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1 Alline Alvarez O ADOLESCENTE Consulta do adolescente 1º momento: adolescente junto com o familiar. Questionar queixa principal e duração, HPMA, ISDAS, estado vacinal, antecedentes obstétricos, antecedentes pessoais, inclusive neonatais, menstruação: Idade da menarca, ciclos (intervalo, duração e intensidade), dismenorreia, distúrbios pré-menstruais, antecedentes familiares. Hábitos: alimentares, lazer, sono, atividade física e culturais. 2º momento: a sós com o adolescente. Conversar sobre comportamento sexual, IST, sexarca, uso de drogas lícitas ou ilícitas, relacionamento com a família/conflitos, relacionamento interpessoal, crenças, percepção sobre a imagem corporal/autoestima, crenças, situações de risco de vulnerabilidade, desempenho escolar. 3º momento: a sós com o familiar (caso seja detectado violência) ou 3º/4º momento: adolescente junto com o familiar. Para orientá-los sobre as hipóteses diagnósticas/problemas e condutas terapêuticas a serem tomadas. O ambiente físico para o atendimento ao adolescente deve evitar ter decorações que remeta a infância, com brinquedos ou jogos infantis. Se possível, ter um lugar específico para o atendimento de adolescente, onde não haja atendimentos de crianças. Se não tiver possibilidade de atender crianças e adolescentes em ambientes separados, atender em horários diferentes. Na sala de espera, pode ter gibis e revistas que interessem os adolescentes. Deve-se garantir ao adolescente privacidade, confidencialidade e sigilo. A privacidade refere-se ao direito do adolescente de ser atendido sozinho. Deve-se aconselhar o adolescente sobre: atividade física, alimentação saudável, álcool, fumo e outras drogas, uso racional de meios eletrônicos, sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis, planejamento reprodutivo, violência e bullying, segurança no trânsito. 2 Alline Alvarez Puberdade: Estadiamento puberal de Turner: Classifica nas meninas, o aparecimento de mamas e pelos e nos meninos avalia genitais (testículo, escroto e pênis) e pelos. Na fase puberal ocorre uma aceleração do crescimento durante um período de 2 a 3 anos (VC de 10 cm/ano) e, na fase final da puberdade, há uma desaceleração abrupta com VC entre 1 e 1,5 cm/ano. 3 Alline Alvarez Meninas: Estirão do crescimento: Nas meninas, acontece a partir do aparecimento do broto mamário (telarca, M2) que inicia entre os 8 e 13 anos de idade. Na desaceleração do crescimento ocorre a menarca (M4). Estirão nas meninas: Inicia-se em M2 com pico em M3 Início da puberdade nas meninas é em M2: entre 8 e 13 anos; A primeira manifestação clínica do início da puberdade na menina é o aparecimento do broto mamário (telarca) em resposta ao início da produção estrogênica pelos ovários. O aparecimento da menarca surge em M4, no período de desaceleração do crescimento. A menarca ocorre cerca de 2 anos após o início da puberdade (M2). Após a menarca, o restante do crescimento esperado é entre 4 a 6 cm Quando atinge M5, a adolescente praticamente parou de crescer. Meninos: 4 Alline Alvarez Início da puberdade nos meninos é em G2: Entre 9 e 14 anos. Estirão nos meninos: Inicia-se em G3 com pico de estirão em G4. No menino, observa-se como primeira manifestação da puberdade o aumento de volume testicular atingindo 4 mL ou cm3. Orquidômetro de Prader: serve para avaliar o volume testicular. Pode trazer informações importantes, pois, quando está abaixo de 3 mL, corresponde normalmente ao estádio 1 e, quando está acima de 20, já equivale ao estádio 5. A ejaculação e a espermatogênese ocorre em G4. A primeira ejaculação ocorre quando os testículos atingem 10 a 12 mL de volume, algumas vezes durante o sono (polução noturna). A desaceleração do crescimento nos meninos é em G5. Pelos axilares, faciais e no restante do corpo surgem após 2 anos do aparecimento dos pelos púbicos. A mudança vocal é o evento mais tardio da puberdade, e ocorre devido a ação da testosterona na laringe dos meninos. Nos meninos, também ocorre aumento do diâmetro e da pigmentação da auréola mamária. Muitos meninos também apresentam ginecomastia puberal, que regride espontaneamente. 5 Alline Alvarez 6 Alline Alvarez Os esteróides sexuais são importantes para aquisição de massa óssea na puberdade. De modo que os adolescentes com atraso puberal tem mais chance de desenvolverem osteopenia. No corpo feminino, há um maior incremento de gordura. E no masculino, maior incremento de massa muscular, por isso, há necessidades nutricionais diferentes para cada sexo. De início há estirão dos membros no sentindo distal-proximal. Primeiro cresce as mãos e os pés, depois o antebraço e as pernas e por último os braços e as coxas. E só depois cresce o tronco. Na puberdade, o aumento da altura se dá principalmente pelo aumento do tronco, por isso é importante avaliar a coluna do adolescente em cada consulta, pois como o crescimento se dá principalmente pelo aumento do tronco, surge ou se agravam problemas de coluna, como cifose e escoliose. Já na infância, o crescimento se deve principalmente pelo aumento dos membros. Desvio no desenvolvimento puberal Puberdade precoce Meninas: menos que 8 anos Meninos: menos que 9 anos Por que tem que diagnosticar a puberdade precoce? Para evitar a fusão prematura das epífises de crescimento desencadeada pelos esteroides sexuais e consequente comprometimento da estatura final. Retardo puberal: Ausência de quaisquer sinais puberais aos 13 anos (menina) ou 14 anos (menino). Ou seja, ausência de broto mamário nas meninas aos 13 anos e testículo menor que 4 mL nos meninos com 14 anos. Ausência de menarca na menina aos 15 anos, dependendo do início da puberdade ou M2 até menarca > 5 anos. No menino, G2 até G5 > 5 anos. 7 Alline Alvarez Anorexia é a principal causa de retardo puberal em meninas O desencadeamento da puberdade precoce tem origem genética fundamentada, pois em estudos familiares foi evidenciado que em 1/4 dos casos havia, pelo menos, mais um familiar acometido. Disruptores endócrinos, substâncias presentes em plásticos, solventes, pesticidas, cosméticos e poluentes industriais que, por sua ação estrogênica ou antiandrogênica, podem causar diversos efeitos na fisiologia neuroendócrina. A escolha terapêutica da puberdade precoce recai sobre os análogos agonistas sintéticos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que agem na hipófise anterior de forma competitiva ao GnRH endógeno. Adrenarca (ou pubarca): É o aumento da secreção de androgênios pelas glândulas supra-renais. Antecede 1 ou 2 anos a gonadarca. Gonadarca: Aumento da secreção de estrogênio no sexo feminino e testosterona no sexo masculino De modo geral, admite-se a diferença de até dois estadiamentos entre o estágio de mamas e pelos Adolescentes com atraso da puberdade tem mais chance de desenvolver osteopenia, pois os esteroides sexuais são importantes no processo de ganho de massa óssea. A puberdade nas meninas antecede a puberdade nos meninos. A gordura subcutânea é mais localizada nas coxas, bacia, quadril e nádegas. Nos meninos, tem desenvolvimento da cartilagem da laringe e dos pelos faciais e torácicos. Regulação endócrina do crescimento Na fase pós-natal, o hormônio do crescimento (GH) estimula o crescimento por sua ação direta na diferenciação celular, na placa de crescimento e no hepatócito, onde aumenta a secreção de fator de crescimento insulina-símile (IGF-1). O IGF-1, secretado pelos hepatócitos, tem ação específica na expansão e hipertrofia da placa epifisária. Os hormônios tireoidianos são necessários para o crescimento desde a infância, por sua ação de estímulo à produção e secreção de GH,síntese de IGF-1 e ação direta sobre a placa epifisária. Na fase inicial da puberdade, além da elevação dos níveis dos esteroides sexuais, há um aumento na frequência e na amplitude dos pulsos de GH, com aumento de duas a até dez vezes a quantidade de GH secretada a cada pulso, o que aumenta a produção de IGF-1 pelo fígado. A partir dos 6 meses de idade há uma redução significativa dos níveis de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH), que permanecem baixos até o início da puberdade. Em dado momento, os fatores chamados permissivos (neuropeptídios, leptina, insulina, IGF-1 e estímulos oriundos de centros cerebrais superiores) atuam sobre o sistema HHO, provocando aumento da frequência e amplitude da 8 Alline Alvarez produção de hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH) pelos neurônios hipotalâmicos que, via sistema porta hipofisário, ativam receptores específicos localizados na adenoipófise, desencadeando aumento da produção de gonadotrofinas (FSH e LH). Os estrógenos, são essenciais para acelerar o crescimento por meio da ação em receptores específicos da placa epifisária, promovendo crescimento, mas também decretando o fechamento das epífises. A liberação de FSH e LH estimula ovários e testículos a produzirem os esteroides sexuais que induzirão todo o processo de modificações corporais, capacitando o organismo para as funções reprodutivas. A produção de androgênios pelas glândulas adrenais, controlada pelo ACTH, é anterior à produção de esteroides gonadais, ocorrendo entre 6 e 8 anos de idade (adrenarca). É responsável por modificações no odor das secreções, aumento da oleosidade da pele e aparecimento e manutenção da pilificação axilar e púbica durante a puberdade. Fatores extrínsecos podem influenciar negativamente o crescimento em todas as suas etapas. Agravos físicos e emocionais (privação afetiva), falta de acesso a macro e micronutrientes equilibrados na alimentação e o sedentarismo são fatores que atuam restringindo o alcance do potencial genético determinado desde a concepção. SÍNDROME DO ADOLESCENTE NORMAL A OMS considera adolescente dos 10 aos 20 anos incompletos. Busca de si mesmo e da identidade adulta: se comporta como um sabe- tudo e despreza o conhecimento dos pais e familiares; Tendência grupal: O adolescente passa a se identificar mais com seu grupo do que com os familiares, e passa a deslocar seu sentimento de dependência dos pais para o grupo, contribuindo para o distanciamento dos pais. Crises religiosas: Períodos de passagem pela religiosidade profunda até o ateísmo mais intenso, muitas vezes abandonando a religião que a família segue e buscando novos caminhos; Deslocação temporal: O que existe para o adolescente é o ‘’agora’’ e a noção de futuro se consolida apenas no final da adolescência; Evolução da sexualidade e do auto-erotismo: Início das atividades sexuais, primeiramente com caráter exploratório do próprio corpo, depois busca por contato mais íntimo com um parceiro. Atitude reivindicatória: Normal que o jovem seja um sonhador e reivindique um mundo melhor, com um modelo de sociedade mais justa. Separação progressiva dos pais; os adolescentes muitas vezes se isolam em seus quartos, pois consideram lá um mundo ‘’seu’’ e impenetrável, não querendo ser importunados pelos pais. Constantes flutuações de humor e estado de ânimo: Pode ocorrer variações extremas do humor várias vezes ao dia, passando desde a euforia para a tristeza absoluta.
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