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Síndrome da Aspiração Meconial

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Mariana Costa Teixeira 
NEONATOLOGIA 
Síndrome da Aspiração Meconial 
ETIOLOGIA 
Hipoxia aguda ou crônica e/ou infecção podem suscitar a eliminação de mecônio in útero. Nesse contexto, arquejos 
pelo feto ou neonato que acaba de nascer podem causar aspiração de líquido amniótico contaminado por mecônio. A 
aspiração de mecônio antes ou durante o nascimento pode obstruir as vias respiratórias, interferir na troca gasosa e 
provocar dificuldade respiratória grave. 
 
 
Incidência 
O líquido amniótico tinto de mecônio (LATM) complica o parto em aproximadamente 8 a 25% dos nascidos vivos. A 
incidência de LATM em neonatos pré-termo é muito baixa. A maioria dos recém-nascidos com LATM tem, no mínimo, 
37 semanas de gestação, e a muitos dos neonatos tintos de mecônio é pós-matura e pequena para a idade gestacional. 
Cerca de 5% dos recém-nascidos com LATM desenvolvem a síndrome de aspiração de mecônio (SAM) e cerca de 50% 
desses neonatos precisarão de ventilação mecânica. 
FISIOPATOLOGIA 
O mecônio é um material estéril, verde-escuro, espesso e inodoro que resulta do acúmulo de restos no intestino fetal 
no terceiro mês de gestação. 
Os componentes do mecônio incluem: água (72 a 80%), células descamadas do intestino e da pele, mucina 
gastrintestinal, pelos de lanugem, material adiposo do verniz caseoso, líquido amniótico e secreções intestinais, 
glicoproteínas específicas do grupo sanguíneo, bile e metabólitos de fármacos. 
A. Eliminação de mecônio in útero. 
O LATM pode resultar de um feto pós-termo com níveis de motilina crescentes e função gastrintestinal normal, 
estimulação vagal produzida por compressão do cordão umbilical e da cabeça ou sofrimento fetal in utero. O líquido 
amniótico que está levemente tinto de mecônio é descrito como aquoso. O líquido moderadamente tinto de mecônio é 
opaco sem partículas, e aquele com mecônio espesso e partículas às vezes é chamado de sopa de ervilhas. 
B. Aspiração de mecônio. 
No caso de sofrimento fetal, arquejos pelo feto podem levar à aspiração de mecônio antes, durante ou imediatamente 
após o parto. A SAM grave parece ser causada por processos intrauterinos patológicos, principalmente hipoxia crônica, 
acidose e infecção. O mecônio foi encontrado nos pulmões de bebês natimortos e de neonatos que morreram logo após 
o nascimento sem história de aspiração no parto. 
C. Efeitos da aspiração de mecônio. 
Quando aspirado para dentro do pulmão, o mecônio pode estimular a liberação de citocinas e substâncias vasoativas 
 
 
que resultam em respostas cardiovasculares e inflamatórias no feto e recém-nascido. O próprio mecônio, ou a 
resultante pneumonite química, obstrui mecanicamente as pequenas vias respiratórias e causa atelectasia, um efeito 
“em válvula esférica” e, por conseguinte, aprisionamento e possível extravasamento de ar. O mecônio aspirado induz 
vasospasmo, hipertrofia da musculatura arterial pulmonar e hipertensão pulmonar, a qual suscita shunt direita-
esquerda extrapulmonar por meio do canal arterial ou forame oval, resultando em piora da desigualdade da ventilação-
perfusão (V/Q) e hipoxemia arterial grave. Um terço dos recém-nascidos com SAM apresenta hipertensão pulmonar 
persistente do recém-nascido (HPPRN), que contribui para a mortalidade associada a essa síndrome. O mecônio 
aspirado também inibe a função do surfactante. 
D. Classificação da doença respiratória. 
A SAM leve é uma doença que requer oxigênio a < 40% durante < 48 horas. A SAM moderada exige oxigênio a > 40% por 
> 48 horas sem extravasamento de ar. A SAM grave é uma doença que demanda ventilação assistida por > 48 horas, 
com frequência associada a HPPRN. 
E. Sequelas. 
A eliminação de mecônio in utero em neonatos a termo está associada a aumento do risco de mortalidade peri e 
neonatal, acidemia grave, necessidade de parto cesáreo, de terapia intensiva e de administração de oxigênio, e 
desfecho neurológico adverso. Os neonatos pré-termo que eliminam mecônio antes do parto sofrem efeitos adversos 
semelhantes, além de uma incidência mais alta de hemorragia intraventricular grave, leucomalacia periventricular 
cística e paralisia cerebral. 
 
Prevenção da SAM 
A. Prevenção da eliminação de mecônio in útero. 
As mães sob risco de insuficiência uteroplacentária e, por conseguinte, de LATM incluem aquelas com pré-eclâmpsia ou 
hipertensão arterial, doença cardiovascular ou respiratória crônica, crescimento fetal intrauterino deficiente, gestação 
pós-termo e tabagismo intenso. Essas mulheres devem ser monitoradas estreitamente durante a gravidez. 
B. Amnioinfusão. 
O uso de amnioinfusão nas gestantes cujo trabalho de parto é complicado por LATM não reduz a morbidade neonatal 
relacionada com a aspiração de mecônio, porém a técnica trata eficazmente as desacelerações variáveis repetitivas da 
frequência cardíaca fetal, ao aliviar a compressão do cordão umbilical durante o parto. Um estudo randomizado grande 
de amnioinfusão para mulheres com líquido tinto de mecônio espesso com ou sem desacelerações variáveis da 
frequência cardíaca fetal mostrou ausência de redução do risco da SAM moderada ou grave, morte perinatal ou parto 
cesáreo. Contudo, o estudo não teve potência adequada para determinar de maneira definitiva se a amnioinfusão pode 
beneficiar o grupo com desacelerações variáveis. 
C. Momento de ocorrência e via do parto. 
Nas gestações que prosseguem além da data prevista do parto, a indução com 41 semanas ajuda a impedir a SAM ao 
evitar a eliminação de mecônio. O tipo de parto parece não impactar de modo significativo o risco de aspiração. 
IV. Manejo dos recém-nascidos com líquido amniótico tinto de mecônio. 
A aspiração oro e nasofaríngea no períneo e a intubação traqueal rotineira e aspiração de mecônio em neonatos 
vigorosos não são eficazes na prevenção da SAM. Os neonatos devem ser avaliados, e a intervenção é reservada para 
aqueles que se apresentam deprimidos ou têm dificuldade respiratória. 
 
Avaliação Inicial 
Em um parto complicado por LATM, o clínico deve determinar se o recém-nascido está vigoroso, o que é demonstrado 
por frequência cardíaca > 100 bpm, respiração espontânea e bom tônus (movimentos espontâneos ou algum grau de 
flexão). Em 20 a 30% dos casos, o neonato está deprimido. 
1. Se o neonato parecer vigoroso, deve-se prestar assistência rotineira, seja qual for a consistência do mecônio. 
2. Se sobrevier dificuldade respiratória ou o neonato tornar-se deprimido, deve-se intubar a traqueia sob laringoscopia 
direta e realizar aspiração intratraqueal. A visualização das cordas vocais sem o procedimento de aspiração não é 
adequada porque pode haver uma quantidade significativa de mecônio embaixo das cordas. 
 
Técnica de aspiração para o lactente não vigoroso tinto de mecônio 
1. O recém-nascido deve ser colocado sob aquecedor radiante e receber oxigênio em fluxo livre. 
 
 
2. Adie as manobras para secar e estimular o neonato, bem como o esvaziamento do conteúdo gástrico. 
3. Um clínico (p. ex., pediatra, anestesiologista, enfermeiro de treinamento avançado) deve intubar a traqueia sob 
laringoscopia direta, de preferência antes que os esforços inspiratórios tenham começado. Em neonatos a termo, 
emprega-se um tubo endotraqueal com diâmetro interno de 3,0 ou 3,5 mm. 
 
4. Após intubação, o tubo é conectado a um aspirador de parede à pressão de 80 a 100 mmHg por meio de adaptador 
plástico (Neotech Meconium Aspirator®, Neotech Products, Chatsworth, CA). Outra opção é usar um tubo endotraqueal 
específico para aspiração de mecônio (Kurtis® Meconium Suction Device, Vital Signs, Inc., Totowa, NJ). Aspiração 
contínua é aplicada enquanto o tubo é retirado; repete-se o procedimento até que a traqueia esteja limpa ou seja 
necessário instituir reanimação. 
5. Se possível, evite ventilação com pressão positiva até que a aspiração traqueal seja realizada. Adie o esvaziamento do 
conteúdo gástrico até que o neonato esteja estabilizado. 
 
As complicaçõesda intubação incluem sangramento, laringospasmo, estridor, apneia e cianose. O procedimento deve 
ser realizado rapidamente, e a ventilação com oxigênio instituída antes que ocorra bradicardia significativa. O estado 
geral do neonato não deve ser ignorado em tentativas persistentes de limpar a traqueia. Como alguns esforços 
inspiratórios pelo recém-nascido deslocarão o mecônio da traqueia para as vias respiratórias menores, tentativas 
exaustivas de removê-lo são impróprias.

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