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DEFINIÇÃO A Doença Inflamatória Pélvica (DIP ) é uma síndrome clínica caracterizada por processo inflamatório/infeccioso do sistema genital superior causada por microrganismos que colonizam a endocérvice e ascendem até o endométrio e as tubas uterinas. Conceitualmente, a DIP é uma infecção sexualmente transmissível, mas existem outras formas de ocorrer uma inflamação pélvica, por exemplo: ▪ Ciclo gravídico-puerperal: aborto séptico, aborto clandestino, curetagem sem assepsia. ▪ Manipulação do trato genital: inserção de DIU. Então, DIU não é fator causador de DIP! FISIOPATOLOGIA Existem mecanismos de defesa no Trato Genital Inferior: – Muco cervical – Barreira anatômica (pelos pubianos) – Fatores imunológicos – Microbiota vaginal A DIP ocorre quando esses mecanismos são suplantados e os patógenos ascendem para o Trato Genital Superior, atravessando o orifício interno do útero. Isso é facilitado no período menstrual, pois nesse período o orifício interno está mais aberto, devido à menstruação, e isso facilita a ascensão dos patógenos. É comum em mulheres jovens com atividade sexual não protegida, com possíveis sequelas importantes em longo prazo, como infertilidade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica crônica. AGENTES ETIOLÓGICOS Geralmente, é causada por patógenos transmitidos por via sexual, incluindo os principais agentes: ▪ Chlamydia sp.; (mais de 60% dos casos) ▪ Neisseria gonorrhoeae; (segundo mais importante depois de Chlamydia sp) ▪ Bacteroides sp.; ▪ enterobacterias; ▪ estreptococos e outros, como bactérias facultativas anaeróbias da microbiota vaginal (ex.: G. vaginalis, H. influenza, S. agalactiae; Campylobacter spp., Peptococcus, Peptostreptococcus e Prevotella spp.). Adicionalmente, citomegalovírus (CMV), herpes-vírus simples, M. genitalium, M. hominis, U. urealyticum e Trichomonas vaginalis. É importante frisar que, embora esses agentes possam ser os causadores da DIP, a infecção que eles causam pode ser porta de entrada para outros agentes infecciosos, ou seja, a DIP é polimicrobiana! Existe ainda a possibilidade de inferir o agente provável de acordo com a história clínica: Dica: uma DIP de início agudo com dor importante é mais sugestiva de Gonococo. Já um a DIP mais indolente, com uma dor mais crônica, é mais sugestiva de Clamídia. A inflamação pode estar presente em qualquer ponto de uma sequência que inclui: 1. Endometrite 2. Salpingite 3. Abscesso tubo-ovariano 4. Peritonite Fatores de risco ▪ Idade <25 anos ▪ Nível socioeconômico baixo ▪ Coito no período menstrual ▪ DST prévia ou atual ▪ Infecções do Trato Genital Inferior ▪ Tabagismo (porque diminui o muco cervical) ▪ Contraceptivos Hormonais (pois subtende-se que uma mulher que está usando contraceptivo oral não usa preservativos). ▪ Uso de tampões e duchas vaginais; ▪ Instrumentação do colo uterino recente (ex.: puerpério, DIU); Principais alterações NO EXAME FÍSICO É um quadro evolutivo. Inicialmente há corrimento vaginal mucopurulento, que segue com dor em região inferior de abdome associada a sangramento uterino anormal e, posteriormente, sinais de irritação peritoneal e manifestações sistêmicas. - Lembrar que nem todas as pacientes vão evoluir para os estágios mais graves. Dor abdominal à palpação, maior nos quadrantes inferiores, pode ser a única manifestação ao exame. Destacam-se ainda: ● Sinais de gravidade: Febre alta; irritação peritoneal (descompressão dolorosa); diminuição da peristalse; e sinais de sepse, como taquicardia e hipotensão; ● Peri-hepatite: Dor à palpação em quadrante superior direito do abdome, o que pode mascarar o quadro pélvico; ● Abscesso tubo-ovariano: Pode apresentar massa palpável em topografia anexial. Exame ginecológico: Dor à mobilização do colo do útero, útero e anexos no exame pélvico bimanual; colo friável e com mobilidade aumentada; corrimento endocervical e/ou vaginal purulentos. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é confirmado com a presença de: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● Gravidez ectópica; ● Cisto ovariano roto; ● Torção de tumor cístico ovariano; ● Torção de mioma uterino; ● Endometriose; ● Cistite; ● Apendicite aguda; ● Diverticulite; ● Colecistite; ● Síndrome do intestino irritável; ● Dor funcional; ● Infecção do trato urinário; ● Litíase ureteral. ACOMPANHAMENTO ● Seguimento ambulatorial: Casos leves, sem critérios de gravidade, podem ser tratados ambulatorialmente com antibioticoterapia oral ou intramuscular. A paciente deve ter retorno garantido para reavaliação após início da antibioticoterapia e deve ser corretamente orientada ao retorno precoce, caso não haja melhora dos sintomas após 72 horas de antibioticoterapia ou se houver piora clínica súbita. ● Internação hospitalar: Pacientes com febre alta, sinais de sepse e/ou irritação peritoneal ou suspeita de complicações devem ser internados para antibioticoterapia venosa e monitorização terapêutica. Os critérios obrigatórios para tratamento hospitalar incluem abscesso tubo-ovariano, gravidez, ausência de resposta clínica após 72 horas do início do tratamento com antibioticoterapia oral, intolerância a antibióticos orais ou dificuldade para seguimento ambulatorial, estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre, e dificuldade em exclusão de emergência cirúrgica (ex.: apendicite, gravidez ectópica). TRATAMENTO Os esquemas de tratamento para DIP devem proporcionar cobertura empírica de amplo espectro, de patógenos mais prováveis, entre eles N. gonorrhoeae, C. trachomatis, M. genitalium, bactérias facultativas gram-negativas, anaeróbicas e estreptococos. Tratamento ambulatorial : Outras informações ▪ Tratamento dos parceiros (Azitromicina + Ciprofloxacino ou Ofloxacino): É preciso avaliar os parceiros sexuais de mulheres com DIP e administrar- lhes tratamento para infecção uretral por clamídia ou gonorreia . Em geral, encontra -se uma dessas DST nos parceiros sexuais masculinos de mulheres com DIP não associada a clamídia ou gonorreia. ▪ Gravidez: gestantes devem ser hospitalizadas e tratadas com antibióticos parenterais. ▪ DIU: O Ministério da Saúde e o CDC recomendam acompanhamento clínico.
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