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27 04 - Material de Direito Constitucional - César Nóbrega

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Retomada OAB 1ª Fase: Direito Constitucional – César Nóbrega 
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LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
Art. 5º (...) 
XV - É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de 
obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
 
Súmula Vinculante 25 
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. 
 
 
HABEAS CORPUS 
Art. 5º (...) 
 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação 
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais 
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente 
da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer 
destes, da lei e da ordem. 
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. 
 
Súmula 693 - STF 
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração 
penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
 
Súmula 695 - STF 
Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. 
 
Superação da Súmula 690 do Supremo Tribunal Federal 
Súmula 690 
Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de "habeas corpus" contra decisão de Turma 
Recursal de Juizados Especiais Criminais. 
 
Quanto ao pedido de análise do aduzido cerceamento de defesa em sede de habeas corpus, ressalto que a Súmula 
690/STF não mais prevalece a partir do julgamento pelo Pleno do HC 86834/SP, relatado pelo Rel. Ministro Marco 
Aurélio (DJ em 9.3.2007), no qual foi consolidado o entendimento de que compete ao Tribunal de Justiça ou ao 
Tribunal Regional Federal, conforme o caso, julgar habeas corpus impetrado contra ato praticado por integrantes 
de Turmas Recursais de Juizado Especial. [ARE 676.275 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 12-6-2012, DJE 150 de 
1º-8-2012.] 
 
HABEAS CORPUS 
E5 possível a impetração de habeas corpus coletivo 
Informativo comentado Obs1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que tenham praticado 
atos infracionais. 
Obs2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a reincidente. O simples fato de que a mulher ser 
reincidente não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar. 
STF. 2a Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891). Importante!!! O 
STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. 
 
 
 
 
 
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O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurıd́ico ofendido é o direito de ir e vir, quer 
pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgata-́lo e ́o habeas corpus, 
individual ou coletivo. 
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo esta ́de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir a 
maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). 
Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurıd́ico, existem dois dispositivos legais que, 
indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2o e do art. 580, ambos do 
CPP. 
O art. 654, § 2o estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 
do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para todos que 
se encontram na mesma situação. 
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem 
de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. 
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo do STF 
que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao 
mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação 
jurisdicional. 
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei no 
13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo. 
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 
1) o Ministério Público; 
2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há ́pelo 
menos 1 (um) ano; 
4) a Defensoria Pública. 
STF. 2a Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891). 
 
 
01) Pedro participa de competição esportiva amadora tendo desentendimento com outro competidor, recebendo 
ameaça de morte do mesmo. Temeroso da ameaça realiza o registro da ocorrência em órgão policial competente. 
Após o registro, o indivíduo que realizou a ameaça é convocado para prestar depoimento e permanece detido no 
órgão policial, sem formação de culpa, sem ordem judicial. 
 
Nesse caso, caberia a impetração de 
A) Agravo Interno. 
B) Recurso Ordinário. 
C) Reclamação. 
D) Habeas Corpus. 
 
INELEGIBILIDADES 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para 
todos, e, nos termos da lei, mediante: 
 
 § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver 
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 
 
 
 
 
 
 
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§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal 
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
 
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o 
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de 
mandato eletivo e candidato à reeleição. 
02) em razão da morte do governador, fato ocorrido quatro meses antes do término do seu mandato, Eustáquio, vice-
governador, terminou por sucedê-lo. Nas eleições realizadas no mesmo ano, Eustáquio concorreu ao cargo de 
governador e teve expressiva votação, iniciando o respectivo mandato no ano seguinte. Apesar do êxito, Eustáquio, 
político ambicioso, já iniciou o planejamento a respeito do seu futuro e o do seu filho Eustaquinho, que completará 
vinte e um anos exatamente no dia da próxima eleição para cargos eletivos federais e estaduais. De acordo com a 
sistemática constitucional de inelegibilidades, é correto afirmar que, na próxima eleição, acima referida: 
 a) Eustaquinho não poderá concorrer a qualquer cargo eletivo no âmbito do território de jurisdição do seu pai; 
 b) Eustáquio não precisará renunciar ao mandato de governador para que possa concorrer ao mesmo cargo na 
próxima eleição; 
 c) Eustaquinho somente poderá concorrer ao cargo de Senador, no mesmo Estado, caso seu pai renuncie ao mandato 
de governador até seis meses antes dopleito; 
 d) Eustáquio somente poderá concorrer ao cargo de governador, na próxima eleição, caso renuncie seis meses antes 
do pleito; 
 
IMUNIDADES PARLAMENTARES 
 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e 
votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante 
de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para 
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
35, de 2001) 
 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal 
Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da 
maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do 
seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
 
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
 
 
 
 
 
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03) O Deputado Estadual Alfa, em inflamado discurso proferido na Assembleia Legislativa do Estado X, afirmou que 
determinado setor da Administração Pública do respectivo Estado funcionava muito mal, acrescendo que o motivo 
era a desonestidade de muitos servidores, que deveriam estar em uma prisão, não em uma repartição. 
À luz desse pronunciamento e das garantias constitucionais outorgadas aos Deputados Estaduais, é correto afirmar 
que Alfa: 
a) não pode ser responsabilizado em razão do pronunciamento realizado; 
b) pode ser responsabilizado como qualquer pessoa do povo, não recebendo qualquer tratamento diferenciado; 
c) somente poderia responder a um processo criminal se isso fosse autorizado pelo Tribunal de Justiça; 
d) deve ser responsabilizado, pois somente poderia afrontar a honra alheia mediante prévia autorização judicial; 
 
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO 
 
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e 
com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. 
 
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, 
além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo 
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a 
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério 
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
 
04) A Câmara dos Deputados instalou Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de apurar as causas do 
crescimento do tráfico internacional de pessoas a partir do território nacional. 
Em sua primeira reunião, a CPI deliberou, de modo fundamentado, 
I. pela quebra do sigilo bancário de João e Maria. 
II. pela interceptação telefônica das conversas de Pedro e Antônio. 
III. colher o depoimento de servidores públicos vinculados ao Poder Executivo para prestarem esclarecimentos sobre 
os fatos. 
IV. pela busca e apreensão dos computadores existentes na residência de Pedro e Antônio. 
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar, em relação ao deliberado pela CPI, que estão corretas as medidas 
a) I, II, II e IV. 
b) I, II e III, somente. 
c) III e IV, somente. 
d) I e III, somente. 
 
CRIME COMUM E CRIME DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÍBLICA 
 
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele 
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado 
Federal, nos crimes de responsabilidade. 
 
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
 
I - Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
 
 
 
 
 
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II - Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 
 
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do 
Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. 
 
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará 
sujeito a prisão. 
 
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao 
exercício de suas funções. 
 
05) um jornal de grande circulação divulgou que João, Presidente da República, teria praticado uma série de condutas 
ilícitas, todas tecnicamente consideradas crimes de responsabilidade. 
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que João, em casos como esse, deve ser processado e julgado: 
a) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização do Senado Federal; 
b) pelo Senado Federal, após autorização da Câmara dos Deputados; 
c) pela Câmara dos Deputados, após autorização do Senado Federal; 
d) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização da Câmara dos Deputados; 
 
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 
 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial 
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
 
Art. 949. (...) Código de Processo Civil 
 
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição 
de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal 
sobre a questão. 
 
SÚMULA VINCULANTE 10 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que embora não 
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no 
todo ou em parte. 
 
06) A parte autora em um processo judicial, inconformada com a sentença de primeiro grau de jurisdição que se 
embasou no ato normativo X, apela da decisão porque, no seu entender, esse ato normativo seria inconstitucional. 
A 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Alfa, ao analisar a apelação interposta, reconhece que assiste razão 
à recorrente, mais especificamente no que se refere à inconstitucionalidade do referido ato normativo X. Ciente da 
 
 
 
 
 
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existência de cláusula de reserva de plenário, a referida Turma dá provimento ao recurso sem declarar expressamente 
a inconstitucionalidade do ato normativo X, embora tenha afastado a sua incidência no caso concreto. 
De acordo com o sistema jurídico-constitucional brasileiro, o acórdão proferido pela 3ª Turma Cível 
a) está juridicamente perfeito, posto que, nestas circunstâncias, a solução constitucionalmente expressa é o 
afastamento da incidência, no caso concreto, do ato normativo inconstitucional. 
 b) não segue os parâmetros constitucionais, pois deveria ter declarado, expressamente, a inconstitucionalidade do 
ato normativo que fundamentou a sentença proferida pelo juízo a quo. 
 c) está correto, posto que a 3ª Turma Cível, como órgão especial que é, pode arrogarpara si a competência do Órgão 
Pleno do Tribunal de Justiça do Estado Alfa. 
 d) está incorreto, posto que violou a cláusula de reserva de plenário, ainda que não tenha declarado expressamente 
a inconstitucionalidade do ato normativo

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