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Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 TRABALHO DE PARTO • Processo fisiológico que se caracteriza pelo aparecimento das contrações uterinas, geralmente dolorosas, suficientemente efetivas e frequentes, para promover a dilatação do cérvix uterino, permitindo a passagem do feto pelo canal vaginal. 1. Contrações uterinas → promovem a dilatação do colo do útero; 2. Período expulsivo: dor somática intensa → dor do períneo; 3. Passagem do feto pelo canal de parto. ESTÁGIOS DO TRABALHO DE PARTO 1. Primeiro estágio: CERVICAL • Tem início com as contrações rítmicas, efetivas e regulares e termina quando o cérvix uterino atinge a dilatação completa (em torno de 10 cm). 2. Segundo estágio: PÉLVICO • Dilatação completa até o nascimento. → A dilatação completa marca o seu início, e seu término se dá com o nascimento do feto. 3. Terceiro estágio: PLACENTÁRIO • Do nascimento até a dequitação total da placenta. → Se inicia com o nascimento e termina com a dequitação completa da placenta. 4. Quarto estágio: 60’ após a dequitação • Compreende os 60 minutos seguintes à dequitação da placenta; • Período de adaptação do organismo materno após o parto e a dequitação placentária. Período de mudanças e adaptação da circulação materna, principalmente. Cardiopatas podem apresentar complicações e por isso, algumas vezes, é preferível/indicada a cesárea eletiva. MECANISMOS DA DOR • Componente visceral: Distensão do cérvix uterino e segmento inferior do útero; • Componente somático: Distensão do assoalho pélvico, vagina e períneo. São esses dois mecanismos que direcionam o anestesista a intervir de no momento adequado. O mecanismo da dor se dá por mecanorreceptores, ou seja por compressão, ou pela liberação de substâncias, uma vez que devido à vasoconstricção que acontece durante a contração uterina, ocorre um espasmo/uma compressão dos vasos e isso libera mediadores inflamatórios, que também são mediadores da dor. Então, as vias aferentes da dor são estimuladas tanto pelos mecanorreceptores no momento que ocorre a contração como também pelos quimiorreceptores. DOR VISCERAL • Relaciona-se principalmente com a distensão do cérvix e segmento inferior uterino, mas pode envolver todo o útero e seus anexos. Tal como ocorre com as vísceras abdominais, a dor se manifesta pela distensão dessas estruturas, ativando assim os respectivos mecanorreceptores. As contrações uterinas promovem uma “isquemia” miometrial com liberação de potássio, bradicinina, histamina e serotonina, que pode resultar na estimulação dos quimiorreceptores da dor. ANALGESIA DA DOR VISCERAL A dor visceral junto com as contrações uterinas e a dilatação cervical pode ser geralmente tratada com qualquer um dos seguintes bloqueios: • Bloqueio paracervical bilateral; → Obstetra realiza • Bloqueio simpático lombar bilateral; → Não é muito viável • Bloqueio somático paravertebral bilateral T10 a L1; • Bloqueio peridural segmentar lombar T10 a L1; • Administração de opioide intratecal. → Raquianestesia Obs.: Nenhum dos bloqueios acima descritos alivia a dor pélvica, vaginal ou perineal causada pela passagem do feto no canal de parto. DOR SOMÁTICA • Origina-se com a distensão do assoalho pélvico, vagina e períneo. Os impulsos sensitivos são transmitidos primariamente pelo nervo pudendo (originam-se no segundo, terceiro e quarto nervos sacrais, que são fibras de condução rápida). O nervo pudendo também fornece fibras motoras para a musculatura esquelética do assoalho pélvico e períneo; • Como no início do trabalho de parto, não há distensão perineal, a dor somática geralmente está ausente. Ela Ativação de mecanorreceptores e quimiorreceptores da dor Nervos aferentes sensitivos atravessam a região paracervical Pelve - plexos hipogástricos Cadeia simpática lombar Ramos comunicantes brancos de T10 a L1 ANALGESIA DE PARTO Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 se manifesta somente quando o feto se apresenta no canal de parto (dilatação cervical média em torno de 6 a 8 cm). Assim, o final do primeiro estágio do trabalho de parto é chamado período de transição do parto, pois a gestante experimenta tanto a dor visceral decorrente da dilatação e distensão do segmento inferior do útero quanto a dor somática, acarretada pela distensão das estruturas perineais. Ao contrário das multíparas, as nulíparas podem apresentar dor somática antes da dilatação cervical. Segundo estágio do trabalho de parto, quando já ocorreu a dilatação total do colo uterino e o bebê vai começar a comprimir o assoalho pélvico, a vagina e o períneo. ANALGESIA DA DOR SOMÁTICA • Bloqueio do nervo pudendo bilateral. → Obstetra realiza ✓ Os impulsos sensitivos são transmitidos primariamente pelo nervo pudendo (originam-se no segundo, terceiro e quarto nervos sacrais, que são fibras de condução rápida). O nervo pudendo também fornece fibras motoras para a musculatura esquelética do assoalho pélvico e períneo. O bloqueio bilateral do pudendo elimina, portanto, a sensibilidade na vagina, vulva, ânus e parte do períneo. O anestesista fica mais focado nos bloqueios espinhais para dar suporte à paciente. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS • A dor do trabalho de parto promove alterações fisiológicas na gestante, podendo, algumas dessas alterações, serem prejudiciais tanto para a mãe como para o bebê. ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS • Durante o primeiro estágio do trabalho de parto, a hiperventilação materna faz com que ocorra aumento do volume/minuto, e esse aumento da ventilação parece ser progressivo; • A hiperventilação materna gera alcalose respiratória e hipocarbia (pH ≥ 7,55 e PaCO2 ≤ 20 mm Hg, respectivamente). A hipocarbia decorrente da hiperventilação pode prejudicar a oxigenação fetal por: determinar intensa vasoconstrição uteroplacentária e feto-placentária, desviar a curva de dissociação da hemoglobina materna para a esquerda, dificultando a transferência de oxigênio da placenta para o feto; • Além disso, a hipocarbia pode ser seguida de hipoventilação e apneia, levando à hipoxemia fetal, e também à inconsciência materna; • O consumo de oxigênio aumenta 40% em relação à não gestante no primeiro estágio do trabalho de parto. Esse aumento também é progressivo e pode chegar a 75% no segundo estágio do trabalho de parto, diminuindo ainda mais as reservas fisiológicas. PREJUDICA A OXIGENAÇÃO FETAL! ALTERAÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS • Aumento das beta-endorfinas proporcional a intensidade e duração das contrações: O organismo materno se prepara para o trabalho de parto e para atenuar os efeitos indesejáveis desencadeados pela dor intensa. Na gestante de termo, observa-se um aumento importante na concentração de β-endorfina. Esse aumento dos níveis maternos de β-endorfinas ocorre tanto por aumento da produção placentária como pela menor degradação. O aumento na concentração de β-endorfina parece ser proporcional à intensidade e duração das contrações uterinas, refletindo assim a resposta ao “estresse do organismo materno” ante os complexos mecanismos que são desencadeados ao longo do trabalho de parto→ Benéfico para mãe ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES • Aumento progressivo do débito cardíaco – Aumento da volemia ao nascimento (retorno venoso aumenta após a retirada do bebê, o útero contrai e isso também devolve volume sanguíneo ao sistema circulatório da paciente, além disso há a descompressão da veia cava); • Aumento da FC (10-25%). → Pode levar ao aumento do DC antes do nascimento Preocupam os anestesistas, principalmente, nas pacientes cardiopatas. Mecanorreceptores presentes no assoalho pélvico, na vagina e no períneo Nervo pudendo (S2 a S4) RESPIRATÓRIO CARDIOVASCULAR ENDÓCRINO- METABÓLICAS SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO DOR DOPARTO Hiperventilação materna Alcalose respiratória + hipocapnia Vasoconstricção útero-placentária + desvio curva de dissociação da hemoglobina para esquerda Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 ALTERAÇÕES DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO • Nas gestantes, com o aparecimento da dor, observa- se aumento nas catecolaminas circulantes; • Deve-se dar especial atenção às gestantes com doença hipertensiva, já que essas pacientes geralmente são mais sensíveis às catecolaminas circulantes; • O aumento da catecolamina pode, em algumas situações, causar intensa diminuição no fluxo sanguíneo uterino e alterações transitórias na frequência cardíaca fetal; • O aumento das catecolaminas facilita a adaptação do feto à vida extrauterina, principalmente por aumentar a síntese e liberação do surfactante, facilitar a reabsorção do líquido pulmonar, regular os níveis de glicemia e promover a termogênese sem gerar tremor. Observa-se que as alterações ocorrem pela fisiologia normal, mas em algumas situações podem ocorrer prejuízos. Por isso, incentiva-se a analgesia do parto, para promover o bem estar da parturiente e diminuir algumas complicações causadas justamente pela dor do trabalho de parto. ANALGESIA IDEAL 1. Possibilite a mobilidade da parturiente; 2. Possa ser feita fora do centro cirúrgico; 3. Não necessite de acompanhamento intensivo; 4. Utilize equipamentos simples; 5. Com baixos riscos materno e fetal; 6. Com potência adequada; 7. Com efeitos colaterais pouco significativos; 8. Que não interfira com o trabalho de parto. ANALGESIA COM BLOQUEIOS REGIONAIS • Analgesia peridural; • Raquianestesia; • Raqui e peridural combinadas; • Bloqueio pudendo; • Bloqueio paracervical; • Métodos sistêmicos*. → São usados, principalmente, quando os bloqueios espinhais estão contraindicados. Mas não são tão eficientes. ANESTESIA PERIDURAL • Método versátil: Punção simples (raramente é usada, não tem muita indicação no parto normal) ou contínua (instalação de cateter no espaço peridural); → A contínua possibilita mais tempo de ação, uma vez que o parto é dinâmico. • Contínua: Bolus intermitente (40-50 min) ou infusão contínua; • Pode ser associada a raquianestesia; • Local da punção: lombar, abaixo de L1; • Momento de iniciar: é ditado pelo componente doloroso da paciente. Não se inicia na primeira contração, uma vez que há a necessidade de observação obstétrica da evolução do trabalho de parto. Normalmente, não é feita analgesia com menos de 4 cm. PERIDURAL LOMBAR CONTÍNUA • Atualmente está especialmente indicada nas fases iniciais do trabalho de parto, já que nessa situação o controle da dor é conseguido com doses e concentrações reduzidas do anestésico local; • Em fases adiantadas do trabalho de parto, o alívio da dor somente é obtido com a utilização de anestésico local em altas concentrações. Nesta situação, é comum a ocorrência de bloqueio motor. O bloqueio motor, especialmente de membros inferiores e musculatura abdominal, é deletério durante o trabalho de parto por: ✓ Gerar maior insatisfação materna por perda de seu autocontrole; ✓ Maior probabilidade de ocorrência de compressão aorto-cava, já que a paciente permanece imobilizada no leito; ✓ Perda de força materna no período expulsivo em decorrência do relaxamento e incapacidade de contração da musculatura abdominal. No período expulsivo cerca de um terço da força de expulsão depende da prensa abdominal. • Quando indicada, sugere-se iniciar a técnica com 5 a 10 ml de bupivacaína a 0,125% associados a 10 μg de sufentanil; • Após o controle inicial da dor, a manutenção da anestesia por via peridural pode ser feita por meio de: ✓ Bolus intermitente de anestésico local: o Devido à imprevisibilidade do trabalho de parto, uma única dose de anestésico local pode não oferecer analgesia suficiente para todo trabalho de parto. A administração do bolus de anestésico pelo cateter peridural permite assim prolongar o tempo de anestesia, ajustando-se às necessidades individuais da evolução de cada parto; o A grande vantagem do bolus em relação à manutenção da anestesia feita por meio da administração contínua do anestésico no espaço peridural com bomba de infusão é que para uma mesma dose de anestésico, o bolus parece determinar melhor qualidade de anestesia; o A grande desvantagem da complementação por meio de bolus é que gera aumento de demanda do trabalho dos anestesiologistas. Nessa situação, o anestesiologista deve retornar com maior frequência às suítes de parto para realizar a administração do bolus de anestésico manualmente. ✓ Infusão contínua de anestésico local por meio de bombas de infusão: Aumento das catecolaminas circulantes Pode causar redução do fluxo uterino e alterações na FC fetal Bloqueios espinhais. São os mais eficientes. Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 o É a técnica mais praticada atualmente para a manutenção da analgesia; o A utilização de solução diluída de anestésico local por meio de infusão contínua pelo cateter peridural apresenta como vantagens a estabilidade na manutenção da analgesia, estabilidade hemodinâmica, maior satisfação da paciente, além de praticamente eliminar a necessidade de dose complementar, reduzindo o trabalho do anestesiologista; o Por outro lado, em situações de trabalho de parto prolongado e nas quais as pacientes permanecem sob efeito da analgesia por várias horas, a infusão contínua do anestésico local, mesmo em baixas concentrações, determina maior ocorrência de bloqueio motor. Outro problema é que a possibilidade de migração do cateter persiste, tanto para o intravascular como para o espaço subaracnóideo. Sinal de alerta para identificar migração intravascular é a gestante que, após ter obtido nível de analgesia adequada, voltar a referir dor às contrações, não havendo razão para a queixa. Já a migração intratecal deve ser suspeitada quando ocorrer intensificação do bloqueio sensitivo ou motor ou maior extensão do nível de anestesia; o Pode ser administrada infusão contínua de 10 ml/h de solução de bupivacaína 0,0625% com 0,2 μg/ml de sufentanil. ETAPAS PARA ANALGESIA PERIDURAL 1. Consentimento informado; 2. Monitorização adequada; 3. Punção venosa (18G ou 20G); 4. Técnica de anestesia peridural simples (é usada, geralmente, quando a paciente está no segundo estágio – período expulsivo –, sabendo que será necessária maior dose de anestésico local, pois a peridural depende de uma massa para difundir e promover analgesia. Se houver possibilidade, a raqui simples é melhor.) ou com cateter (preferível); 5. Doses de anestésicos locais com baixa concentração associadas a opioides. → Dilui-se o anestésico local para que não haja bloqueio motor. Associa-se os opioides, pois eles têm efeito muito bom na parte da dor visceral, não ajuda na dor somática da distensão do períneo, mas para a dor visceral ajuda bastante. DOSES DE ANESTÉSICOS LOCAIS E OPIOIDES *A infusão contínua, quando há cateter de peridural, é sempre preferível em relação a injeção intermitente. Pois, oferece conforto de forma mais adequada e, em comparação à intermitente (maior concentração), tem-se menos bloqueio motor. FÓRMULA PARA MANIPULAR AS CONCENTRAÇÕES DOS ANESTÉSICOS LOCAIS C x V = C1 x V1 C = Concentração disponível C1 = Concentração desejada V1 = Volume desejado ANALGESIA COM RAQUIANESTESIA • Segurança: toxicidade nula; • Início de ação rápido; • Ausência de bloqueio motor; • Analgesia de bloqueio motor; • Analgesia visceral e somática suficiente; • Fator limitante: tempo de ação (até 2 horas); • Dose: bupivacaína 0,5% - 0,5 mL + sufenta 5 ug. Normalmente, é feita quando já se tem uma previsão muito próxima de quando o bebê vai nascer, pois o que limita a raquianestesiaé o seu tempo de ação, de no máximo 2 horas. É feita uma dose baixa de anestésico, pois não pode haver bloqueio motor na paciente. Nem sempre pode-se garantir que vai nascer nesse tempo, mas se a paciente chegar em período expulsivo – ou trabalho de parto bem avançado – deve-se escolher a raqui, pois ela tem uma toxicidade nula (a peridural tem um risco de toxicidade). A raquianestesia simples tem indicação restrita ao período expulsivo do trabalho de parto devido a sua duração limitada. O anestésico de escolha é a bupivacaína hiperbárica (2,5 mg) associada ao opioide sufentanil (2,5 a 5 μg) ou fentanil (10 a 20 μg). ANALGESIA COMBINADA RAQUI-PERIDURAL • Raquianestesia + Peridural Contínua; • É uma das mais realizadas hoje para analgesia de parto; • A grande vantagem da técnica combinada raqui- peridural em relação à peridural lombar contínua é que, caso a paciente se encontre em fase adiantada do trabalho de parto e com dor intensa, consegue-se obter alívio rápido da dor com a utilização de menor massa de anestésico local. Consequentemente, obtêm-se menor bloqueio motor, menores repercussões hemodinâmicas e, possivelmente, menor interferência nos complexos mecanismos que determinam a evolução do trabalho de parto; Obs.: Para as pacientes que se encontram no início do trabalho de parto, a anestesia combinada raqui-peridural também pode ser realizada com as mesmas doses e concentrações de anestésico local e opioides; • Início de ação rápido; • Melhor relaxamento e analgesia perineal; • Versatilidade do espaço peridural; Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 • Melhor analgesia com menor hipotensão; • A manutenção da analgesia é feita por meio da administração das soluções anestésicas no cateter peridural e os mesmos conceitos expostos durante a manutenção da analgesia em pacientes submetidas à peridural lombar contínua também são válidos para a anestesia combinada raqui-peridural; • Na técnica de analgesia combinada raqui-peridural administra-se a combinação de sufentanil (2,5 a 5,0 μg) ou fentanil (10 a 20 μg) e 2,5 mg de bupivacaína hiperbárica ou isobárica a 0,5% no espaço subaracnóideo e a seguir realiza-se a passagem do cateter peridural. Para a manutenção da analgesia utilizamos a infusão contínua peridural como descrita anteriormente (bupivacaína 0,0625% com 0,2 μg/ml de sufentanil infundidos em velocidade de 10 ml/h); • A combinação de medicamentos (opioide e anestésico local) administrados no espaço subaracnóideo é vantajosa em relação à administração delas isoladamente, já que permite que se obtenha melhor rendimento analgésico com doses menores de ambas, reduzindo, assim, a ocorrência de efeitos colaterais. *Inicialmente, é passada a agulha de peridural e localizado o espaço peridural. Por dentro dessa agulha, é passada a agulha da raqui e, alcançando o espaço subaracnóide, é administrada a dose baixa de bupivacaína com sulfentanil. Retira-se a agulha, e pela mesma agulha da peridural é passado o cateter peridural (pelo menos até a marcação 2 – ponto seguro). BLOQUEIO DOS NERVOS PUDENDOS • É orientado pela palpação das espinhas isquiáticas; • Realizada pelo obstetra – período expulsivo; • Bloqueia de S2 a S4 – vagina, períneo, reto, bexiga; • 10 mL em cada lado – lido 1%, bupi 0,25% ou ropi 0,2%. BLOQUEIO PARACERVICAL • É feito bem próximo ao istmo, perto do colo uterino e da cabeça do bebê; • Pouco utilizado → RISCO DE INTOXICAÇÃO ANESTÉSICA (ATÉ PARA O BEBÊ). MÉTODOS SISTÊMICOS • Podem ser usados quando há contraindicação da analgesia regional; • Não deve ter tomado opioides nas últimas 4 horas; → Fator limitante • Meperidina: dolantina, dolosal; ✓ Coordena as contrações uterinas; ✓ Dose: IM – 50 a 100 mg ou IV (mais usada) – 30 a 50 mg; ✓ Depressão respiratória e hipotensão fetal. → Principalmente, se for feita perto do nascimento, umas 2 horas antes do bebê nascer. • Remifentanil: bomba de infusão contínua. ✓ Mais moderno; ✓ Metabolização rápida; → Pode ser feito próximo ao nascimento. ✓ Não há uma dose estabelecida para todas as pacientes, pois o limiar da dor é individual. ANALGESIA DE PARTO - DÚVIDAS 1. Qual o momento adequado para iniciar a analgesia? Sempre que possível, deve ser iniciada de acordo com a demanda da mãe, acompanhada da supervisão do obstetra. 2. Qual a técnica analgésica de escolha? A que o anestesista tiver mais segurança. Os bloqueios espinhais são os mais eficientes, dentre eles, a técnica combinada é a melhor. 3. A anestesia regional prolonga o trabalho de parto? Se for adequadamente feita, não atrapalha o trabalho de parto. 4. A anestesia regional aumenta a incidência de parto instrumental (com fórceps)? Estudos dizem que o obstetra se sente mais seguro para usar o fórceps de alívio, mas não que a anestesia de alguma maneira altere a insinuação do bebê, a ponto de alterar sua rotação, tornando necessário o uso do instrumental. 5. A analgesia regional aumenta a incidência de cesariana? Quando bem conduzida, não altera a progressão do parto. CASOS CLÍNICOS 1. Gestante com dor e grande chance do parto se realizar no período de 2 horas. → Raqui-peridural Maria Beatriz Valença Saúde da Mulher 2 2. Paciente com dor, trabalho de parto avançado, porém sem previsão se o parto será por via vaginal (feto alto). → Peridural contínua + raqui simples (Raqui- peridural) 3. Paciente com dor e trabalho de parto se iniciando. → Peridural contínua A analgesia para o parto vaginal deve ser instituída, sempre que possível, para minimizar a reação de estresse em resposta à dor, à ansiedade materna e a suas consequências fetais. O momento adequado da analgesia é aquele que a paciente julgar necessário. Na realidade, a técnica analgésica é que deve ser adaptada ao momento em que a analgesia for requerida, garantindo conforto e segurança para a mãe e o filho. Geralmente, em analgesia de parto, dá-se preferência à realização das técnicas regionais de anestesia, que podem ser realizadas em qualquer momento do trabalho de parto. Dentre as técnicas regionais, as que envolvem cateter são superiores às técnicas não contínuas pela imprevisibilidade da duração do trabalho de parto. A escolha do tipo de bloqueio regional (raquianestesia, anestesia peridural ou combinada raqui-peridural) é feita com base na avaliação clínica da paciente e depende ainda da fase do trabalho de parto na qual se encontra a paciente. A analgesia sistêmica é reservada aos casos em que existe contraindicação materna à realização das técnicas regionais.