Buscar

Fichamento 08-03 a única certeza da vida é a morte

Prévia do material em texto

Nome: Anna Clara Frias Gomes RA: N1366J0 Prof. Caroline Garpeli Barbosa Turno: Manhã
GIBERTI, G.M. A única certeza da morte é a vida: investigação fenomenológica sobre idosos que se preparam para a morte. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018, 180f, pg 17-28.  
Capítulo 1 – Fenomenologia Existencial: uma introdução 
O capítulo do texto referido tem como objetivo apresentar uma introdução ao pensamento fenomenológico-existencial do filósofo Martin Heidegger (1889-1976), juntamente com trabalhos de estudiosos do pensamento heideggeriano.
Na história da fenomenologia, temos como pioneiro na área Edmund Husserl (1859-1938), que fora professor de Heidegger, do qual será o foco que fundamentará a análise subsequente sobre a experiência de idosos longevos que se preparam para a morte.
O objetivo da fenomenologia era reformular a filosofia, e ir ao sentido oposto à ciência proposta pelo positivismo, assim, dando ênfase aos fenômenos que são entendidos pela representação que a consciência faz do mundo, onde a consciência deve ser entendida como "consciência de algo". Com isso, o autor nega a ideia tradicional da consciência como uma qualidade humana, vazia, que pode ser preenchida com algo.
Retomando ao Heidegger, em 1927 ele publicou Ser e Tempo, onde buscava entender questões acerca da pergunta do sentido do ser, onde rompeu com pensamentos baseados na ontologia alicerçada pela metafísica. Através dessa nova estruturação a respeito do sentido do ser, o pensamento heideggeriano possibilitou responder a questão do sentido do ser, porém agora orientado para a existência do ser e não para a busca de sua essência.
Heidegger utiliza muito os termos “ente” e “dasein”, o primeiro é tudo aquilo que “é”, que podemos definir, assim como o homem. E dasein traduzido do alemão significa ser-aí, (aí) são as possibilidades do ser, e ser é o modo de manifestação de cada ente, e está sempre se relacionando com seu ser em um movimento de “ter que ser” o tempo todo.
 	O dasein nunca é algo acabado, como diz o autor, “está sempre em jogo”. Dasein é abertura, podendo se lançar ao mundo, enquanto possibilidade existencial.
O entendimento dos fenômenos humanos ocorre de forma fenomenológico-hermenêutica, porque homem e mundo são totalidades, então só podemos compreendê-lo segundo um horizonte prévio de sentido.
O autor também trás o conceito do impessoal, que de forma geral, quer dizer um modo automático de viver, segundo Heidegger é constituído por três componentes essenciais: o falatório, a curiosidade e a ambiguidade. O destaque do texto é o falatório que consiste numa cadeia de significados e sentidos que apresentam o mundo, em certa direção, para o Dasein (Heidegger, 1927/2012b). O falatório fala de tudo, mas ao mesmo tempo, não fala nada. 
A cima falamos sobre o modo impessoal, inautêntico, ou impróprio, que se refere à não realização de suas possibilidades, e são esses modos que definem a forma como o ser-aí cuida da sua própria existência. Já o modo autêntico é aquele que de fato vive, e não apenas deixa a vida o levar, é aquele que busca e explora suas possibilidades dentro de seu limite existencial.
Para Heidegger, temporalidade é a união de: passado, presente e futuro, que não são vistos como momentos separados de forma cronológica, mas dizem respeito a um campo temporal unificado. “A temporalidade é o movimento que abrange o ser do Dasein e que permite a ele retroceder em algo que já aconteceu (passado), ser livre para projetar-se em suas possibilidades existenciais (futuro) e experienciar o presente que se configura como o instante da tomada de decisão sobre a vida” (Nunes, 2010). 
O Dasein é o único ente que pensa e entende sobre sua finitude, sua possibilidade de não mais ser, Heidegger nomeou esse conceito como “ser-para-a-morte”, uma vez que o tempo de sua existência é limitado, então cabe a cada um escolher a maneira como viverá sua vida. Porém, a finitude traz culpa, porque ninguém tem garantia sobre o futuro, e fazer uma escolha, requer abrir mão de outra, onde nunca terá a certeza de que de fato o que escolheu é o correto para você. 
Ao compreender sua própria finitude, o Dasein se angustia ao saber que ele caminha para a morte, por isso, ou ele pode buscar uma vida autêntica com sentido e responsabilizando-se por sua condição, ou continua reproduzindo os significados previamente colocados pela tradição, o que encurtará sua existência.
Sobre a questão da técnica, para Heidegger, de forma geral, é um modo de compreensão e organização do mundo. “Fica evidente, então, que na era da técnica a supervalorização do consumo evidencia relações de excesso, pois se vive em uma sociedade que aprecia o “quanto mais, melhor”, bem como há o enaltecimento da eficácia, uma vez que se acredita que “quanto melhor, melhor”. A tecnologia opera por meio da lógica da produtividade, funcionalidade e utilidade (Heidegger, 1953/2002a)”. Quando criticamos e pensamos sobre técnica, já estamos na técnica, ao questiona-la, ele já esta construindo um caminho, apesar de ser algo bom, também pode ser um perigo, porque ela pode se transformar na contemporaneidade nos fazendo esquecer da questão tão importante que é “perguntar sobre o ser”.

Continue navegando