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Economia Ambiental
Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marco Antonio Gomes 
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
5
Ao iniciarmos o estudo sobre a Economia Política do Meio ambiente, mais especificamente 
no caso brasileiro, cabem algumas indagações. Como a questão ambiental afeta a realidade 
econômica brasileira? Em que contexto se insere a produção de bens e serviços, diante da 
nova realidade dada pela questão ambiental?
Entender como funciona, atualmente, o sistema econômico é fundamental bem como 
entender os mecanismos de controle ambiental, as leis e marcos regulatórios e as condições 
estruturais para a inserção da economia do meio ambiente na realidade brasileira. 
As regulações estabelecidas em âmbito nacional coadunam com mecanismos existentes 
internacionalmente, ou seja, são criadas versões nacionais de instrumentos e ações 
consagrados internacionalmente.
Veremos que eventos ocorridos no Brasil também levaram à adoção de medidas que impuseram 
novos marcos legais e regulatórios sobre a questão ambiental no território nacional. 
Promover o debate sobre as relações entre produção econômica e meio ambiente.
Incutir novos conceitos e aprimorar o conhecimento sobre conceitos econômicos 
existentes e as novas realidades ambientais.
Despertar conhecimento crítico e habilidade de desenvolver novas ideias e 
arranjos socioeconômicos.
Economia Política do Meio Ambiente 
no Brasil
 · Introdução
 · Relações sociedade e meio ambiente no Brasil
 · Produção e a questão ambiental: as políticas de “comando e controle”
 · Economia Ambiental e instrumentos de mercado
 · Princípios orientadores de política ambientais
 · Principais obstáculos para Implementação de Instrumentos 
Econômicos Ambientais
6
Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Contextualização
A questão ambiental é um assunto cotidiano no Brasil, seja por conta de notícias relacionadas 
às queimadas na Amazônia ou da crise hídrica que afeta o abastecimento público e a geração 
de energia elétrica. Mas nem sempre foi assim. 
Como se deu esse processo?
Uma série de acontecimentos, ao longo das últimas décadas, influenciou o debate ambiental, 
ampliando os espaços de discussão e envolvendo diversos setores da sociedade. Um desses 
acontecimentos foi a redemocratização do país e a promulgação da Constituição de 1988, que 
foi resultado de longos debates e que propunha, entre outras coisas, a ampliação da participação 
da sociedade nas soluções dos grandes problemas nacionais. 
Além disso, temos a transição de uma economia clássica, que enxerga o meio ambiente 
como mero provedor de “recursos” ou matérias-primas, para uma economia ambiental, que 
enxerga na natureza bens e elementos passíveis de valoração econômica.
Há, portanto, um embate conceitual entre duas visões de mundo: a que considera o meio 
ambiente como questão secundária, já que a natureza é uma provedora inesgotável de recursos; 
e outra que considera esses recursos cada vez mais escassos e limitados e que demanda mudanças 
nas relações sociedade – meio ambiente. 
7
Introdução
Nesta unidade vamos tratar do modo como as relações sociedade-natureza evoluíram 
recentemente no Brasil e de como essas relações ocasionaram a incorporação de inovações nos 
mecanismos de gestão do meio ambiente, levando a inovações de caráter econômico.
Relações sociedade e meio ambiente no Brasil
As políticas desenvolvimentistas, iniciadas no Brasil em meados do século XX e cuja ideologia 
pauta as discussões políticas fortemente ainda nos dias de hoje, representam, senão um entrave, 
um obstáculo à criação de políticas de sustentabilidade. 
Essas políticas buscam, em sua essência, a transformação do território por meio de intervenções 
sistemáticas, principalmente na área de infraestrutura – criação de parques industriais, rodovias, 
ferrovias, expansão das fronteiras agrícolas. 
Ocorre que essa visão de mundo, que incompatibiliza desenvolvimento com preservação 
ambiental, acaba por criar os conflitos que, por eles mesmos, alimentam as principais 
reivindicações da pauta ambiental.
Os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), por exemplo, foram grandes orientadores 
da ocupação da região amazônica durante a década de 1970. A propaganda oficial dos projetos 
decorrentes desses planos, como a Rodovia Transamazônica, glorificava a ocupação da região 
como solução dos conflitos agrários ao levar “o homem sem-terra do Nordeste para a terra sem 
homem da Amazônia”. 
Não havia grandes preocupações com todas as implicações possíveis do ponto de vista 
socioambiental: as queimadas, degradação dos cursos d’água, empobrecimento do solo, 
conflitos entre migrantes e indígenas. Tudo ficou à revelia das discussões, o que acarretou, ao 
longo de décadas, sérios problemas de ordem social, econômica e ambiental.
A criação e implementação de políticas ambientais ocasionou, na atualidade, contestações. 
As exigências ocasionadas por essas políticas passaram a ser consideradas, por muitos setores 
econômicos, como obstáculos ou entraves ao desenvolvimento nos modelos tradicionais. 
A questão ambiental, no Brasil, tornou-se uma preocupação emergente a partir de 1973, 
quando foi criada uma Secretaria Especial de Meio Ambiente em âmbito federal. Foram 
enfatizadas, principalmente, medidas de comando e controle, ou seja, políticas mais voltadas 
para fiscalização e punição de poluidores e infratores ambientais.
Essa secretaria Especial viria a tornar-se, futuramente, o atual Ministério do Meio Ambiente. 
Nesse período, tornou-se emblemático o caso de Cubatão, município industrial da Baixada 
Santista (SP), em que surgiram problemas gravíssimos de saúde pública relacionados à 
poluição do ar. 
8
Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Aprofundando o Tema: O caso de Cubatão, 1984.
Em 1984, na cidade de Cubatão, na região da Baixada Santista, começaram a ser 
denunciados inúmeros casos de sérias doenças relacionadas à poluição do ar.
Nessa cidade fica um imenso polo industrial, com empresas do setor de refino de petróleo, 
petroquímicas e siderúrgicas. A poluição do ar gerada por essas empresas ocasionou, primeiro, 
a ocorrência de chuvas ácidas, que destruíram a vegetação das encostas, provocando 
enormes deslizamentos. Além disso, eram constantes os relatos de doenças pulmonares, 
de irritação de mucosas e náuseas. A situação agravou-se com o aparecimento de diversos 
casos de bebês anencéfalos, ou seja, crianças que nasciam sem cérebro, deformidade que, 
posteriormente, foi relacionada com a poluição química. 
A região de Cubatão ficou conhecida mundialmente como Vale da Morte, o que levou as 
autoridades estaduais a implementar uma intensa política de punição aos poluidores e de 
recuperação ambiental. A ocorrência de uma explosão de um duto numa área povoada 
matou dezenas de pessoas, incendiando um bairro inteiro, o que serviu para denunciar a 
situação de extrema degradação pela qual passava a população. 
A situação começou a mudar com a implantação, em 1984, do Programa de Controle da 
Poluição Ambiental, envolvendo a CETESB (Companhia de Saneamento Ambiental do 
Estado de São Paulo), prefeitura e a comunidade local. 
Foram desenvolvidas ações de educação ambiental e de envolvimento das comunidades, 
para que estas se conscientizassem sobre os mecanismos de controle ambiental. As 
indústrias poluidoras receberam multas altíssimas, sendo obrigadas a instalar equipamentos 
de filtragem e treinar pessoal para lidar com acidentes e eventuais problemas. 
Atualmente, estima-se que 98% dessa poluição que ocorria nos anos 80 cessou, visto que 
há um controle permanente, por meio de medidores, sobre os níveis de poluição na região. 
Fonte:http://www.pensamentoverde.com.br/atitude/historia-poluicao-cubatao-cidade-deixou-vale-morte/.
Anteriormente, na Conferência de Meio Ambiente de Estocolmo, em 1972, a posição assumida 
pelo governo brasileiro havia sidode ampla defesa do crescimento econômico, ainda que às 
custas da degradação do meio ambiente. Devemos lembrar que, nesse momento histórico, o 
Brasil estava atravessando um de seus maiores períodos de crescimento econômico baseado, 
essencialmente, na ampliação das infraestruturas (rodovias, usinas hidrelétricas, refinarias de 
petróleo) e no aumento da produção industrial. 
Apenas em 1975, durante a elaboração do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), 
foi conceituada legalmente a poluição industrial em nível federal e foi permitido que os estados 
e municípios estabelecessem controles ambientais sobre as empresas, o que ocorreu em São 
Paulo e no Rio de Janeiro (ALMEIDA, 1998, p. 137).
Em 1981, a Lei Federal n. 6938 estabeleceu a base legal da Política Nacional de Meio 
Ambiente. Pela primeira vez, surgiu, na legislação brasileira, o princípio do poluidor-pagador, 
por meio do qual ficou estabelecida a obrigação de que o poluidor deve pagar pelos danos 
causados ao meio ambiente. 
Foi criado o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) – cujo órgão principal de 
caráter consultivo e deliberativo é o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Pela 
primeira vez, foi estabelecido um conselho tripartite, envolvendo representantes de Estado, 
municípios e da sociedade civil, dando voz às organizações não governamentais e entidades 
ligadas aos trabalhadores. 
http://www.pensamentoverde.com.br/atitude/historia-poluicao-cubatao-cidade-deixou-vale-morte/
9
A evolução da discussão sobre os problemas ambientais culminou, então, com a elaboração 
do Capítulo que trata do meio ambiente na Constituição Federal promulgada em 1988. Criou-
se o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, posteriormente transformado em 
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA). Além disso, apareceram inovações, como a 
obrigação de reparação de danos ao meio ambiente, já que o meio ambiente passou a ser 
considerado bem de uso comum do povo, ou seja, de direito coletivo.
Em 1992, a Secretaria Especial de Meio Ambiente da Presidência adquiriu caráter de 
Ministério – Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo planejamento das políticas 
ambientais brasileiras. O IBAMA tornou-se o executor da Política Nacional de Meio Ambiente e 
o CONAMA, um órgão consultivo do sistema. 
O novo Código Florestal Brasileiro
Em 2012, após um imenso processo de revisão que contrapôs, de um lado, produtores 
agrícolas e, de outro, ecologistas, foi publicada a lei Federal 12.651, também conhecida 
como novo código florestal brasileiro.
O Código Florestal anterior, de 1965, era considerado ultrapassado e de difícil aplicação 
pelos setores do agronegócio especialmente. A nova lei manteve conceitos fundamentais, 
como a Reserva Legal e as Áreas de Proteção Permanente (APP), estabelecendo regras mais 
flexíveis para sua obtenção, que levam em conta o tamanho da propriedade, por exemplo.
O projeto aprovado pelo Congresso Nacional foi vetado pela presidente da República, 
tendo sido vários de seus artigos substituídos. Isso, no entanto, não satisfez vários setores 
da sociedade preocupados com a questão ambiental, já que vários itens polêmicos foram 
mantidos – caso da possibilidade de recuperação de Áreas de Proteção Permanente com 
espécies exóticas (não nativas do Brasil).
Fonte: http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/52d7c3a819c3e_Guia_Aplicao_Nova_Lei_Florestal.pdf
Produção e a questão ambiental: as políticas de “comando e controle”
A instituição das chamadas “políticas de comando e controle” começou a incutir, no setor 
produtivo, cuidados com o meio ambiente. 
Essas políticas são muito aplicadas em termos de política ambiental, especialmente por conta de 
sua eficácia, já que as ações são mais visíveis e obtêm maior respaldo imediato da opinião pública, 
em especial de grupos ambientalistas (ALMEIDA, 1998, p. 44). Ainda segundo essa autora, esses 
instrumentos de regulação de forma direta são preferidos também pelas empresas poluidoras:
As empresas acreditam ter maior influência sobre as regulações por intermédio de 
acordos, negociações, algumas até de caráter ilícito (suborno a fiscalizadores, por 
exemplo). Certas formas de regulação – como as licenças não comercializáveis, 
padrões de qualidade ambiental, zoneamentos – podem operar como barreiras 
à entrada, favorecendo as empresas já estabelecidas no mercado, que se 
esforçam por alegar que o meio ambienta já está sobrecarregado de poluidores 
(ALMEIDA, 1998, p. 44).
http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/52d7c3a819c3e_Guia_Aplicao_Nova_Lei_Florestal.pdf
10
Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Se, antes das políticas de comando e controle, era possível iniciar qualquer atividade sem se 
preocupar com a origem dos recursos e o destino dos rejeitos, agora é necessário preocupar-se 
com diversas questões: o licenciamento da atividade; os processos produtivos mais limpos; a 
destinação dos resíduos sólidos, do esgoto e dos rejeitos da produção. 
Estabeleceram-se, ainda, padrões ambientais, comuns no Brasil especialmente a partir da 
experiência paulista no polo industrial de Cubatão. Os inúmeros problemas de saúde surgidos 
levaram a uma ampla movimentação social, exigindo que fossem tomadas providências. 
Os opositores da premência das políticas de comando e controle apontam uma série de 
desvantagens que estas apresentam, especialmente no longo prazo:
 · provocam ineficiência econômica, por desconsiderarem as diferenças entre agentes privados;
 · envolvem custos crescentes, já que demandam a utilização de normas e especificações, 
assim como mobilizam imensos setores de fiscalização;
 · acabam por criar barreiras que impedem a circulação de licenças comercializáveis – 
mecanismo mais defendido pelos economistas ambientais modernos;
 · não apresentam um incentivo à melhoria dos padrões de qualidade no combate à poluição;
 · podem sofrer manipulação por parte de agentes econômicos importantes.
Mesmo com tal oposição, esse tipo de política ainda é muito importante para regular setores que 
tendem a se concentrar espacialmente ou em casos em que é necessário evitar o esgotamento de 
capacidade de carga de uma determinada área – caso dos zoneamentos ecológicos, por exemplo.
Quadro 1: Instrumentos de política ambiental baseados em regulação direta (comando e controle).
Tipo de Instrumento Descrição
Padrões
Padrões de emissão de poluentes, padrões de qualidade ambiental, 
padrões tecnológicos (controle de equipamentos), especificações 
de processo e produtos (composição, durabilidade etc.)
Zoneamentos e Licenças
O zoneamento fixa áreas em que não são permitidas algumas 
atividades, além de conceder licenças (não comercializáveis) para 
instalação e operação. Serve, ainda, para restringir atividades a 
determinadas áreas ou certos períodos.
Cotas
Limites (cotas) à extração de algum produto específico, como 
madeira, peixes etc. 
Fonte: adaptado de ALMEIDA, 1998, p. 47.
O estabelecimento de padrões, em diversos níveis, tem como aspecto positivo a determinação 
de uma linha de base, a partir da qual se obtêm parâmetros mínimos a serem seguidos por todos.
A criação de cotas funciona de modo mais específico e, especialmente, sobre áreas ou 
insumos que sejam objeto de exploração predatória ou cuja exploração seja limitada no tempo 
(períodos de reprodução de espécies, por exemplo). 
De modo similar, a criação de zoneamentos determina áreas específicas no território, a partir 
de usos, com parâmetros e regulações específicas. Além de uma política de comando e controle, 
pode ser também um bom exemplo de planejamento indicativo, se feito a partir de uma ampla 
participação da sociedade. Se feito de maneira inadequada, pode representar um obstáculo à 
boa execução de políticas públicas. 
11
Economia Ambiental e instrumentos de mercado
Conforme os princípios da Economia ambiental, que são fundados basilarmente na teoria 
econômica neoclássica, os distúrbios ambientais nada mais são do que consequências das 
imperfeiçõesde mercado.
De acordo com o prof. Sabetai Calderoni:
A economia funciona a partir de preços que se formam em consequência da 
escassez relativa dos bens e serviços de que a humanidade necessita e a que 
aspira para satisfazer seus desejos. Os preços são os indicadores que orientam 
o comportamento dos consumidores, das empresas, dos governos e de todas as 
instituições e indivíduos que interagem, ofertando e demandando esses bens e 
serviços (CALDERONI, in: PHILLIPPI JR, 2004, p. 575).
Sendo assim, a visão de Adam Smith sobre a mão invisível do mercado serviria também para 
respaldar as ações sobre o meio ambiente. Basta que se atribuam aos bens e serviços ambientais 
preços que reflitam sua escassez relativa, para que seja possível sua preservação.
Apesar da dificuldade de serem estabelecidos valores para serviços ambientais, como água, 
ar, solo, florestas, existem meios de se observar esses valores por intermédio dos custos destes 
como fatores de produção.
Instrumentos Econômicos
A teoria econômica tradicionalmente considera a degradação do meio ambiente como mera 
externalidade, ou seja, como uma imperfeição do sistema econômico que produz discrepância 
entre os custos privados e os sociais (ALMEIDA, 1998, p. 47).
Para corrigir essas imperfeições, podem ser criados instrumentos econômicos ambientais que 
interfiram na relação custo-benefício, estimulando mecanismos que favoreçam a redução da 
degradação do meio ambiente pelos setores produtivos. 
A utilização desses instrumentos suplantaria, gradativamente, as de comando e controle, na 
medida em que permitiria maior flexibilidade de adaptação para os agentes produtivos.
Segundo Macedo (2002), 
A valoração econômica do meio ambiente é o grande desafio a ser superado 
para a inclusão dos indicadores ambientais nas contas nacionais. Em vista das 
limitações expostas, relativas à atribuição de valores monetários aos fenômenos 
ambientais, a abordagem física tem algumas vantagens e parece ser de mais fácil 
implementação na medida em que independe dos pressupostos econômicos 
(MACEDO, 2002, p. 218). 
Se houver a necessidade, por parte de uma empresa, de remediar uma área contaminada 
ou despoluir um rio ou recuperar uma floresta, pode ser importante para essa empresa 
estabelecer mecanismos que eliminem ou minimizem seus impactos, já que o custo disso pode 
ser consideravelmente maior que o de reverter o dano.
12
Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Assim, a prevenção durante a elaboração de um projeto por parte dessa empresa pode 
significar redução drástica de gastos futuros, isso sem contar os possíveis efeitos negativos que 
uma ação mal elaborada pode causar na sua imagem.
Segundo Calderoni, existem algumas técnicas que podem ser utilizadas para estimar o custo 
da proteção ambiental envolvida. São elas: 
 · métodos de engenharia, ou seja, utilização de coeficientes relacionando, por exemplo, 
quantidade produzida e controle da poluição;
 · estimativa do custo dos danos, que visa reparar os danos ao ambiente;
 · perda de lucros e ganhos, cálculo que visa observar quanto se ganharia mediante um 
processo indenizatório, por exemplo;
 · avaliação de contingente, quando se pesquisa até que ponto o consumidor estaria 
disposto a pagar mais por um produto ambientalmente correto;
 · custo de reposição, quando se calcula o valor necessário para se repor o ativo ambiental 
eventualmente danificado;
 · princípio da contaminação ótima: “a contaminação será boa enquanto os benefícios 
que proporciona às empresas contaminadoras e aos consumidores, que pagarão menos 
pelos produtos, forem superiores aos custos atribuídos aos que sofrem as consequências 
desta contaminação” (CALDEROI, in PHILLIPPI JR, 2004, p. 581).
Já, para o autor Zilton Luiz Macedo (2002), os principais métodos de avaliação monetária 
dos bens ambientais são:
a) Produção Sacrificada – consiste em avaliar, a preços de mercado, a produção que 
deixa de ser realizada como consequência dos danos causados ao meio ambiente por 
outras atividades;
b) Disposição a pagar – quando o meio ambiente não tem apenas valor de mercado 
(mensurável pelo método anterior) mas, também valor de uso futuro e valor da própria 
existência, tais como a preservação de florestas ou de paisagens (MACEDO, 2002, p. 211).
A tabela a seguir elenca os principais instrumentos econômicos utilizados para proporcionar 
mudanças nas relações sociedade – meio ambiente: 
Quadro 2: Instrumentos Econômicos
Instrumentos Usos
Impostos Servem tanto para levar as empresas a considerar um nível 
ótimo de poluição como também para, ao fixar uma meta, 
obter das empresas o cumprimento de objetivos ambientais. 
Taxas Ambientais Em geral, uma taxação serve para estabelecer limites 
para comportamentos danosos por parte de entidades 
regulamentadas. Assim, as fontes escolhem: ou emitem 
poluição e pagam ou implementam programas de controle 
ambiental e de prevenção de danos (CALDERONI apud 
PHILLIPPI JR, 2004. p. 597)
13
Certificados transacionáveis Servem para trocar potenciais de poluição de uma empresa 
ou região para outra. Assim, se uma área tiver alcançado 
um nível máximo de emissões, por exemplo, pode comprar 
créditos de outra área que tenha investido em preservação. 
Subsídios Em oposição às taxas e impostos, os subsídios são parte de uma 
política de incentivos para aqueles que mudarem condutas 
negativas ou que estejam implementando ações benéficas 
ao meio. Pode se dar por meio de custeio de equipamentos, 
linhas especiais de financiamento etc. 
A utilização desses instrumentos econômicos de gestão ambiental é eficaz desde que se 
cumpram também outros fatores. Decisões empresariais podem ser muito mais influenciadas, por 
exemplo, por conjunturas específicas determinadas por políticas macroeconômicas. Assim, pouco 
adianta ter incentivos e taxas de proteção ambiental, se os valores não forem compensatórios ou 
se o peso desses fatores for pequeno na planilha de cálculo de um empreendedor.
É fundamental que haja uma articulação entre essas políticas específicas, de 
cunho ambiental, e as demais políticas públicas, proporcionando, assim, 
maior colaboração e coordenação entre os agentes, tornando a política efetiva 
(CALDERONI in: PHILLIPPI JR, p. 598)
A cobrança de taxas e impostos tem um efeito duplo: incentiva o empreendedor 
a eliminar fontes poluentes, desde que o custo seja menor do que a taxa, 
e também gera caixa para que o agente público possa implementar ações 
ambientais, inclusive por meio de subsídios a ações benéficas (MACEDO, 
2002, p. 214).
Aprofundando o tema: Limites físicos para o desenvolvimento
Muitos autores creem que há um limite físico ao desenvolvimento, após o qual nem mesmo os 
avanços tecnológicos poderão fazer frente. Este debate tem sido muito amplo na comunidade 
científica desde os anos 70 do século XX.
Para eles, a utilização de instrumentos econômicos ou a incorporação de inovações apenas retardam 
a degradação inevitável do meio ambiente. 
Alguns autores, como Rachel Carson e Schumacher, acreditam que a evolução tecnológica não 
trará, por si só, uma maior proteção ao meio ambiente e recursos naturais. Pelo contrário: a evolução 
tecnológica, ao permitir maior exploração econômica, tornaria ainda mais acelerados os processos 
que culminariam com a devastação do planeta (SAES; MIYAMOTO, 2012). 
Esses autores, juntamente com D. Meadows, influenciaram a elaboração do trabalho Limits to 
Growth (Limites do Crescimento) de 1972. Esse grupo demonstrava um grande pessimismo, já 
que seus estudos demonstravam que, mesmo com interferência do desenvolvimento tecnológico, a 
humanidade atingiria um ponto, nos próximos 100 anos, em que não seria mais possível nenhum 
crescimento populacional ou econômico. 
Um contraponto surgiu com o trabalho de pesquisadores de Sussex, na Inglaterra, que criticavam a 
visão pessimista do relatório de 1972. Apesar de também não terem uma crença cega no determinismo 
tecnológico, estes pesquisadores afirmavamser necessária uma ampla participação da sociedade no 
encaminhamento de soluções dos problemas ambientais.
14
Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Princípios orientadores de política ambientais
De acordo com Calderoni (apud Phillippi Jr, 2004), há princípios consolidados 
internacionalmente para orientar as políticas ambientais, os quais são divididos em: Princípio 
da Precaução, Princípio da Sustentabilidade e Princípio da Responsabilidade. 
Falaremos, em primeiro lugar, sobre o Princípio da Responsabilidade, cujas ações dividem-se em:
 · responsabilidade pós-consumo do produtor pelas mercadorias e serviços colocados 
no mercado;
 · responsabilidade por eventuais danos causados ao meio ambiente, sejam 
econômicos ou sociais;
 · adoção do princípio do poluidor-pagador.
O princípio do poluidor-pagador
O princípio do poluidor-pagador serve para orientar a aplicação de penalidades no Direito 
Ambiental brasileiro, na medida em que determina que o custo decorrente das atividades 
poluentes deve ser imputado ao poluidor.
Os instrumentos econômicos são fundamentais para que se exija daqueles que causam danos ao 
meio ambiente a responsabilidade por suas ações, propiciando a reparação dos danos. As atividades 
privadas, ao produzirem custos que são repassados à comunidade, estão sujeitas à penalização.
Quando a relação custo-benefício de um empreendimento tende a ser negativa no âmbito 
social, o agente econômico pode ser dissuadido, seja por meio da exigência de equipamentos 
ou ações que revertam os danos, seja por meio de pagamento pelos danos. 
Se o agente regulador, geralmente o Estado, especifica quais procedimentos devem ser 
seguidos pelos poluidores, está sendo posta em prática uma medida conhecida por “comando 
e controle”. Esse é o tipo de medida mais comum no caso brasileiro.
Em geral, esses instrumentos têm caráter normativo, mas podem também influenciar questões 
de ordem econômica e ambiental (CALDERONI, 2004, p. 614). Via de regra, apresentam 
“obrigações de fazer ou de não fazer, instituem metas e gradações para o desempenho de 
funções e estabelecem o modo como tais obrigações devem ser cumpridas” (CALDERONI, 
2004, p. 614).
O princípio do usuário-pagador
O princípio do usuário-pagador estabelece que “a cobrança deve onerar aqueles que são 
usuários do bem ou serviço ambiental” (BRAGA et alii, 2005 p. 230).
Para que seja adequadamente implementado, este princípio da Economia Ambiental pressupõe 
que se tenha claro qual o valor a ser cobrado, de quem cobrar e qual o melhor instrumento de 
cobrança do ponto de vista legal (taxa, contribuição) (BRAGA et alii, 2005, p. 230). 
15
Este princípio foi utilizado na elaboração da Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado 
de São Paulo – Lei 7.663/91, ao determinar a necessidade de que o uso da água fosse pago por 
aqueles que dela se beneficiam, dependendo do grau de utilização de cada setor – agricultura, 
abastecimento público, indústrias etc. 
Princípio do beneficiário-pagador
Este é um princípio suplementar ao anterior, na medida em que estabelece que, nos casos 
em que uma obra ou ação traga benefícios ambientais, econômicos ou sociais a vários grupos, 
estes devem compartilhar o custo desses benefícios.
Se uma empresa de abastecimento, por exemplo, constrói uma represa, mas também 
proporciona benefícios outros além daquele que era o objetivo inicial (ela pode, por exemplo, 
proporcionar lazer e recreação para população do entorno; excedente hídrico que pode ser 
usado em irrigação, entre outros benefícios) essa empresa pode, por este princípio, cobrar pelo 
benefício proporcionado (BRAGA et alii, 2005, p. 231).
Principais obstáculos para Implementação de Instrumentos 
Econômicos Ambientais
Além das considerações já feitas, de ordem macroeconômica, que influenciam a implementação 
de instrumentos econômicos, existem outros fatores que precisam ser levados em conta. 
Como a temática ambiental, no Brasil, é considerada de competência concorrente, as 
entidades de nível municipal, estadual e federal devem buscar ações sinérgicas que amplifiquem 
os benefícios e facilitem a aplicação desses instrumentos.
Em muitos casos, não existem políticas conjuntas ou complementares para dar conta das 
inúmeras situações de ameaça à política ambiental. Para piorar, algumas vezes, as ações 
são duplicadas ou contraditórias. Pode haver, ainda, conflitos de interesses entre órgãos no 
cumprimento das políticas bem como conflitos de competência (CALDERONI in PHILLIPPI JR, 
2004, p. 599).
Alguns princípios de Economia Ambiental, voltados para a implementação de instrumentos 
econômicos, podem conter ações de não muito fácil mensuração ou aplicação. O princípio do 
beneficiário-pagador é um exemplo. Por mais justo que tal princípio possa parecer, na prática 
essas ações podem encontrar imensos obstáculos à sua implementação. No caso específico da 
cobrança pelo uso dos recursos hídricos, há forte resistência à sua aplicação por grupos que 
estão acostumados, historicamente, a usufruir livremente desse recurso – a água – que tem se 
tornado cada vez mais escasso.
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Unidade: Economia Política do Meio Ambiente no Brasil
Material Complementar
 
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MACEDO, Zilton Luiz. Os limites da economia na gestão ambiental. Revista Margem: 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, nº 15, p. 203-222, Junho 
de 2002.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza 
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Referências
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cidade-deixou-vale-morte/
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