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Jessica Mara Rodrigues de Siqueira Lima Aula 6 O professor na educação a distância Aula 6 • O professor na educação a distância 2 Meta Apresentar a estrutura de equipe docente de um curso de graduação a distância e o papel do professor-tutor. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 1. reconhecer a estrutura de equipe docente de um curso de graduação a distância; 2. identificar diferentes meios de comunicação no curso e classificá-los em função do seu tempo síncrono ou assíncrono; 3. reconhecer e desenhar o perfil do professor-tutor, contextualizando o papel da tutoria no modelo de EAD no qual atua. Educação a distância 3 Introdução Olá ! O foco principal desta aula é discutir a atuação do professor na Edu- cação a distância. Como estudante deste curso, você tem um maior con- tato com o chamado tutor (presencial e a distância), que aqui preferi- mos chamar de professor-tutor e que, em linhas gerais, é o profissional que o orienta diretamente durante o seu processo de ensino/aprendiza- gem. No entanto, devido às especificidades de um curso de Educação a distância; para sua construção e funcionamento, existem diferentes profissionais, docentes ou não, importantes e necessários, que serão apresentados e discutidos também nesta aula. Sendo assim, antes de focarmos nossos estudos especialmente no papel do professor-tutor, conheceremos um pouco sobre a estrutura de um curso de graduação na modalidade deEducação a distância e os seus diferentes profissionais. Vamos lá! A educação a distância na educação superior Conforme verificado na Aula 4, os primeiros indícios da Educação a distância no Brasil datam do início do século XX. No entanto, os cursos de graduação, nesta modalidade, possuem uma trajetória que podemos considerar ainda recente em nosso país. Atualmente, estamos vivenciando um importante períododa Edu- cação superior a distância, momento pelo qual outros países, princi- palmente os da Europa, já passaram com o surgimento das grandes universidades a distância. Conforme você leu na Aula 3, uma das uni- versidades percussoras da EAD foi a Universidade Aberta do Reino Unido, que se estabeleceu como instituição integralmente autônoma, oferecida exclusivamente na modalidade a distância, ou seja, não estava ligada às universidades tradicionais já existentes no Reino Unido, sendo autorizada, inclusive, a conceder seus próprios diplomas. Aula 6 • O professor na educação a distância 4 Você sabia? O termo Aberto tem origem política. No Reino Unido (Inglater- ra), o ingresso no ensino superior era muito limitado, principal- mente para os filhos das classes operárias. Portanto, a criação da Universidade Aberta (Open University), constituiu-se numa de- cisão política de um governo liderado por um Partido Trabalhis- ta, como forma de criar oportunidades e acessibilidade para essa parcela da população (MOORE e KEARLEY, 2007). Já segundo Peters (2006), a fácil aceitação dessa denominação ocorreu devido à discussão que acontecia naquela época sobre o ensino aberto. A Open University, neste sentido, foi a primeira instituição que apresentou uma forma diferente do tele-ensino (Educação a distância) que se conhecia até então, e esse movi- mento chamou a atenção de outros governos e universidades do mundo. O sentido de aberto refere-se à aquisição de conheci- mentos, habilidades e atitudes acessíveis para qualquer pessoa, no qual ninguém poderia ser excluído, seguindo assim o princí- pio da igualdade. Rumble (1989), citado por Aretio (2001), com- plementa que o termo está relacionado à natureza da Educação oferecida, seja presencial ou a distância. Em 1967, o autor alemão chamado Otto Peters publicou o texto in- titulado “Das Fernstudium na Universitaten und Hochschulen”, tradu- zido como “Ensino a Distância e Produção Industrial”, no qual sugere que a Educação a distância poderia ser comparada à produção de bens industriais. Peters (2006) apresenta uma concepção de ensino industria- lizado para a Educação a distância da época, pois com o surgimento das grandes universidades nesta modalidade, cursos que até então eram ela- borados por professores, individualmente, para determinado número de estudantes passaram a ser elaborados por especialistas, produzidos em massa e distribuídos de forma padronizada para um grande quanti- tativo de estudantes. Portanto, os cursos dessas universidades eram planejados numa Educação a distância 5 perspectiva macro para um grande quantitativo de estudantes, a partir da divisão do trabalho em fases (planejamento, desenvolvimento, distri- buição, exposição, assistência e avaliação). Nesta lógica, as tarefas eram realizadas por diferentes profissionais e em momentos distintos: uma equipe escrevia o material didático e as avaliações, os tutores ajudavam os estudantes com relação às suas dúvidas, e outra equipe participava da correção das avaliações, ou seja, não existia interação entre os envolvi- dos no processo de ensino/aprendizagem. Este mesmo autor destaca que, atualmente, e principalmente com as Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC), surge uma concep- ção pós-industrial ou neoindustrial de Educação a distância, com uma perspectiva micro, mais descentralizada, na qualos professores universi- tários passam a ter mais responsabilidades no planejamento desse curso. Além disso, se no ensino industrializado o “produto” era padronizado e produzido em massa, na aprendizagem pós-industrial, é desenvolvido e apresentado pelo computador e atende a um público menor, com mais exclusividade, mais personalizado. Desta forma, a concepção de um ensino pós-industrializado, quando analisada a partir da realidade das atuais universidades a distância, tem relação direta com seus processos de trabalho, ou seja, com a sua estru- tura e organização Além disso, nas relações de ensino e aprendizagem, já se admitem formas mais flexíveis no que tange ao currículo, à comunicabilidade e aos meios tecnológicos, à concepção de autonomia e, principalmente, aos professores envolvidos e suas funções em um curso de graduação a distância. Portanto, a forma como o curso é desenvolvido e, consequen- temente, como os envolvidos nesse processo são entendidos incide di- retamente na concepção de universidade a distância que se quer formar. Você sabia? Após a criação da Universidade Aberta da Inglaterra, ocorreu um grande crescimento de universidades dedicadas somente àEducação a distância, além daquelas que já tinham tradição na Educação presencial e passaram a incluí-la. Este período também Aula 6 • O professor na educação a distância 6 deu início a estudos sobre EAD, que buscavam entender o ensi- no e a aprendizagem destes estudantes, que inegavelmente se encontravam em um processo com especificidades dife- rentes daquelas da Educação presencial. O quadro a seguir apresenta algumas das grandes universidades pioneiras da Educação a distância, que existem até hoje. Universidades pioneiras na Educação a distância PAÍS INSTITUIÇÃO CRIAÇÃO Austrália University of Queensland 1910 Noruega Norsk Korrespondanse (NKS) 1914 África do Sul University of South Africa (Unisa) 1946 Nova Zelândia Massey University 1960 Reino Unido Universidade Aberta do Reino Unido 1969 Canada Athabasca University (AU) 1970 Espanha Universidade Nacional de Educaci- ón a Distância (UNED) 1972 Alemanha FernUniversitat 1974 Paquistão Allama Iqbal Open University (AIOU) 1974 Venezuela Universidad Nacional Abierta 1977 Costa Rica Universidad Estatal a Distancia (UNED) 1977 China China TV University System 1979 Coreia Korean National Open University (KNOU) 1982 Turquia Anadolu University 1992 Quadro adaptado a partir de Moore e Kearsley (2007) Quem é o professor na EAD? Na Educação presencial, que apesar de também necessitar de profis- sionais não docentes (técnicos, gestores, pessoal administrativo, etc.), é possível que o professor, sozinho, administre toda aaula, exercendo assim uma “unidocência”. Já a estrutura necessária para a modalidade a distância impossibilita esta unidocência; ao contrário, requer uma “po- lidocência”, ou seja, pressupõe uma docência coletiva, na qual cada parte é realizada por um profissional distinto (DILL, 2010). De acordo com o documento Referenciais de Qualidade para Edu- cação Superior a Distância (2007), apresentado na Aula 5, não existe Educação a distância 7 um único modelo de Educação a distância; os cursos podem apresen- tar diferentes desenhos, combinações de linguagem e tecnologias. No entanto, em um curso de graduação a distância que atende um grande número de estudantes, é necessária a existência de uma equipe mul- tidisciplinar. Este documento apresenta três categorias indispensáveis: docentes, tutores e pessoal técnico administrativo. Os docentes, de forma geral, são responsáveis pela gestão acadêmica do curso, assim como pela construção do Projeto Político-Pedagógico, pelo currículo, e pela elaboração do material didático. No curso de Pe- dagogia (Unirio), por exemplo, cada componente curricular possui um professor-coordenadorque, em alguns casos, também foi o professor-con- teudista, o especialista responsável pela elaboração do conteúdo, que recebe apoio de outros profissionais (revisores, editores, web designers, desenhistas instrucionais, etc.) para a produção do material didático. Também existem componentes curriculares em que o material didático não é apresentado a partir de textos/artigos indicados pelo professor- -coordenador (LIMA, 2010). Geralmente, um professor-coordenador tem como atribuições: 1. elaborar o guia e o cronograma do componente curricular; 2. orientar os professores-tutores em relação ao conteúdo e à criação de estratégias, por meio de atividades diversificadas, para auxiliar os estudantes no processo de ensino/aprendizagem; 3. realizar encontros (presenciais e com comunicação via internet) com os estudantes, para esclarecimento de dúvidas acerca dos conteúdos das aulas; 4. elaborar as avaliações a distância e presenciais, podendo contar com a participação dos tutores; 5. participar da correção das avaliações, a fim de acompanhar a apren- dizagem dos estudantes. Todos os coordenadores de disciplina fazem parte do colegiado do curso, em que são tomadas decisões acadêmicas e administrativas (LIMA, 2010). Já a função do professor-tutor no curso a distância é primordial, pois suas atividades, desenvolvidas a distância ou presencialmente, contri- buem diretamente no processo de ensino/aprendizagem dos estudantes. Geralmente, os cursos de graduação oferecem duas formas de tutoria ao estudante: a presencial e a distância. O professor-tutor presencial é o que se encontra no polo regional e Aula 6 • O professor na educação a distância 8 tem contato direto com os estudantes. Por isso, além das orientações re- lativas ao conteúdo da disciplina, ajudam os estudantes no planejamen- to e na administração do tempo de estudo, muitas vezes estabelecendo uma relação mais íntima, de parceria (LIMA, 2010). As aulas discutidas nas sessões de tutoria seguem as orientações do cronograma de estudos. Dessa forma, entende-se que o estudante te- nha estudado o conteúdo referente àquela semana e não espere uma “aula” presencial, compreendida como uma exposição oral do conteúdo, já que este se encontra no material impresso. Neste contexto, cabe ao professor-tutor instigar os estudantes a relatarem suas dúvidas e dificul- dades relacionadas à aula em questão, para que seja estabelecida uma discussão,baseada na troca e no confronto de ideias e reflexões do co- nhecimento apresentado no material didático (LIMA, 2010). É importante ressaltar que, apesar de extremamente importante, a existência e participação de tutores presenciais em cursos a distância pode ser dispensável, de acordo com sua estrutura e Projeto Político- Pedagógico. Geralmente, cursos de aperfeiçoamento, extensão e especialização (latu-senso), são realizados totalmente a distância (on line), na qual a mediação e o contato com os estudantes são realizados pelo professor-tutor a distância, por meio das ferramentas de comuni- cação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que, neste cur- so, você conhece como Plataforma. Este tutor geralmente é aquele que está na universidade e tem um relacionamento direto com o professor- -coordenador de disciplina, tornando-se assim um elo com a tutoria presencial e os estudantes. Aretio (2001) destaca algumas estratégias didáticas sobre a atuação do professor-tutor, seja presencial ou a distância: ӹ Planejar e organizar cuidadosamente as informações transmitidas e os contatos com os alunos, presencialmente ou virtualmente; ӹ Motivar o estudante para que ele tenha sempre interesse em aprender, dando- lhe sempre retorno sobre suas dúvidas e parti- cipações nas atividades, além de mantê-lo informado sobre seus progressos; ӹ Apresentar conteúdos significativos e funcionais, ou seja, procu- rar relacionar os conhecimentos apresentados no material didáti- co com os que fazem parte da experiência de vida dos estudantes. Educação a distância 9 ӹ Estimular a participação ativa dos estudantes, assim como a auto- avaliação, já que são sujeitos do conhecimento e corresponsáveis pelo processo de ensino/aprendizagem; ӹ Fomentar o diálogo por meio dos diferentes meios de comunica- ção oferecidos no curso, potencializando principalmente a apren- dizagem colaborativa entre grupos os estudantes. Aula 6 • O professor na educação a distância 10 Atividade 1 Atende aos objetivos 1 e 2 Para realizar esta atividade, você deverá pesquisar quais são as formas de comunicação existentes no seu curso. De um lado da tabela, você escreverá o meio de comunicação e, ao lado deste, o tempo em que ela acontece, se é síncrono (simultânea, ao mesmo tempo) ou assíncrono (não simultânea, não acontece ao mesmo tempo). Meio de comunicação Tempo em que acontece o diálogo Resposta Comentada: Para realizar esta atividade, pense em como acontece a comunicação entre você, os professores-tutores e os seus colegas de curso. Navegue também pela plataforma e busque as ferramentas que permitem o diálo- go, imprescindível no processo de ensino/aprendizagem no qual todos os que participam do curso estão envolvidos. Educação a distância 11 Proximidade entre professores e estudantes da EAD: reduzindo as distâncias De acordo com Lima (2010), a Educação a distância tem recebido considerável destaque nas discussões entre especialistas da área, profes- sores e pesquisadores. No Brasil, encontramos livros, artigos, pesquisas e trabalhos sobre esse assunto, visto que o número de projetos voltados para esta modalidade de Educação se intensificou. Entretanto, as ques- tões epistemológicas e metodológicas são basicamente encontradas na literatura estrangeira, a qual serve de base para muitos cursos de gradu- ação a distância. Dessa forma, existem estudos que surgiram após as décadas de 1970 e 1980, junto com as primeiras universidades de finalidade única, ou seja, totalmente a distância, criadas com apoio e financiamento gover- namental de países como Estados Unidos e alguns situados na Europa. Alguns teóricos, como Börje Holmberg, Charles A. Wedemeyer e Michael G. Moore, enfatizaram seus estudos no estudante (e suas in- terações), concebendo-o como centro do processo de aprendizagem. Já Desmond Keegan, Otto Peters, Randy Garrison e John Anderson prio- rizaram em seus estudos as questões estruturais e funcionais dessa mo- dalidade e como elas podem afetar o processo de ensino e aprendizagem (SABA, 2003 apud LIMA, 2010). Sendo assim, dentro deste grupo de teóricos da EAD, encontramos Michael Moore e o conceito de “distância transacional”, discutido desde Aula 6 • O professor na educação a distância 12 a década de 1980. Para esse autor (1986), essa distância transacional não é geográfica, e sim psicológica e comunicacional, tornando-se relativa,de acordo com o diálogo estabelecido por estudantes e professores e a estrutura oferecida pelo curso. Nesse sentido, a distância transacional não é absoluta, pois ela pode variar conformeas condições em que se insere, ou seja, de acordo com o curso e a sua concepção de Educação inserida no contexto do ensino/ aprendizagem. Para Rumble, (1986), citado por Moore e Keasley (2007), mesmo nos sistemas presenciais de Educação, em que estudantes e pro- fessores estão no mesmo ambiente, podem existir níveis de distância transacional, uma vez quese transcende a questão física, ou seja, ela vai além da “presencialidade”. Para explicarmos melhor este conceito, pense agora com sincerida- de: já aconteceu de você estar presente em uma sala de aula, mas o seu pensamento estar em outro lugar? Se sua resposta foi positiva, pode- mos dizer que, apesar de estar perto fisicamente, existia uma distância transacional grande entre você, o professor e seus colegas de classe. Ou seja, o conceito de distância transacional nada tem a ver com a presença física, mas com a proximidade estabelecida através do diálogo. Dessa forma, a distância transacional está diretamente relacionada a três variáveis: diálogo, estrutura e autonomia do estudante. Portan- to, o diálogo entre estudantes e professores, estudantes e estudantes, a estrutura do programa/curso e a autonomia doestudante incidem no grau da distância transacional do curso. Sendo assim, essa distância transacional varia conforme as concepções e contextos dos programas a distância. Cursos veiculados somente pela mídia impressa ou pela tele- visão, por exemplo, possuem uma distância transacional maior, já que dificilmente algum diálogo será estabelecido. Portanto, quanto maior o diálogo entre os envolvidos no curso, me- nor a distância transacional, e, assim, a troca de saberes torna-se possí- vel. Mas como acontece o diálogo na EAD? Este irá acontecer a partir das oportunidades de comunicação existentes no curso, que permitam a relação direta entre seus envolvidos, seja pela linguagem oral ou escrita, seja nos tempos assíncronos ou sincrônos. Para Aretio (2001), as principais qualidades do professor-tutor na EAD são a cordialidade e a capacidade de aceitação e de escuta. Tais atitudes, para esse autor, estimulam o estudante a expressar melhor seus sentimentos e preocupações, dando abertura para o diálogo. Educação a distância 13 Cordialidade - Na linguagem corporal, gestos, expressões, etc. - No tom da voz - No que se diz e escreve e em como se diz. Capacidade de aceitação É fundamental que o estudante esteja relaxado e satisfeito. Em seus contatos com o tutor, deve ser convencido de que é merecedor de respeito e aten- ção. Criticar de forma rude as ações dos estudantes pode levá-los a romper com a comunicação. Capacidade de escutar Para cultivar esta capacidade de escuta, podemos assinalar quatro técnicas fácies de utilizar, conforme Spruce (1988): -Refletir sobre o sentimento ou a ideia principal do que o estudante acabou de falar, parafraseando suas palavras, omitindo toda avaliação crítica e opiniões. Não se trata de simplesmente repetir as palavras do estudante, mas de reformular a afirma- ção de tal forma que o estimule a prosseguir. - Evitar perguntas que podem ser respondidas ape- nas com um SIM ou NÃO e as que comecem com ‘Por quê?’ Estas perguntas interrompem o fluxo natural dos pensamentos dos estudantes e mantêm o contato semelhante a uma relação de entrevista ou um interrogatório, o que pode deixar o estudante na defensiva. - Tanto na relação presencial como naquela por te- lefone, é interessante deixar claro para o estudante que o está escutando (especialmente ao telefone), emitindo sons ou ruídos e palavras breves (sim, hum, prossiga, etc.), para que o estudante saiba que está sendo acompanhado em seu raciocínio. - Escutar em silêncio: não interromper durante os momentos de silêncio em uma conversação. Às vezes, o silêncio é embaraçoso e procuramos fazer algum comentário; no entanto, com frequência não é necessário, pois pode ser que a reflexão do estu- dante seja interrompida. Figura 6.1: Principais qualidades do professor-tutor na EAD FONTE: Adaptado de Aretio (2001). Esse autor considera alguns fatores que podem influenciar no diá- logo de determinado curso e, consequentemente, diminuir a distância transacional: o número de estudantes por professor e a frequência da oportunidade para a comunicação, o ambiente físico no qual acontecem as interações, além do ambiente emocional dos professores e estudantes. Porém, mesmo que um curso possua meios interativos, o diálogo será conduzido pelos professores, que poderão ou não aproveitar essa intera- tividade, e pela necessidade dos estudantes. Ou seja, o diálogo depende principalmente dos atores envolvidos na interação e na comunicação, Aula 6 • O professor na educação a distância 14 professor e estudantes, e não exclusivamente da tecnologia de comuni- cação empregada, como destacamos em nossa Aula 2. No contexto da EAD, por mais que se estimule e facilite a participa- ção do estudante, este será o principal sujeito a tomar a iniciativa, por meio de perguntas direcionadas ao conteúdo ou questões acadêmicas. Em contrapartida, cabe ao professor-tutor conduzir essa interação de forma que não somente esclareça as dúvidas do estudantecom respostas prontas, mas o instigue a outras reflexões, a partir do que foi pergunta- do, estabelecendo assim uma relação mais estreita e problematizadora. O professor-tutor estimula o diálogo quando direciona o conteúdo às práticas cotidianas, às situações próximas da realidade do estudante. Quando essa relação é estabelecida, a outra parte (o estudante) demonstra maior liberdade em discutir o assunto e se percebe também como sujeito do conhecimento. Durante a leitura do material didático, os estudantes se deparam com dúvidas conceituais, de compreensão do conteúdo. Muitas vezes, o estudante apresenta dificuldades para elaborar questionamentos sobre determinado texto, o que o inibe de procurar o tutor, pois tem receio ou mesmo vergonha de dizer: “- Li a aula, mas não entendi nada!”, “- Não sei exatamente o que perguntar” ou “Não consegui elaborar uma pergunta”. Se, até este ponto do curso ou da leitura desta aula, você se encontra nesta situação, não hesite, procure um professor-tutor através de uma das formas de comunicação existentes no curso. E, mesmo se não houver dúvidas com relação ao conteúdo, busque contato, seja com o professor-tutor ou com outros colegas de curso, para discutir e trocar conhecimentos! O diálogo propicia a parceria e pode também se tornar muito interes- sante quando acontece entre mais de duas pessoas, além do que, várias visões podem ser observadas e discutidas. Na EAD, essa participação colaborativa de grupos é possível por meio de ambientes virtuais e suas ferramentas interativas, assim como as aqui descritas anteriormente. Portanto, o diálogo é indispensável no processo de ensino/aprendi- zagem na EAD e, por mais que os materiais de estudo sejam elaborados com todos os detalhes pedagógicos para essa modalidade, sem a troca de ideias, a discussão e a posição de opiniões, proporcionarão apenas uma aprendizagem receptiva, sem a participação ativa do estudante, ou seja, sem sua participação! Educação a distância 15 Atividade Final Atende ao objetivo 3 Entrevista com professor-tutor (presencial e a distância) Nesta atividade, você deverá realizar uma entrevista com um professor- -tutor a distância da sua universidade e um professor-tutor presencial do seu polo. Após as entrevistas, você deverá elaborar um textoconten- do uma análise crítica com base nas respostas obtidas e na leitura das aulas realizadas até aqui. Roteiro com as perguntas da entrevista 1. Identificação do professor-tutor entrevistado: ( ) professor-tutor presencial – Polo: ______________________ ( ) professor-tutor a distância – Universidade:_____________ • Dados pessoais (sexo, idade, etc.) • Dados profissionais (formação, área e tempo de atuação profissional) 2. Qual a quantidade de estudantes que você acompanha? Como você se relaciona com eles? 3. Que ferramentas tecnológicas são utilizadas na tutoria? (plataforma, ví- deo conferência, e-mail, chat, telefone, fórum, ambiente wiki, etc.) Como as utiliza? 4. Quais as atividades desenvolvidas no trabalho de tutoria? (relato das atividades desenvolvidas). 5. Quais os aspectos positivos e negativos no trabalho de tutoria? 6. Qual a sua opinião sobre a modalidade a distância? Resposta Comentada Esta atividade solicita que você entreviste tutores da sua universidade, mas não necessariamente do seu curso. Aproveite um dia em que for ao polo, apresente-se e convide um professor-tutor presencial para ajudar nesta atividade. Quanto à entrevista com o tutor a distância, seria uma oportunidade de você conhecer sua universidade; o que acha, já que este é o local onde esse profissional se encontra? Mas se essa visita não for possível, devido Aula 6 • O professor na educação a distância 16 à distância, sem problemas, pois você poderá conversar com ele através de um dos meios de comunicação existentes no curso que ultrapassam a distância física. Resumo Nesta aula, conhecemos um pouco sobre a estrutura de um curso de graduação na modalidade EAD e alguns de seus diferentes profissionais, principalmente o professor-tutor, que possui papel fundamental em um curso de Educação a distância.
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