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@projetoufmg_ Laura Sena Escolástica XI e XV • No período da Baixa Idade Média (entre os séculos XI e XV) • As primeiras escolas cristãs foram organizadas no interior das igrejas e das catedrais (igrejas tinham as iniciativas educacionais) • Essas escolas tinham o objetivo de formar aspirantes à vida religiosa. • Continuidade das reflexões da Patrística (responder a diferentes questões que não foram suficientemente aprofundadas durante a patrística) • O ensino era constituído por diversos conteúdos: gramática, lógica, retórica, geometria, aritmética, astronomia, música e princípios da Bíblia e do cristianismo. A filosofia da Escolástica estava subordinada à tradição religiosa cristã, que determinava o que seria investigado. A Escolástica seguia os princípios cristãos e para o cristianismo, a verdade divina já havia sido revelada ao homem e estava escrita na Bíblia. Portanto, A filosofia seria o instrumento (ancilla = serva) utilizado para aproximar os homens dessa verdade revelada, para que eles pudessem compreendê-la melhor .Ou seja, a Escolástica deu continuidade à filosofia cristã iniciada pela Patrística (Fé + Razão) e elaborou diferentes argumentos na defesa da fé, gerando grandes polêmicas e debates. Surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, porém de modo racional, buscando harmonia de duas esferas: a fé e a razão. A questão chave do pensamento escolástico, é conciliar elementos da filosofia de Platão ou de Aristóteles com valores de ordem espiritual. No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos coroado imperador do Ocidente em 800 pelo papa Leão III, organizou o ensino e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Começaram a ser ensinadas matérias como o trívium e o quadrívium, todas elas, no entanto, submetidas à teologia. Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e das primeiras universidades do século XI, que surgiu uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola. A escolástica teve grande influência de pensamentos aristotélicos devido a descobertas de muitas obras desse pensador desconhecidas até então @projetoufmg_ Laura Sena Artes Liberais: eram destinadas para as pessoas que tinham mais tempo, ou seja, aquelas pessoas que possuem condições de ficar sem trabalhar para estudar, seriam os intelectuais acima do senso comum; Artes mecânicas: homens comuns/servos. São artes voltadas para produção de casas, carroças, ou seja, ofícios. PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: qual a relação entre as palavras e as coisas? Escolásticos querem descobrir se todas as palavras tem uma ideia universal (Universais: ideias gerais, essência das coisas, apta para ser predicada singularmente de muitos seres) Homem: Amanda, Henrique, Pedro, Kátia... Posições Debatidas: 1. Realismo: Os universais são reais. Brancura é o universal de todas as coisas brancas 2. Nominalismo: Os universais não existem em si mesmos, pois seriam somente palavras, sem existência real. Ou seja, os universais são apenas nomes. Roscelin de Compiègne: Negava que Deus era 3, pois para ele cada pessoa da trindade seria uma individualidade separada 3. Conceitualismo: existiriam as realidades singulares, mas seria possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio da abstração, de maneiras tal a gerar os conceitos universais (são discursos mentais, categorias lógico- linguísticas que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser.) TOMÁS DE AQUINO: Filosofia tomista: Razão e Fé. É uma síntese entre o aristotelismo e o cristianismo. Para o filósofo, a filosofia é o estudo na natureza (phisis) e busca do racional, princípios mais gerais de tudo que existe, e a Teologia é o estudo do sobrenatural, verdades reveladas por Deus sobre seus mistérios. Ou seja, o filósofo admite somente aquilo que é demonstrável pela razão (ratio) e o teólogo deve se basear na autoridade de Deus e nos princípios de revelação de Fides. ´´A teologia não substitui a filosofia`` e vice versa. A razão humana por si só, por exemplo, não consegue entender as verdades de Deus (Deus é trino e @projetoufmg_ Laura Sena Uno Isso vai além da razão humana. A razão é a serva da fé. Teologia e filosofia andam juntas, mas a teologia tem um nível de profundidade maior que a filosofia, pois se interessa por coisas que vão além da natureza. TEORIA DO DIREITO: origem das leis Acima de todas está a Lei Eterna (Lex Aeterna), que representa a vontade de Deus; Abaixo Lei Natural (Lex Naturalis), que reflete a revelação da Lei Eterna através da natureza (ordem da natureza) ; Lei Divina (Lex Divina), que chega aos homens pela revelação através das escrituras sagradas; A Lei Humana (Lex Humana), deriva da Lei Natural e contém os princípios necessários para a regulação da conduta dos homens. Para Tomás de Aquino, um pecado contra a Lei Natural é aquele que viola a ordem natural das coisas. Regras Humanas (80%derivadas da Lex Naturalis e 20% da Lex divina) São leis positivadas, ou seja escritas no papel 5 VIAS: justificativas para existência de Deus (lógicas) Possibilidade de chegar no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e indireta 1. Primeiro Motor: “Tudo aquilo que move é movido por outro ser.” (ARISTÓTELES). Um ser inteligível é a causa de todas as outras coisas. Ele é autossuficiente e consegue mover tudo. O primeiro ser movente não é movido por nenhum outro, logo ele é Deus 2. Causa Eficiente: “Todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existências.” (ARISTÓTELES) Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Tomás afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus 3. Ser Necessário e Ser Contingente: Tudo que Deus criou é contingente (surgiu e deixará de existir). Deus é um ser necessário, pois ele não surgiu e nem deixará de existir (ele é eterno). É necessário admitir que há um ser que sempre existiu, um ser necessário, que não tenha fora de si a causa de sua existência para ser a LEX AETERNA (LEI ETERNA) LEI NATURALIS (LEI NATURAL) RAZÃO LEX DIVIINA (LEI DIVINA) FÉ LEX HUMANA (LEI HUMANA) JUSTAPOSITIVISMO @projetoufmg_ Laura Sena causa de todos os outros seres contingentes (algo começa a existir em função de outra coisa já existente . Podemos afirmar que esse ser é Deus. 4. Os Graus de Perfeição: Existem graus diversos de perfeição. Se algo possui mais ou menos de uma qualidade, isso pressupõe que deve existir um ser com máxima dessa qualidade, no nível da perfeição. Admitisse que esse ser com máxima perfeição é Deus 5. Finalidade: Toda as coisas brutas que não possuem inteligência própria existe cumprindo uma função (objetivo/ finalidade). Concorda-se que existe algum ser inteligente que dirige as coisas da natureza para que cumpram suas funções. Esse ser inteligente é Deus. RENASCIMENTO XIV e XVI Busca de ideias gregos-romanas: Humanismo (homem no centro do universo) Mudanças políticas, econômicas (mercantilismo), culturais ,religiosas (dignidade da pessoa humana- o homem tem uma dignidade de agir por conta própria que os demais animais não tem) O homem não substitui Deus: eles discutiam sobre o lugar do homem, ou seja, preocupação com a criação Ciência: querem conhecer sem ser subjetivo; olhar para a natureza com objetividades, sem mitos, conhecer com os 5 sentidos Humanismo cultural: arte, literatura, Leis, filosofia Humanismo cientifico: com a investigação o homem conhece o mundo. Deve-se estudar com objetividade, se afastar da natureza para que osmitos não interfiram. Origem do conhecimento: Racionalistas: Descartes, Spinoz, Pascal ... Fonte do conhecimento é a razão humana. O ponto de partida é o sujeito pensante possuidor das ideias inatas (nascem com o individuo). Empiristas: Bacon, Locke, Hobbes ... (Tabula Rasa: quando nascemos nossa mente é como um papel em branco, desprovida de ideias. Nada vem a nossa mente sem ter passado pelos nossos sentidos. Negam as ideias inatas. Os sentidos são a base do conhecimento (experiência sensível) OS UTOPISTAS: • “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” Eduardo Galeano citando Fernando Birri • Utopia: palavra de origem grega: ou topos, que significa “não lugar”, “lugar nenhum” ou “lugar que não existe”. A Expressão tomou importância @projetoufmg_ Laura Sena principalmente com Thomas More, os pensadores que viveram na passagem do medievo à modernidade em um contexto de fome, peste, guerras, intolerância religiosa, inquisição. Os utopistas elaboraram concepções políticas idealistas, ou seja, que não correspondiam a realidade. Thomas More (1478-1535) Pensador inglês. Chanceler de Henrique VIII. Condenado à morte por não aceitar o rei como chefe da Igreja. Canonizado pela Igreja em 1935. Obra: “Utopia”. Narra a história de Rafael Hitlodeu que, em expedição com Américo Vespúcio, conhece a ilha Utopia. A ILHA DE UTOPIA: Não existe propriedade privada: tudo pertence a todos; Todos são iguais, possuem a mesma renda e tem condições iguais de vida; Não há divisão do trabalho: revezamento; Trabalho de 6 horas diárias; Tempo para o lazer; Lugar especial para sacerdotes e literatos; Não há apenas uma religião ou Deus; Não há avidez por dinheiro. Tudo é de todos. Todos têm hábitos saudáveis. Tommaso Campanella (1568-1639) Pensador italiano. Acusado de heresia. Torturado e preso por várias vezes. Organizou uma revolta camponesa que pretendia fundar uma república. Ficou preso por 27 anos. Na prisão escreveu o livro “Cidade do Sol”, em 1623. CIDADE DO SOL: Comunidade teocrática; Não existe propriedade privada; Sem divisão do trabalho, de classe ou família; Vida organizada de acordo com a ordem da natureza; Construção da cidade em forma geométrica, retratando a ordem do universo. Francis Bacon (1561 - 1626) Obra: “Nova Atlântida” (1626). Características: Comunidade feliz que vive na paz e na fartura; @projetoufmg_ Laura Sena Casa de Salomão: instituição científica que reúne todos os sábios e realiza pesquisas e experimentos como fim de dominar a natureza e trazer benefícios ao homem. Papel central da ciência: reflexo do pensamento moderno. A ciência não pode ser feita a priori (a partir de afirmações teóricas), mas sim, a partir de contato com os fenômenos reais, através da investigação empírica; A ciência tem finalidade essencialmente prática, como curar doenças e aumentar a longevidade e fabricar maquinas de vários tipos, inclusive para voar e navegar sob a água • UTOPISTAS E PLATÃO: (Neoplatonismo) Todos apresentam uma realidade que não existe (IDEAL). Uma idealização da realidade, mesmo contra o que era real em suas épocas. Não existe o que eles imaginaram, mas sim aquilo que eles gostariam que existisse. Percebe-se um afastamento do real. Apresentam o que não é , mas informando o que queriam que fosse. Ainda se vê uma política sonhada, normativa, qualitativa. Nicolau Maquiavel (1469-1527) 1. Obra Prima: livro O Príncipe. 2. “Guia para governantes” 3. Analisa o fato político de forma realista. 4. Política moderna (realidade política objetiva. Maquiavel seculariza a política, rejeitando o legado ético-cristão.) 5. Concepção historicista da política (analisa fatos históricos do passado) 6. Critica os utopistas (Maquiavel tem uma visão do homem e da política como elas são e não como deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo.) 7. Lógica do Poder = Lógica da Força. 8. Separação entre: Moral Pública e 9. Moral Privada. 10. Valorizava a Virtù e a Fortuna. 11. O conflito é inerente a toda atividade 12. humana: aspecto Agonístico. 13. A sociedade funda o poder político. 14. Contingência versus Verdades Absolutas “É necessário a um Príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a sua necessidade” @projetoufmg_ Laura Sena MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural (Coleção Os Pensadores), 1973. p.69). Poder ser mau: louvado e temidos; prudente com certa maldade; mais seguro ser temido pois os homens são ingratos, volúveis, simuladores, egoístas e quando lhes convém te oferecem o sangue e a vida, pois o perigo está longe, mas quando o perigo chega eles se revoltam Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem- te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. VIRTÙ E FORTUNA: Virtù: É a habilidade, a vontade e a energia do indivíduo voltada para fazer política (capacidade de dominar os eventos, de alcançar um fim objetivado, por qualquer meio. Habilidade de adaptar-se e agir eficazmente, de acordo com as demandas do momento histórico (O príncipe, cap. XXV) Coram, valor, capacidade, eficácia politica = Virilidade (se manter na política e no poder) Agir com equilíbrio, mas entre ser amado e ser temido, prefira ser temido (natureza humana má: homens mentirosos, corruptos, volúveis) Fortuna: (sorte, acaso, influência das circunstâncias) que não depende da vontade e do mérito pessoais. É a sorte do indivíduo (boa ou má) que dita as circunstancias em que ele deve atuar. É um fator do acaso, sem controle. O homem sem virtù de boa fortuna cai, mas o que tem virtù pode seduzir a fortuna Tenha a prudência de uma raposa e a audácia de um leão.
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