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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 2 FISIOLOGIA GERAL .................................................................................. 6 3 METABOLISMO .......................................................................................... 8 3.1 Energia ................................................................................................. 9 3.2 Disponibilização de Energia ............................................................... 11 4 SISTEMA MUSCULAR ............................................................................. 12 4.1 Classificação ...................................................................................... 14 4.2 Anexos musculares ............................................................................ 16 4.3 Principais músculos do corpo humano ............................................... 17 5 SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................................ 19 5.1 Hemodinâmica da circulação ............................................................. 20 5.2 Veias importantes do corpo humano .................................................. 21 5.3 Coração .............................................................................................. 22 5.4 Circulação coronariana....................................................................... 23 5.5 Circulação sistêmica........................................................................... 23 5.6 Artéria aorta ........................................................................................ 24 5.7 Drenagem venosa .............................................................................. 24 5.8 Drenagem linfática ............................................................................. 24 6 SISTEMA RESPIRATÓRIO ...................................................................... 25 6.1 Estrutura e função .............................................................................. 25 6.2 Mecânica da ventilação ...................................................................... 26 6.3 Vias aéreas ........................................................................................ 27 6.4 Mecânica Respiratória ........................................................................ 29 7 SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................... 29 3 7.1 Boca ................................................................................................... 30 7.2 Dentes ................................................................................................ 30 7.3 A língua .............................................................................................. 31 7.4 As glândulas salivares ........................................................................ 31 7.5 Mastigação ......................................................................................... 32 7.6 Deglutição .......................................................................................... 33 7.7 Faringe ............................................................................................... 34 7.8 Laringe ............................................................................................... 34 7.9 Esôfago .............................................................................................. 35 7.10 Estômago ........................................................................................ 36 8 INTESTINO DELGADO ............................................................................ 38 9 INTESTINO GROSSO .............................................................................. 40 10 Pâncreas ............................................................................................... 41 10.1 Insulina ............................................................................................ 43 10.2 Glucagon ......................................................................................... 44 11 FÍGADO ................................................................................................. 46 11.1 Funções do fígado .......................................................................... 47 12 FISIOLOGIA RENAL ............................................................................. 48 12.1 A eliminação de urina ...................................................................... 53 13 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO .............................................. 54 13.1 Espermatogênese ........................................................................... 56 13.2 Testosterona ................................................................................... 57 14 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO .................................................. 58 14.1 Vagina ............................................................................................. 58 14.2 Ovários ............................................................................................ 59 4 14.3 Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de falópio .............................. 60 14.4 Útero ............................................................................................... 60 14.5 Hormônios sexuais femininos ......................................................... 60 14.6 Ovulogênese ................................................................................... 61 15 SISTEMA NERVOSO ............................................................................ 62 15.1 O impulso nervoso .......................................................................... 64 15.2 Sinapses ......................................................................................... 66 15.3 Sinapses elétricas ........................................................................... 66 15.4 Sinapses químicas .......................................................................... 67 15.5 Neurotransmissores ........................................................................ 68 15.6 Tipos de neurônios .......................................................................... 71 15.7 Células da glia (neuroglia)............................................................... 71 15.8 Origem do sistema nervoso ............................................................ 72 15.9 Divisão do SNC ............................................................................... 73 15.10 Sistema Nervoso Central ................................................................ 74 15.11 Telencéfalo ..................................................................................... 75 15.12 Tronco encefálico ............................................................................ 77 15.13 Cerebelo ......................................................................................... 81 15.14 Tálamo ............................................................................................ 82 15.15 Sistema límbico ............................................................................... 82 15.16 A medula espinhal .......................................................................... 83 16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 85 5 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em vozalta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 6 2 FISIOLOGIA GERAL Fonte: brasilescola.uol.com.br Para estudar um organismo, não basta saber quais são os órgãos ou que o compõem. É fundamental compreender todo o seu funcionamento e as atividades desenvolvidas por cada uma dessas estruturas. A Fisiologia é o ramo da Biologia dedicado à compreensão do funcionamento do corpo, sendo responsável por desvendar todos os processos físicos e químicos envolvidos na manutenção da vida. O estudo dessa área iniciou-se na Grécia por volta de 2500 anos atrás. O termo fisiologia é oriundo das palavras gregas Physis e logos, que significam literalmente “conhecimento da natureza”. O corpo humano é composto de substâncias químicas inorgânicas e orgânicas sendo estas as mais simples e importantes em nível da organização estrutural (LIPPINCOTT, et al, 2010, apud DA SILVA, 2017). Uma das figuras mais influentes no campo da Fisiologia da Antiguidade foi Cláudio Galeno (129-200 d.C.), um médico conhecido por tratar gladiadores. Galeno realizou diversos trabalhos com animais e seguia uma doutrina conhecida como “quatro humores”. Essa doutrina partia da ideia de que o corpo era formado por quatro diferentes fluidos: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. Segundo esse médico, o coração, o fígado e o cérebro eram os principais órgãos do corpo humano. 7 Após Galeno, outra figura que merece destaque é Andreas Versalius (1514- 1564), que publicou, em 1543, a obra intitulada “Humani Corporis Fabrica”. Esse trabalho ficou conhecido como um grande marco tanto no estudo da Anatomia como para a Fisiologia moderna, iniciando-se uma nova forma de compreender o funcionamento do corpo. Outro grande estudioso de destaque é William Harvey (1578-1657). Ele propôs a teoria de que o sangue circulava por todo o organismo graças ao bombeamento garantido pelo coração. Até esse momento, a teoria mais aceita afirmava que o sangue era constantemente produzido, e não que ele circulava. O trabalho de Harvey, sem dúvidas, foi fundamental para a compreensão de diversos outros processos fisiológicos. O maior desenvolvimento dessa área da Biologia aconteceu, no entanto, ao longo do século XIX, em especial na Alemanha e na França. Entre os principais avanços dessa época, podemos destacar o entendimento da teoria celular e o desenvolvimento da Fisiologia Experimental. Nesse último caso, devemos destacar os trabalhos de Claude Bernard, que é considerado o pai da Fisiologia Experimental Contemporânea e destacava a importância da experimentação. No século XX, diversos processos foram desvendados, e o entendimento da Bioquímica e da Biologia Molecular foi fundamental para o aprofundamento do conhecimento em Fisiologia. Com os avanços tecnológicos, essa área continua a crescer e muitos processos ainda serão entendidos. 8 3 METABOLISMO Fonte: guiaestudo.com.br O metabolismo é definido como a transformação química de qualquer molécula, que ocorre em células ou organismos. Algumas dessas reações químicas envolvem a liberação ou armazenamento de energia, o que chamamos de metabolismo energético. Essas reações químicas corporais irão determinar o que acontece com os nutrientes absorvidos a partir dos alimentos ingeridos. Assim o metabolismo energético envolve a utilização de substratos energéticos (a partir de fontes endógenas ou exógenas), síntese (anabolismo: requer gasto energético para que ocorra) e degradação (catabolismo: envolve quebra de moléculas grandes e mais complexas em moléculas menores e mais simples e resultam usualmente em liberação de energia) de componentes estruturais e funcionais e também a eliminação de resíduos gerados a partir destas reações. Todos esses processos são regulados pelo Sistema Endócrino em termos de velocidade ou direção das reações de acordo com a necessidade do organismo naquele determinado instante. Técnicas como o teste de tolerância à glicose (TTG) têm sido empregadas em ruminantes para a determinação da capacidade de metabolização de glicose e a resposta na liberação pancreática de insulina (SCHLUMBOHM et al., 2003, apud SCHMITT, 2012). 9 3.1 Energia Aquisição X Consumo e Taxa Metabólica Basal A disponibilidade de energia para os humanos consiste na energia química contida nas ligações químicas que estão presentes nos alimentos que ingerimos. A regulação da quantidade de alimentos ingeridos depende de mecanismos comportamentais como a fome e à saciedade para nos avisar o quanto e quando comer. Assim, é através da alimentação que realizamos a aquisição energética. Nos alimentos encontramos três categorias de nutrientes que podem vir a gerar energia: carboidratos, lipídeos e proteínas, dos quais, alguns metabólitos podem ser oxidados gerando energia, ou então armazenados para futura utilização. A quantidade de energia obtida pela oxidação varia com a categoria do substrato e é expressa em termos de Calorias/grama ou Kcal/grama. Cerca de metade da energia liberada nas reações químicas é perdida na forma de calor. Já com relação ao consumo de energia, 60-70% da energia ingerida é utilizada para manter as condições mínimas de existência, caracterizando a Taxa Metabólica Basal (TMB). Além da TMB, a energia é necessária para realizar o processamento dos alimentos (5-15%), ou seja, é necessário um gasto energético para que as reações químicas que envolvem a digestão, absorção e armazenamento dos alimentos ocorram. Também utilizamos energia para manter a temperatura corporal constante através da Termogênese. Outra forma de consumo energético envolve o exercício físico que pode ser classificado em espontâneo ou ocupacional (postura corporal, manutenção do tônus muscular) ou proposital (exercício físico). O consumo total de energia tem uma grande variabilidade de pessoa para pessoa, de dia para dia, tipo e duração dos exercícios realizados. Por exemplo, o gasto calórico de um indivíduo adulto em repouso é de 1440 cal por dia, entretanto durante atividades domésticas este valor pode aumentar de 2 a 5 vezes, e durante exercício físico. Por isso, existem diferenças na quantidade de energia adquirida pela ingestão alimentar necessária para manter a TMB. O exercício físico é um potente agente estressor e, como tal, provoca significativas alterações no metabolismo (COYLE, 2000, apud KATER, 2011). 10 Com relação à TMB, o gasto energético é necessário para manter as condições mínimas de existência, e os processos envolvidos incluem: reações químicas de síntese e degradação, geração de gradientes iônicos que, por sua vez, são de fundamental importância para a gênese e condução de sinais nervosos (estes são responsáveis por cerca de 40% do consumo energético da TMB), além disso, há gasto energético para a realização de trabalho mecânico como respiração e circulação sanguínea. Vários fatores afetam a TMB em humanos, como a idade (declina com a idade), sexo, quantidade de massa muscular, dieta (uma vez que depois de cada refeição há um gasto energético), hormônios e fatores genéticos. Homens têm uma TMB média de 1,0 kcal/h/kg e para as mulheres é 0,9 kcal/h/g. A diferença surge principalmente porque as mulheres possuem uma porcentagem detecido adiposo mais elevada e uma menor massa muscular magra. Os músculos têm uma taxa de consumo de oxigênio (que representa o gasto energético) em repouso mais elevada do que a gordura, porque adicionalmente ao gasto energético básico para a manutenção da homeostase celular o músculo gasta energia para manter o seu tônus contrátil. Alguns hormônios também influenciam a TMB. Os hormônios tireoidianos, T3 e T4, aumentam o metabolismo por aumentar a taxa de reações químicas, a testosterona inibe ações catabólicas no músculo esquelético, induzindo maior massa muscular, o hormônio do crescimento (GH) estimula muitas reações celulares que gastam energia. O estado febril também aumenta a TMB, uma vez que para ocorrer o aumento da temperatura corpórea é necessário aumento na atividade de reações que consomem energia. Os fatores que reduzem a TMB incluem o sono, o jejum e a desnutrição, o que serve para poupar a energia adquirida. Os efeitos positivos da prática de exercícios físicos na funcionalidade de idosos incluem maior independência em atividades de autocuidado, melhoria da autoestima, melhor qualidade de vida, maior expectativa de vida, redução do risco de quedas e da mortalidade (GALLOZA et al., 2017, apud SCIANNI, 2019). https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0101328916302621#bib0080 11 3.2 Disponibilização de Energia Os carboidratos, proteínas e lipídios absorvidos após a refeição são metabolizados sofrendo modificações por diversas reações enzimáticas em cadeias, chamadas de “vias metabólicas”. Carboidratos, proteínas e lipídeos podem gerar substratos que são passíveis de serem oxidados. A oxidação é um fenômeno final de algumas vias metabólicas, que culmina em geração de energia. Em outras palavras, a partir da oxidação dos alimentos são geradas moléculas de adenosina trifosfato, ATP, que fazem um elo entre as funções que utilizam e as que mobilizam energia. Por esta razão, a ATP é conhecida como a moeda energética presente em todas as células e é necessária para as diferentes funções das células. A molécula de ATP possui duas ligações de alta energia entre os seus fosfatos. Deste modo, a molécula de ATP participa de diversas funções que necessitam energia como trabalho mecânico, reações sintéticas, transporte pelas membranas, geração e condução de sinal seja ele de natureza química, mecânica ou elétrica. Participa também da produção de calor que atua na regulação da temperatura corporal e desintoxicação do organismo por degradação de produtos tóxicos, como a amônia que é convertida em ureia com consumo energético. Portanto, pouquíssimo ATP é estocado no organismo. Além do ATP, a molécula de fosfocreatina também é capaz de “armazenar” energia através de uma ligação fosfato presente em sua molécula. Essa ligação, em condições fisiológicas, corresponde a 13 kcal. A fosfocreatina é de 3-8 vezes mais abundante que o ATP no músculo, mas não serve como elo direto entre a energia obtida dos alimentos e o consumo mediado pelas funções celulares. A geração desta molécula ocorre quando o grupo fosfato do ATP é transferido para a creatina, tendo como produtos o ADP e fosfocreatina. Assim, essa molécula serve como um sistema tampão de ATP. Quando há grandes quantidades de ATP formado, a reação é deslocada para a síntese de fosfocreatina, cuja principal reserva ocorre nos músculos, de 70 a 80 μmol e quando o consumo de ATP é maior que a síntese, há uma redução na quantidade de ATP, e com isso a reação é deslocada garantindo as necessidades de ATP livre para o consumo, e consequentemente creatina livre também. 12 A fadiga durante exercícios prolongados de intensidade média-alta é frequentemente associada com a depleção de glicogênio muscular, por isso, acredita-se que a alta concentração de glicogênio muscular pré exercício é essencial para o ótimo desempenho (JENTJENS et al., 2001, apud KATER, 2011). De modo geral, os substratos que chegam à circulação, provenientes das biomoléculas ingeridas, digeridas e então absorvidas podem seguir vários caminhos: metabolizadas imediatamente gerando ATP ou fosfocreatina, que podem ser imediatamente utilizadas em compostos com capacidade de estocar grande quantidade de energia, ou ainda metabolizadas gerando compostos utilizados para a síntese de componentes básicos necessários para o crescimento e manutenção celular e tecidual. Particularmente importante é o fato de que substratos ricos em energia como a glicose e os ácidos graxos, após cada refeição, são estocados como glicogênio e gordura respectivamente, ficando disponíveis para serem utilizados como fonte de energia nos períodos de jejum. Os glicídios ou carboidratos são uma importante fonte de energia para os animais, sendo biomoléculas orgânicas chamadas polissacarídeos. Esses polissacarídeos sofrem hidrólise originando monossacarídeos. (CAMPBELL, 2005, apud DE MELLO, 2017). 4 SISTEMA MUSCULAR Fonte: brasilescola.uol.com.br 13 Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica. Devido à relação existente entre os músculos da cabeça e região cervical com o sistema estomatognático, tiveram início estudos que visavam confirmar que alterações posturais da cabeça e restante do corpo poderiam levar a um processo de desvantagem biomecânica da ATM, ocasionando disfunção temporomandibular. (HALMOVA, 2017, apud DOS SANTOS, 2018). O músculo esquelético é recoberto externamente por epimísio, tecido conjuntivo fibroso, seguido de outra camada de tecido conjuntivo, perimísio, o qual envolve o fascículo, feixe de até 150 fibras musculares. Estas fibras são envolvidas pelo endomísio, uma fina camada de tecido conjuntivo, que as separa umas das outras. Logo abaixo do endomísio, circundando o conteúdo celular de cada fibra muscular existe uma fina membrana elástica, o sarcolema, o qual é constituído por uma membrana plasmática e uma membrana basal. Entre essas duas membranas estão as células satélites, que são mioblastos (células precursoras de fibras musculares) quiescentes, mas capazes de auxiliar em processos de regeneração e adaptações ao exercício. Abaixo do sarcolema e entremeando todas as fibras musculares existe o sarcoplasma, meio aquoso que contém todas as substâncias necessárias para o funcionamento das células musculares, tais como enzimas, partículas de gordura, glicogênio e organelas. Ao redor de cada fibra muscular existe um sistema de túbulos e vesículas altamente especializados, que garante a rápida chegada da onda de despolarização da superfície externa da fibra até o seu meio interno, onde é iniciada a contração muscular. Esse sistema recebe o nome de retículo sarcoplasmático, o qual contém bombas de íons Cálcio (Ca2+) responsáveis pela retirada ativa de Ca2+ do sarcoplasma após a contração muscular, mantendo a concentração basal deste íon e um ambiente favorável para a nova entrada de Ca2+ durante a contração muscular subsequente. O tecido muscular é também composto por água (75%), proteínas (20%), sais, ATP, lactato, minerais, íons, enzimas e nutrientes, além da mioglobina 14 (proteína carreadora de oxigênio no músculo). Estão ainda presentes artérias e veias (paralelas a cada fibra muscular), arteríolas, capilares e vênulas (dentro e ao redor do endomísio), garantindo assim perfusão adequada, com ótima nutrição, oxigenação e remoção de metabólitos e de dióxido de carbono. 4.1 Classificação Existem três tipos de células musculares e, portanto, três tipos de músculos: o liso, o estriado cardíaco e o estriadoesquelético. Músculo Liso: é involuntário e de movimentos lentos contínuos, pois são controlados pelo sistema nervoso central; Músculo Estriado Cardíaco: é o músculo responsável pelas contrações do coração, possui movimentos rápidos, porém involuntários, sendo controlado dessa forma pelo sistema nervoso central através do Bulbo. Músculo Estriado Esquelético: é o músculo responsável pelos movimentos do corpo, possui movimentos rápidos, e voluntários, pois é comandado de acordo com a vontade do indivíduo. Classificação dos músculos- Quanto à forma do ventre: Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os mais longos, podendo passar duas ou mais articulações. Exemplo: Bíceps braquial. Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que não exclui força nem especialização. Exemplo: Músculos da mão. Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes cavidades (tórax e abdome). Exemplo: Diafragma. Ao número de cabeças: 99% dos músculos só apresentam uma cabeça, não havendo classificação. Só se classificam as exceções. 15 Bíceps: um na região anterior do braço (bíceps braquial) e outro na região posterior da coxa (bíceps femural). Tríceps: um na região posterior do braço (tríceps braquial) e outro na região posterior da perna (tríceps sural = gastrocnêmio + sóleo). Quadríceps: região anterior da coxa. É formado por 04 músculos: reto femural, e vastos (medial, intermédio e lateral). Observação: Aplica-se injeção intramuscular nos músculos deltoide e glúteo, no adulto. E no vasto lateral em criança de pouca idade. Quanto à função: Agonista: quando ele é o principal responsável pela execução do movimento. Exemplo: flexores do dedo. Antagonista: realizam ações opostas ao agonista, regulando força e velocidade do movimento. Sinergistas: impedem a ação de movimentos indesejados causados pelo agonista durante sua ação. Exemplo: extensores do carpo. Fixadores ou posturais: ação está relacionada a manutenção do corpo em posição adequada para realizar o movimento. Exemplo: músculos eretores da coluna. Ao número de ventres: Monogástricos: apresentam somente um ventre. Correspondem a 99% dos músculos. Digástricos: apresentam dois ventres unidos por um tendão intermediário. Encontrados no pescoço: um da mandíbula para o osso temporal (músculo digástrico); do osso hioide até a omoplata (músculo Omohioideu). Poligástrico: apresentam vários ventres unidos por tendões intermediários. O único exemplo é o músculo reto do abdômen. Ao número de caudas: 16 Monocaudado: apresenta somente uma cauda. Corresponde a 99% dos músculos. Policaudado: apresenta de três a quatro caudas. É encontrado nas extremidades dos membros (músculos extensores e flexores dos dedos). No membro superior, a flexão é realizada por músculos anteriores, e a extensão feita por posteriores. No membro inferior, flexores são posteriores, e extensores são anteriores. À inserção: Esquelético: cabeça e cauda inserem-se no esqueleto. 99% dos músculos. Cutâneo: insere-se na tela subcutânea (pelo menos um dos seus tendões). Exemplo: músculos da expressão facial (músculos da mímica). Vascularização e inervação: A contração dos músculos esqueléticos obedece aos comandos do sistema nervoso central e às informações que chegam a eles por meio dos nervos. A energia necessária para realizar as contrações vem através do sangue arterial, dentro de cada músculo, na forma de oxigênio e nutrientes. Em injeções intramusculares, os músculos servem de reservatório para o medicamento, e os músculos mais utilizados para tal procedimento, são o deltoide e o glúteo máximo. Contração isométrica: o músculo entra em estado de tensão e não se encurta, auxiliando o músculo que executará o movimento. Contração isotônica: o músculo entra em estado de tensão e se encurta, executando o movimento desejado. 4.2 Anexos musculares Fáscia Muscular: dispositivo fibroso que envolve um músculo ou grupos musculares. Tem a função de ajudar o trabalho muscular, evitando gasto desnecessário de energia. 17 Bainha Fibrosa dos Tendões: dispositivo fibroso que se estende de um lado a outro do osso, formando um túnel osteofibroso para a proteção dos tendões. Se essa bainha não existisse, poderia ocorrer o rompimento da epiderme, derme e hipoderme, ou até mesmo desgaste do tendão, devido o contato com o osso. Bainha Sinovial dos Tendões: tem a função de lubrificar o tubo osteofibroso para evitar desgaste do tendão devido contato com o osso. Bolsa Sinovial dos Tendões: semelhante à Bainha Sinovial dos Tendões está presente onde tendões entram em contato com osso, ligamento ou quando a pele se move sobre uma superfície óssea. As bolsas sinoviais facilitam os movimentos, minimizando a fricção. 4.3 Principais músculos do corpo humano Músculos Da Cabeça: Occipito-frontal: Movimentação do couro cabeludo; Orbicular do olho: Fechamento do olho; Orbicular da boca: Fechamento da boca; Bucinador: Compressão das bochechas contra as maxilas e mandíbula, possibilitando o assobio e o sopro; Masseter, temporal: Elevação da mandíbula, favorecendo a mastigação. Músculos Do Pescoço: Plastima: Tração da pele do pescoço, tendo um papel estético. Esternocleidomastóide: Flexão da cabeça, em atuação conjunta com seu par, do outro lado do pescoço; rotação ou inclinação da cabeça, em atuação isolada. Músculos Do Dorso: Trapézio: Retração da escápula; Grande dorsal: Extensão e adução do braço. Músculos do Abdome: Reto abdominal: Flexão do tronco; Oblíquo externo, oblíquo interno e transverso abdominal: Flexão, inclinação e rotação do tronco. 18 Músculos Do Tórax: Peitoral maior: Adução do braço; Intercostais internos: Expiração forçada; Intercostais externos: Inspiração; Diafragma: Principal músculo inspiratório. Músculos Do Membro Superior: Deltoide: Abdução do membro superior; Bíceps braquial: Flexão e supinação do antebraço; Tríceps braquial: Extensão do antebraço; Flexor do carpo e dedos: Flexão do carpo ou das falanges; Extensor do carpo e dedos: Extensão do carpo ou das falanges. Músculos Do Membro Inferior: Glúteo máximo: Extensão e rotação da coxa; Quadríceps femoral: Extensão da perna; apresenta quatro porções: reto femoral, vasto medial, intermédio e lateral; Adutor da coxa: Adução da coxa; Posterior da coxa: Flexão da perna; Anterior da perna: Participação na dorsiflexão do pé e na extensão dos dedos; Posterior da perna, como gastrocnêmico: Flexão plantar do pé; extensão do pé sobre a perna, com importante função na marcha, entre outras. A Síndrome da dor femoropatelar (SDFP) é uma das afecções mais comuns da articulação do joelho encontrada nos adolescentes e adultos jovens. Representa cerca de 25% de todas as lesões da articulação do joelho tratadas nas clínicas de medicina esportiva, sendo que afeta principalmente o sexo feminino. (LEE, 2003, apud NAKAGAWA, 2008). 19 5 SISTEMA CARDIOVASCULAR Fonte: icor.med.br O papel do sistema cardiovascular é manter a perfusão tecidual, garantindo que o sangue arterial rico em oxigênio e nutrientes chegue a todas as células que compõe o nosso organismo, removendo também da intimidade das células o gás carbônico e produtos nitrogenados produzidos pelo metabolismo celular. A pressão necessária para que o sangue circule é gerada pela atividade cardíaca e o fluxo sanguíneo é conduzido pela aorta, artérias e arteríolas até os capilares, vasos extremamente finos onde as trocas se realizam. Dos capilares o sangue, com menor teor de oxigênio e maior teor de gás carbônico após a troca com o líquido intersticial, retorna ao coração pelas vênulas e veias. Esta é a circulação sistêmica. Do coração o sangue venoso é direcionadoà circulação pulmonar, ou seja, aos pulmões e capilares pulmonares, onde volta a ser oxigenado e libera o gás carbônico ao ar ambiente. O sangue arterial retorna ao ventrículo esquerdo, reiniciando o processo. O sangue flui continuamente pelo sistema circulatório através da atividade conjunta do coração (que gera a pressão sanguínea), dos vasos arteriais (que oferecem resistência à circulação do sangue e proporcionam distribuição adequada 20 do sangue aos diferentes territórios) e dos vasos venosos (que funcionam como um reservatório de sangue). Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), 20% da população tem algum tipo de arritmia. E um levantamento junto com o Ministério da saúde 80 a 90% das mortes súbitas estão relacionadas as arritmias cardíacas (SOBRAC,2018, apud MULLER, 2019). 5.1 Hemodinâmica da circulação A diferença de pressão entre os diferentes compartimentos do sistema circulatório mantém o sangue circulando no organismo. A pressão é gerada na raiz da aorta pela atividade cíclica do coração, que engloba fases: a diástole ou relaxamento das câmaras cardíacas durante a qual ocorre o enchimento do coração, e, a sístole ou contração, que se presta ao esvaziamento das câmaras cardíacas. Portanto, o ventrículo esquerdo ao se contrair ejeta um volume de sangue na aorta. As paredes da aorta são como bandas elásticas que se esticam durante a ejeção do sangue (sístole), armazenando parte da energia cinética gerada pelo coração e, ao se relaxarem durante a diástole, retornam a energia armazenada à circulação, garantindo um gradiente de pressão durante todo o ciclo cardíaco. Este efeito, associado à resistência oferecida pelas artérias de menor calibre (arteríolas) que evitam a saída instantânea do sangue do leito arterial durante a sístole, garantem a perfusão dos capilares também durante a diástole. Há também ao nível das arteríolas, queda acentuada dos níveis de pressão arterial, a qual continua caindo de forma mais gradual durante o trajeto pelos capilares, vênulas e veias. Os mecanismos de controle da pressão arterial são: Controle miogênico: Variações compensatórias do calibre dos vasos ocorrem em resposta a variações instantâneas de fluxo e pressão, de forma a manter constante o fluxo sanguíneo. Aumento da velocidade de fluxo causa maior atrito entre as camadas de sangue em movimento e o endotélio vascular, aumentando o estresse (ou tensão) de cisalhamento. Controle neural: É o controle instantâneo da pressão comandado pelos barorreceptores arteriais (estruturas sensíveis a deformações da parede arterial, ativadas por variações para mais e para menos dos níveis de pressão) que 21 desencadeiam mecanismos neurais, os quais determinam respostas reflexas que trazem de volta a pressão a seu nível controle, mantendo-o dentro de uma estreita faixa de variação. Controle renal: É um mecanismo de ação mais em longo prazo que regula o volume sanguíneo (volemia) por meio de retenção ou eliminação de sais e água através de mecanismos renais. Controle hormonal: É um importante coadjuvante do controle da pressão arterial, que engloba a ação de vários hormônios como a angiotensina II, a aldosterona e a vasopressina. A angiotensina II tem ação vasoconstritora e trófica, aumentando a resistência oferecida à circulação do sangue e consequentemente a pressão arterial. Por sua vez a vasopressina age nos dutos coletores renais aumentando a reabsorção de água, enquanto que a aldosterona age nos túbulos renais aumentando a reabsorção ativa de sódio (e água passivamente). Estes efeitos contribuem de forma importante para a manutenção da volemia. 5.2 Veias importantes do corpo humano Veias da circulação pulmonar (ou pequena circulação): As veias que conduzem o sangue que retorna dos pulmões para o coração após sofrer a hematose (oxigenação), recebem o nome de veias pulmonares. São quatro veias pulmonares, duas para cada pulmão, uma direita superior e uma direita inferior, uma esquerda superior e uma esquerda inferior. As quatro veias pulmonares vão desembocar no átrio esquerdo. São formadas pelas veias segmentares que recolhem sangue venoso dos segmentos pulmonares. Veias da circulação sistêmica (ou da grande circulação): duas grandes veias desembocam no átrio direito trazendo sangue venoso para o coração são elas veia cava superior e veia cava inferior. Temos também o seio coronário que é um amplo conduto venoso formado pelas veias que estão trazendo sangue venoso que circulou no próprio coração. Veia cava superior: origina-se dos dois troncos braquiocefálicos (ou veia braquiocefálica direita e esquerda). Cada veia braquiocefálica é constituída pela 22 junção da veia subclávia (que recebe sangue do membro superior) com a veia jugular interna (que recebe sangue da cabeça e pescoço). A veia cava inferior é formada pelas duas veias ilíacas comuns que recolhem sangue da região pélvica e dos membros inferiores. O seio coronário recebe sangue de três principais veias do coração: veia cardíaca magna, veia cardíaca média e veia cardíaca parva ou menor. 5.3 Coração O coração é um órgão oco, formado por um tipo especial de músculo, o músculo estriado cardíaco, que só existe nele e não obedece a comandos voluntários. Essa musculatura é chamada de Miocárdio e está recoberta interna e externamente por membranas, que são finas camadas de tecido. A membrana interna do miocárdio é o endocárdio, e a externa é o epicárdico. O coração fica dentro de um saco fibroso, o pericárdio, que tem função de protegê-lo e fixá-lo. Anatomicamente, o coração se localiza no tórax, atrás do osso esterno, no espaço chamado de mediastino, situado entre os dois pulmões. O coração tem o trabalho de impulsionar o sangue, através do sistema de vasos sanguíneos, a todos os locais do corpo. Dessa forma podemos observar duas etapas no trabalho do coração: A Sístole é o momento em que o coração se contrai, expulsando o sangue para as artérias; A Diástole ocorre quando o coração se relaxa, enchendo-se passivamente com o sangue das veias. Essas etapas se sucedem gradativamente num movimento de sístole – diástole – sístole – diástole, provocando assim a circulação do sangue. As alterações do ritmo cardíaco ou das conduções dos estímulos podem ser letais (morte súbita), ser sintomáticas (síncopes, tonturas, palpitações, etc.) ou assintomáticas, e , com as arritmias, o coração pode não ser capaz de bombear sangue suficiente para o corpo, o que pode danificar cérebro, outros órgãos e o próprio coração (SOBRAC,2018, apud MULLER, 2019). O coração não é simplesmente um grande saco muscular contrátil oco, pois, se assim fosse, haveria a mistura do sangue arterial com o venoso da grande e pequena 23 circulação. Essa mistura não ocorre exatamente porque o coração humano, após o nascimento, possui quatro cavidades: Dois Átrios, um esquerdo e um direito, situados acima e atrás no coração. Essa localização é determinada pela forma e pela posição do coração: um cone com base para cima, situado de modo oblíquo no mediastino, tendo a ponta voltada para frente, para baixo e para a esquerda. O átrio direito recebe o sangue da circulação pulmonar; Dois ventrículos, também um direito e um esquerdo, localizados embaixo e na frente dos átrios. O ventrículo direito impulsiona o sangue para a circulação pulmonar e o esquerdo para a circulação sistêmica. Cada átrio comunica-se com o ventrículo por meio de uma estrutura denominada Válvula. Elas são formadas por duas ou três partes, as cúspides. Do lado direito do coração temos a Válvula tricúspide. E do lado esquerdo temos a Válvula bicúspide (mitral). Os ventrículos expulsam o sangue por meio das artérias. A artéria Pulmonar expulsa o sangue do ventrículo direito para os pulmões, e a artéria aorta, do ventrículo esquerdo para a grande circulação.Ambas possuem válvulas em sua origem, tanto a válvula pulmonar como a aorta têm três cúspides. 5.4 Circulação coronariana Esse tipo de circulação ocorre devido à necessidade do coração de ser irrigado, e isso é feito pelas artérias coronárias e veias coronári0as. Quando as artérias coronárias estão ocluídas, ocorre o enfarto do miocárdio. 5.5 Circulação sistêmica A circulação sistêmica ocorre para levar oxigênio dos pulmões para o corpo e retirar o gás carbônico encontrado no corpo e levá-lo aos pulmões para serem eliminados. 24 5.6 Artéria aorta A Artéria Aorta sai do ventrículo esquerdo levando o sangue por meio de seus ramos, sendo distribuindo para o corpo. A Aorta subdivide-se em: duas artérias subclávias (no braço recebe o nome de braquial, no cotovelo se divide em radial e ulnar), duas artérias carótidas comuns, artéria renal, ilíaca interna e externa, femoral, poplítea (tibial anterior e a tibial posterior). 5.7 Drenagem venosa A drenagem do sangue é realizada pelas veias, visto que as mesmas possuem válvulas que impedem o refluxo de sangue, fazendo com que o mesmo flua no sentido do coração. No membro superior a drenagem é feita pelas veias cefálica e a basílica, na cabeça a drenagem é feita pelas veias jugulares externas e internas. No membro inferior temos a safena magna (mais longa do corpo), a safena parva, e a femoral. O sangue do intestino é drenado pela veia porta. 5.8 Drenagem linfática Quando o sangue passa nos capilares, ocorre uma perda de líquido que vai para o interstício, que as veias não dão conta de recolher. Esse líquido é chamado de Linfa. Este é então drenado por um sistema de vasos especiais, os vasos linfáticos, que são estruturas com fundo cego, ou seja, com a forma de dedo de luva. O objetivo da drenagem linfática manual é promover diferenciações de pressões para que ocorra o deslocamento da linfa para o sistema sanguíneo. A primeira lei para a realização da drenagem linfática é a de realizar os movimentos em direção ao fluxo linfático, para evitar que a linfa force as válvulas e acabe danificando-as. (GODOY, 2011, apud OPORTUNS, 2019). 25 6 SISTEMA RESPIRATÓRIO Fonte: infoescola.com 6.1 Estrutura e função O sistema respiratório tem como principais funções: Realizar trocas gasosas através da ventilação pulmonar, um processo pelo qual o ar ambiente rico em oxigênio entra nos pulmões permitindo a oxigenação do sangue e a retirada de dióxido carbônico, e sua volta ao meio ambiente trazendo o excesso de dióxido carbônico; Manter o equilíbrio ácido-base na circulação, funções estes importantes para a manutenção da homeostase do organismo. Este sistema é composto por vias aéreas superiores (cavidades oral e nasal) onde o ar é umidificado, aquecido e filtrado; zona condutora, (traqueia, brônquios e bronquíolos) onde o ar é conduzido; e a zona respiratória, composta pelos alvéolos, onde ocorre a ventilação pulmonar, o processo de trocas gasosas entre o sangue e o ar ambiente que chega aos alvéolos. O tecido pulmonar é entre os demais tecidos, o que recebe maior aporte de sangue em todo organismo, correspondendo ao débito cardíaco. O transporte do oxigênio que chega aos alvéolos é realizado 97% pela hemoglobina (molécula carreadora de oxigênio) presente nas hemácias e 3% dissolvido no plasma. Já o transporte de gás carbônico 26 é realizado 5% dissolvido no plasma, 60-80% na forma de bicarbonato de sódio e 20% como composto carbamínico. 6.2 Mecânica da ventilação O ar flui para dentro ou para fora dos pulmões devido às diferenças de pressão criadas pelo aumento ou pela redução no volume torácico. O diafragma é o maior músculo da ventilação. Possui uma estrutura músculo fibrosa em forma de cúpula, e está localizado entre as cavidades torácica e abdominal. É composto por dois músculos: os hemidiafragmas direito e esquerdo. O diafragma possui aberturas que permitem a passagem do esôfago, da aorta, dos nervos e da veia cava inferior. HESS (2002) afirma que o diafragma é um músculo inervado pelo nervo frênico, que parte do sistema nervoso central entre as vértebras cervicais 3 e 5, e auxilia no controle da respiração. Durante a inspiração, ocorre a contração dos músculos intercostais, que provocam a elevação das costelas, e a contração do diafragma, que abaixa o assoalho da cavidade torácica, aumentando seu tamanho e determinando a expansão pulmonar, fazendo com que o ar entre nos pulmões. Por outro lado, na expiração, as costelas oscilam para baixo e o diafragma retorna para uma posição relaxada; com isso, a redução da cavidade torácica acaba por forçar a saída do ar. O movimento realizado pelo diafragma durante a inspiração e a expiração é classicamente chamado de alça de balde. (HESS et al., 2002, apud MCARDLE et al., 2007). O padrão rítmico da respiração e os ajustes que ocorrem nessa ação particular está integrado em porções do tronco cerebral, conhecidas como centro respiratório. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos a partir desse centro pelo bulbo ou medula oblonga, para os músculos da respiração (HESS et al., 2002). 27 O centro respiratório se divide em três grupamentos maiores de neurônios: o grupo respiratório dorsal do bulbo, localizado na porção dorsal do bulbo, responsável principalmente pela inspiração; o grupo respiratório ventral, localizado na parte ventrolateral do bulbo, encarregado basicamente da expiração; e o centro pneumotáxico, encontrado na porção dorsal superior da ponte, incumbido essencialmente do controle da frequência e da profundidade respiratórias (MCARDLE et al., 2007, apud WILMORE, et al, 2007). A capacidade de alterar a frequência e a amplitude respiratória, visa a atender às demandas por oxigênio, além de eliminar adequadamente o gás carbônico. Por exemplo, se o sangue se tornar mais ácido devido ao aumento do gás carbônico, o centro respiratório induz a aceleração dos movimentos respiratórios. Dessa forma, tanto a frequência como a amplitude da respiração aumentam devido à sua excitação. Na situação contrária, com a depressão do centro respiratório, ocorre a diminuição da frequência e da amplitude respiratórias (HESS et al., 2002). 6.3 Vias aéreas As Vias aéreas são estruturas que compõem o trajeto tubular por onde o ar passa desde que entra em nosso organismo até chegar aos alvéolos. Nos pulmões, ocorre a troca gasosa. É também por esse mesmo trajeto que o ar sai do nosso corpo para o ambiente, no momento da expiração. Além de conduzir o ar, as vias aéreas ainda o aquecem e o umidificam, o que é muito importante para o bom funcionamento do pulmão. As vias aéreas são formadas por: Superiores: nariz, fossas nasais, faringe; Inferiores: laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. O VO2máx é uma variável importante para o desempenho de atletas de corrida porém não a única. Variáveis de sobrecarga podem auxiliar no planejamento do treino para atletas como o volume, a intensidade, a densidade e a frequência. (LORENZ et al, 2013, apud NEVES, 2019). Fossas nasais: As fossas nasais também chamadas de cavidades nasais constituem a primeira parte das vias aéreas. Elas se abrem externamente pelas narinas, situadas no nariz, um órgão composto de ossos e cartilagens. Sua abertura é formada pelas asas do nariz e pelo septo nasal. A cavidade nasal é forrada por uma 28 membrana mucosa cujas células possuem cílios que se mexem ritmicamente e ajudam na limpeza do ar, retendo suas impurezas, no muco que elas produzem. Nas partes laterais das fossas nasais estão às conchas, entre as conchas os seios paranasais. Faringe: Por meio das coanas, as fossas nasais se abrem para a faringe, um espaço situado posteriormente às fossas nasais, aboca e a laringe. A faringe pertence tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório, e é nela que ocorre o cruzamento aéreo-digestivo, onde a comida é deglutida, pois passa pelo mesmo local em que o ar é inspirado. É isso que pode provocar o engasgo, ou seja, a entrada de alimento no trato respiratório, quando a pessoa fala e deglute ao mesmo tempo. Laringe: Depois de passar pela faringe, o ar chega à laringe (estrutura formada por várias cartilagens), com importante função na fonação (falar), já que é nela que se encontram as cordas vocais. Traqueia: A traqueia é um tubo cilíndrico reto, formado por 16 a 20 anéis de cartilagem em forma de C, com a abertura para trás e fechado por uma camada de músculo liso. No seu ponto final a traqueia se divide num ponto chamado Carina, dando origem aos brônquios primários. Brônquios e bronquíolos: Os brônquios primários são dois, um direito e um esquerdo, sendo um para cada pulmão. Nos pulmões eles se subdividem em brônquios secundários ou lobares, assim chamados porque correspondem aos lobos pulmonares. Os brônquios secundários são cinco, sendo três para o pulmão direito e dois para o esquerdo. Após várias divisões dos brônquios, surgem os bronquíolos, com aproximadamente 1 mm de espessura e que, por sua vez, também se subdividem, até surgirem os bronquíolos respiratórios, que possuem alvéolos em sua parede. Pulmões: São órgãos alongados, de aparência esponjosa, divididos em partes denominadas lobos. São dois lobos no pulmão esquerdo (superior e inferior) e três no direito (superior, médio e inferior). Os pulmões são revestidos externamente por uma membrana dupla: a pleura, que tem função de proteger e permitir o deslizamento dos pulmões durante a respiração. A pleura tem um folheto parietal (membrana em contato com as costelas) e um visceral (membrana em contato com os pulmões). Entre esses 29 dois folhetos, há um espaço pleural preenchido pelo líquido pleural, que atua como lubrificante. Os pulmões são constituídos por imensa quantidade de alvéolos (mais de 500 milhões) aos quais chega o ar que passa pelos bronquíolos. Os alvéolos são responsáveis pela troca gasosa (hematose), onde o ar com gás carbônico é eliminado e o ar com o oxigênio é levado para os tecidos, pelo sangue. 6.4 Mecânica Respiratória A caixa torácica é relativamente rígida e tem o músculo diafragma em sua abertura inferior. Quando o diafragma se contrai, ele baixa e o volume da caixa torácica aumenta. Esse aumento de volume faz com que a pressão interna na caixa torácica diminua, tornando-se menor que a do ar atmosférico. Isso faz com que o ar penetre pelas vias aéreas para igualar a pressão, e aí ocorre uma inspiração. O processo de expiração é um pouco diferente: o diafragma se relaxa e a elasticidade pulmonar diminui o volume torácico, fazendo com que o ar seja expulso pelas vias aéreas. 7 SISTEMA DIGESTÓRIO Fonte: exercicioemcasa.com.br 30 Quando ingerimos qualquer alimento, o sistema digestório transforma esse alimento em substâncias microscópicas, que recebem o nome genérico de nutrientes (as proteínas, os lipídios os carboidratos, as vitaminas e os sais minerais). Esses nutrientes são então absorvidos por órgãos do sistema digestório, para serem utilizados na estruturação de nossas células e tecidos e na produção da energia necessária as suas funções. O tubo do sistema digestório leva o alimento da boca até o ânus, transformando-o durante todo o caminho e preparando-o para a absorção nas partes mais distais. Ele é composto pelos seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Já as glândulas anexas despejam suas secreções no tubo digestivo, ajudando a transformar o alimento. São elas: as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas. 7.1 Boca A boca, ou cavidade oral é a primeira parte do tubo digestivo. É por ela que o alimento entra em estado bruto, é cortado, triturado e sofre a ação enzimática da saliva. Externamente ela é limitada pelos lábios e bochechas, superiormente pelo palato e inferiormente pelo assoalho. Na parte posterior, a boca se comunica com a faringe. Na boca as estruturas auxiliadoras da digestão são os dentes e a língua, juntamente com as glândulas salivares. 7.2 Dentes Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior e mandíbula, cuja atividade principal é a mastigação. Estão implicados, de forma direta, na articulação das linguagens. Os nervos sensitivos e os vasos sanguíneos do centro de qualquer dente estão protegidos por várias camadas de tecido. A mais externa, o esmalte, é a substância mais dura. Sob o esmalte, circulando a polpa, da coroa até a raiz, está situada uma camada de substância óssea chamada dentina. A cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado. Um tecido duro chamado cemento separa a raiz do 31 ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente à gengiva e à mandíbula, na estrutura e composição química assemelha- se ao osso; dispõe-se como uma fina camada sobre as raízes dos dentes. Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo. Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes de leite. À medida que os maxilares crescem, estes dentes são substituídos por outros 32 do tipo permanente. As coroas dos dentes permanentes são de três tipos: os incisivos, os caninos ou presas e os molares. Os incisivos têm a forma de cinzel para facilitar o corte do alimento. Atrás dele, há três peças dentais usadas para rasgar. A primeira tem uma única cúspide pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados pré-molares, cada um com duas cúspides. Atrás ficam os molares, que têm uma superfície de mastigação relativamente plana, o que permite triturar e moer os alimentos. 7.3 A língua A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo, azedo ou ácido, salgado e doce. De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. A língua é um órgão muscular revestido por mucosa e que exerce importantes funções na mastigação e na deglutição, como órgão gustativo e na articulação da palavra. Sua face superior é denominada dorso da língua (DANGELO, et al, 2011, apud DA SILVA, 2017). 7.4 As glândulas salivares A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose 32 (dissacarídeo). Três pares de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular e sublingual. Glândula parótida - Com massa variando entre 14 e 28 g, é a maior das três; situa-se na parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha. Glândula submandibular - É arredondada, mais ou menos do tamanho de uma noz. Glândula sublingual - É a menor das três; fica abaixo da mucosa do assoalho da boca. Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro (7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas, levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias.Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago. 7.5 Mastigação A mastigação e a deglutição são as primeiras etapas no processamento do alimento ingerido, sendo assim preparado para a digestão e a absorção. A mastigação tem três funções: Mistura o alimento com a saliva, lubrificando-o e facilitando a deglutição; reduz o tamanho das partículas do alimento, o que facilita a deglutição (embora o tamanho das partículas deglutidas não tenha qualquer efeito sobre o processo digestivo); e mistura os carboidratos ingeridos com a amilase salivar para iniciar neles a digestão. O mastigar tem componentes voluntários tanto quanto involuntários. Os involuntários envolvem os reflexos iniciados pelo alimento na boca. A informação sensorial é retransmitida dos mecanorreceptores na boca para o tronco encefálico, que orquestra o padrão reflexo de atividade rítmica que envolve a mastigação. A 33 mastigação voluntária pode se sobrepor à mastigação involuntária, ou reflexa, a qualquer momento. 7.6 Deglutição A deglutição é um processo fisiológico que ocorre devido às ações neuromusculares envolvendo nervos cranianos sensitivos, motores e parassimpáticos. Desta função ainda participam ossos e musculaturas como outras estruturas. (PINTO, 2008, apud ZANCAN, 2016). A deglutição é iniciada voluntariamente na boca, mas daí em diante ela estará sob o comando involuntário, ou reflexo. A porção reflexa é controlada pelo centro da deglutição, localizado no bulbo. A informação sensorial (por exemplo: alimento na boca) é detectada por receptores somatossensoriais situados na faringe. Essa informação sensorial, ou aferente, é transportada, para o centro da deglutição bulbar, pelos nervos vago e glossofaríngeo. O bulbo coordena a informação sensorial e direciona a saída motora, ou eferente, para os músculos estriados da faringe e do esôfago superior. O processo de deglutição consiste de três fases: oral, faríngea e esofágica. A fase oral é voluntária, e a faríngea e a esofágica são controladas por reflexos. Fase oral: A fase oral é iniciada quando a língua força o bolo alimentar para trás em direção à faringe que contém alta densidade de receptores somatossensoriais. Fase faríngea: O propósito da fase faríngea é o de propelir o bolo alimentar da boca através da faringe para o esôfago, nas seguintes etapas: O palato mole é elevado, criando estreita passagem para o alimento se deslocar para a faringe, de modo que não reflua para a nasofaringe. A epiglote se move para cobrir a abertura da laringe, e a laringe se move para cima contra a epiglote, para evitar que o alimento penetre na traqueia. O esfíncter esofágico superior se relaxa, permitindo que o alimento passe da faringe para o esôfago. Onda de contração peristáltica é iniciada na faringe e propele a comida pelo o esfíncter aberto. A respiração é interrompida durante a fase faríngea da deglutição. 34 Há a hipótese relatada de que a fisiologia para a ação faríngea da deglutição seja uma ação reflexa polissináptica que desencadeia acomodações morfofuncionais conforme a descida do bolo pressurizado, enviado da cavidade oral, pela ejeção oral, para a câmara faríngea. (COSTA, 2013, apud ZANCAN, 2016). Fase esofágica: A fase esofágica da deglutição é controlada, em parte, pelo reflexo de deglutição e, em parte, pelo sistema nervoso entérico. Na fase esofágica, a comida é propelida pelo esôfago até o estômago. Uma vez que o bolo alimentar tenha passado pelo esfíncter esofágico superior, na fase faríngea, o reflexo da deglutição fecha esse esfíncter, de modo que o alimento não possa refluir para a faringe. Onda peristáltica primária, também coordenada pelo reflexo de deglutição, cursa para a parte inferior do esôfago, propelindo o alimento. Se a onda peristáltica primária não retirar toda a comida do esôfago, onda peristáltica secundária é iniciada pela distensão continuada do esôfago. A onda secundária é mediada pelo sistema nervoso entérico, se inicia no local da distensão e se desloca para baixo. 7.7 Faringe É um órgão muscular situado posteriormente às cavidades nasais, à boca, e à laringe, com a forma de um tubo de aproximadamente 12 cm de comprimento. Sua função é conduzir o bolo alimentar para o esôfago, embora ela também atenda ao sistema respiratório. A faringe é rica em tecido linfoide, ou seja, células do sistema imunológico que protegem o nosso organismo das infecções. É esse tecido, inclusive, que constitui as tonsilas palatinas, popularmente chamadas de amídalas, e a tonsila faríngea, conhecida vulgarmente como adenoide. 7.8 Laringe A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está relacionado com suas funções de respiração e fonação. https://www.todamateria.com.br/traqueia/ 35 Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda nos homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz. As cartilagens que constituem a laringe são: Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma proeminência popularmente chamada de pomo-de-adão. Protege as cordas vocais. Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte inferior da laringe, ligando-a à traqueia. Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais. Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a comunicação da laringe com a traqueia durante a deglutição, impedindo que o alimento entre nas vias aéreas. A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o principal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe o ar vindo da faringe e evita que alimentos passem para a traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a deglutição. 7.9 Esôfago É um órgão muscular cilíndrico, em forma de tubo, de aproximadamente 25cm de comprimento, que atravessa o pescoço e o tórax e passa por uma abertura do diafragma, penetrando no abdome, onde tem uma pequena porção. O esôfago conduz o bolo alimentar por meio de movimentos ondulatórios chamados de movimentos peristálticos, que empurram o alimento para adiante, no tubo digestivo. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorrê-lo. 36 7.10 Estômago Do esôfago, o bolo alimentar chega ao estômago, que é uma dilatação do tubo digestivo. Ele se localiza logo abaixo do diafragma, projetando-se medianamente e à esquerda, na parte superior do abdome. O estômago serve como reservatório para alimentos ingerido, que ali são armazenados e misturados com as secreções gástricas. Forma-se, assim uma massa semilíquida, denominada quimo, que vai sendo progressivamente liberada para o intestino delgado, de acordo com sua capacidade de absorção. O estômago está dividido em cinco partes, e segmentos: Cárdia: a região em que ele se junta ao esôfago; Corpo: a porção central, onde ocorre secreção de enzimas digestivas que se misturam com o bolo alimentar; Fundo: porção mais alta, que serve como reservatório; Antro: porção mais distal, que ajuda na mistura do alimento com as secreções para produzir o quimo; Piloro: que é um esfíncter, um músculo circular. Sua função é regular a velocidade de saída do quimo para o intestino delgado. O mecanismo de ação dos probióticos ainda não está inteiramente elucidado. São atribuídas a eles várias ações positivas como o auxílio na digestão e absorção de nutrientes; ação inibitória no crescimento de bactérias patogênicas (produção de bacteriocinas); produção de ácido lático que reduz o pH do meio, exercendo efeito antibacteriano, produção de metabólitos que inibem bactérias Gram negativas e positivas patogênicas; competição por sítiosde adesão; produção de vitaminas do grupo B; estímulo do sistema imune através da ativação dos macrófagos; ativação do sistema imune contra células malignas e, restauração da microbiota intestinal (CASTRO, 2003, apud FRANÇA, 2008). O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido, que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação. A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do ácido clorídrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em pepsina (enzima que catalisa a digestão de proteínas). 37 A pepsina, ao catalisar a hidrólise de proteínas, promove o rompimento das ligações peptídicas que unem os aminoácidos. Como nem todas as ligações peptídicas são acessíveis à pepsina, muitas permanecem intactas. Portanto, o resultado do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos e aminoácidos livres. A renina, enzima que age sobre a caseína, uma das proteínas do leite, é produzida pela mucosa gástrica durante os primeiros meses de vida. Seu papel é o de flocular a caseína, facilitando a ação de outras enzimas proteolíticas. A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas). A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à absorção da vitamina B12. O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão. 38 8 INTESTINO DELGADO Fonte: noticiasr7.com O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura e compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este esvazia seu conteúdo no intestino. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas. O pâncreas é uma grande glândula localizada logo abaixo do estômago. Ele funciona tanto como uma glândula endócrina (secretando hormônios no fluido sanguíneo e tecidual, sem ductos) quanto como uma glândula exócrina (secretando outras substâncias através de ductos a porção externa do organismo) (PURVES et al., 2005, apud DA SILVA, 2017). Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas). O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do suco 39 pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucleicos. A amilase pancreática fragmenta o amido em moléculas de maltose; a lípase pancreática hidrolisa as moléculas de um tipo de gordura (os triacilgliceróis), originando glicerol e álcool; as nucleases atuam sobre os ácidos nucleicos, separando seus nucleotídeos. O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimotripsina. Sendo produzidas na forma inativa, as proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do duodeno, o tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas células da mucosa intestinal, convertendo-se em tripsina, que por sua vez contribui para a conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimotripsina, enzima ativa. A tripsina e a quimotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimotripsina rompem ligações peptídicas específicas ao longo das cadeias de aminoácidos. A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridases, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarose, lactase, maltase). No suco entérico há enzimas que dão sequência à hidrólise das proteínas: os oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos. Mais de 40 diferentes tipos histopatológicos de neoplasia ocorrem no intestino delgado, porém mais de 95% dos casos malignos são adenocarcinomas, tumores estromais gastrintestinais (GIST - gastrointestinal stromal tumors), carcinoides ou linfomas. O diagnóstico desses tumores muitas vezes é tardio, devido a sintomas inespecíficos, ocorrendo normalmente em uma complicação aguda da doença. Em um estágio sintomático, mais de 50% dos casos apresentam doença metastática. (TALAMONTI, 2002, apud NEGOI, 2015). https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-BRBR884BR884&sxsrf=ALeKk027loYnERIebnuTqiHVfka5R1J5HQ:1587142437405&q=quimotripsina&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwilyMGp9u_oAhWyGbkGHWTEDU8QBSgAegQIERAq https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-BRBR884BR884&sxsrf=ALeKk027loYnERIebnuTqiHVfka5R1J5HQ:1587142437405&q=quimotripsina&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwilyMGp9u_oAhWyGbkGHWTEDU8QBSgAegQIERAq https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-BRBR884BR884&sxsrf=ALeKk027loYnERIebnuTqiHVfka5R1J5HQ:1587142437405&q=quimotripsina&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwilyMGp9u_oAhWyGbkGHWTEDU8QBSgAegQIERAq https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEU_pt-BRBR884BR884&sxsrf=ALeKk027loYnERIebnuTqiHVfka5R1J5HQ:1587142437405&q=quimotripsina&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwilyMGp9u_oAhWyGbkGHWTEDU8QBSgAegQIERAq 40 9 INTESTINO GROSSO Fonte: brasilescola.com.br É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. Uma pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou 9 litros de água das secreções. As glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal. Ceco: porção inicial onde os restos do quilo não absorvido passam do intestino delgado para o grosso pela válvula ileocecal. É aí que fica o apêndice vermiforme, rico em tecido linfoide e cuja função nos seres humanos não está bem determinada. Colo: a maior parte do intestino grosso, onde ocorre a absorção de sais minerais e água, reduzindo o volume do bolo fecal. Reto: parte terminal do intestino grosso, onde o resto do quilo não absorvido, e já sob a ação de bactérias que habitam a flora intestinal,é eliminado pelo ânus, na forma de fezes. 41 Os parasitas intestinais acometem doenças nos seres humanos e também nos animais, podendo causar risco à saúde pública por ser uma zoonose, pois, a convivência do ser humano com animais de estimação é um dos fatores para transmissão dos parasitas, com mais ênfase nas as famílias de baixa renda, ou seja, famílias pobres (ZAIDEN et al., 2008, apud DA SILVA, 2019). Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades. As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente só absorve água,(em quantidade bastante consideráveis), condensando os nutrientes até formar detritos inúteis, que são evacuados. 10 PÂNCREAS Fonte: sonoticiaboa.com.br O pâncreas secreta dois hormônios peptídicos importantes, a insulina e o glucagon, cujas funções coordenadas regulam o metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e dos aminoácidos. O pâncreas endócrino também secreta somatostatina e 42 polipeptídeo pancreático, cujas funções são menos bem estabelecidas. As células endócrinas do pâncreas são organizadas em aglomerados chamados ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans). Existe cerca de 1 milhão de ilhotas pancreáticas, cada uma contendo cerca de 2.500 células. As ilhotas contêm quatro tipos de células, e cada célula secreta hormônio ou peptídeo diferente. As células β compõem 65% da ilhota e secretam insulina. As células a compõem 20% da ilhota e secretam glucagon. As células delta (δ) compõem 10% da ilhota e secretam somatostatina. As células remanescentes secretam polipeptídeo pancreático ou outros peptídeos. O núcleo central da ilhota pancreática contém, principalmente, células β, e as células α são distribuídas ao redor da borda externa. As células δ são interpostas entre as células α e β, e seu contato íntimo com os outros tipos de células sugere função parácrina. Há três maneiras pelas quais as células das ilhotas pancreáticas se comunicam umas com as outras e, assim, alteram a secreção umas das outras (mecanismos parácrinos). As junções comunicantes conectam células α umas às outras, células β umas às outras e células α a células β. Essas junções comunicantes possibilitam a rápida comunicação entre as células, pelo fluxo de corrente iônica ou pela transferência de moléculas. As ilhotas recebem cerca de 10% do fluxo sanguíneo pancreático total. O suprimento sanguíneo do pâncreas endócrino é organizado de modo que o sangue venoso de um tipo de célula banhe os outros tipos celulares. Pequenas artérias entram no núcleo da ilhota, distribuindo sangue por malha de capilares fenestrados e convergentes em vênulas que transportam o sangue para a borda da ilhota. Assim, o sangue venoso das células β, transporta a insulina para as células α e δ. As ilhotas são inervadas por neurônios adrenérgicos, colinérgicos e peptidérgicos. As células δ têm, até mesmo, aparência “neuronal” e enviam processos semelhantes a dendritos para as células β, sugerindo comunicação neural intra ilhota. O transplante de ilhotas pode restaurar a euglicemia e eliminar a hipoglicemia grave em pacientes com diabetes tipo 1. As limitações do transplante de ilhotas intra-hepáticas incluem um volume restrito de tecido de transplante, sangramento com a colocação do transplante, exposição a altos níveis de drogas imunossupressoras após o transplante e o desencadeamento de uma resposta inflamatória imediata mediada pelo sangue. (CANTARELLI, 2011, apud DAVID, 2017). 43 10.1 Insulina A insulina, que é sintetizada e secretada pelas células β, foi o primeiro hormônio a ser isolado de fontes animais em forma que poderia ser administrada, terapeuticamente, em humanos; o primeiro hormônio a ter sua estrutura primária e terciária determinada; o primeiro hormônio conhecido por ser sintetizado de precursor maior (pró-hormônio); e o primeiro hormônio a ser sintetizado com a tecnologia do DNA recombinante. Estrutura e Síntese de Insulina: A insulina é um hormônio peptídico consistindo de duas cadeias lineares, a cadeia A (21 aminoácidos) e a cadeia B (30 aminoácidos). Duas pontes dissulfeto ligam a cadeia A à cadeia B, e a terceira ponte dissulfeto está situada na cadeia A. A síntese da insulina é orientada por gene no cromossoma 11, membro da superfamília de genes que codifica os fatores de crescimento relacionados. O RNAm orienta a síntese ribossômica de pré-pró-insulina, com quatro peptídeos: o peptídeo de sinalização, as cadeias A e B de insulina e o peptídeo de conexão (peptídeo C). O peptídeo de sinalização é clivado cedo no processo da biossíntese (enquanto as cadeias peptídicas ainda estão sendo montadas), produzindo a pró insulina. A pró insulina é, então, levada para o retículo endoplasmático onde, com o peptídeo de conexão ainda anexado, se formam as pontes dissulfeto, produzindo a forma “dobrada” de insulina. A pró insulina é concentrada em grânulos secretores no complexo de Golgi. Durante esse processo de concentração, proteases clivam o peptídeo de conexão, produzindo a insulina. A insulina e o peptídeo de conexão clivado são acumulados em grânulos secretores e, quando a célula β é estimulada, eles são liberados em quantidades equimolares no sangue. A secreção do peptídeo de conexão (peptídeo C) é a base do teste para a função das células β, em pessoas com diabetes mellitus tipo I, que estão sob tratamento com injeções de insulina exógena (nessas pessoas, os níveis séricos de insulina não refletem as intensidades da secreção endógena.) A insulina é metabolizada, no fígado e nos rins, pelas enzimas que rompem as ligações dissulfeto. As cadeias A e B são liberadas, agora inativas, e são excretadas na urina. Fatores que alteram a secreção de insulina 44 Fatores Estimulantes: Aumento da concentração de glicose; Aumento da concentração de aminoácidos; Aumento da concentração de ácidos graxos e cetoácidos; Glucagon; Cortisol; Peptídeo insulinotrópico glicose-dependente (GIP); Potássio; Fármacos sulfonilureia (exemplo: tolbutamida, gliburida); Obesidade. Fatores Inibidores: Redução da glicemia; Jejum; Exercícios; Somatostatina; Agonistas α-adrenérgicos, entre outros. Ações da Insulina A insulina é conhecida como o hormônio da abundância ou fartura. Quando a disponibilidade de nutrientes excede as demandas do organismo, a insulina assegura que o excesso de nutrientes seja armazenado como glicogênio no fígado, como gordura no tecido adiposo, e como proteína no músculo. Esses nutrientes armazenados ficam, então, disponíveis durante os períodos subsequentes de jejum para manter a distribuição da glicose para o cérebro, músculos e outros órgãos. Principais Ações da Insulina e o Efeito nos Níveis Sanguíneos Ação da Insulina: Aumenta captação de glicose pelas células; Aumenta formação de glicogênio; Aumenta síntese proteica (anabólica); Reduz glicogenólise e Reduz gliconeogênese; Aumenta deposição de gordura; Reduz lipólise; Aumenta captação de K+ pelas células. Efeito no Nível Sanguíneo: Reduz glicemia; Reduz aminoácidos sanguíneos; Reduz ácidos graxos sanguíneos; Reduz cetoácidos sanguíneos; Reduz K+ sanguíneo. 10.2 Glucagon O glucagon é sintetizado e secretado pelas células α das ilhotas pancreáticas. Na maioria dos aspectos, o glucagon é a “imagem especular” da insulina. Assim, enquanto a insulina é o hormônio da “abundância”, o glucagon é o hormônio da “fome”. Ao contrário da insulina, que promove o armazenamento
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