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Aula 02 1 - História da Educação - 2017 1

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UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA 
DA UNIRIO/UAB/CEDERJ 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
PROFA COORDENADORA: NAILDA MARINHO DA COSTA BONATO 
 
TEXTO 2 
Título: EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE: a Paidéia e a formação do homem 
grego1 
INTRODUÇÃO 
Você deve estar se perguntando: por que devo estudar a educação na 
Antiguidade grega? A resposta é simples, porque este povo foi de marcante 
influência para a educação e civilização ocidental. Podemos dizer que o que 
denominamos “Educação”, no Ocidente, tem sua origem na Grécia e que, com os 
gregos nasceu a figura do docente. 
 
Figura 2.1 Templo de Hephaestus - Atenas 
Fonte: Por maccosta 
http://farm5.static.flickr.com/4034/4659744216_746e1778b9.jpg 
 
 
1
 Texto em versão preliminar sendo produzido como aula 4 para compor o Caderno Didático da disciplina 
História da Educação do curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância da 
UNIRIO/UAB/CEDERJ. Deverá ser usado única e exclusivamente para as aulas de História da Educação, 
não devendo ser disponibilizado de nenhuma forma para outro fim sem minha prévia autorização. 
 2 
Você imaginava que a Grécia antiga era importante assim para a educação 
atual? Se já tinha alguma noção sobre esse assunto, esse texto contribuirá com 
novas e detalhadas informações, e se nem imaginava, melhor ainda! Vai 
aprender ainda mais. Então, convido você para essa viagem que faremos juntos 
no tempo para conhecer primeiramente o povo grego em sua origem, e o seu 
legado para a educação hoje. 
 
 
1. A EDUCAÇÂO NA ANTIGUIDADE GREGA – A PAIDÉIA 
Neste texto farei uma exposição apresentando os períodos históricos da 
civilização e educação grega. Para sua melhor compreensão, parto da 
periodização dada por Maria Lucia Arruda Aranha em sua obra História da 
Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil, edição de 2006. 
É importante dizer que na Europa surgiram duas grandes civilizações: a grega e 
a romana. Neste texto, trataremos da educação na perspectiva da civilização 
grega e, no texto 3, da civilização romana, cuja educação também nos influenciou 
no Ocidente. 
Os gregos denominam sua pátria de Hellás, ou Hélade, a si mesmo de helenos e 
aos outros de “bárbaros”. Como nos ensina Aranha (2006, p.57) “Só mais tarde 
essa região recebeu a designação latina de Graii, de que derivou Graecia (que se 
lê ‘Grécia’).” 
Após essas informações iniciais sobre a civilização e educação grega, veremos 
na próxima seção sua divisão didática em períodos, que vão do século XII ao 
século II a. C. seguindo a periodização dada por Aranha (2006) 
 
2. PERÍODOS DA CIVILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO GREGA 
 
2.1 Período homérico (séculos XII a VIII a. C.) 
 
Você já viu algum filme sobre a antiguidade grega? A filmografia é farta de heróis 
gregos. Se você já viu algum desses filmes, como “Tróia” e “Helena de Tróia”, 
como verá mais adiante, talvez você já saiba, que da cidade de Micenas, no 
 
 
início do século XII a. C. partiram Agamêmnon (que governava Micenas), Aquiles 
e Ulisses para conquistar Tróia, no litoral da Ásia Menor. A civilização micênica 
reúne vários povos desde o segundo milênio a. C., entre eles os aqueus, que 
eram naturais ou habitantes da Acaia, região da Grécia antiga, e se 
estabeleceram com um regime de comunidade primitiva. 
 
 
Figura 2.2 Suposta 'Máscara de Agamémnon', descoberta em 1876 em Micenas. Agamémnon, 
exemplo de aqueu, foi um dos mais distintos heróis da história. 
Fonte: Por MaskeAgamemnon.JPG/593px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/34/ 
 
 
No final do século XII a. C, a Grécia é invadida pelos bárbaros dórios, com isso, 
muitos aqueus fugiram para a Ásia Menor, onde fundaram colônias que mais 
tarde prosperaram pelo comércio. Neste período a escrita já existia, restrita aos 
escribas, porém desapareceu com a invasão dórica e ressurgiu somente por 
volta do século VIII a.C., por influência do alfabeto fenício. 
 4 
 
Figura 2.3 Escriba egípcio. ? 
Fonte: Por GD-EG-Louxor-126.JPG/800px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/0a/ 
 
 
INÍCIO DO VERBETE 
Escriba - Homem culto, que domina as letras, cultiva o poder e cumpre o dever de 
obediência a seu soberano, expressa a imagem de homem ideal na civilização egípcia. 
Respeitado, era o modelo ideal a ser seguido pelos jovens que desejavam o respeito e o 
poder. Era visto como um sábio que podia ler as escrituras antigas e que escrevia para o 
rei, podendo por isso instruir e guiar seus superiores. O escriba constituía uma minoria 
destinada a exercer as funções para o Estado e que, por isso, gozava de condição 
privilegiada. 
 
FIM DO VERBETE 
 
 
É por volta dos séculos IX ou VIII a.C. que teria vivido Homero. Nos tempos 
homéricos (séculos XII a VIII a.C), as principais ocupações eram a agricultura e o 
pastoreio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
 
Figura 2.4 Homero 
Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%ADada 
 
Obras como o Dicionário da civilização grega, de Claude Mossé, Convite à filosofia, de 
Marilena Chauí e História da educação e da pedagogia, de Maria Lúcia Arruda Aranha 
apontam ser duvidosa a existência real de Homero e que pouco se sabe dele. 
Diz-se que Homero correu o mundo de sua época, e que em Ítaca contraiu uma doença 
nos olhos. No percurso de volta, anotou nomes, datas e características físicas, enquanto 
recebia hospedagem em troca de poesias. Também se fala que Homero tinha origem 
plebéia e que pode ter nascido cego, por conta da origem de seu nome em grego, que 
significa "aquele que não vê". Conta-se ainda que a sua obra "Odisséia" tenha sido 
escrita no fim de sua vida. 
Fonte: www. educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u388.jhtm 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Os mitos gregos eram transmitidos oralmente em praça pública por cantores 
ambulantes conhecidos como aedos e rapsodos, entre eles destacava-se 
Homero. Assim a educação é de tradição oral. 
 
INICIO DO VERBETE 
 
Aedo e rapsodo 
Aedos na Grécia antiga era o poeta que recitava ou cantava suas composições religiosas 
ou épicas acompanhando-se à lira. Rapsodo era o cantor ambulante de rapsódia, que 
pode ser entendida como cada um dos livros de Homero ou trecho de uma composição 
poética. 
 
FIM DO VERBETE 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilíada
 6 
A obra Ilíada que trata da tomada de Tróia pelos gregos e tem como principal 
personagem Aquiles, e a Odisséia que relata o retorno de Ulisses após a Guerra 
de Tróia são duas epopéias atribuídas a Homero, que provavelmente as teria 
redigido por volta do século VIII a. C. 
 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
 
Guerra de Tróia 
Conforme o Dicionário da civilização grega, de Claude Mossé, a Guerra de Tróia tem 
como principais protagonistas, os gregos Agamêmnon, Menelau, Ulisses, Ájax e Aquiles 
e os troianos Heitor, Enéias, Páris e Príamo e tem origem nos dois poemas atribuídos a 
Homero: a Ilíada e a Odisséia. Porém, a Ilíada e a Odisséia não relatam especificamente 
a Guerra de Tróia, acontecimento ainda não comprovado historicamente. A Ilíada narra 
os poucos dias que separam a cólera de Aquiles da morte de Heitor, principal guerreiro 
troiano, morto por Aquiles quando já havia mais de dez anos que os gregos sitiavam 
Tróia. Já a Odisséia narra o regresso de Ulisses, após a tomada de Tróia, a sua pátria, a 
ilha de Ítaca. 
 
 
 
Figura 2.5 A queda de Tróia, por Johann Georg Trautmann (1713–1769). Da coleção dos 
granduques of Baden, Karlsruhe. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%ADada [fonte da imagem e não do texto] 
 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J_G_Trautmann_Das_brennende_Troja.jpghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J_G_Trautmann_Das_brennende_Troja.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J_G_Trautmann_Das_brennende_Troja.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J_G_Trautmann_Das_brennende_Troja.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J_G_Trautmann_Das_brennende_Troja.jpg
INICIO DO BOXE MULTIMIDIA 
 
Título Original: Título Original: 
"Helen of Troy" (2003) “Troy” (2004) 
 
Para saber mais sobre a Guerra de Tróia, aconselhamos que você veja os filmes “Helena 
de Tróia” (John Kent Harrison, 2003) e “Tróia” (Wolfgang Petersen, 2004). 
Em “Helena de Tróia”, a bela Helena é o centro de uma das maiores histórias de amor de 
todos os tempos. Raptada por Páris, líder dos troianos, Helena se torna o pivô de uma 
batalha entre duas grandes civilizações - Tróia e Esparta - que duraria quase uma 
década. 
De forma semelhante, em “Tróia”, vemos que Páris provoca uma guerra ao afastar 
Helena de seu marido, Menelau. Tem início então uma sangrenta batalha, que dura mais 
de uma década. A esperança de Príamo, rei de Tróia, em vencer a guerra está nas mãos 
de Aquiles, o maior herói da Grécia, e de seu filho Heitor. 
 
FIM DE BOXE MULTIMIDIA 
 
No período homérico, a concepção mítica de mundo ainda predominava. 
Segundo essa concepção, o herói vivia na dependência dos deuses e do destino, 
sofria interferência divina e, portanto faltava-lhe a noção de livre arbítrio. Ao 
contrário do que você pode estar pensando, esta condição só o enaltece diante 
dos homens comuns, pois ele foi escolhido pelos deuses. 
 
INICIO DO VERBETE 
Mítica - dos mitos ou da natureza deles. 
 
FIM DO VERBETE 
 
 
Ter sido escolhido pelos deuses é sinal de valor e em nada desmerece 
a virtude, que para os gregos significa força, excelência e 
superioridade, alvo do supremo herói. Trata-se da virtude [areté] do 
guerreiro belo e bom. (ARANHA, 2006, p. 58) 
 8 
 
INICIO DO VERBETE 
Virtude – (Areté) – A virtude do guerreiro belo e bom são a coragem, a 
prudência, a lealdade, a hospitalidade, a honra, a glória e o desafio à morte. 
 
FIM DO VERBETE 
 
 
Figura 2.6 Aquiles na corte do rei Nicomedes, estátua em mármore (240 d.C.). 
Fonte: Por Lycomedes LouvreMa2120.jpg/420px 
 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/10/ 
 
 
Aquiles e Ulisses são os modelos idealizados de herói. O primeiro personifica o 
guerreiro, com as habilidades de um lutador corajoso; o segundo é paradigma de 
honra, oratória e superioridade no cumprimento do dever. Este constitui “o ideal 
do processo educativo: o enaltecimento da superioridade individual para que seja 
o melhor e supere os demais”. (MELLO, 2006, p.35). 
 
Segundo esse ideal educativo a criança nobre permanece em casa até os sete 
anos, quando é então enviada aos palácios de outros nobres para aprender, 
como escudeiro, o ideal cavalheiresco; também podem ser contratados 
preceptores para dar formação integral, formação baseada no afeto e no 
exemplo. (ARANHA, 2006). 
 
 
 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/10/
2.2 Período arcaico (séculos VIII a VI a. C) 
 
Com o advento das cidades-estado (pólis), no período arcaico (séculos VIII a VI 
a. C.) ocorrem grandes transformações sociais e políticas numa sociedade 
caracterizada em classes e baseada na escravidão. Incrementa-se o comércio. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Pólis. A Grécia, na Antigüidade, não formava uma unidade política. Ela se compunha de 
várias Cidades-Estado como Esparta e Atenas. Essas cidades-estado – as pólis – tinham 
em comum, o idioma, a religião e similaridades nas instituições sociais e políticas. 
Conforme Chauí (1995), pólis em grego significa “cidade organizada por leis e 
instituições”. (p.28). A pólis estava centralizada na ágora (praça pública), onde se 
discutiam os problemas de interesse comum. 
 
FIM DE BOXE EXPLICATIVO 
 
É neste período arcaico que aparecem os primeiros filósofos e o pensamento 
científico se desliga de preocupações míticas. O surgimento da filosofia é fruto de 
milênios, tendo como marco as novidades introduzidas neste período. São elas: o 
reaparecimento da escrita, a moeda, a lei, as instituições políticas e a “pólis”, o 
aparecimento do filósofo. Assim a tradição mítica de mundo - que explica as 
ações humanas como conseqüência do destino e do sobrenatural - predomina na 
Grécia até por volta do século VI a. C. quando se passa a ter uma nova visão de 
homem e de mundo. 
 
No final desse período, lutas sociais denunciam uma crise social e política 
resultante do conflito entre a aristocracia rural e os setores populares, estes 
representados pelos comerciantes em ascensão. Legisladores como Drácon, 
Sólon e Clístenes instituem a lei escrita. As reformas de Sólon favorecem o 
acesso dos comerciantes ao poder e as de Clístenes no final do século VI a. C. 
dão condições para o nascimento de uma nova ordem política, que é a 
democracia. (Aranha, 2006). Essa nova ordem dá origem ao “cidadão da pólis”, 
figura inexistente no mundo coletivista tribal. 
 
Assim, no período arcaico surge uma nova concepção de virtude (Arete). Se 
antes ela era ética, aristocrática, agora ela é política, com repartição do poder e 
representando uma consequente reformulação das práticas educativas. 
 10 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Coletivista tribal - a educação nas comunidades tribais 
As comunidades tribais “primitivas” se caracterizam como uma “coletividade pequena, 
assentada sobre a propriedade comum da terra e unida por laços de sangue, os seus 
membros eram indivíduos livres, com direitos iguais, que ajustaram suas vidas às 
resoluções de um conselho firmado democraticamente por todos os adultos, homens e 
mulheres da tribo.” (PONCE, 1998, p.17). E a educação prática se constituía no treino 
para obtenção de alimentos, vestiário e abrigo, imposições de sobrevivência para todos 
os indivíduos. A essa educação Maria Lúcia Arruda Aranha (2006) vai chamar de 
“educação difusa”, onde não existia a escrita e toda a comunidade assumia a função de 
ensinar, de transmitir os conhecimentos necessários a sua existência. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
2.3 Período clássico (séculos V e IV a. C.) 
 
O período clássico (séculos V e IV a. C) representa o apogeu da civilização 
grega. A produção nas artes, na literatura e na filosofia já delineia o que virá a ser 
a herança cultural do mundo ocidental. A ginástica e a música eram valorizadas. 
Na política, Péricles representa o auge do ideal grego da democracia. Ele funda a 
“Confederação pan-helênica”, sob a hegemonia de Atenas e empreende grandes 
obras públicas como o Parthenon (447-438 a. C.). (MELLO, 2006, p.35). 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
O Parthenon foi um templo da deusa grega Atena, 
construído no século V a.C. na acrópole de Atenas. 
Ornado com o melhor da arquitetura grega, suas 
esculturas decorativas são consideradas um dos 
pontos altos da arte grega. Símbolo duradouro da 
Grécia e da democracia, é considerado um dos 
maiores monumentos culturais do mundo. O nome 
Parthenon parece derivar da monumental estátua de 
Atena Parthenos, que foi esculpida em marfim e ouro, 
e sua qualificação parthenos ("virgem", em grego) 
refere-se ao estado virginal e solteiro da deusa. 
Servia como tesouraria, onde se guardavam as 
reservas de moeda e metais preciosos da cidade que 
se tornou mais tarde o império ateniense. No século 
VI foi convertido numa igreja cristã dedicada à Virgem 
Maria e depois da conquista turca foi transformada 
numa mesquita. Em 1687, um depósito de munição 
instalado pelos turcos explodiu, depois de ser atingido por uma bala de canhão 
veneziana, causando sérios prejuízos ao edifício e a suas esculturas. O Parthenon é hoje 
um dos mais visitados sítios arqueológicos da Grécia e o Ministério da Cultura grego leva 
adiante um programa de restauração e reconstrução do edifício. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_grego
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deusahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_grega
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atena
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_V_a.C.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_da_Gr%C3%A9cia_Antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_da_Gr%C3%A9cia_Antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_ateniense
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1tua
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_VI
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_VI
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Virgem_Maria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Virgem_Maria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Turquia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesquita
http://pt.wikipedia.org/wiki/1687
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Otomano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Canh%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_de_Veneza
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADtio_arqueol%C3%B3gico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia
 
Figura 2.9 Parthenon, em Atenas, Grécia 
Fonte: Por Parthenon from west.jpg/800px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ad/ 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
 
Além da valorização do ensino da música e da ginástica, por exemplo, com o 
desenvolvimento da democracia, surge a escola do alfabeto ou escola de escrita. 
Assim, junto dos mestres de ginástica e de música surge um novo mestre, o das 
letras do alfabeto, o grammatistes. Entretanto, saiba que estamos falando de uma 
democracia escravista, na qual os cidadãos que tinham acesso a essa 
educação eram apenas os homens livres. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Democracia escravista 
Nas cidades gregas, uma minoria era considerada cidadã. Mulheres, estrangeiros e 
escravos não desfrutavam da cidadania. Atenas tinha cerca de meio milhão de 
habitantes, dos quais 300 mil eram escravos e 50 mil, metecos (estrangeiros). Excluídas 
as mulheres e as crianças, apenas os 10% restantes tinham direito de decidir por todos! 
(Aranha, 2006) 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
O ócio digno era para aqueles que não precisavam cuidar da própria existência. 
Porém, você não deve confundir isso com o não fazer nada. Pensar, guerrear e 
governar eram ocupações nobres. As atividades artesanais eram realizadas pelo 
braço escravo que desta forma “liberta” o cidadão para se dedicar às funções 
teóricas, políticas e de lazer, consideradas mais dignas. Assim. A palavra grega 
para escola – scholé significa inicialmente “o lugar do ócio.” 
 
2.4 Período helenístico (Séculos III e II a. C) 
 
No fim do século IV a. C., inicia-se a decadência das cidades-estados. A cultura 
helênica se funde às civilizações que a dominam, formando o helenismo que se 
estabelece por volta dos séculos III e II a. C. Essa decadência das cidades-
estados (as pólis) se dá por dissidências entre elas próprias. 
 
 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ad/
 12 
INICIO DO VERBETE 
Helênica - Relativo à Grécia, antiga Hélade. 
FIM DO VERBETE 
 
A Grécia nunca constituiu uma unidade política, e as cidades-estados ora se 
rivalizam em poder e influência, ora se uniam contra um inimigo comum, como no 
caso da ameaça persa. Ainda na época clássica, as desavenças entre as cidades 
de Esparta e Atenas culminaram em guerra, da qual Atenas saiu derrotada. 
Nesta situação, o rei Felipe da Macedônia conquista as cidades gregas 
convulsionadas por conflitos internos. Mais tarde, seu filho Alexandre, o Grande, 
ocupa a Grécia e expande suas conquistas pela Ásia Menor, Oriente Médio, 
Mesopotâmia, Pérsia (atual Irã) e Índia. Na África, ele conquista o Egito, 
fundando a cidade de Alexandria na foz do Rio Nilo, em 331 a. C. 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Figura 2.10: Busto de Alexandre, o Grande 
 
Alexandre o grande era filho do rei Filipe II, e foi uma das personalidades mais 
fascinantes da história, responsável pela construção de um dos maiores impérios que já 
existiu. Sua inteligência e gênio estratégico se tornaram lendários. Alguns de seus 
contemporâneos chegaram a supor que ele fosse filho de Zeus, o líder dos deuses do 
Olimpo. Porém, Alexandre não era um deus, mas apenas um homem com qualidades 
excepcionais. 
Com a morte do pai, Alexandre, que tinha vinte anos, se tornou o novo rei da Macedônia. 
Mas antes de se tornar rei, o jovem Alexandre já tinha experiência política e militar. 
Alexandre também era culto e sofisticado. Ele adquiriu uma sólida formação cultural 
graças às aulas que recebeu de Aristóteles, um dos maiores filósofos da Antiguidade. Foi 
ele quem difundiu a cultura grega para outras partes da Macedônia, região onde nasceu, 
e do mundo. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
Alexandre teve como mestre o filósofo Aristóteles, e com seu império divulga a 
cultura grega. Por outro lado, a Grécia sofre a influência dos povos orientais. 
Após sua a morte, em 323 a. C, o império se fragmenta. Por volta dos séculos II a 
I a. C. os romanos se apropriam não só desses territórios, mas das expressões 
culturais da civilização grega. Após a conquista romana, elementos da cultura 
grega foram assimilados pelos romanos, o que se estendeu a outros povos por 
meio da influência do Império Romano. 
 
INICIO DE BOXE MULTIMIDIA 
Alexandre, o Grande 
Uma boa dica! Para que você saiba mais sobre as 
conquistas alexandrinas, assista ao filme 
“Alexandre,O Grande” (Oliver Stone, 2004). Uma 
história sobre sabedoria, sangue e glória: um 
comandante militar, guerreiro e herói da Macedônia, 
Alexandre, o Grande, é um homem perturbado pelo 
conflito entre a enorme sabedoria de seu professor, 
Aristóteles, a lealdade a seu guerreiro pai, e seu 
próprio desígnio grandioso de dominar o mundo. Em um mundo agitado de política 
conturbada, este jovem ambicioso se ergue acima de todos os conflitos para unir os 
continentes da Europa e Ásia e se tornar um dos maiores e mais famosos governantes 
de todos os tempos. 
FIM DE BOXE MULTIMIDIA 
 
Até aqui você aprendeu sobre os períodos em que são divididas a civilização e 
educação grega – homérico, arcaico, clássico e helenístico. Porém, deve estar 
curioso para entender melhor sobre a Paidéia, título do texto. Então, vamos a ela 
na nossa próxima seção! 
 
3. O QUE É PAIDÉIA? 
Você deve estar se perguntando, o que é a Paidéia? Até porque essa palavra 
está no título da nossa aula! No período clássico, por volta do século V a. C. é 
criada a palavra Paidéia, que de início significava apenas a criação dos meninos 
(pais, paidós - criança). Posteriormente essa noção se ampliou, passando o 
termo Paidéia a designar o processo de formação integral entre os gregos. Para 
o helenista Werner Jaeger, no tempo democrático, o ideal educativo passa a ser 
a formação do cidadão grego, adquirindo a palavra Paidéia nuances que a 
tornam intraduzível. 
 
 14 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
 
Figura 2.11: Werner Jaeger. 
Fonte: Por Max Liebermann (1915) 
http://en.wikipedia.org/wiki/Werner_Jaeger 
 
Werner Wilhelm JAEGER (1888-1961). Estudioso da cultura grega antiga. Entre 
seus trabalhos se destaca Paidéia – a formação do homem grego. Nela o 
historiador esclarece sobre os ideais de educação da Grécia antiga. (Paidéia, 
2001) 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Para Jaeger, expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura 
ou educação, nenhuma delas coincide realmente com o que os gregos entendiam 
como Paidéia. Para abranger esse conceito teríamos de empregá-las de uma só 
vez, diz na introdução de sua obra. Tentando dar uma definição, podemos dizer 
que o termo grego paidéia, essencial da Pedagogia, significa formação integral 
do homem grego. Mas o que seria essa formação integral? A Paidéia, entendida 
como formação integral, seria a educação do corpo e do espírito, mesmo que ora 
se enfatizasse mais para o preparo esportivo, ora o debateintelectual, conforme 
a época e o lugar. 
 
No período helenístico (séculos III e II a. C), a Paidéia torna-se mais enciclopédia, 
entendida como educação geral. Essa enciclopédia consiste numa ampla gama 
de conhecimentos exigidos para a formação do homem culto. Cada vez mais 
aumentam os estudos teóricos, restringindo-se o tempo dedicado aos exercícios 
físicos. Ao lado do ensino elementar, orientado pelo gramático, nota-se o 
http://en.wikipedia.org/wiki/Max_Liebermann
http://en.wikipedia.org/wiki/Werner_Jaeger
desenvolvimento do nível secundário, sendo ainda ampliada a função do “retor”, 
ou mestre de retórica. Retórica é arte de falar bem. 
 
Organizam-se escolas com o conteúdo abrangente das disciplinas humanistas 
(gramática, retórica e dialética) e das quatro disciplinas cientificas (aritmética, 
música, geometria e astronomia), formando as sete artes liberais. 
Espalham-se inúmeras escolas filosóficas e surgem as universidades, 
destacando-se a Universidade de Atenas, que resulta da junção da Academia de 
Platão e do Liceu de Aristóteles, foco de fermentação intelectual, o que perdura, 
inclusive, no período da dominação romana, por volta dos séculos II a I a.C. 
 
Outro centro importante de estudos superiores se encontra em Alexandria. A 
cidade se transformou em um centro fecundo de pesquisa, constituído por escola, 
museu e biblioteca. Por ela passaram muitos sábios como Ptolomeu (astronomia 
geocêntrica), Arquimedes (física) e Euclides (geometria). Mais tarde lá também 
se encontrava alguns Padres da Igreja (Patrística), como Clemente de 
Alexandria. 
 
Famosa pela coleção de manuscritos gregos, hebreus, egípcios e orientais, a 
biblioteca de Alexandria era bem equipada e possuía funcionários para organizar 
os documentos e produzir cópias. Foi destruída no século VII d. C. quando a 
região foi conquistada pelos árabes. O califa que conquistou Alexandria teria 
usado os livros como combustível para 4 mil banhos públicos durante seis meses. 
 
Figura 2.12 O interior da antiga biblioteca de Alexandria 
Fonte: Por Ancientlibraryalex.jpg 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/ 
 16 
O ideal da educação helenística era a formação do homem total, visando ao 
equilíbrio e à harmonia completa do corpo e da alma, do caráter e do espírito, da 
sensibilidade e da razão, nos diz Henri-Iréné Morrou (1975). Para esse autor, a 
educação helenística é tão importante que devemos chamá-la de educação 
clássica. Veja o que ele diz. 
 
Essa educação é a de todo o mundo grego, quando se estabiliza após 
as grandes aventuras da conquista de Alexandre e das guerras que se 
sucederam após a sua morte. Ela permanece em voga, em todo o 
mundo mediterrâneo, por tanto tempo quanto este merece ser 
considerado antigo. Ultrapassa, com efeito, a era propriamente 
helenística para estender-se pelo período romano. (MORROU, 1975, 
p.154). 
 
Para você ficar por dentro, até aqui exploramos uma visão geral da educação 
grega em quatro diferentes períodos históricos, e dentro do último período citado, 
o período helenístico (séculos III a II a. C, conhecemos melhor sua educação, 
que tinha como ideal a Paidéia, ou seja, uma educação geral dos gregos que 
incluía conhecimentos exigidos para a formação do homem culto. Agora, vamos 
nos aprofundar melhor em como acontecia a educação nas duas das principais 
pólis gregas que se desenvolviam no período helenístico. Vamos lá?! 
 
4. A EDUCAÇÃO EM ESPARTA E ATENAS – DUAS CIDADES-ESTADO 
 
Vamos sistematizar? Como você já sabe, as pólis gregas eram autônomas, não 
constituíam uma unidade política, portanto suas práticas educativas podiam 
variar. Para que você as conheça melhor, agora vamos apresentar as práticas 
educativas em duas Cidades-estado: Esparta – a cidade militarizada e Atenas – 
cidade iniciadora do ideal democrático; dois modelos diferentes de educação. O 
primeiro modelo baseado no estatismo e no conformismo, o segundo baseado na 
concepção de Paidéia. Lucrecia Stringhetta Mello, quanto à diferença entre 
ambas, assim se pronuncia: 
 
Embora em ambas as cidades houvesse a divisão social em classes, 
com guerreiros e proprietários de terras e de escravos [...], a guerra era 
vista como um modo de adquirir riquezas, a primeira priorizou as 
virtudes guerreiras e a outra, o desenvolvimento do intelecto. (MELLO, 
2006, p.36) 
 
Você poderá identificar na educação grega alguns elementos de nossa educação 
e pedagogia, mas também poderá estranhar alguns valores e práticas 
pedagógicas desse povo grego. Mas lembre-se que estamos falando de uma 
civilização com sua cultura determinada por um espaço e tempo histórico 
específico. 
 
4.1 A formação do homem grego: a educação e a pedagogia espartana 
 Figura 2.13 Leónidas foi rei e general de Esparta 
 Fonte: Por Leonidas Thermopylae.jpg 
 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/22/ 
 
Esparta se situava na península do Peloponeso. Diferente de Atenas, sua 
educação severa valorizava as atividades guerreiras orientada para a formação 
militar. Quem organizou o Estado e a educação em Esparta foi o legislador 
Licurgo (cuja existência real é questionada), por volta do século IX a. C. 
Patrocinada pelo Estado, essa educação militar é compartilhada por homens e 
mulheres, tendo como finalidade assegurar a superioridade sobre as classes 
submetidas. Licurgo por meio dessa finalidade impingiu o ideal pedagógico: 
formar cidadãos respeitosos aos deuses, patriotas, bravos e fortes. (MELLO, 
2006, p.37). 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Cidadão - O número de espartanos considerados cidadãos – classes superiores, 
era menor do que o número de habitantes submetidos ao poder destes cidadãos: 
os ilotas (servos da gleba, no sentido empregado na Idade Média) e os periecos 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esparta
 18 
(aproveitados no exército e na indústria). 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
De início o preparo militar é entremeado com a formação esportiva e a musical. 
Com o tempo – e, sobretudo, quando Esparta derrota Atenas, no século IV a. C – 
a educação passa a ser mais rigorosa. Os espartanos desenvolviam o rigor físico 
e as habilidades guerreiras por meio da prática da ginástica. Disciplinada e 
austera, essa educação era controlada pelos éforos: os cinco magistrados que 
exerciam, por delegação da nobreza, um poder absoluto para isso. 
Os espartanos se comprometiam a prestar serviço militar, especialmente 
guerreiro, de que o Estado necessitava para sua defesa e expansão, como 
retribuição pelo uso da terra distribuída pela reforma de Licurgo. 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Figura 2.14 Licurgo 
Fonte da imagem: Por Lycurgus.jpg 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/57/ 
 
Reforma de Licurgo 
Essa reforma, realizada pelo legislador Licurgo por volta do século IX a. C., 
distribuiu terras de forma equitativa entre nove mil famílias, assim como os 
instrumentos de cultivo. Com o tempo, surgiu uma oligarquia que concentrou 
apenas em suas mãos poder e terras, tirando-as dessas famílias. (MELLO, 2006) 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Era costume pais abandonarem os filhos deficientes físicos ou débeis porque não 
era interesse da família que a herança passasse para as mãos de um herdeiro 
considerado incapaz. Essa prática era recomendada pelo Estado como uma 
política de eugenia – prática de melhoramento da espécie – já que a criança não 
apresentava condições de se constituir, por exemplo, como um futuro guerreiro 
defensor desse Estado. 
 
A política de eugenia ainda incluía o fortalecimento das mulheres para gerarem 
filhos robustos e sadios, sendo elas mesmas incluídas nesta educação severa do 
treino militar. Diferentemente de outras cidades-estado, em Esparta, as mulheres 
mereceram atenção. Elas participavam de atividades físicas, como exercícios de 
salto, lançamento de disco, corrida, dança. “Por ocasião das festividades, exibem 
nos jogos públicos toda aforça, a beleza e o vigor dos corpos bem treinados.” 
(ARANHA, 2006, p.51) 
 
Neste Estado guerreiro, até os sete anos a criança permanecia com a família, 
quando então era retirada para o que lhe proporcionava educação pública e 
gratuita. O jovem espartano era criado em comunidades de acordo com a idade. 
Como todos os gregos, os espartanos desenvolviam o estudo da música, canto e 
dança coletiva. Até os 12 anos predominavam as atividades lúdicas, mas com o 
tempo, aumentava o rigor da aprendizagem e a educação física se transformava 
em treino militar severo. A aprendizagem incluía: suportar a fome, o frio, dormir 
com desconforto para transformá-los em rijos soldados. A educação moral 
valorizava a obediência, a aceitação dos castigos, o respeito aos mais velhos. O 
espartano permanecia até os 45 anos no exército ativo e até os 60 na reserva. 
Era comum fomentar as práticas de amor homossexual, assim se estreitava os 
laços de companheirismo e se mantinha os soldados unidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
INÍCIO DO BOXE MULTIMIDIA 
 
Fonte: http://stelladauer.files.wordpress.com/2007/04/wallpaper_06.jpg 
Se você se interessou em saber mais sobre os espartanos, veja o filme “300.” 
(Zack Snyder, 2007). O rei Leônidas e seus 300 guerreiros de Esparta lutam até 
a morte contra o gigantesco exército persa do rei Xerxes. O sacrifício e a 
dedicação destes homens valentes uniu toda a Grécia no combate contra o 
inimigo persa. Que tal essa sessão? 
FIM DO BOXE MULTIMIDIA 
 
Como você já deve ter percebido, diferentemente dos atenienses, os espartanos 
não eram educados para os refinamentos intelectuais, nem para os debates e os 
discursos longos. Daí deriva a palavra “laconismo” que significa “maneira breve, 
concisa, de falar ou escrever”. Lacônia era a região onde os espartanos viviam. 
Agora vamos entender melhor como era a educação para os atenienses? 
 
4.2 A formação do homem grego: a educação e a pedagogia ateniense 
 
Figura 2.15 Universidade de Atenas 
Fonte: Por: Athens University main building.jpg/800px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/15/ 
 
http://stelladauer.files.wordpress.com/2007/04/wallpaper_06.jpg
Em vários textos sobre a educação grega, há uma concordância – se a Grécia 
clássica pode ser considerada o berço da Pedagogia, Atenas foi a “escola de 
toda a Grécia”. Sua concepção de Estado permite a emergência do cidadão 
participante da pólis. Ao lado da educação física, a educação intelectual assume 
grande importância. 
 
No final do século VI a. C já aparecem algumas formas de escolas, porém o 
ensino não se torna nem obrigatório nem gratuito, predominando a iniciativa 
particular. A educação da criança durante os primeiros sete anos ficava sob a 
responsabilidade da família, quando então seguia seu percurso educativo de 
acordo com a diferença entre os sexos. Geralmente a menina permanecia no 
Gineceu e o menino era entregue aos cuidados de um escravo – pedagogo, 
responsável por acompanhar o menino à palestra, iniciando sua alfabetização e 
a educação física e musical. 
 
INICIO DO VERBETE 
Gineceu - Parte da casa onde as mulheres se dedicavam aos afazeres 
domésticos, atividades consideradas pouco importantes em um mundo 
predominantemente masculino. 
FIM DO VERBETE 
 
INICIO DO VERBETE 
Pedagogo - paidagogos - significa literalmente aquele que conduz a criança 
(agogôs - que conduz), no caso o escravo que acompanha a criança à escola. 
Com o tempo, o sentido se amplia para designar toda teoria da educação, a 
(Pedagogia). 
FIM DO VERBETE 
 
INICIO DO VERBETE 
Palestra - de “palaistra”, “lugar onde se luta”; “palaio”, “eu luto”, onde se pratica 
exercícios físicos. 
FIM DO VERBETE 
 
Sob a orientação do pedótriba (instrutor físico), o menino era iniciado em corrida, 
salto, lançamento de disco, de dardo e em luta, as cinco modalidades do 
pentatlo, competição famosa de jogos na cidade de Olímpia, por isso jogos 
 22 
olímpicos. Aprendia a fortalecer o corpo e a exercer domínio sobre si próprio, já 
que a educação física vinha acompanhada pela orientação moral e estética. 
Figura 2.16 Estádio em Olímpia, Grécia 
Fonte: Por Olympia-stadion.jpg 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/ 
 
INICIO DO VERBETE 
Pedótriba (Paidotriba). Em grego, castigador de crianças. 
FIM DO VERBETE 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Jogos olímpicos - Organizados desde o século VIII a. C., os jogos olímpicos, eram um 
dos festivais pan-helênicos que reuniam participantes de todo o mundo grego e que 
aconteciam a cada quatro anos no verão. Por essa ocasião havia uma trégua sagrada, 
interrompendo qualquer atividade guerreira. Os atletas disputavam diversos jogos, e os 
vencedores eram coroados com folhas de oliveira, recebendo as homenagens das 
cidades que representavam. Poetas e oradores falavam em praça pública. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Como já foi dito a você anteriormente, além do 
preparo físico, e a educação musical é valorizada 
da mesma forma, e por isso o pedagogo também 
leva a criança ao citarista, ou ao professor de 
cítara. 
 
Figura 2.17 - Cítara 
Fonte: Por Felipe Fonseca 
http://farm1.static.flickr.com/158/414092815_aaa70742b7.jpg 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Educação musical - Os gregos eram amantes da música (a arte das musas) de 
significado amplo, abrangendo a educação artística em geral. A dança é 
expressão abrangente que inclui exercício físico e a música. 
 
Figura: 2.18 Lição de música com liras. cerâmica do século VI a.C. 
Fonte: Por Music lesson Staatliche Antikensammlungen 2421.jpg/800px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9b/ 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Com o tempo, pode-se afirmar a existência de três níveis de educação: 
elementar, secundária e superior. O ensino elementar da leitura e da escrita 
merece menor atenção. O mestre é geralmente uma pessoa humilde, mal paga e 
sem prestígio. Todo o prestígio é creditado ao instrutor físico (paidotriba). 
Manacorda (1995) em seu livro História da educação: da Antiguidade aos nossos 
dias, ao discutir a existência da escola do alfabeto ou escola de escrita voltada 
para o nível elementar de ensino, nos apresenta a obra de Heródoto intitulada 
Histórias, onde este autor nos conta um episódio trágico ocorrido em 496 a.C na 
ilha de Quios. Esta obra sinaliza para a existência dessas escolas e 
consequentemente desse tipo de ensino. 
Naquela mesma época na cidade, antes da batalha naval 
(desastradamente perdida), sobre um grupo de crianças que 
aprendiam as letras caiu um teto e, de cento e vinte crianças, se 
salvou só uma.” (HERÓDOTO in. MANACORDA, 1995, p.50) 
 
 24 
O ensino profissional não é preocupação, pois os ofícios são aprendidos no 
próprio mundo do trabalho. Uma exceção é a medicina, profissão altamente 
considerada entre os gregos e baseada nos ensinamentos de Hipócrates (460-
377 a. C.). Segundo Werner Jaeger (2001), esta posição de prestígio decorre da 
sua relação com a paidéia. Ao contrário do mestre de letras (educação 
elementar) o médico é colocado no mesmo patamar social do pedótriba (instrutor 
fisico), do músico e do poeta. “Se o homem sadio é um ideal grego, é preciso 
entender que ginastas e médicos concebem a cultura física na sua dimensão 
espiritual.” (ARANHA, 2006, p.53) 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Figura 2.19 Hipócrates 
Fonte: Por Hippocrates.jpg 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7c/ 
 
Hipócrates (460-377 a. C.) - Natural da Ilha de Cós, fundador da Medicina como 
ciência. O juramento hipocrático destaca o compromisso de exercer a Medicina 
zelando de forma incondicional e atenta pela saúde dos pacientes. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Com o tempo surge a figura do gramático ou didáscalo. Este costumava reunir, 
em qualquer canto – sala, tenda, esquina ou praça pública – um grupo de alunos, 
para ensinar a leitura e a escrita. As crianças escreviam em tabuinhas 
enceradase faziam cálculos com o auxílio dos dedos e do ábaco, instrumento de 
contar constituído de pequenas bolas. O método de ensino exigia memorização, 
silabação, repetição e declamação. As crianças aprendiam de cor, por exemplo, 
os poemas de Homero. 
 
INICIO DO VERBETE 
Gramático ou didáscalo - O gramático (“grammata”, literalmente “letra”), 
também chamado didáscalo (“didasko”, “eu ensino”), 
 
FIM DO VERBETE 
 
INICIO DO VERBETE 
Tabuinhas enceradas 
Tabuinhas de madeira recobertas de cera usadas por gregos e romanos para 
gravar as letras que podiam depois ser apagadas. 
 
FIM DO VERBETE 
 
A educação elementar completava-se por volta dos 13 anos. As crianças mais 
pobres não continuavam seus estudos, mas iam em busca de um ofício, 
enquanto as de família rica continuavam seus estudos no ginásio. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Ginásio – Inicialmente era o local para a cultura física onde, com freqüência, os 
gregos se apresentavam despidos (daí sua origem etimológica: “gimnos”, “nu”). 
Além da cultura física, atividades musicais, discussões literárias e assuntos 
contidos nas artes liberais como matemática, geometria e astronomia são 
trazidos sob a influência dos filósofos. Com o surgimento das bibliotecas e salas 
de estudo, o ginásio adquire características de local de educação secundária. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Por volta do século IV a. C, a educação do rapaz assume uma dimensão cívica 
de preparação militar, conhecida como efebia (dos 16 aos 18 anos). Com a 
abolição do serviço militar em Atenas, a efebia passa a constituir a escola em que 
se ensinava filosofia e literatura. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Efebia - De efebo que significa jovem. Na Grécia antiga, a homofilia (amizade 
pelo igual) era aceita em um mundo em que as mulheres, nada instruídas, 
restringiam-se às funções domésticas de reprodução. Mesmo que esses 
costumes não fossem objeto de censura, estavam sujeitos a certas normas: era 
tolerada a relação entre o senhor e o escravo, ou entre um adulto (sempre a 
parte ativa) e um jovem (efebo). Entretanto, era condenada a relação entre dois 
iguais e ainda, se o adulto ou o senhor agisse como parceiro passivo. Daí a 
 26 
origem da palavra pederastia. Paiderastés (paidós - criança, e erastés - 
apaixonado). A palavra denota a relação afetuosa entre mestre e aluno, marcada 
pelo exemplo e admiração. Para saber mais sobre efebia veja a obra História da 
sexualidade, de Michel Foucault. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Na seção anterior, você conheceu modelos distintos de educação em duas 
cidades-estado gregas: Esparta – cidade militarizada, e Atenas – cidade 
iniciadora do ideal democrático. Agora, vamos conhecer como os sofistas, sábios 
itinerantes de Atenas, contribuíram para a educação. 
 
5.CONTRIBUIÇÕES DE SOFISTAS E FILÓSOFOS PARA A EDUCAÇÃO 
 
No período clássico (séculos V e IV a. C) os novos mestres são os sofistas. A 
docência propriamente dita, a atividade específica de ensinar, nasceu com os 
sofistas sábios itinerantes que se encontravam em Atenas e que eram mestres 
na arte denominada Retórica. Esta é a arte de falar bem e esses sofistas 
cobravam pelos seus ensinamentos. Entre eles se destacou Protágoras de 
Abdera (485-410 a. C.) que dizia “O homem é a medida de todas as coisas”, 
neste sentido reafirmando o valor da individualidade. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Sofista - Etimologicamente, vem de sophos, que significa sábio ou professor de 
sabedoria. Pejorativamente, passou a significar homem que emprega sofismas, alguém 
que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar outrem. Sócrates e 
Platão criticavam os sofistas pelo costume de cobrarem por suas aulas. 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Com os sofistas nasce uma espécie de educação superior. Eles se dedicam à 
profissionalização dos mestres e à didática, cuidando inclusive da ampliação das 
disciplinas de estudo. Na nova ordem política, a virtude do cidadão da pólis está 
na sua capacidade de discutir e deliberar nas assembléias. Por isso os sofistas 
fascinam a juventude com sua retórica, ensinando a ensinar a arte da persuasão, 
do convencimento, do discurso. Ensinamentos aproveitados na praça pública, 
sede da assembléia democrática. Pode-se dizer que: 
a) Os sofistas são os criadores da educação intelectual. Esta educação se 
tornará independente da educação física e musical, predominantes nos 
ginásios. 
b) Ampliam a noção de paidéia: de simples educação da criança passa a ter 
significado mais abrangente, estendendo-se à contínua formação do 
adulto. 
c) Sistematizaram o ensino, por terem formado um currículo de estudos 
composto por gramática, retórica e dialética. E por influência dos 
pitagóricos, desenvolveram a aritmética, geometria, astronomia e música, 
constituindo a tradicional divisão das sete artes liberais. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
As sete artes liberais – São assim chamadas por se destinarem aos homens livres, 
desobrigados das tarefas manuais. Esse currículo será melhor organizado no período 
helenístico – que você já estudou nesta aula e constituirá, na Idade Média, o “trivium” e o 
“quadrivium” – que estudará na aula 4. 
 
FIM DE BOXE EXPLICATIVO 
 
Os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles também ministraram educação 
superior. O primeiro informalmente em praça pública, o segundo em um dos 
ginásios de Atenas, a Academia, e mais tarde o seu discípulo Aristóteles ensina 
no Liceu. 
 
Vamos saber um pouco mais sobre esses filósofos? 
 
Sócrates passava horas discutindo nos locais públicos ou no ginásio. Interpelava 
os transeuntes e fazia perguntas aos que se julgavam entender de determinado 
assunto, deixando-os ao final sem saída e obrigados a reconhecer a própria 
ignorância. Esse procedimento ficou conhecido por método socrático. Para seu 
melhor entendimento, vamos explicar com mais detalhes. O método é composto 
de duas partes: a ironia (do grego eironeia – pergunta fingindo ignorar) parte 
destrutiva que leva a descoberta da própria ignorância, e a maiêutica (de 
maieutiké – relativo ao parto) parte construtiva que consiste em dar a luz à novas 
ideias. É de Sócrates a célebre frase “Só sei que nada sei”. 
 
 28 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Figura 2.20 Sócrates – filósofo grego 
Fonte: Por bencrowe 
http://farm4.static.flickr.com/3109/2836991287_b4a4e
e6c42.jpg 
 
Sócrates (c.469-399 a. C.) - Filósofo grego que viveu 
em Atenas no século V a. C. Condenado a beber 
cicuta por “corromper os jovens”, “negar os deuses da 
cidade” e “introduzir novos deuses”, não rejeitou suas ideias mesmo diante de 
sua morte. Não registrou por escrito o seu pensamento. Platão, seu discípulo, o 
imortalizou através de seus diálogos. Em Apologia de Sócrates, narra o 
julgamento de Sócrates. 
Trazer a ilustração do livro de Fundamentos e a imagem de Sócrates. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Segundo Paul Monroe (1987) são pensamentos de Sócrates que contribuíram 
para educação: 
 
a) O conhecimento tem um valor prático ou moral, isto é, um valor funcional e, 
conseqüentemente, é de natureza universal e não individualista; 
b) O processo objetivo para se obter conhecimento é o da conversação; o 
subjetivo é o da reflexão e organização da própria experiência; 
c) O objetivo da educação é o desenvolvimento da capacidade de pensar, não 
apenas de ministrar conhecimento. 
 
Platão, discípulo de Sócrates, lecionou durante 40 anos na Academia, em 
Atenas, um dos ginásios de ensino superior da cidade. Para Platão a educação 
física proporciona ao corpo saúde perfeita, permitindo que a alma ultrapasse o 
mundo dos sentidos e melhor se concentre na contemplação das ideias. Platão 
recomenda ainda o ensino da geometria, e segundo uma tradição antiga parece 
que na entrada da Academia destacava-se a inscrição ”Não entre aqui quem não 
souber geometria”. 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Platão 
Figura 2.21 Platão – filósofogrego 
Fonte: Por Platon-2.jpg 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/ 
 
O verdadeiro nome de Platão (428-347 a.C.) era 
Arístocles, assim chamado talvez por possuir ombros 
largos. Ateniense de família aristocrática,sentia-se 
atraído pela política. É curioso destacar que após ser 
bem recebido na Sicília por Dionísio, o Velho, foi 
vendido como escravo. Reconhecido por um rico 
armador, foi então libertado. 
 
 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Em A República Platão imagina uma cidade utópica, a “Callipolis”, “Cidade Bela”. 
Em Callipolis, na utopia de Platão, são eliminadas a propriedade e a família, e 
todas as crianças recebem educação do Estado. Como as pessoas não são 
iguais, Platão propõe uma educação que considere as diferenças, a fim de que 
cada pessoa ocupasse sua posição na sociedade. O que propõe é uma 
“sofocracia” (etimologicamente “poder da sabedoria”). No pensamento platônico 
cada classe deveria agir de acordo com a virtude que lhe é própria: “que os 
filósofos pensem, que os guerreiros lutem, que os trabalhadores trabalhem para 
os filósofos e os guerreiros.” (PONCE, 1986, p.58) 
 
INICIO DO VERBETE 
Utopia 
Etimologicamente, “utopia” significa “em nenhum lugar” (do grego, “ou-topos”). 
FIM DO VERBETE 
 
No pensamento de Platão, a educação deveria ser a mesma para todos até os 20 
anos. Porém, considerando o lugar de cada um na sociedade, as primeiras 
pessoas a ficar de fora do processo educativo eram as de alma de bronze – 
tinham uma sensibilidade grosseira que as qualificava para a agricultura, o 
artesanato e o comércio; a elas seriam confiadas à subsistência da cidade. Com 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/
 30 
a “alma de prata”, outras continuariam seus estudos por mais dez anos, 
estabelecendo-se aí o segundo corte. Aqueles que têm a coragem dos guerreiros 
interrompem os estudos a fim de constituir a guarda do Estado, como soldados 
encarregados da defesa da cidade. Os mais notáveis seguem os estudos por sua 
terem a “alma de ouro”, serão instruídos na arte de dialogar, atingindo o poder 
aos 50 anos. 
 
Aprendem, então, a filosofia, capaz de elevar a alma até o 
conhecimento mais puro, fonte da verdade. Aos 50 anos, aqueles que 
passaram com sucesso por essa série de provas estarão aptos a ser 
admitidos no corpo supremo dos magistrados. Cabe-lhes o exercício do 
poder, pois apenas eles têm a ciência da política. (ARANHA, 2006, 
p.71). 
 
Já Aristóteles foi discípulo de Platão, permanecendo por 20 anos na Academia. 
Posteriormente foi preceptor do futuro imperador Alexandre, O Grande. 
Aristóteles fundou em Atenas o Liceu, no ginásio de Apolo Lício, em uma 
dependência chamada de “peripatos”, daí o fato de sua filosofia ser conhecida 
como peripatética. Aristóteles dava suas aulas andando pelos jardins da escola, 
no peripatos, (de Peri - ao redor e pateo - passear). Alguns autores discordam 
dessa versão e afirmam que peripatos significa - passeios coberto, em uma 
dependência que frequentemente existia nos edifícios. (ARANHA, 2006) 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Figura 2.22 Aristóteles – filósofo grego 
Fonte: Por Aristoteles Louvre.jpg/450px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a4/ 
 
Aristóteles (384-332 a. C.) nasceu na cidade de 
Estagira, ao norte da Grécia. Filho de médico herdou 
o gosto pela observação, tendo classificado cerca de 
540 espécies de animais, o que mostra a importância 
dada à investigação científica, também valorizada na 
sua concepção pedagógica. 
 
 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Aristóteles, assim como Platão, entendia que cada um tinha o seu lugar na 
sociedade e que uma sociedade fundada no trabalho escravo não podia 
assegurar cultura para todos. Antecipou os tempos modernos profetizando que 
“Quando os teares funcionarem sozinhos e as cítaras tocarem por si mesmas, 
então já não necessitaremos de escravos, nem de patrões de escravos” (In. 
PONCE, 1998, p.59) 
 
Na sua obra Política, Aristóteles esboça uma teoria da educação, discutindo 
como o Estado deve se ocupar com a formação para a cidadania que deveria ser 
restrita aos homens livres, sobretudo para aqueles que dispõem de tempo para o 
“ócio digno”. 
 
Apoiado na noção de matéria e forma, explica o devir (o movimento). Segundo 
ele, todo ser tende a atualizar a forma que tem em si como potência, tende a 
atingir a perfeição que lhe é própria e o fim a que se destina. Assim, a semente 
do carvalho, enterrada, tende a se desenvolver e se transformar no carvalho em 
potência. O movimento é, pois, a passagem da potência para o ato. Para ele, 
toda educação deve levar em conta o fato de o homem estar em constante devir. 
A educação tem por finalidade ajudar o homem a alcançar a plenitude e a 
realização do seu ser, a atualizar as forças que tem em potência – seria a 
chamada Pedagogia da essência. Ver aranha 
 
Assim o conhecimento constituía a finalidade da educação, essa finalidade era a 
felicidade ou o bem. Para Aristóteles, a virtude estava na conquista da felicidade 
ou do bem. O bem está no funcionamento da parte mais elevada da natureza 
humana – na razão. “Para Aristóteles a função da razão é reger a conduta, de 
modo a tingir o bem do intelecto e o bem do caráter. O primeiro é produzido e 
ampliado pelo ensino e o segundo, pela experiência e o tempo.” (MELLO, 2006, 
p.45). 
 
Aristóteles enfatiza a ação da “vontade”, exercitada pela repetição, que conduz 
ao hábito da virtude. “Daí ser a imitação o instrumento por excelência desse 
processo, segundo o qual a criança se educa repetindo os atos de vida dos 
adultos, adquirindo hábitos que vão formar uma “segunda natureza.” (ARANHA, 
2006, p.75) 
 
 32 
Os princípios de Aristóteles vão ressurgir na Idade Média, inicialmente por 
intermédio dos árabes e, depois, incorporados pela escolástica, que faz uma 
adaptação do seu paganismo às concepções cristã. Mas isso você só verá na 
aula 5. 
 
INÍCIO DO BOXE DE ATENÇÃO 
Certamente você verá mais sobre sofistas e filósofos na disciplina Educação e Filosofia! 
FIM DO BOXE DE ATENÇÃO 
 
 
5. Para finalizar 
 
Embora estejamos privilegiando a história da educação no Ocidente é importante 
finalizar esta aula trazendo algumas informações sobre a educação na 
Antiguidade Oriental, considerando que os gregos tiveram contato com as 
civilizações orientais. 
 
Nas primeiras civilizações orientais que se desenvolveram no norte da África e na 
Ásia (Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo Oriente), a educação era 
permeada pelos livros sagrados com regras de conduta segundo prescrições 
religiosas e morais. Entre elas podemos citar as civilizações do Egito, 
Mesopotâmia (atual Iraque), China, Índia e Israel. Constituíram as primeiras 
cidades, com templos, palácios e monumentos, destacando-se a invenção da 
escrita. 
 
O aparecimento da escrita não deve ser dissociado do aparecimento do Estado. 
Vejamos como isso acontece. Inicialmente o conhecimento da escrita era restrito 
e tinha caráter sagrado. No Egito – talvez a mais antiga dessas civilizações, por 
volta de 3500 a. C. começa a valorização da palavra escrita. A escrita pictográfica 
(hieróglifos – escrita sagrada) representava figuras e não sons como a escrita 
fonética, e era composta por cerca de 600 sinais. Essa escrita era conhecida e 
utilizada pelos escribas. (MELLO, 2006; ARANHA, 2006) 
 
 
INICIO DO BOXE DE ATENÇÃO 
Caso você ainda não conheça o significado de algumas palavras que estamos usando 
aqui, procure um dicionário e não tenha vergonha de consultá-lo. Ele é sempre uma 
grande ajuda. 
 
FIM DO BOXE DE ATENÇÃO 
 
Os egípcios escreviam em pedras de túmulos e monumentos, mas usavam 
também a madeira e o papiro para o registro dos atos administrativos, da justiça 
e do comércio. 
 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Figura 2.23 Planta de papiro ("Cyperus papyrus") 
Fonte: Por Papyrus plant.jpg/800px 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Papiro - Na Grécia, por volta do século VI a. C., era utilizado o rolo de papiro, 
também conhecido por byblos (daí o nome bíblion - livro). O papiro é uma planta 
do vale do Nilo, com que os egípcios fabricavam uma tira comprida de mais ou 
menos 40 centímetros de altura e cerca de seis a nove metros de comprimento. 
Sobre ela escrevia-se com uma pena de junco fino em colunas sucessivas na 
direção em que era enrolada (sua maior dimensão). Não se deixavam espaços 
entre as palavras, nem se usavam sinais de pontuação. No século III a. C. é 
desenvolvido outro material para a escrita, o pergaminho (da cidade de Pérgamo, 
na Ásia Menor), de pele de animal. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 34 
 
Na Mesopotâmia, a escrita cuneiforme (inscrições em forma de cunha) também 
era pictográfica. Mais tarde, a ideográfica e depois o sinal fonético. 
 
Na China, encontramos a escrita ideográfica até meados do século XX. Neste 
tipo de escrita os sinais gráficos representam ideias e não figuras. Calcula-se seu 
número em mais ou menos 25 mil, excluindo-se as palavras obsoletas e os 
sinônimos, sendo que poucos são usados no cotidiano. (MELLO, 2006, p.23). 
Por volta do segundo milênio a. C, os fenícios inventaram o alfabeto ou o 
aperfeiçoaram não se sabe ao certo, provocando uma maior difusão da escrita. 
Os vinte e dois sinais criados representam sons diferentes permitindo diferentes 
combinações. Isso torna mais prático o uso e a aprendizagem da escrita, 
contribuindo para que aos poucos fosse perdendo o seu caráter sagrado e 
deixando de ser monopólio de poucos. 
 
Os gregos, por volta do século VIII a. C. assimilaram o alfabeto, transmitindo-o 
posteriormente aos latinos, por meio dos quais chegou até nós. O alfabeto é 
formado pelas primeiras letras fenícias aleph e bet, transformadas, pelos gregos, 
em alpha e beta. 
 
INÍCIO DO BOXE MULTIMÍDIA 
Você poderá saber mais sobre a educação na Antiguidade grega consultando o artigo de 
ALEXANDRE JUNIOR, Manuel. Paradigmas da educação na antiguidade Greco-romana. 
Disponível em http://www1.ci.uc.pt/eclassicos/bd_pdfs_hum/28/art.28-
paradigmasdeeducacaogreco-romana.pdf 
 
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA 
 
RESUMO 
Nesta aula tratamos da educação na antiguidade grega desde os tempos 
homéricos até ao período helenístico. Vimos que no mundo grego da Paidéia a 
virtude (areté) e o pensar são imprescindíveis à formação do homem grego, do 
cidadão da polis, sendo assim, a maior virtude é o saber. Os homens devem ser 
educados para transformarem-se em cidadãos e também para defender, legislar 
e governar a pólis. Destacamos a discussão em torno da definição de paidéia; a 
educação e pedagogia em duas cidades-estado (pólis): Esparta e Atenas, 
http://www1.ci.uc.pt/eclassicos/bd_pdfs_hum/28/art.28-paradigmasdeeducacaogreco-romana.pdf
http://www1.ci.uc.pt/eclassicos/bd_pdfs_hum/28/art.28-paradigmasdeeducacaogreco-romana.pdf
considerando diferenças e semelhanças; as contribuições de sofistas e filósofos 
para a educação. Por fim, trouxemos algumas informações sobre a educação dos 
povos orientais devido ao contato com os gregos. 
 
REFERÊNCIAS 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e 
Brasil. 3ª ed. Rev. AmpL. São Paulo: Moderna, 2006. 
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. 
JAEGER, Werner Wilhelm, 1888-1961. Paidéia: a formação do homem grego. 
Tradução Artur M. Parreira. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (Paidéia) 
MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da Antiguidade aos 
nossos dias. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1995. 
MARROU, Henri Irénée. História da educação na Antiguidade. Tradução de Mário 
Leônidas Casanova. 4ª Reimpl. São Paulo: E.P.U: Brasília, INL, 1975. 
 
MELO, José Joaquim Pereira. Estado Romano e instituições escolares. 
Disponível em: 
http://www.ucdb.br/serieestudos/publicacoes/ed25/S_Estudos_n25_inteira.pdf 
PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez; Autores 
Associados, 1986 
MELLO, Lucrécia Stringhetta. A educação na Antiguidade. In. SOUZA, Neusa 
Maria Marques de (org.). História da educação: Antiguidade, Idade Média, Idade 
Moderna, Contemporânea. São Paulo: Avercamp, 2006, p. 15-57. 
MOSSÉ, Claude. Dicionário da civilização grega. Tradução Carlos Ramalhete, 
com a colaboração de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. 
 
LEITURAS RECOMENDADAS 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e 
Brasil. 3ª ed. Rev. e atual. São Paulo: Moderna, 2006. Capítulos 1 e 2. 
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: 
Editora UNESP, 1999. (Encyclopaidéia) 
CHÂTEAU, Jean. Os grandes pedagogistas. Tradução e notas de Luiz 
Damasceno Penna e J. B. Damasceno Penna. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, v.133, 1978. (Atualidades Pedagógicas) 
GAL, Roger. História da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 
http://www.ucdb.br/serieestudos/publicacoes/ed25/S_Estudos_n25_inteira.pdf
 36 
(Universidade hoje) 
 
MARROU, Henri Irénée. História da educação na Antiguidade. Tradução de Mário 
Leônidas Casanova. 4ª Reimpl. São Paulo: E.P.U: Brasília, INL, 1975. Introdução. 
MELLO, Lucrécia Stringhetta. A educação na Antiguidade. In. SOUZA, Neusa 
Maria Marques de (org.). História da educação: Antiguidade, Idade Média, Idade 
Moderna, Contemporânea. São Paulo: Avercamp, 2006. Capitulo 1, Seção 1 e 2. 
PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez; Autores 
Associados, 1986. Capitulo 1 “A educação na sociedade primitiva”.

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