressivo de líquido no pericárdio que leva a uma compressão das câmaras cardíacas. Segundo Há uma obstrução do fluxo sanguíneo para os ventrículos e redução da quantidade de sangue que pode ser bombeada para fora do coração a cada contração. Terceiro Cada vez mais, há um maior acumulo no saco pericárdico, limitando-se a quantidade de sangue que pode preencher a câmara durante o próximo ciclo cardíaco. Características Clínicas Tríade de Beck ♦ Pressão venosa central (PVC) elevada com distensão das veias do pescoço. ♦ Bulhas cardíacas abafadas. ♦ Pulso paradoxal (queda inspiratória da PA acima de 15 mmHg. Outros sintomas Ortopneia, diaforese, ansiedade, desassossego, cianose e pulso periférico rápido e fraco. Diagnóstico Eletrocardiograma ♦ Amplitude QRS pode estar reduzida. ♦ Alternância elétrica da onda P, do complexo QRS e da onda T podem estar presentes. ♦ Elevação do segmento ST em todas as derivações.
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