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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL AULA 8 – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA I SANGRAMENTO MENSTRUAL NORMAL Para entendermos o sangramento uterino anormal, temos que entender o normal. Como vimos, acontece no final da fase lútea. Acontece a partir do endométrio. Acontece como um evento endometrial universal, autolimitado (acontece em um determinado período), que se segue à queda dos níveis hormonais (supressão do estrogênio e progesterona) em um ciclo ovulatório normal. Depois do pico de estrogênio, pico de LH, acontece a ovulação. O folículo dominante libera o ovócito e esse ovócito se por acaso, não encontrar com o espermatozoide, o folículo que se transformou em corpo luteo, corpo amarelo, estava produzindo progesterona e como não aconteceu a fecundação, os níveis de progesterona e estrogênio caem. Assim, o endométrio não se sustenta, acontece menstruação. A queda desses hormônios leva à vasoconstrição endometrial, além de secreção e liberação de diversas enzimas e citocinas envolvidas na degradação do tecido endometrial. Quando vamos ter o sangramento uterino anormal? Acontece quando tem um distúrbio em um ou mais parâmetros do sangramento uterino normal. Esses parâmetros são quantidade, duração do fluxo menstrual e frequência da menstruação. ALTERAÇÃO DA QUANTIDADE DO FLUXO: podemos avaliar a quantidade de absorventes que essa paciente troca durante o dia. Exemplo: a paciente chega falando que precisa utilizar absorventes noturnos e trocar 5/6x ao dia, ensopam, ficam cheios e as vezes sujam a roupa. Isso significa que o volume da menstruação está aumentado. Uma perda sanguínea normal é equivalente de 5 até 80 ml. Mais/menos que isso significa que está anormal. A duração do ciclo menstrual normal é de 24-35 dias, média de 28 dias. Duração do fluxo menstrual normal: 4,5 a 8 dias. SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) Se tiver diferente dessa tabela, temos um sangramento uterino anormal. E assim, precisamos avaliar isso. Inclui sangramento disfuncional (anovulatório ou ovulatório) e sangramento por causas estruturais (miomas, pólipos, adenomiose, adenomiomas, carcinoma endometrial, complicações da gravidez); Pode ainda, estar relacionado ao uso de contraceptivos hormonais ou terapia hormonal. As maiores prevalências são registradas os extremos da vida reprodutiva, particularmente na adolescência e perimenopausa. ETIOLOGIA DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) Primeiramente, a epidemiologia, é uma condição que acontece comumente entre as mulheres. Cerca de 40% das mulheres apresentam sangramento uterino anormal no mudo todo. Pacientes que apresentam uma perda menstrual superior a 80 ml por ciclo representam 9%-14% das mulheres que apresentam SUA. – Fluxo excessivo. Dentre as mulheres com SUA agudo que vão nos hospitais e UBS, 49,2% apresentam alguma condição médica que justifique esse sangramento. E 53% delas já apresentaram algum quadro parecido. 35% das mulheres que apresentam SUA, desenvolvem anemia em função da grande perda menstrual. Índices de hemoglobina menores que 10. Tem pacientes que precisam de transfusão sanguínea. Tratamento imediato. O sangramento uterino anormal impacta negativamente da qualidade de vida da paciente, afetando a vida social e relacionamentos em quase 2/3 dessas mulheres. Aumenta muito a despesas no SUS porque as mulheres que apresentam SUA normalmente já são conduzidas para histerectomia. Esse tratamento deve ser o tratamento final. Mas alguns médicos não tentam outros tratamentos para evitar as despesas do SUS e tira um órgão sem necessidade. Então, primeiro tentamos as alternativas farmacológicas e se nada der certo, a gente vai para o tratamento cirúrgico. Em relação as etiologias, são muitas. Pode ocorrer em qualquer fase do período reprodutivo da mulher e a idade da mulher influencia diretamente nas hipóteses diagnosticas. ETIOLOGIAS ORGÂNICAS: ♥ Gravidez ♥ Doenças sistêmicas ♥ Doenças pélvicas ♥ Traumas ♥ Uso de medicamentos ETIOLOGIA DISFUNCIONAL: ausência de substrato orgânico. ♥ Sangramento de origem uterina na ausencia de gravidez ♥ Doença pélvica ou sistêmica ♥ Atribuídas as alterações endocrinológicos que controlam a menstruação. ♥ Esse diagnostico só pode ser atribuído quando todas as causas orgânicas forem afastadas. Afastamos as causas orgânicas pelos exames complementares usados no diagnóstico. Por exemplo, na adolescência, nos primeiros dois anos após a menarca, é comum acontecer irregularidade menstrual em função da imaturidade do eixo hipotálamo-hipofise. Mulheres entre 20-40 anos, apresentam maturidade do eixo que se traduz em ciclos regulares. Assim, é anormal e nesse período deve ser excluído causas obstétricas porque as pacientes na maioria das vezes já são ativas sexualmente e gestação pode causar irregularidade menstrual. Afastar também causas decorrente de lesão estrutural nos órgãos ou ausência dessas lesões. Já as mulheres com mais de 40 anos até a menopausa, elas apresentam irregularidade no padrão dos ciclos menstruais que são decorrentes das flutuações hormonais. Levando a patologias do endométrio e miométrio. CLASSIFICAÇÃO Feita pela FIGO – federação internacional de GO. Desenvolveu um acrômio que é o PALM COEIN. Cada letra representa uma causa para SUA. PALM – causas estruturais: ♥ Pólipo ♥ Adenomiose ♥ Leiomioma ♥ Malignidade – espessamento endometrial São causas que se usamos exames de imagem, podemos ver como ultrassom. A adenomiose é mais difícil porque tem um diagnóstico definitivo pelo histopatológico. COEIN – causas não estruturais: ♥ Coagulopatias ♥ Disfunções ovulatórias ♥ Endometrial ♥ Iatrogênica ♥ Não classificadas CAUSAS POR FAIXA ETÁRIA: NEONATOS: retirada de estrogênio. É comum. INFÂNCIA: ♥ Corpo estranho ♥ Traumas, incluindo abuso sexual ♥ Infecção (cistite) ♥ Irritação vulvar (vulvovaginites) ♥ Prolapso uretral (eversão da mucosa uretral e exteriorização pelo meato uretral que apresenta- se como uma massa que circunda a uretra de forma simétrica) ♥ Tumores vaginais (sarcoma botrióide) ♥ Tumor ovariano (produção de hormônios) ♥ Puberdade precoce (desenvolvimento de caracteres secundários antes dos 8 anos de idade nas meninas) ADOLESCENTES: ♥ Anovulação ♥ Anormalidades hematológicas (purpura trombocitopênica idiopática) ♥ Afecções endócrinas ou sistêmicas (disfunção da tireoide, síndrome dos ovários policísticos) ♥ Estresse (psicogênico, induzido por exercícios) ♥ Gravidez ♥ Infecção (cervicite por clamídia) ♥ Causas anatômicas (anomalias genitais obstrutivas ou parcialmente obstrutivas: septos vaginais longitudinais; útero didelfo) ADULTAS: ♥ Anovulação ♥ Gravidez (abortamento, prenhez ectópica, gestação molar) ♥ Câncer (cervical, endométrio, vagina) ♥ Pólipos cervicais e endometriais ♥ Leiomiomas, adenomiose ♥ Infecção (cervicite por clamídia) ♥ Disfunção endócrina (SOP, doenças na tireoide) ♥ Discrasias sanguíneas ♥ Medicamentos/uso de hormônios exógenos (ACO, DIU, implantes subdérmicos) PERIMENOPAUSA: ♥ Anovulação ♥ Câncer ♥ Pólipos endometriais ou cervicais ♥ Disfunção da tireoide PÓS-MENOPAUSA: ♥ Atrofia ♥ Câncer ou hiperplasia endometriais ♥ Outros tumores: vulvares, vaginais e cervicais ♥ Terapia de reposição hormonal (TRH) ♥ Pólipos endometriais ou cervicais. Por exemplo, o pólipo, tem prevalência de 7,8 – 34% em mulheres que apresentam SUA. A adenomiose tem uma sintomatologia variável. Quando é mais superficial, temos um sangramento uterino anormal. Adenomiose mais profunda, mais dentro do musculo uterino, já causa mais dor, dismenorreia, dispareunia. Os miomas, sua sintomatologia vai variar de acordo com a localização do mioma. Por exemplo, mioma submucoso, endométrio, causa sangramento intenso. Miomas intramurais e subserosos que não causa sangramento. Malignadade e hiperplasia: endométrio espessado.Fazer biópsia de endométrio. Em relação a causas não estruturais, as coagulopatias: a principal coagulopatia é a doença de von Willebrand que é descoberta na adolescência. A queixa da paciente é muita menstruação que é o primeiro sinal. Pode falar que tem hematomas no corpo sem mesmo bater, sangramentos gengivais, nasal. Distúrbios ovulatorios: SOP geralmente causa ciclo anovulatórios, não tem sangramento, é irregular. Causas iatrogênicas: medicamentos. Causas não classificadas: mal formações de A/V, hipertrofia miometrial, estimocele. DIAGNÓSTICO SUA ANAMNESE COM PERGUNTAS CHAVES: → Qual a idade? → Sexualmente ativa? Pode estar gravida? → Qual o padrão do ciclo menstrual? Existe sintomas de anovulaçao? → Como é a natureza do SUA (frequência, duração, volume, relação com o coito) em que período ocorre (menstrual ou intermenstrual)? → Existe sintomas associados? → Possui alguma doença sistêmica ou faz uso de medicamento? → Houve mudanças no peso corporal? Pratica atividade física? → Existe história pessoal ou familiar de uma desordem menstrual? EXAME FÍSICO – DE ONDE VEM O SANGRAMENTO: UTERO, VAGINA OU VULVA? → Avaliação dos sinais vitais → Ectoscopia → Palpação abdominal → Exame especular → Toque vaginal bimanual EXAMES COMPLEMENTARES: → Teste de gravidez → Dosagem de hormônios tireoidianos (tireoidopatia?) → Dosagem de prolactina (hiperprolactinemia?) – Amenorreia, anovulação, dor de cabeça, secreção mamaria. → Coagulograma (distúrbio de coagulação?) → Hemograma / ferritina (anemia?) → CP colo uterino – lesão ULTRASSONOGRAFIA: método de primeira escolha para avaliação de anormalidades estruturais uterinas (espessura endometrial, forma e volume do útero e anexos). – popilos, adenomiose, leiomioma e malignidade no endométrio. HISTEROSSONOGRAFIA: avaliação de anormalidades estruturais uterinas. – ingesta soro fisiológico, ve pólipo HISTEROSCOPIA: permite avaliação direta da cavidade uterina e a coleta de material, para estudo histopatológico por biopsia dirigida, em aéreas especificas do endométrio, com maior probabilidade de diagnosticar uma lesão. Também é terapêutica pois permite a excisão de pólipos, leiomiomas submucosos, sinéquias e a realização de ablação endometrial. Usada quando a USG TV for inconclusiva. RNM: pode ser usada quando a USG evidencia resultados duvidosos. BIOPSIA DE ENDOMETRIO: estudo patológico padrão ouro para o diagnóstico de afecções endometriais – neoplasias, hiperplasias endometriais. O método ideal é a biopsia endometrial, dirigida por hisperoscopia. Curetagem uterina: método diagnostico, pois, permite estudo histopatológico do endométrio. Método terapêutico. Subestima a preencha de alterações estruturais como leiomiomas pólipos, hipertrofias e carcinomas focais pois é realizada às cegas. sangramento menstrual normal sangramento uterino anormal (SUA) etiologia do sangramento uterino anormal (sua) classificação CAUSAS POR FAIXA ETÁRIA: diagnóstico SUA
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