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1 TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES - Profa Caroline Louise 1-) Considerações iniciais: - Direitos não patrimoniais: não possuem valor econômico; em regra, não são transigíveis; compreendem os direitos da personalidade - Vida; Liberdade; Honra; Imagem. - Direitos patrimoniais: valor econômico; transigíveis; objetos de obrigações e contratos; • Direito das obrigações; • Direito das coisas. 2-) Distinção entre Direito das Obrigações e Direito das Coisas: Direito das Obrigações Direito das Coisas - Direito pessoal: forma-se uma relação de crédito e débito entre as pessoas. - Direito real: forma-se uma relação jurídica entre a coisa e uma ou mais pessoas. - Originam-se a partir da lei ou de contratos firmados entre as partes (“Numerus Apertus”). - Originam-se exclusivamente da lei e nos termos previstos na lei (“Numerus Clausus”). - O objeto é sempre uma prestação (de dar; fazer; não fazer). - O objeto é sempre um bem corpóreo. - O sujeito ativo é o credor e o sujeito passivo é o devedor. - Só há sujeito ativo, que é o proprietário, o titular da coisa. - São direitos transitórios, pois se extinguem pela execução, o cumprimento da obrigação. - São direitos perpétuos, pois não se extinguem pelo uso, exceto quando a lei determinar. 3-) Conceito de Direito das obrigações: - É o ramo do direito civil que estuda o vínculo jurídico firmado entre o sujeito ativo da relação (credor) e o sujeito passivo (devedor), tendo por objeto uma prestação (de dar, de fazer...) ou uma conduta omissiva (de não fazer, de se abster...). - OBS: O Direito obrigacional é diferente da responsabilidade civil. Isso porque a obrigação se extingue quando é cumprida. Já a responsabilidade civil nasce quando a obrigação não é cumprida. 3.1-) Conceito de Obrigações: - Trata-se de uma relação jurídica de natureza pessoal, através da qual uma pessoa (devedor) fica obrigada a cumprir uma prestação economicamente apreciável (de dar, fazer ou não fazer alguma coisa), em proveito de outrem (credor). 2 4-) Elementos do Direito Obrigacional: - A relação jurídica obrigacional é composta por três elementos fundamentais: o subjetivo (pessoal); o objetivo (material) e o espiritual (imaterial); 4.1-) Elemento subjetivo ou pessoal: a) Sujeito ativo: Credor da obrigação. É o titular do direito de exigir o adimplemento. b) Sujeito passivo: Devedor da prestação. É aquele que deve adimplir a prestação. - Considerações: - Pode ser qualquer pessoa jurídica ou natural, desde que maior e capaz; - Em sendo menor ou incapaz, há a necessidade de representante legal ou assistente legal; - Entes despersonalizados (espólio – inventariante; condomínio – síndico; massa falida – síndico; sociedade irregular – pessoas físicas (existe de fato, mas não de direito)): não implica necessariamente na invalidade da obrigação, do direito ou do negócio jurídico firmado, todavia, estes devem ser regularmente representados por pessoas juridicamente capazes; - Os sujeitos podem ser determinados (já especificados nos negócios jurídicos) ou determináveis (ainda desconhecidos, mas futuramente identificáveis): - Exemplo de obrigações com sujeitos determinados: contratos de promessa de compra e venda, prestação de serviço; aluguel; - Exemplo de obrigações com sujeitos determináveis: promessa de recompensa para quem encontrar um cachorro perdido, um bem... - Não há relação jurídica obrigacional sem o elemento subjetivo dúplice: credor e devedor, ninguém é credor de si mesmo, sob pena de confusão ou extinção da obrigação (Art. 381, CC); - Os sujeitos da relação obrigacional podem ser PLÚRIMOS ou UNITÁRIO: - Unitário: apenas um credor e um devedor. - Plúrimos ou plural: vários credores e/ou vários devedores. Ex: A e B abrem uma conta corrente conjunta perante o banco X; A assina um contrato de assessoria jurídica para defender os réus B e C. - OBS: a pluralidade de credores ou devedores pode ser ORIGINÁRIA (já firmada e prevista no próprio negócio jurídico) ou SUPERVENIENTE (em virtude do óbito de alguém – sucessores; em virtude da falência da empresa – sócios...) 4.2-) Elemento Objetivo ou Material: - Apresentam um conteúdo patrimonial economicamente apreciável; - Dividem-se em: 3 a) Objeto imediato ou direto: é a prestação negociada, firmada (de dar; fazer; não fazer); b) Objeto mediato ou indireto: é o complemento da prestação (ex: dar o carro, fazer o show, não comercializar determinado bem). 4.3-) Do Elemento Imaterial, Espiritual ou Virtual da obrigação: - É o vínculo jurídico firmado entre o credor e o devedor. - Existem três correntes justificadoras: a) Corrente monista ou unitária: - A relação jurídica entre credor e devedor contém apenas um vínculo: que é a prestação. Logo, o direito de exigir está inserido no dever de prestar; - Crédito é igual a Débito, que é igual a responsabilidade patrimonial; - Corrente superada, posto que o débito pode ser adimplido espontaneamente, sem a necessidade de haver responsabilização patrimonial; - Não se aplica no CC/2002. b) Corrente dualista ou binária: - A relação jurídica entre credor e devedor contém dois vínculos: um vínculo pertinente ao sujeito passivo de satisfazer espontaneamente a obrigação em face do credor; e o outro vínculo diz respeito à autorização dada pela lei ao credor de constranger o patrimônio do devedor, em caso de inadimplemento; - Logo, o direito de exigir é diferente do dever de prestar; - Débito é diferente da responsabilidade patrimonial; - É a adotada pelo CC/2002; - Tem fundamento no direito alemão, mais precisamente em dois elementos: - Schuld/Debtum: dever legal de adimplir o débito; - Xaftung/Obligation: responsabilidade patrimonial, em caso de inadimplemento. - OBS1: PODE HAVER DÉBITO SEM RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL? SIM - Pagamento espontâneo do débito; - Pagamento espontâneo de dívida prescrita (MORAL); - Pagamento espontâneo de prêmios de jogos de azar (ILÍCITO). - OBS2: PODE RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL SEM DÉBITO? SIM - Pagamento da dívida do devedor pelo fiador; 4 - Perda da casa em virtude da hipoteca gerada pelo banco em compromisso com o antigo dono; - Perda de um bem pelo herdeiro em virtude de hipoteca (imóveis) ou penhor (móveis) gerados em compromisso pelo de cujus com o banco. - CONCLUSÃO: O débito surge com a relação obrigacional assumida entre credor e devedor e pode ser cumprido espontaneamente. Já a responsabilidade patrimonial só surge em decorrência do não cumprimento espontâneo da obrigação. c) Corrente eclética: - Os elementos débito e responsabilidade são essenciais para a existência do vínculo jurídico entre credor e devedor. Tais elementos se completam e se reúnem possibilitando o vínculo jurídico entre as partes; - Corrente minoritária; - Vínculo obrigacional = débito + responsabilidade patrimonial. 5-) Da causa/motivo das obrigações: - Em regra, a lei não exige que se aponte nos negócios jurídicos a sua causa/motivo, razão pela qual a causa não é elemento constitutivo das obrigações; - Obs: Todavia, quando a causa ou motivo for relevante, em sendo falsa, pode ensejar a sua invalidade, nos termos do art. 140, CC - Erro por falso motivo. 6-) Das Fontes das obrigações: - Lei: Fonte primária; - Contratos: “Pacta sunt servanda” – fonte primária; - Atos ilícitos: inclui-se também o abuso de direito, que gera a responsabilidade civil – arts. 187, 927, CC/2002; - Atos unilaterais: Declarações unilaterais de vontade – promessa de recompensa; pagamento indevido; enriquecimento sem causa...; - Títulos de crédito: Apontam o credor, devedor, o débito. Ex: cheques, nota promissória, duplicata ... - Jurisprudências; súmulas; precedentes em IRDR; - Princípios: Da boa-fé; Da força obrigatória dos contratos; Da função social dos contratos;Do consensualismo; Da relativização dos contratos ... São mandados de otimização; - Usos e costumes: cheque pré-datado... 5 7-) Da Classificação das obrigações: 7.1-) Quanto à Natureza: a) Moral: Não são fixadas em lei. Decorrem dos valores da ética e da moral. São imperfeitas ou incompletas, posto que não geram a responsabilidade patrimonial. Ex: não trair um namorado(a); respeitar pai e mãe (o filho maior se recusa a não obedecer os pais quanto ao uso de uma motocicleta); quanto ao uso de cigarros lícitos ou ingestão de bebida alcóolica); doar bens ou valores para pessoas necessitadas... b) Naturais: Existe a obrigação, o débito, mas não há a responsabilidade patrimonial. São igualmente imperfeitas ou incompletas. Ex: dívidas prescritas; dívidas decorrentes de jogos de azar; gorjetas (ou 10% dos garçons, de quem trabalha em bares e restaurantes...) - OBS: Nas obrigações naturais, embora não haja a responsabilidade patrimonial em virtude de disposição legal, uma vez pago o débito, não há que se falar em devolução do valor ou repetição de indébito. Nesse caso, há o débito e o direito do credor de reter o pagamento (sobti patentio). c) Civis: Decorrem da lei, dos contratos, atos ilícitos, títulos de crédito, atos unilaterais. São perfeitas e completas, pois há o débito e a responsabilidade patrimonial. Ex: Contrato de Prestação de Serviços; Contrato de Compra e Venda de Bens em geral; Declaração de Recompensa; Abuso de Poder (cobra o devedor de forma imoderada, com excesso) – Ação de Cobrança... 7.2-) Quanto ao Objeto: - Podem ser Positivas (Dar: coisa certa ou coisa incerta; Fazer: fungível ou infungível) ou Negativas (Não fazer); 7.2.1-) Das Obrigações Positivas: - Consistem na ação, na prática de uma conduta; - Podem ser Dar ou Restituir ou Fazer; 7.2.1.1-) Da obrigação de Dar: - Tem por objetivo prestação de coisas e consiste na atividade de DAR (transferindo a propriedade das coisas), ENTREGAR (Transferindo a posse ou detenção da coisa) ou RESTITUIR (devolvendo ao credor a posse ou a detenção da coisa); a-) Da Obrigação de Dar Coisa Certa: arts. 233 a 242, CC - O objeto está completamente individualizado, com a especificação do gênero, quantidade e qualidade; 6 - Ex: a compra de um carro; a compra de um imóvel. • Princípio da exatidão, art. 313, CC: O credor não é obrigado a aceitar coisa diversa, ainda que mais valiosa. • Princípio da Gravitação Jurídica: que o acessório segue a sorte do principal, art. 233, CC. As benfeitorias e frutos seguem a sorte do principal. Devem ser entregues junto com a coisa principal. - Obs: Ocorre a entrega com a tradição (da coisa móvel) ou o registro (da coisa imóvel) – princípio “res perit domino suo” (A coisa pertence em face de seu dono). a.1-) Da entrega da coisa certa pactuada na data e no lugar acordado: - Se o devedor entrega a coisa certa e determinada, no local e data aprazada, tudo de acordo com o que foi pactuado com o credor, a obrigação se extingue naturalmente em virtude do seu cumprimento espontâneo. a.2-) Do perecimento ou deterioração da coisa acordada: a.2.1-) Da perda da coisa: - Perda: perecimento total do bem, que deixa de existir; - Perda sem culpa do devedor: art. 234, CC - Caso fortuito ou força maior que fez perecer a coisa antes da entrega ou ainda pendente condição suspensiva; - A obrigação será extinta; - O credor experimenta o prejuízo e o devedor só vai restituir eventual crédito se ele tiver recebido algum valor antecipado do credor, posto que não será possível entregar o bem e o ordenamento jurídico pátrio proíbe o enriquecimento ilícito. - Perda com culpa do devedor: - O credor terá direito: à restituição do equivalente ao bem + perdas e danos. a.2.2-) Da deterioração da coisa: arts. 235 e 238,CC - Deterioração: perda parcial do bem; desvalorização; - Deterioração sem culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; - O credor pode optar entre o abatimento do preço: aceita a coisa deteriorada, mas tem direito ao abatimento do bem; 7 - Ou a resolução da obrigação: não aceita a coisa deteriorada. - Deterioração com culpa do devedor: - O credor pode optar entre: - O credor pode optar entre o abatimento do preço: aceita a coisa deteriorada, mas tem direito ao abatimento do bem + perdas e danos; - Ou a resolução da obrigação: não aceita a coisa deteriorada - terá direito à restituição do equivalente ao valor do bem + perdas e danos. - Logo: Obrigação de Entregar a Coisa Certa Sem culpa do devedor Com culpa do devedor Perecimento da coisa Antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes. Responde o devedor pelo equivalente e mais perdas e danos. Deterioração da coisa Pode o credor resolver a obrigação; ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Pode o credor exigir o equivalente; ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar um abatimento; e, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos. a.3) Dos melhoramentos e acréscimos da coisa: arts. 237 e 238, CC - Até a tradição, a coisa pertence ao devedor, com todos os seus acréscimos e melhoramentos; - O devedor possui o direito de exigir do credor a complementação do preço em decorrência da valorização da coisa antes de sua entrega; - Se o credor não anuir com o aumento pleiteado pelo devedor, este poderá resolver a obrigação; - Quanto aos frutos: - Se já percebidos na época devida: pertencem ao devedor; - Se ainda pendentes: passam a pertencer ao credor a partir de sua tradição; - Se colhidos precipitadamente: o devedor deverá indenizar o credor de tais frutos. 8 -OBS: Benfeitorias: Art. 96, CC a) Necessárias: Art. 96, §3º, CC b) Úteis: art. 96, §2º, CC c) Voluptuárias: Art. 96, §1º, CC - OBS: Frutos: Art. 95, CC a) Naturais: produto natural da coisa b) Civis ou Industriais: produto artificial, decorrente de ação humana – aluguéis, juros, correção monetária... - Percebidos: mas no tempo correto; -Pendentes: ainda não colhidos; - Colhidos precipitadamente: colhidos antes do tempo. b) Da Obrigação de Restituir (coisa certa): Arts. 238 a 241 CC - Há obrigação de devolver o bem específico, determinado; - Ex: Locação; comodato; depósito... b.1-) Da restituição da coisa pactuada na data e no lugar acordado: - Se o devedor restitui a coisa certa e determinada no estado em que recebeu, no local e data aprazada, tudo de acordo com o que foi pactuado com o credor, a obrigação se extingue naturalmente em virtude do seu cumprimento espontâneo. b.2-) Da perda ou deterioração da coisa a ser restituída: b.2.1-) Da perda da coisa antes de sua devolução: - Perda: perecimento total do bem, que deixa de existir; - Perda sem culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; - O credor sofrerá a perda e a obrigação se resolverá; - Perda com culpa do devedor: - O devedor responderá: pelo valor equivalente ao bem + perdas e danos ao credor. b.2.2-) Da deterioração da coisa antes de sua devolução: - Deterioração: perda parcial do bem; desvalorização; - Deterioração sem culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; 9 - O credor deverá receber o bem no estado em que se ache, sem direito à indenização. - Deterioração por culpa do devedor: - O devedor responderá: pelo valor equivalente à depreciação do bem + perdas e danos ao credor. - Logo: Obrigação de Restituir a Coisa Certa Sem culpa do devedor Com culpa do devedor Perecimento da coisa Antes da tradição, o credor sofrerá a perda e a obrigação resolver-se-á, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Responde o devedor pelo equivalente e mais perdas e danos. Deterioração da coisa O credor terá que receber a coisatal qual se ache, sem direito a indenização. Responde o devedor pelo equivalente à depreciação do bem e mais perdas e dados. b.3). Dos melhoramentos e acréscimos da coisa: arts. 241 e 242, CC - Se tais acréscimos e melhoramentos se deram SEM o esforço do devedor: - O credor recebe a sua coisa de volta com os respectivos acréscimos, sem ter que indenizar o devedor. O credor lucra sozinho; - Se tais acréscimos e melhoramentos se deram mediante o concurso de vontades (credor e devedor) e COM despesas do devedor: - Devedor de boa-fé: terá o direito à indenização pelas despesas com o bem; - Devedor de má-fé: terá direito apenas à indenização pelas despesas com as benfeitorias necessárias. Deve restituir todos os frutos. c-) Da Obrigação de Dar Coisa Incerta: arts. 243 a 246, CC - A coisa não é especificada, individualizada, sendo indicada apenas a sua quantidade e o seu gênero, faltando a indicação da qualidade. Ex: 20 (quantidade) sacas de café (gênero); - A escolha, em regra, pertence ao devedor, mas este não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Adota-se o critério mediano; - O direito de escolha, contudo, pode pertencer ao credor, se isso constar do contrato. Mas este, assim como não deverá aceitar a coisa pior, não pode exigir a melhor. Adota- se o critério mediano; 10 - Antes da escolha, nunca poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, vez que, em regra, o gênero não perece; - Após a escolha da coisa incerta (momento denominado de concentração), tanto pelo devedor, como pelo credor, a obrigação se converte em dar coisa certa; - Assim, seguem-se as mesmas regras de dar coisa certa quanto à perda ou deterioração do objeto. Logo: c.1-) Da entrega da coisa incerta já escolhida (agora certa; já individualizada) na data e no lugar acordado: - Se o devedor entrega a coisa certa e determinada, no local e data aprazada, tudo de acordo com o que foi pactuado com o credor, a obrigação se extingue naturalmente em virtude do seu cumprimento espontâneo. c.2-) Da perda ou deterioração da coisa incerta já escolhida (agora certa; já individualizada): c.2.1-) Da perda da coisa: - Perda: perecimento total do bem, que deixa de existir; - Perda sem culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior que fez perecer a coisa antes da entrega ou ainda pendente condição suspensiva; - A obrigação será extinta; - O credor experimenta o prejuízo e o devedor só irá restituir eventual crédito se houver recebido algum valor antes, posto que não será possível entregar o bem. - Perda com culpa do devedor: - O credor terá direito: à restituição do equivalente ao bem + as perdas e danos. c.2.2-) Da deterioração da coisa: - Deterioração: perda parcial do bem; desvalorização; - Deterioração SEM culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; - O credor pode optar: entre o abatimento do preço ou a resolução da obrigação. - Deterioração COM culpa do devedor: - O credor pode optar entre: - Abatimento do preço do bem + perdas e danos; - Resolução da obrigação + perdas e danos; - O equivalente ao valor do bem + perdas e danos. 11 c.3) Dos melhoramentos e acréscimos da coisa incerta já escolhida (agora certa; já individualizada): - Até a tradição, a coisa pertence ao devedor, com todos os seus acréscimos e melhoramentos; - O devedor possui o direito de exigir do credor a complementação do preço em decorrência da valorização da coisa antes de sua entrega; - Se o credor não anuir com o aumento pleiteado pelo devedor, este poderá resolver a obrigação; - Quanto aos frutos: - Se já percebidos na época devida: pertencem ao devedor; - Se ainda pendentes: passam a pertencer ao credor a partir de sua tradição; - Se colhidos precipitadamente: o devedor deverá indenizar o credor de tais frutos. 7.2.1.2-) Da obrigação de Fazer: arts. 247 a 249, CC - O devedor se vincula a determinado comportamento, consistente em praticar um ato, ou realizar uma tarefa ou uma conduta, um facere, para o credor; - Pode ser um trabalho físico ou intelectual, como também na prática de um ato jurídico. a) Espécies: - A obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível: a) fungível: a prestação pode ser realizada pelo devedor ou por um terceiro. Pouco importa quem está cumprindo com a obrigação (art. 249 do CC/2002). Ex: eletricista. b) infungível: apenas o devedor indicado no título da obrigação pode satisfazê-la. Trata-se de obrigação personalíssima, seja pela natureza do bem, seja pela convenção das partes. O devedor é o elemento causal da obrigação. Ex: show de artista famoso. b) Diferença entre Obrigação de Dar e Obrigação de Fazer: - Na obrigação de dar, o credor contrata um produto; um bem; uma coisa...; Já na obrigação de fazer, o credor contrata um serviço, a prática de um ato ou uma tarefa...; - Se o produto já estiver concluído quando contratado, será uma obrigação de dar. Se for contratado os serviços para a confecção do produto, será obrigação de fazer; - O dar não é um fazer; 12 - Ex: Sendo a prestação um quadro, uma obra de arte. Se o quadro já estiver pronto, trata-se de obrigação de dar. Se o quadro ainda não estiver pronto, será obrigação de fazer. c) Regramentos: c.1) Obrigação de Fazer Infungível: c.1.1-) Cumprimento regular da Obrigação de Fazer Infungível: - Se o devedor cumpre espontaneamente a obrigação de fazer infungível, ocorre extinção natural da obrigação; c.1.2-) O NÃO Cumprimento da Obrigação de Fazer Infungível: - Se o devedor que se recusar ao cumprimento de obrigação de fazer infungível: incorre na obrigação de indenizar perdas e danos ao credor. c.2-) Obrigação de Fazer Fungível: c.2.1-) Cumprimento regular da Obrigação de Fazer Fungível: - Se o devedor cumpre espontaneamente a obrigação de fazer fungível, ocorre extinção natural da obrigação; c.2.2-) Descumprimento da Obrigação de Fazer Fungível: - Se a prestação do fato de tornar impossível SEM culpa do devedor: - Caso fortuito e força maior; - Resolver-se-á a obrigação; - Se a prestação se tornar impossível POR culpa do devedor: - Responderá por perdas e danos ao credor; - Como a obrigação fungível é substituível, se o fato puder ser executado por terceiro, poderá o credor mandá-lo executar à custa do devedor, em caso de recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível (art. 249 do CC); - E, nos casos de urgência, poderá o credor executar ou mandar executar o fato, independentemente de autorização judicial, tendo direito ao devido ressarcimento por parte do devedor inadimplente (autotutela civil – art. 249, CC). - Logo: Impossibilidade de Cumprimento da Obrigação de Fazer Sem culpa do devedor: Com culpa do devedor: Resolve-se a obrigação Responde o devedor por perdas e danos. 13 d) Das Astreintes e Providências Judiciais Para Assegurar o Cumprimento das Obrigações de Fazer: - Nas ações judiciais, que tenham por objeto o cumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento, se procedente o pedido; - Nestas hipóteses, o juiz poderá impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando o prazo razoável para o cumprimento do preceito. O valor da multa poderá ser modificado pelo juiz da execução, verificando-se que se tornou insuficiente ou excessivo; - Trata-se das astreintes, que consistem na multa pecuniária diária fixada pelo juiz, ou estabelecida pelas partes, com o objetivo de compelir o devedor ao cumprimento de uma obrigação de fazer ou de não fazer. 7.2.2-) Das Obrigações Negativas: - Consistem na abstenção de uma conduta.7.2.2.1-) Da Obrigação de Não Fazer: arts. 250 a 251, CC - O devedor assume o compromisso de se abster de praticar um determinado ato, que poderia praticar, não fosse o vínculo que o prende; - São contínuas. Estarão sendo cumpridas enquanto não realizada a ação da qual o devedor deveria se abster; - Ex: Obrigação de não praticar atos de concorrência (obrigação de não vender produtos similares ao que vende uma outra loja concorrente); de não utilizar determinada marca em público (artistas; atletas); de não divulgar tal fato; obrigação de exclusividade; obrigação de não construir acima de três andares para não tirar a vista do imóvel vizinho (servidão negativa). a) Espécies: - A obrigação de não fazer pode ser: a) transeunte ou instantânea: é irreversível. Não há mais como voltar atrás. Ex: não divulgar um segredo; de não utilizar determinada marca em público (artistas; atletas); b) permanente: é reversível. O credor pode exigir o desfazimento do ato. Ex: não pintar a casa de determinada cor; não vender produtos similares ao que 14 vende uma outra loja concorrente; não construir acima de três andares para não tirar a vista do imóvel vizinho. b) Regramentos: b.1) Cumprimento espontâneo e regular da obrigação de não fazer: - Caso o devedor se abstenha espontaneamente de fazer aquilo que se comprometeu a não fazer, haverá cumprimento regular da obrigação; b.2) Se o descumprimento se deu SEM culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; - Resolver-se-á a obrigação; Ex: um vizinho que se comprometeu perante outro vizinho a não erguer o muro acima de certa altura, mas é obrigado a fazê-lo por ordem do Poder Municipal; b.3) Se o descumprimento se deu POR CULPA do devedor: - Se a obrigação de não fazer é transeunte: - Não é reversível; não tem como voltar atrás; - O devedor será obrigado a ressarcir o credor por perdas e danos; - Se a obrigação de não fazer é permanente: - É reversível; tem como voltar atrás; - O credor pode requerer o desfazimento do ato, inclusive por terceiro, sem prejuízo de pleitear perdas e danos cabíveis em face do devedor; - E, nos casos de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer o ato, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do devido ressarcimento (autotutela). c) Das Astreintes e Providências Judiciais Para Assegurar o Cumprimento das Obrigações de Não Fazer: - O credor também pode requer a aplicação das astreintes, que consistem na multa pecuniária diária fixada pelo juiz, ou estabelecida pelas partes, com o objetivo de compelir o devedor ao cumprimento de uma obrigação de não fazer. 7.3-) Quanto à Presença dos Elementos Obrigacionais: - As obrigações podem ser simples ou complexas; 7.3.1-) Simples: - São simples as obrigações em que existe apenas um credor, um devedor e um objeto; 15 7.3.1.1-) Das obrigações facultativas: - É facultativa a obrigação que possui apenas um objeto, mas se concede ao devedor a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, logicamente, de valor equivalente; - Ex: o devedor deve entregar um carro, mas, acaso não o tenha, deverá adimplir a obrigação com uma prestação de serviço; - Trata-se de faculdade conferida apenas ao devedor, com o objetivo de facilitar o cumprimento de sua obrigação. O credor não pode exigir alternância; - A obrigação facultativa apresenta um único objeto, não podendo ser confundida com as obrigações alternativas que apresentam um objeto composto, formado por duas ou mais prestações. 7.3.2-) Complexas: - São complexas são as obrigações que apresentam uma multiplicidade de sujeitos ou de objetos. 7.3.2.1-) Das Obrigações Complexas pela Multiplicidade de Objetos: - São obrigações que apresentam várias prestações a serem adimplidas, tendo-se uma multiplicidade de objetos; - Dividem-se em: a-) Das obrigações comutativas ou conjuntivas ou cumulativas: - São obrigações compostas pela multiplicidade de objetos, obrigando-se o devedor ao cumprimento de todas as prestações da relação obrigacional, cumulativamente. - Ex: o devedor se compromete a construir a casa e a pintá-la. Caso o devedor só construa, haverá inadimplemento obrigacional; o devedor se compromete a entregar 10 sacas de café e dez sacas de arroz. b) Das obrigações alternativas ou disjuntivas: arts. 252 a 256, CC - São obrigações compostas pela multiplicidade de objetos, mas o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas. - Ex: o devedor se compromete ou a construir uma casa ou a pintar uma casa já construída. Caso o devedor só construa ou só pinte, haverá o cumprimento da obrigação; o devedor se compromete a entregar ou 10 sacas de café ou dez sacas de arroz. b.1) Regramentos das obrigações alternativas ou disjuntivas: - A escolha cabe ao devedor: salvo se houver estipulação em contrário (art. 252, caput, CC); - Princípio da Indivisibilidade do Objeto: o devedor não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Ex: o devedor constrói só metade 16 da casa e pinta só metade da casa - o devedor está inadimplente; se o devedor entrega apenas 05 sacas de café e 05 sacas de arroz - o devedor está inadimplente. - Quando a obrigação for de prestações periódicas ou de trato sucessivo: a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período (art. 252, § 2º, do CC); - Em caso de pluralidade de optantes: - a escolha deve ser unânime; - não havendo acordo unânime entre eles, o juiz fará a escolha. - Se o título deferir a opção a terceiro: e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha, se não houver acordo entre as partes. b.1.1-) Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornou inexequível: - Subsistirá o débito quanto à outra (art. 253 do CC); - O devedor cumprirá a obrigação com a entrega da prestação alternativa que ainda pode ser adimplida. b.1.2-) Do Perecimento Total da Coisa (perda total das prestações alternativas): - Se todas as prestações se tornarem impossíveis SEM culpa do devedor: - caso fortuito ou força maior; - a obrigação se resolve – art. 256, CC. - Se a escolha caberia ao devedor e o perecimento se deu POR SUA CULPA: - o devedor ficará obrigado a pagar ao credor o valor equivalente da prestação que por último se impossibilitou, acrescidas das perdas e danos que o caso determinar; - Se a escolha caberia ao credor e o perecimento se deu POR CULPA DO DEVEDOR: - o credor poderá escolher o valor de qualquer das duas prestações impossibilitadas, além da indenização por perdas e danos – art. 255, CC; b.1.3-) Da Deterioração da Coisa (perda parcial. A coisa ainda existe, só que com avarias, desvalorização, com perdas): - Se deterioração foi SEM culpa do devedor: - Caso fortuito ou força maior; - O débito será concentrado na prestação remanescente – art. 253, CC; 17 - O devedor cumprirá a obrigação com a entrega da prestação alternativa que ainda pode ser adimplida e que não sofreu avaria ou deterioração. - Se deterioração foi COM CULPA DO DEVEDOR: - Se a escolha caberia ao devedor: - Basta que o devedor concentre o débito na prestação remanescente - art. 253, CC; - O devedor cumprirá a obrigação com a entrega da prestação alternativa que ainda pode ser adimplida e que não sofreu avaria ou deterioração. - Se a escolha caberia ao credor: - o credor terá direito de exigir ou a prestação remanescente, ou valor equivalente da prestação impossibilitada, além de perdas e danos – art. 255, CC. 7.3.2.2-) Das Obrigações Complexas pela Multiplicidade de Sujeitos: - São obrigações que apresentam vários credores ou vários devedores, ou ambos, existindo uma multiplicidade de sujeitos. a) Das obrigações solidárias: arts. 264 a 266, CC - Há solidariedade, quando, na mesma obrigação, concorre mais de um credor (solidariedadeativa), ou mais de um devedor (solidariedade passiva), ou ambos os casos juntos (solidariedade mista), cada um com o direito ou obrigado à dívida toda (unidade do objeto); - Ex1 - Solidariedade ativa (vários credores solidários): - A, B, C, D são credores de E. - E é devedor de A, B, C e D do montante total de R$40.000,00. - Qualquer um dos credores solidários pode exigir de E o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. - Se A exige e recebe o valor total de E, então E estará adimplente. - A deve passar para os demais credores, ou seja, B, C e D a quota parte devida a cada um dele. - Ex2 - Solidariedade passiva (vários devedores solidários): - A é credor de B, C, D e E. - B, C, D e E são devedores de A do montante total de R$40.000,00. - A pode exigir de qualquer um dos devedores solidários o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. 18 - Se A exige e recebe de E o valor total, então, B, C, D e E estão adimplentes com relação a A. - E pode exigir dos demais devedores, ou seja, B, C e D, o pagamento de sua quota parte. - Ex2 - Solidariedade mista (vários credores e devedores solidários): - A, X, Y e Z são credores de B, C, D e E. - B, C, D e E são devedores de A, X, Y e Z do montante total de R$40.000,00. - A pode exigir de qualquer um dos devedores solidários o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. - Se A exige e recebe de E o valor total, então, B, C, D e E estão adimplentes com relação a A, X, Y e Z. Logo: - A deve passar para os demais credores, ou seja, X, Y e Z a quota parte devida a cada um deles. - E pode exigir dos demais devedores, ou seja, B, C e D, o pagamento de sua quota parte. - A solidariedade NÃO SE PRESUME, resulta da lei ou da vontade das partes (fixação em contrato) - art. 265 do CC: - Exemplos de solidariedade decorrente de lei: ato ilícito, sendo vários os autores da ofensa (arts. 932, 942, CC); pluralidade de inquilinos de imóvel urbano (art. 2º da Lei n.º 8.245/91); pluralidade de fiadores (arts. 829, CC); pluralidade de comodatários (arts. 585 CC). - Exemplos de solidariedade decorrente de vontade das partes: contratos em geral (ex: conta corrente conjunta). - OBSERVAÇÃO: É possível estabelecer que a obrigação solidária seja pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro – art. 266, CC e enunciado n.º 347, CJF. a.1-) Da solidariedade ativa: arts. 267 a 274, CC - Conceito: - Há vários credores solidários e cada um deles tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar; - Ex - Solidariedade ativa (vários credores solidários): - A, B, C, D são credores de E. 19 - E é devedor de A, B, C e D do montante total de R$40.000,00. - Qualquer um dos credores solidários pode exigir de E o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. - Se A exige e recebe o valor total de E, então E estará adimplente. - A deve passar para os demais credores, ou seja, B, C e D a quota parte devida a cada um dele. - Regramentos: - Regramento 1 – Pagamento Total da Dívida: - Na solidariedade ativa, é possível que um dos credores solidários receba o pagamento integral da dívida, hipótese em que responderá aos outros credores pela parte que a eles caiba; - Nesse caso, o devedor se exonera cumprindo a obrigação total a qualquer um dos credores, seja ela divisível (R$40.000,00) ou indivisível (um touro reprodutor). EXEMPLO: A e B são credores de C do montante de R$40.000,00. A, sozinho, pode cobrar de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber o valor total de C, este cumpre integralmente a obrigação. E A deverá pagar a B a parte que lhe caiba. O mesmo ocorre se, em vez de R$40.000,00 for um touro reprodutor. - Regramento 2 – Pagamento Parcial da Dívida: - O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago; EXEMPLO: A e B são credores de C do montante de R$40.000,00. A, sozinho, pode cobrar de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber o de C, apenas o valor de R$30.000,00. Logo C cumpre parcialmente a obrigação. A ou B podem ainda exigir de C o pagamento do valor restante, qual seja, R$10.000,00. 20 - Regramento 3 – Perdão da Dívida: - Da mesma forma, um dos credores solidários também pode remitir (perdoar) a dívida toda. Nesse caso, aquele credor solidário que perdoou toda a dívida responde aos demais credores pela parte que a eles caberia; EXEMPLO: A e B são credores de C do montante de R$40.000,00. A, sem consultar B, perdoa a dívida total de C, ou seja, os R$40.000,00. C totalmente está liberado de cumprir a obrigação. Agora, cabe a A pagar para B a parte que lhe caiba. O mesmo ocorre se, em vez de R$40.000,00 for um touro reprodutor. - Regramento 4 – Morte de um ou mais credores: - No caso de um dos credores solidários vir a falecer e deixar herdeiros, cada um de seus herdeiros só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário (quando o crédito for divisível); ou seja, o herdeiro não pode exigir o total do crédito devido ao credor falecido, mas apenas a quota parte de seu quinhão; - EXEMPLO 1: A e B são credores de C do montante de R$40.000,00. A é pai de A1 e A2. A morre. Então A1 pode exigir de C apenas o valor de R$10.000,00 correspondente ao quinhão da sua herança (R$20.000,00 que era o total de seu pai, deve dividido igualmente com seu irmão A2). Da mesma forma, A2 pode exigir de C apenas o valor de R$10.000,00 correspondente ao quinhão da sua herança (R$20.000,00 que era o total de seu pai, deve dividido igualmente com seu irmão A1). Já B pode exigir de C o valor integral de R$40.000,00 correspondente ao total do crédito. 21 B, recebendo o valor total de C, deve repassar R$10.000,00 para A1 e R$10.000,00 para A2. - Obs: essa regra do art. 270 do CC não valerá se a obrigação for indivisível (touro reprodutor), senão vejamos: - EXEMPLO 2: A e B são credores de C de um touro reprodutor. A é pai de A1 e A2. A morre. Então A1 pode exigir de C toda a obrigação indivisível (touro reprodutor) e depois prestar contas com seu irmão A2 e com o outro credor solidário B. Da mesma forma, A2 pode exigir de C toda a obrigação indivisível (touro reprodutor) e depois prestar contas com seu irmão A1 e com o outro credor solidário B. Também B, que é credor solidário vivo, pode exigir de C toda a obrigação divisível (R$40.000,00), como a obrigação indivisível (touro reprodutor) e depois prestar contas com os herdeiros de A (A1 e A2). - Regramento 5 – Inadimplemento da obrigação por culpa do devedor: - Se a prestação não for adimplida e, por algum motivo não puder mais ser praticada por culpa do devedor, esta se converterá em perdas e danos, e subsistirá, para todos os efeitos, a solidariedade entre os credores (art. 271 do CC); - EXEMPLO 2: A e B são credores de C de um touro reprodutor. O empregado de C deixa a porteira da fazenda aberta e o touro reprodutor foge, sem nunca ter sido localizado. A obrigação será convertida em perdas e danos. Essas perdas e danos serão divididas entre os credores solidários. Ou seja, entre A e B. 22 - Regramento 6 – Das exceções pessoais (argumentos de defesa que o devedor pode suscitar contra um credor, mas que não atinge, não pode prejudicar os demais credores solidários): - Na solidariedade ativa, o devedor não poderá opor a um dos credores solidários as exceções pessoais oponíveis aos outros credores: EXEMPLO: Um devedor requer a anulação do negócio jurídico, alegando ter sido coagido por um dos credores.Assim, a anulabilidade do negócio jurídico somente poderá ser oposta em relação a esse credor, e não em relação aos demais credores, que nada têm a ver com a coação. A e B são credores de C de um touro reprodutor. A coagiu C a fechar o referido contrato. C pode pedir a anulação do contrato por coação contra A, mas não pode fazê-lo contra B. Logo, a obrigação de C permanece quanto a B, que estava de boa-fé. - Regramento 7 – Das defesas processuais dos credores solidários e seus efeitos: - O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; - O julgamento favorável a um dos credores solidários aproveita a todos os demais credores solidários (interrupção de prescrição alegada por um dos credores aproveita aos demais), salvo se estiver fundamentado em exceção pessoal ao credor que o obteve. a.2) Da solidariedade passiva: arts. 275 a 285, CC - Conceito: - Há vários devedores e cada um deles obriga-se ao cumprimento da prestação por inteiro junto ao credor, não importando se obrigação é divisível ou indivisível; - Ex - Solidariedade passiva (vários devedores solidários): - A é credor de B, C, D e E. - B, C, D e E são devedores solidários de A do montante total de R$40.000,00. 23 - A pode exigir de qualquer um dos devedores solidários o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. - Se A exige e recebe de E o valor total, então, B, C, D e E estão adimplentes com relação a A. - E pode exigir dos demais devedores, ou seja, B, C e D, o pagamento de sua quota parte. - Regramentos: - Regramento 1 – Pagamento Total da Dívida: - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores solidários, o pagamento total da dívida comum, a qual, uma vez paga, estará quitada, de modo que o credor não poderá mais cobrar nenhum dos codevedores: - Exemplo: A é credor de B e de C do montante de R$40.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber o valor total de B, este cumpre integralmente a obrigação. Aí, A não poderá mais cobrar nenhum valor nem de B e nem de C. Assim, B poderá cobrar de C a parte do débito que lhe cabia pagar. O mesmo ocorre se, em vez de R$40.000,00 for um touro reprodutor. - O devedor que satisfaz a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota: - Exemplo: A é credor de B e de C do montante de R$40.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber de B o valor de R$40.000,00, B poderá cobrar de C o valor de R$20.000,00 correspondente à sua quota-parte. - Regramento 2 – Pagamento Parcial da Dívida: - Havendo pagamento parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto, haja vista que a dívida não foi integralmente paga: - Exemplo: 24 A é credor de B e de C do montante de R$40.000,00. A poderá cobrar tanto de B, como de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber de B apenas uma parte da dívida, ou seja, o valor de R$20.000,00, A somente poderá cobrar de B e C o restante do crédito, ou seja, R$20.000,00. B pode ser novamente cobrado pelo restante da dívida, posto que ele é devedor solidário. E B pagando o montante total, pode pedir de C o respectivo ressarcimento. - Regramento 3 – Perdão da Dívida (o credor perdoa parte ou a totalidade da dívida): - A remissão parcial do débito obtida por um dos devedores não aproveita aos outros devedores, senão até a concorrência da quantia relevada: - Exemplo: A é credor de B e de C do montante de R$40.000,00. A poderá cobrar tanto de B, como de C o pagamento dos R$40.000,00. Se A, a pedido de B, perdoar a dívida no montante de R$10.000,00, A agora somente poderá cobrar de B ou de C o valor restante de R$30.000,00. - Regramento 4 – Exoneração da Dívida Solidária (retira, exonera da solidariedade passiva um dos codevedores): - Na hipótese do credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a solidariedade quanto aos demais: isso implica em dizer que o devedor liberado fica desobrigado de pagar o montante total da dívida, havendo apenas o dever de pagar a quota-parte que lhe cabe. - Exemplo: A é credor de B, C e D do montante de R$60.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C ou só de D o pagamento dos R$60.000,00. 25 Porém, A exonera B da solidariedade passiva. A somente poderá cobrar de B agora a quota-parte que lhe cabe, ou seja, o valor de R$20.000,00. Entretanto, a solidariedade permanece com C e D, de modo que A poderá cobrar tanto de C, como de D, o montante total de R$60.000,00. - Regramento 5 – Termo Aditivo de Contrato: - O credor e um dos devedores solidários NÃO podem agravar a situação dos demais devedores solidários SEM o consentimento destes, seja através de cláusula, condição ou obrigação adicional: - Exemplo: A é credor de B e de C do montante de R$40.000,00. Se A assina um termo aditivo de contrato com B renegociando a dívida para R$45.000,00, sem o consentimento de C, somente B se obrigará pelo valor a mais, ou seja, pelos R$5.000,00, posto que mais gravoso. A pode cobrar de B o montante de R$45.000,00, em virtude do termo aditivo que ambos firmaram. A somente pode cobrar de C o montante de R$40.000,00, haja vista que C não firmou o termo aditivo de renegociação, o qual é mais gravoso. - Regramento 6 – Do Devedor Insolvente: - Se houver algum devedor insolvente, a quota deste será dividida igualmente entre os demais codevedores: - Exemplo: A é credor de B, C e D do montante de R$60.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C ou só de D o pagamento dos R$60.000,00. A descobre que B está insolvente. A parte de B será dividida igualmente entre C e D. A poderá cobrar de C ou de D o montante total de R$60.000,00. Se C pagar o valor total, ele pode cobrar de D a importância de R$30.000,00 (R$20.000,00 que já eram correspondentes à parte de D e 26 mais R$10.000, que correspondente à metade da dívida de B, que ficou insolvente). - Na hipótese de rateio entre os codevedores, os exonerados da solidariedade pelo credor também deverão contribuir pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente: - Exemplo: A é credor de B, C, D e E do montante de R$80.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C ou só de D ou só de E o pagamento dos R$80.000,00. A descobre que B está insolvente. A parte de B será dividida igualmente entre C e D e E. A poderá cobrar de C ou de D ou de E o montante total de R$80.000,00. Porém, A exonera C da solidariedade. Logo, A somente poderá cobrar de C o valor de R$20.000,00 (que já era a parte de C). Ocorre que, como B ficou insolvente, A também poderá cobrar de C a parte que cabia a B dividida entre três (dividida entre C, D e E), ou seja, R$6.666,66. Entretanto, a solidariedade permanece com D e E, de modo que A poderá cobrar tanto de D, como de E, o montante total de R$80.000,00. - Regramento 7 – Da Dívida Solidária em Caso de Fiança: - Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores (devedor principal e fiadores), responderá este (devedor principal) por toda ela para com aquele que pagar, não havendo o que se falar em ação de regresso contra os demais devedores (fiadores); - Exemplo: A é credor de B, que é o devedor da quantia total de R$80.000,00. Ocorre que B não tem patrimônio suficiente para honrar a dívida de R$80.000,00 assumida com A. Então C, D e E, levados por B, assinam um contrato de fiança com A comprometendo-se a honrar o montante de R$80.000,00, caso B não dê conta de pagá-lo. 27 A é credor de B (devedor principal), C, D e E (são fiadores de B) do montante de R$80.000,00. A poderá cobrar só B ou só de C ou só de D ou só de E o pagamento dos R$80.000,00. A cobra de C o pagamento do valor total de R$80.000,00 e C paga. C somentevai poder cobrar de B o ressarcimento da quantia paga para A, não podendo C cobrar dos demais fiadores de B tal valor. - Regramento 8 – Morte de um ou mais devedores solidários: - Na hipótese de um dos devedores solidários falecer e deixar herdeiros, nenhum deles será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (a dívida do morto se paga até o limite das forças da herança). No entanto, se a obrigação for indivisível, todos os herdeiros do devedor solidário reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores (a dívida do morto se paga até o limite das forças da herança): - Exemplo: A é credor de B, C, D e E do montante de R$80.000,00. B é pai de B1 e B2. B morre. A não poderá cobrar de B1 e B2 o valor total da dívida e nem o valor correspondente à parte B, caso B não tenha deixado herança para seus filhos. Se B deixar algum valor a título de herança, aí sim, B1 e B2 serão obrigados a pagar para A apenas o valor limite deixado em herança e correspondente a quota-parte de B. Isso significa que se B deixar como valor total de herança R$10.000,00, B1 e B2 somente pagarão R$10.000,00 para A. Da mesma forma, caso C, D ou E efetuem o pagamento do valor total da dívida, ou seja, R$80.000,00, estes somente poderão cobrar de B1 e B2, o valor que B tiver deixado em herança para estes. Se B não deixar nada de herança, os R$80.000,00 serão rateados entre C, D e E. 28 Se B deixar R$10.000,00 de herança para B1 e B2. Tanto C, quanto D, quanto E poderão cobrar de B1 e B2 os R$10.000,00. - Regramento 9 – Inadimplemento da obrigação por culpa do devedor: - Na hipótese de perda do objeto da obrigação solidária por culpa de um dos devedores, subsistirá para todos os demais devedores o encargo de pagar ao credor o valor equivalente à prestação. Porém, só o responsável responderá pelas perdas e danos (art. 279 do CC): - Exemplo: B, C e D são devedores solidários por foça de contrato, da entrega de um caminhão de soja para A. Fica a cargo de B levar a aludida carga. Porém, B, por desídia sua (embriaguez), tomba o caminhão e perde toda a carga. B, C e D subsistem solidariamente obrigados pelo equivalente da carga, inclusive a mora, mas apenas B arcará com as perdas e danos. No que tange aos juros de mora, todos os devedores responderão por eles, mesmo que a ação tenha sido proposta somente contra um devedor. Mas o culpado responderá aos demais pela obrigação acrescida. - Regramento 10 – Das exceções pessoais (argumentos de defesa): - O devedor solidário demandado em processo judicial poderá arguir as suas exceções (defesas) pessoais e as exceções (defesas) comuns: - As exceções pessoais são incomunicáveis: tal alegação não aproveita aos demais codevedores, mas apenas ao devedor em questão. Ex: um devedor requer a anulação do negócio jurídico, alegando ter sido coagido pelo credor; - Já as exceções comuns são comunicáveis: aproveita a todos os devedores solidários. Ex: um devedor alega que já houve o pagamento integral do débito ou que a dívida já prescreveu. - Regramento 11 – Da propositura de demanda judicial contra um devedor apenas: - A propositura de ação judicial pelo credor contra apenas um ou alguns dos devedores solidários não importará na renúncia da solidariedade passiva. 29 a.3) Da solidariedade mista: - Conceito: Relação obrigacional com mais de um credor solidário e mais de um devedor solidário, na qual qualquer um dos credores solidários poderá cobrar sozinho de apenas um dos devedores solidários a totalidade da prestação, não importando se a prestação é divisível ou indivisível. - Ex - Solidariedade mista (vários credores e devedores solidários): - A, X, Y e Z são credores de B, C, D e E. - B, C, D e E são devedores de A, X, Y e Z do montante total de R$40.000,00. - A pode exigir de qualquer um dos devedores solidários o pagamento do montante total do débito, ou seja, os R$40.000,00. - Se A exige e recebe de E o valor total, então, B, C, D e E estão adimplentes com relação a A, X, Y e Z. Logo: - A deve passar para os demais credores, ou seja, X, Y e Z a quota parte devida a cada um deles. - E pode exigir dos demais devedores, ou seja, B, C e D, o pagamento de sua quota parte. - Regramentos: - Um credor ou mais credor solidário tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores solidários, o pagamento parcial ou total da dívida comum: - Exemplo: A e B são credores de C e de D do montante de R$40.000,00. A, sozinho, poderá cobrar só de C ou só de D o pagamento dos R$40.000,00. Se A receber o valor total de C, C cumpre integralmente a obrigação. Assim, A deverá entregar a B a parte que lhe caiba e C poderá cobrar de D a parte do débito que lhe cabia pagar. Da mesma forma, B, sozinho, poderá cobrar só de C ou só de D o pagamento dos R$40.000,00. Se B receber o valor total de D, D cumpre integralmente a obrigação. 30 Assim, B deverá entregar a A a parte que lhe caiba e D poderá cobrar de C a parte do débito que lhe cabia pagar. - Obs: Aplicam-se as mesmas disposições referentes à solidariedade ativa e passiva para a solidariedade mista. 7.4-) Quanto à Divisibilidade do Objeto: arts. 257 a 263, CC - Como regra geral, as obrigações não são solidárias, nem fracionárias, sendo solidária apenas se assim declarado, ou por lei, ou por vontade das partes ou pela própria natureza da prestação; - Quando a obrigação for solidária, há de se observar o tipo de prestação, se é prestação divisível ou indivisível, ou seja, se pode ser dividida (pagamento de quantias em dinheiro) ou se não pode ser dividida (entrega de um touro ou cavalo reprodutor). 7.4.1-) Divisíveis: arts. 257 a 263, CC - São as obrigações em que as prestações podem ser fracionadas, sem perder a utilidade, o valor ou a substância; - A obrigação divisível está prevista no art. 257 do CC, ao dispor que "havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores"; - REGRAMENTO: - Se a prestação for divisível, cada credor somente pode cobrar a sua quota parte do crédito na prestação; e, da mesma forma, cada devedor somente pode ser cobrado da sua quota do débito parte na prestação; - Exemplo: A e B são credores (cada um com crédito de 50% do montante total R$40.000,00) de C e D (cada um responsável por 50% do montante total R$40.000,00) do montante de R$40.000,00. A só pode cobrar de C o valor de R$20.000,00, assim como também de D. B só pode cobrar de C o valor de R$20.000,00, assim como também de D. Se A cobrar de C o montante de R$20.000,00 e C paga, A não poderá mais cobrar mais nenhum valor de nem de C e nem de D, pois já recebeu sua quota- parte do crédito. E B não poderá mais cobrar nenhum valor de C, posto que C já pagou a sua quota-parte do débito. Logo, B somente poderá cobrar agora de D e somente o valor de R$20.000,00. 31 7.4.2-) Indivisíveis: arts. 257 a 263, CC - Indivisível é a obrigação quando for impossível fazer o fracionamento da prestação sem perda da utilidade, do valor ou da substância; - Ex: um touro reprodutor; uma vaca premiada; - A indivisibilidade pode decorrer: - Da lei ou por motivo de ordem econômica: módulo rural (medida ou dimensão mínima de uma propriedade rural); espólio; áreas de comuns de um condomínio. - De sua própria natureza: touro, vaca, cavalo, cachorro; - Por vontade das partes: Convencional, nos contratos – ex: contrato que estipula que a obrigação só poderá ser cumprida por inteiro, inclusive se se tratar de dinheiro - art. 258 do CC; - Exemplo 1: A é credor de B e C de um touro reprodutor; A poderá cobrar só de B ou só de C a entrega do touro reprodutor (por força da natureza).- Exemplo 2: A é credor de B e C de uma quantia de R$40.000,00; No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); Logo, A poderá cobrar só de B ou só de C o montante total de R$40.000,00 (por vontade das partes). - Regramentos: - Regramento 1 - Havendo pluralidade de devedores: - Uma vez que a dívida é indivisível, cada devedor está obrigado pela dívida toda; - Aquele que pagou a dívida integralmente subroga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados; - Exemplo: A é credor de B, C e D de uma quantia de R$60.000,00. 32 No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); A poderá cobrar só de B, só de C ou só de D o montante total de R$60.000,00; Se B paga para A o montante total de R$60.000,00, B agora pode cobrar de C e de D a partes do débito deles. - Regramento 2 - Havendo pluralidade de credores: - Uma vez que a dívida é indivisível, cada um dos credores pode exigir a dívida inteira; - O devedor, para eximir-se de sua obrigação perante os demais credores, somente estará desobrigado nas seguintes hipóteses: a) se pagar a todos os credores conjuntamente: recebendo quitação de todos; b) ou se pagar a apenas um dos credores, mas este der caução de ratificação dos outros credores (art. 260 do CC). - Exemplo: A, B e C são credores de D de uma quantia de R$60.000,00; No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); A, B ou C poderão cobrar D o montante total de R$60.000,00; Se D paga para A, B e C conjuntamente o montante total de R$60.000,00, ele honra a obrigação, porque recebe a quitação de todos os credores; Se D paga somente para A o montante total de R$60.000,00, e A fornece a caução de ratificação dos demais credores (B e C), D honra a obrigação; Se D paga somente para A o montante total de R$60.000,00, e A não fornece a caução de ratificação dos demais credores (B e C), D poderá ser obrigado tanto por B, quanto por C, a pagar os R$60.000,00, ou seja, a dívida integral. - Regramento 3 - Se um só dos credores receber a prestação por inteiro: 33 - A cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total (art. 261 do CC); - Exemplo: A, B e C são credores de D de uma quantia de R$60.000,00; No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); A, B ou C poderão cobrar D o montante total de R$60.000,00; Se D paga somente para A o montante total de R$60.000,00, e A fornece a caução de ratificação dos demais credores (B e C), D honra a obrigação. Logo, B e C exigirão de A a parte que lhes cabe. - Regramento 4 - Se só um dos credores remitir (perdoar) a dívida: - A obrigação não ficará extinta para com os outros credores, mas estes só a poderão exigir, desde que descontada a quota-parte do credor remitente; - Exemplo: A, B e C são credores de D de uma quantia de R$60.000,00; No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); A, B ou C poderão cobrar D o montante total de R$60.000,00; Se A perdoa a dívida de D com relação quota-parte do crédito, ou seja, R$20.000,00, não será extinta a obrigação. Ela permanece; Todavia, B e C somente poderão cobrar de D o montante total de R$40.000,00, vez que A perdoou sua quota-parte do crédito. - Regramento 5 - Se a prestação perde a qualidade de indivisível: a) Pela vontade das partes: - Um termo aditivo de contrato alterando a indivisibilidade da obrigação; - Se a obrigação ainda puder ser cumprida, divide-se em tantas partes iguais e distintas quantas forem os credores e devedores; 34 - Exemplo: A, B e C são credores de D de uma quantia de R$60.000,00; No contrato firmado entre as partes ficou estipulado que a obrigação somente seria cumprida se paga integralmente de uma única vez, não podendo ser parcelada (por vontade das partes); As partes resolvem firmar um termo aditivo de contrato alterando a indivisibilidade da obrigação (por vontade das partes); A, B ou C somente poderão cobrar D a sua quota-parte, ou seja, cada um somente pode cobrar de D R$20.000,00. b) Perecimento do bem: - Necessidade de apurar a existência de culpa dos devedores: - Havendo caso fortuito e força maior: não há o que se falar em perdas e danos. Resolve-se a obrigação; - Se houver culpa de todos os devedores: responderão todos por partes iguais pelas perdas e danos; - Se a culpa for de apenas um dos devedores: somente o devedor culpado responderá pelas perdas e danos, ficando os demais devedores exonerados. - Logo: Obrigação Indivisível Pluralidade de devedores: Pluralidade de credores: Cada devedor será obrigado pela dívida toda. Mas aquele que pagou o total da dívida subroga-se no direito do credor em relação aos demais devedores. Cada credor pode exigir a dívida inteira. Mas o devedor estará desobrigado nas seguintes hipóteses: a) se pagar a todos conjuntamente ou b) se pagar a apenas um dos credores, mas este der caução de ratificação dos outros credores. 7.5-) Quanto à Presença do Elemento Acidental: a-) Obrigação Sujeita à Condição: - Os efeitos ou cumprimento da obrigação se subordinam ao um evento futuro e incerto; - Ex: Doou minha parte da propriedade de um terreno ou lote de terras a Fulano, se Fulano bater o recorde na corrida municipal. 35 b-) Obrigação Sujeita a Termo: - Os efeitos ou cumprimento da obrigação se subordinam ao um evento futuro e certo; - Ex1: Doou minha parte da propriedade a Fulano, quando o mesmo atingir a maioridade; - Ex2: Doou minha parte da propriedade ou lote de terras a Fulano, na data de 31 de janeiro de 2022. c-) Obrigação Sujeita a Modo ou Encargo: - Os efeitos ou cumprimento da obrigação não se subordinam ao nenhum evento futuro, seja certo ou incerto. Na verdade, a obrigação já deve ser cumprida; - Restringe-se a liberalidade do beneficiado sobre a coisa. É imposto um sacrifício, um trabalho, um múnus, um ônus ou encargo, sem o qual o negócio obrigacional não acontecerá; - EX: Doou minha parte da propriedade de um terreno ou lote de terras a Fulano para Fulano construir uma escola para crianças carentes. 7.6-) Quanto à Dependência: a-) Obrigação Principal: - É aquela que existe por si só, abstrata ou concretamente. Não depende de nenhuma outra obrigação para existir; - Ex: Contrato de compra e venda de um bem móvel; contrato de prestação de serviços de assessoria jurídica; contrato de aluguel de imóvel urbano. b-) Obrigação Acessória: - É aquela cuja existência depende da obrigação principal. Ela não existe sozinha. Só existem para garantir o cumprimento da obrigação principal; - Exemplos: - Fiança (obrigação acessória pessoal do fiador para garantir ao credor que o devedor irá adimplir a obrigação principal assumida por ele – O fiador tem benefício de ordem); - Aval (obrigação acessória pessoal do avalista para garantir ao credor que o devedor irá adimplir a obrigação principal assumida por ele – O avalista não tem benefício de ordem); - Hipoteca (obrigação acessória real em que o imóvel ou aeronave ou embarcação ou navios são gravados de hipoteca para garantir ao credor que o devedor irá adimplir a obrigação principal assumida por ele – Se o devedor não pagar o empréstimo,o bem hipotecado será levado a leilão); 36 - Penhor (obrigação acessória real em que o móvel será gravado de penhor para garantir ao credor que o devedor irá adimplir a obrigação principal assumida por ele – Se o devedor não pagar o empréstimo, o bem empenhado será levado a leilão); - Anticrese (obrigação acessória real em que o imóvel gravado de anticrese para garantir ao credor que o devedor irá adimplir a obrigação principal assumida por ele – Se o devedor não pagar o empréstimo, o credor ficará na posse no imóvel e terá direito de explorá-lo economicamente para retirar o valor que lhe é devido, e, ao final, devolve o imóvel ao devedor). 7.7-) Quanto ao Momento de Cumprimento da Obrigação: a-) Obrigação Momentânea: - São as obrigações que se cumprem em um único momento, de uma vez só; a.1-) Podem ser instantâneas: - São cumpridas em um único momento, de uma vez só e logo após a pactuação da obrigação; - Ex: entrega do produto logo após a assinatura do contrato; entrega do vestido logo após o pagamento do valor do mesmo. a.2-) Podem ser diferidas: - São cumpridas em um único momento, de uma vez só, porém não logo após o contrato, mas depois de um tempo firmado entre as partes; - Ex: contrato que estipula 30 dias após a assinatura para pagamento e para a entrega do objeto; joia ou produto encomendado que leva cerca de 20 dias para estar pronto. b-) Obrigação Continuada ou de Trato Sucessivo: - São as obrigações que não se cumprem de uma vez só. Não se concentram em um único ato, mas, ao contrário, são distribuídas em vários atos. Elas se prolongam no tempo; se distribuem em prestações. b.1-) Podem ser por tempo determinado: - Onde tem um termo inicial e final estabelecido pelas partes; - Ex: contrato de experiência (90 dias); contrato de aluguel por 1 ano; financiamento de veículo por 5 anos. b.2-) Por tempo indeterminado: - Onde tem um termo inicial e não há um termo final pré-fixado ou pré-estabelecido; - Ex: contrato de trabalho; contrato de usufruto vitalício; direito real de habitação da viúva ou viúvo quando for imóvel único do casal. 37 7.8-) Quanto ao Fim: a-) Obrigação de Meio: - O devedor não se compromete com o resultado, porque não tem como; porque está além de suas forças; porque não depende somente dele; - O devedor, entretanto, não irá cumprir a obrigação de qualquer jeito. Deve ser dedicado e zeloso, obrigando-se a executar a atividade com a maior probidade e diligência possível; - Ex: Advogado, com os clientes; Médicos, com os pacientes – responsabilidade subjetiva. b-) Obrigação de Resultado: - Nas obrigações de resultado, o devedor se compromete com a ocorrência de um determinado evento futuro, sob pena de responsabilidade civil. O resultado é o que importa, independentemente dos meios utilizados para tanto; - A obrigação somente será considerada integralmente cumprida se atingido o resultado esperado; - Ex: contrato de transporte – somente se levar a pessoa ou a mercadoria de um ponto a outro. c-) Obrigação de Garantia: - O devedor, mediante contraprestação pecuniária, assume (garante) um risco; - A simples assunção do risco pelo devedor da garantia representa o adimplemento da prestação; - Ex: contrato de segurança patrimonial prestado por empresa especializada; seguro de carro; seguro de vida. 7.9-) Da obrigação propter rem: - São obrigações próprias da coisa; de um bem. Seguem ou acompanham o bem onde quer que ele esteja ou a quem quer que ele pertença; - O devedor fica sujeito à determinada prestação que não deriva de sua manifestação de vontade, expressa ou tácita, mas provém do simples fato de ser o mesmo titular de um direito sobre a coisa; - Ex: imóvel – contas de água; luz; IPTU; taxa condominial; bens móveis: IPVA; DPVAT. 8-) Do Pagamento: - O pagamento consiste no cumprimento voluntário da obrigação; - É o meio natural de extinção da obrigação. 38 8.1-) Quem deve pagar: arts. 304 a 307, CC - Devedor; - Pagamento por terceiro interessado: - Qualquer interessado juridicamente na extinção da dívida pode pagá-la; - Ex: fiador; avalista; sublocatário; herdeiro... - O terceiro interessado, ao pagar o débito, sub-roga-se nos direitos e garantias do antigo credor; - Se o credor se opuser ao pagamento, o terceiro interessado poderá usar os meios conducentes à exoneração do devedor (ação de consignação em pagamento). - Pagamento por terceiro não interessado: - O terceiro não interessado é aquele que não possui interesse jurídico no pagamento da dívida, mas apenas moral; - Ex: uma mãe, que paga a dívida de um filho maior; um amigo pode pagar a dívida de outro; - O terceiro não interessado pode igualmente pagar a dívida; - Se o fizer em nome e à conta do devedor, não terá direito ao reembolso; - Se o fizer em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor originário; - Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. - Regramentos Gerais: - O pagamento que importar em transmissão da propriedade (imóvel; automóvel; embarcações; motos; aeronaves) só terá eficácia quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu – legitimidade; - Na hipótese de se dar em pagamento coisa fungível (móveis), não se poderá mais reclamar do credor que de boa-fé a recebeu e consumiu, mesmo que o devedor solvente não tivesse o direito de aliená-la. 8.2-) A quem se deve pagar: arts. 308 a 312, CC - O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente (representante legal: pais, tutores, curadores; representante judicial: inventariante, administrador, síndico; representante convencional: mandatário, com poderes específicos para dar quitação); - Pagamento feito a Terceiro: - Somente será válido depois de ratificado pelo credor; ou depois de provado em juízo que o pagamento se reverteu em favor do credor; 39 - Credor Aparente ou Putativo: - É aquele que se apresenta ao devedor com verdadeiro credor, induzindo o devedor de boa-fé a um erro escusável; - O pagamento será válido, por ter se realizado com boa-fé subjetiva do devedor – art. 309, CC; - O verdadeiro credor poderá cobrar do credor putativo. - Regramentos Gerais: - Não é valido o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu; - O portador da quitação está autorizado a receber o pagamento, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. 8.3-) Do objeto do pagamento: arts. 313 a 326, CC - O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, mesmo que seja mais valiosa; - EX: quem compra um computador, não pode ser obrigado a receber um sofá luxuoso. - Não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor obrigado a pagar por partes, se assim não se ajustou, ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível; - EX: quem compra 10 sacas de café para ser entregues no final de novembro de 2020, todas de uma vez, não pode exigir do devedor que as sacas sejam entregues de modo fatiado, e, da mesma forma, não pode ser obrigado a recebê- las de forma fatiada. - As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente, e pelo valor nominal: - São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira; - Também acarretam a nulidade as convenções que visam a compensar a diferença entre o valor de outra moeda e o da moeda nacional, salvo os casos previstos na legislação especial. - As partes poderão convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas (Código de Defesa do Consumidor: considera prática abusiva; STJ: permite em alguns contratos cíveis, mas, dependendo do caso concreto, pode ser ilegal); 40 - Art. 317, CC:permite que juiz corrija desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento da execução, quando ocorrer motivos imprevisíveis. Nesses casos, a correção da desproporção por parte do juiz deverá ser requerida pelas partes, devendo o julgador assegurar o mais próximo possível o valor real da prestação. Esse comando legal presta-se a evitar o desequilíbrio econômico-financeiro entre as partes contratantes. 8.4-) Do lugar do pagamento: arts. 327 a 330, CC - Domicílio do Devedor: - Em regra, o local do pagamento é o domicílio do devedor (dívidas quesíveis); - Cabe ao credor dirigir-se ao domicílio do devedor para que se proceda a extinção da obrigação; - Se dois ou mais lugares forem designados pelo devedor, caberá ao credor escolher entre eles. - Domicílio do Credor: - Se as partes assim convencionarem, ou se resultar de disposição legal ou da natureza da obrigação, o pagamento será feito no domicílio do credor (dívidas portáveis); - Foro de eleição. - Local de Situação do Imóvel: - Não cabe foro de eleição. Trata-se de competência absoluta; - O pagamento deverá ser realizado no local onde se situa o imóvel, se consiste na sua transferência de propriedade (imóvel – Cartório de Registro de Imóvel da Circunscrição). - Obs1: Na hipótese de ocorrer motivo grave para que não se efetue o pagamento no local determinado, o devedor poderá efetuá-lo em outro, sem prejuízo para o credor; - Obs2: Se o pagamento for reiteradamente realizado em outro lugar diverso do pactuado, presume-se a renúncia do credor relativamente ao que foi previsto no contrato. 8.5-) Do tempo do pagamento: arts. 331 a 333, CC - Obrigações com termo ou prazo fixado: no dia do vencimento; 41 - Obrigações sem termo ou prazo estipulado: quando o credor exigir/imediatamente, salvo disposição legal em contrário; - Obrigações com condições suspensivas: na data do implemento/ocorrência da condição (evento futuro e incerto), cabendo ao credor a prova de que de tal fato teve ciência o devedor; - Prazo do Mútuo (empréstimo de dinheiro): prazo mínimo de 30 dias para a cobrança – art. 592, II, CC; - O credor pode exigir o pagamento antecipado da dívida nos seguintes casos: - O objeto é evitar o perecimento do crédito do credor; a) falência/insolvência do devedor; b) ações movidas contra o devedor com concurso de credores; c) se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; d) se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, a garantia do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. - Obs: não se reputará vencido o débito quanto aos outros devedores solventes, se houver, na obrigação, solidariedade passiva. 8.6-) Da prova do pagamento: - O devedor que paga tem direito à quitação regular, sendo lícito que retenha o pagamento enquanto essa quitação não lhe seja dada; - Na quitação deverá constar: - o valor da dívida quitada; - a espécie da dívida quitada; - o nome do devedor, ou quem por este pagou; - o tempo e o lugar do pagamento; - a assinatura do credor, ou do seu representante. - Obs: Mesmo que não contenha os requisitos acima descritos, a quitação será válida se demonstrar-se que, por seus termos ou pelas circunstâncias do caso, restar claro que a dívida foi paga. - A quitação sempre poderá ser dada por instrumento particular; - A entrega do título pelo credor ao devedor (cheque; nota promissória; duplicata) firma a presunção do pagamento. Porém, se no prazo decadencial de 60 dias o credor provar a falta do pagamento, ficará sem efeito a quitação assim operada; 42 - Obs: Nos casos em que a quitação dos débitos consiste na devolução do título, se este for perdido, o devedor poderá exigir declaração do credor que inutiliza o título desaparecido, retendo, inclusive, o seu pagamento. - Na hipótese de pagamento realizado por medida ou peso, o silêncio das partes faz presumir que aceitaram as unidades de medida e peso do lugar da execução da obrigação; - Até que se prove o contrário, quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece a presunção de estarem solvidas as anteriores; - Presumem-se pagos os juros quando o credor der quitação do capital sem fazer reserva quanto àqueles; - Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação. Se ocorrer aumento de despesas por culpa do credor, caberá a este suportar a despesa acrescida. 8.7-) Das Formas de Pagamento das Obrigações: 8.7.1-) Da Consignação em pagamento: - Consignação é o depósito judicial (ação de consignação em pagamento) ou em estabelecimento bancário (pagamento em consignação) feito pelo devedor ou terceiro em pagamento de uma dívida. 8.7.1.1-) Pagamento em Consignação - Extrajudicial: arts. 334 a 345, CC - Certeza do objeto da obrigação: somente quantia em dinheiro; - Somente cabível quando o credor for certo, capaz e solvente: caso contrário, não poderá dar quitação; - Se houver estabelecimento bancário oficial ou particular no local onde deva ser satisfeita obrigação; - Depósito do valor; - Envio de carta por meio de AR para dar ao credor a ciência do respectivo depósito; - O credor terá prazo de 10 dias para recusar o depósito; - Se o credor recusar o depósito, deve justificá-la, por escrito ao estabelecimento bancário; - Se o credor for inerte ou levantar o valor, o devedor fica liberado da obrigação. 8.7.1.2-) Ação de Consignação em Pagamento - Judicial: arts. 539 a 549, CPC ● Cabível tanto no caso de pagamento de valores em dinheiro, como no caso de entrega de um bem móvel ou imóvel; 43 ● Recusa do credor em receber ou dar quitação: dívida portável; ● Inércia ou displicência do credor que não vai e nem manda buscar a coisa ou quantia convencionada: dívida quesível; ● Credor incapaz, desconhecido, ausente ou residente em lugar incerto, de difícil acesso ou perigoso: relativamente ou absolutamente incapaz; credor falecido; não consta no contrato...; ● Dúvida sobre quem deve receber o pagamento ou a coisa: sucessores, herdeiros, sócios da empresa...; ● Litígio sobre o objeto do pagamento: duas ou mais pessoas disputam na justiça a titularidade do crédito ou da coisa convencionada a ser adimplida pelo devedor; - Obs: Rol não taxativo – A jurisprudência tem admitido a discussão de validade de cláusula contratual no curso da ação de consignação em pagamento – cláusulas abusivas ou nulas. 8.7.1.3-) Regramentos Gerais: - A consignação deve ser requerida no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente; - Para que a consignação tenha força de pagamento é necessário que sejam observados todos os requisitos necessários à validade do pagamento em relação as pessoas (credor), ao objeto (prestação), modo e tempo (prazo), sem os quais não é válido o pagamento; - Em se tratando de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 dias, contados da data do vencimento; - Correm por conta do credor as despesas do depósito, quando julgado procedente. Caso contrário, correrão à conta do devedor. 8.7.2-) Do pagamento com sub-rogação: arts. 346 a 351, CC - Conceito: A sub-rogação transfere ao novo credor, contra o devedor principal e os fiadores, todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo, em relação à dívida. - Espécies: a) Sub-rogação legal: fixada, estabelecida em lei - Hipóteses: 44 a) o credor (A) paga a dívida do devedor comum (C) e se sub-roga nos direitos dos outros credores (B): ex - A e B são credores de C. A paga para B a parte que lhe cabe e que era devida por C. A passa a assumir
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