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Aula 5 - Lucro Presumido

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Disciplina: Contabilidade e Gestão Tributária II
Aula 5: Lucro Presumido
Apresentação
Inseridas em um mercado altamente competitivo, conhecer a legislação tributária torna-se imprescindível para que as
empresas consigam escolher o regime adequado de tributação, o que lhes possibilitará minimizar os desembolsos com
impostos sem infringir a exigências impostas pelo Fisco.
Nesta aula, você compreenderá o conceito de Lucro Presumido ou Estimado e identi�cará as pessoas jurídicas que podem
optar por ele, bem como as que estão impedidas. Além disso, você veri�cará a base de cálculo, as alíquotas de presunção e
os procedimentos necessários para a Apuração e o Cálculo do Lucro Presumido. Por �m, identi�cará as principais
obrigações acessórias relativas ao Lucro Presumido.
Objetivos
Reconhecer o arcabouço conceitual do Lucro Presumido;
Identi�car as pessoas jurídicas que podem optar pelo Lucro Presumido, bem como as que estão impedidas;
Reconhecer a base de cálculo e as alíquotas de presunção;
Veri�car os procedimentos necessários para a Apuração e o Cálculo do Lucro Presumido;
Reconhecer as principais obrigações acessórias relativas ao Lucro Presumido.
Lucro Presumido
Lucro Presumido pode ser conceituado como a forma de tributação simpli�cada que utiliza
somente as receitas da empresa para determinar a base de cálculo do Imposto de Renda e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das pessoas jurídicas que não estão obrigadas,
no ano-calendário, à apuração do Lucro Real.
As pessoas jurídicas que puderem e optarem pelo regime de tributação com base no Lucro Presumido, em conformidade com o
art. 26, da Lei 9.430/96 e art. 587 § 4º do RIR/18, manifestarão a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto
devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário.
Também, nos casos em que a pessoa jurídica tiver iniciado atividade a partir do segundo trimestre, a opção deverá ser
manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração correspondente ao
início de atividade.
Pessoas Jurídicas que podem optar pelo Lucro Presumido

Conforme estabelece o art. 13, da Lei 9.718/98, podem optar pelo Lucro Presumido todas as pessoas jurídicas que não estejam
obrigadas à apuração do Lucro Real, e que a receita bruta total, no ano-calendário anterior, não ultrapasse a 48 milhões de reais.

Lucro Real
Entre as diversas normas que regulamentam o Lucro Real, podemos citar as Leis 9.430/96, 9.718/98, 10.637/2002 e o Decreto nº
9.580/18, mais conhecido como Regulamento do Imposto de Renda - RIR/18.
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Art. 13, da Lei 9.718/98, alterado pelo art. 7o da Lei 12.814/13
Conforme estabelece o art. 7o da Lei 12.814/13,  que alterou o caput do art. 13 e o inciso I do art. 14 da Lei nº 9.718/98, o limite
de receita bruta total será de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos
mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses.
Com relação aos limites estabelecidos, a receita bruta auferida no ano anterior será considerada segundo o regime de
competência ou de caixa. Desde que não esteja obrigada à apuração do lucro real, em conformidade com o art. 47, da IN SRF nº
93/97, a pessoa jurídica que, em qualquer trimestre do ano-calendário, tiver seu lucro arbitrado, também poderá optar pela
tributação com base no lucro presumido, relativamente aos demais trimestres desse ano-calendário.
Pessoas Jurídicas que não podem optar pelo Lucro Presumido
Atenção
Convém ressaltar que, em conformidade com o art. 14, da Lei 9.718/98 e o art. 4º, da Lei 9.964/00, as pessoas jurídicas
elencadas nos incisos I, III, IV e V poderão optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido, durante o período em
que estiverem submetidas ao Programa de Recuperação Fiscal (REFIS).
As pessoas jurídicas que estão obrigadas à apuração do Lucro Real não podem optar pelo Lucro Presumido.
Pelos meus cálculos ultrapassou um pouquinho o valor legal para optar pela apuração pelo lucro presumido,
mas e se eu tentar apresentar mesmo assim?

O art. 14, da Lei 9.718/98, alterado por legislações posteriores, determina as pessoas jurídicas que estão obrigadas à apuração
pelo lucro real. Clique aqui e saiba quais pessoas jurídicas estão obrigadas à apuração pelo lucro real.
Também não poderão optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido, em conformidade com art. 2° da IN SRF n°
25/99, as pessoas jurídicas que exercerem atividades de compra e venda, loteamento, incorporação e construção de imóveis,
enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado.
Alíquotas de presunção
A alíquota ou percentual de presunção do Lucro Presumido aplicável sobre a receita bruta depende da atividade exercida pela
pessoa jurídica e encontra-se regulamentada no art. 591 do RIR/18.
Resumidamente, os percentuais determinados no art. 591 do RIR/18, são:
Atividade Percentuais sobre a
receita
Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás
natural
1.6%
Venda ou revenda de mercadorias ou produtos 8%
Transporte de cargas 8%
Serviços hospitalares 8%
Atividades imobiliárias (compra, venda, loteamento, incorporação e construção de imóveis) 8%
Outras atividades não especi�cadas (exceto prestação de serviços) 8%
Serviços de transporte de passageiros 16%
Prestação de serviços em geral 32%
Intermediação de negócios 32%
Administração, locação ou cessão de bens, imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza. 32%
Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar materiais de sua propriedade
nem se responsabilizar pela execução da obra (ADN COSIT 6/97).
32%
Serviços em geral, para os quais não haja previsão de percentual especí�co 32%
Atividades diversi�cadas Percentual
correspondente a cada
atividade (1,6 a 32%)
Pessoas jurídicas prestadoras de serviços em geral cuja receita bruta anual seja de até 120.000
reais (exceto serviços hospitalares, de transporte, serviços de pro�ssões legalmente
regulamentadas)
16%
Com relação aos percentuais estabelecidos no referido artigo 591 do RIR/18, convém destacar que a pessoa jurídica que houver
utilizado o percentual de 16% para apuração da base de cálculo do imposto trimestral, cuja receita bruta acumulada até
determinado mês do ano-calendário exceder o limite de 120 mil reais, �cará sujeita ao pagamento da diferença do imposto
postergado, apurado pelo percentual de 32% em relação a cada trimestre transcorrido. A diferença deverá ser paga até o último
dia útil do mês subsequente ao do trimestre em que ocorreu o excesso.
Do mesmo modo, em conformidade com a IN SRF 152/98, a
pessoa jurídica que tenha como objeto social, declarado em
seus atos constitutivos, a compra de venda de veículos
automotores, que pratique as vendas em consignação, terá
como base de cálculo o valor da diferença entre o valor de
venda e o da compra.
 Fonte: Por Nestor Rizhniak / Shutterstock.
Base de cálculo do Lucro Presumido
De acordo com o art. 44 do CTN, a base de cálculo do Imposto sobre a Renda das
Pessoas Jurídicas - IRPJ - é o montante da renda tributável.
 Fonte: Por enciktepstudio / Shutterstock).
 No Lucro Presumido, a base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ - e do adicional, será obtida
mediante a aplicação do percentual especí�co, determinado pela legislação tributária, sobre a receita bruta apurada em cada
trimestre.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Dica
Vale relembrar que, em conformidade com o art. 208, do RIR/18, considera-se como receita bruta o produto da venda de bens nas
operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia, com as
exclusões e adições permitidas.
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Desta forma, em obediência ao art. 5º, da IN SRF nº 93/97, ao art. 208 do RIR/18 e art. 4º, da Lei 11.945/09,deverão ser excluídos
da receita bruta os valores referentes:
I
Às vendas canceladas e às devoluções de vendas;
II
Aos descontos incondicionais concedidos;
III
Aos impostos não cumulativos cobrados, destacadamente do comprador ou contratante, e dos quais o vendedor dos
bens ou prestador dos serviços seja mero depositário; e,
IV
Às receitas decorrentes de valores em espécie pagos ou creditados pelos estados, Distrito Federal e municípios, relativos
ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - e ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS -, no
âmbito de programas de concessão de crédito voltados ao estímulo à solicitação de documento �scal na aquisição de
mercadorias e serviços. 
Demonstrando a base de cálculo com exclusões:
VALOR
RECEITA BRUTA
Receita de Vendas 1.000.000
( - ) DESCONTOS
Desconto Comercial (80.000)
( - ) DEVOLUÇÕES
Devoluções de Vendas (120.000)
BASE DE CÁLCULO 800.000
De igual forma, obedecendo à referida legislação tributária, devem ser adicionados a Receita Bruta, dentre outros, os ganhos de
capital, os rendimentos e os ganhos líquidos auferidos em aplicações �nanceiras, as receitas �nanceiras e a receita de locação de
imóvel, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica, bem como os resultados positivos decorrentes de receitas
auferidas no mesmo período de apuração.
Demonstrando a base de cálculo com adições:
VALOR
RECEITA BRUTA
Receita de Serviços 1.000.000
( + ) GANHO DE CAPITAL
Venda do ativo permanente 180.000
( + ) RECEITA FINANCEIRA
Juros de Mora 220.000
BASE DE CÁLCULO 1.400.000
Demonstrando a base de cálculo com adições e exclusões:
VALOR
RECEITA BRUTA 2.000.000
Receita de Vendas 1.000.000
Receita de Serviços 1.000.000
( - ) DEVOLUÇÕES
Devoluções de Vendas (120.000)
( - ) DESCONTOS
Desconto Comercial (80.000)
( + ) GANHO DE CAPITAL
Venda do ativo permanente 180.000
( + ) RECEITA FINANCEIRA
Juros de Mora 220.000
BASE DE CÁLCULO 2.200.000
Apuração e cálculo do Lucro Presumido
Conforme determina o art. 588, do RIR/18, o imposto de renda devido é trimestralmente, ou seja, será determinado por períodos
de apuração trimestral.
Cálculo do Imposto e renda devido:
Cálculo do IR devido:
Alíquota 15% x 170.000 = 25.500
Adicional 10% x (170.000 – 60.000) = 11.000
IR devido = 36.500

Art. 588 - O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias
31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.
Para determinação do lucro presumido será aplicado sobre a receita bruta de vendas de mercadorias e produtos, bem como dos
serviços prestados, os percentuais estabelecidos pelo art. 591 do RIR/18.
Conforme determina a legislação tributária, para o cálculo do Imposto de Renda a empresa que adota o Lucro Presumido utilizará
a alíquota de 15%. Entretanto, quando o lucro no trimestre for superior R$60.000,00, a empresa deverá recolher o adicional de 10%
sobre o valor que ultrapassar.
Demonstrando:
ATIVIDADES RECEITA BRUTA DO
TRIMESTRE
ALÍQUOTA BASE DE
CÁLCULO
Venda de Mercadorias 500.000 8% 40.000
Serviços 250.000 32% 80.000
Receitas Financeiras 50.000 100% 50.000
Base de Cálculo para o LUCRO
PRESUMIDO
170.000
Contabilização do imposto de renda no Lucro Presumido
Quando a pessoa jurídica opta pelo regime de tributação no Lucro Presumido, o Imposto de Renda calculado e recolhido é
de�nitivo.
Assim, a contabilização do Imposto de Renda será da seguinte forma:
No reconhecimento da Obrigação
D - Despesa com Imposto de Renda
C - Imposto de Renda a Recolher
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
No pagamento da Obrigação
D - Imposto de Renda a Recolher
C - Banco Conta Movimento
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I
Escrituração contábil nos termos da legislação comercial;
II
Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário
abrangido pelo regime de tributação simpli�cada;
III
Em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam
pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação �scal especí�ca, bem como os documentos e demais
papéis que serviram de base para escrituração comercial e �scal.
Principais obrigações acessórias relativas ao lucro Presumido
De acordo com o art. 45, da Lei 8.981/95, a pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro
presumido deverá manter:
Saiba mais
Por oportuno, vale relembrar que o prazo decadencial do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza é de 5 anos.
A pessoa jurídica que, no decorrer do ano-calendário, mantiver Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação
�nanceira, inclusive bancária, não estará obrigada a manter a escrituração contábil nos termos da legislação comercial.
Notas
Art. 299 1
São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva
fonte produtora. 
 
§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da
empresa. 
 
§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. 
 
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às grati�cações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem.
Apuração 3
Vale ressaltar que, após a apuração, se as antecipações efetuadas foram maiores do que o valor devido, a empresa deverá
solicitar sua restituição ou compensá-lo com o montante devido no período seguinte.
Porém, se as antecipações efetuadas foram menores do que o valor efetivamente devido, a empresa deverá efetuar o pagamento
da diferença em janeiro do ano seguinte.
Próxima aula
As exclusões ao lucro líquido;
A compensação de prejuízos;
Os incentivos �scais.
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