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3 - Apostila - CRIADOR DE PEIXE EM VIVEIRO ESCAVADO

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APOSTILA DO CURSO
CRIADOR DE PEIXE EM 
VIVEIRO ESCAVADO
Fortaleza – CE
2016
AUTORES:
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
João Henrique Cavalcante Bezerra
Cássia Rosane Silveira Pinto
Marcus Borges Leite
Carlos Henrique Profírio Marques
Gabriel de Mesquita Facundo
Jamile Mota da Costa
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Reitor 
José Jackson Coelho Sampaio
Vice Reitor
Hidelbrando dos Santos Sores
Pró-Reitora de Extensão
Claudina Nogueira de Alencar
Pró-Reitor de Administração
Carlos Heitor Sales Lima 
Diretor da UNEP
José Nelson Arruda Filho
Coordenador Geral Pronatec
Plácido Aderaldo Castelo Neto
Coordenador Pronatec Pesca
Fábio Perdigão Vasconcelos
Coordenador Pronatec Campo
Antônio Amaury Oriá Fernandes
Coordenadora Pedagógica
Maria das Dores Alves Souza
Coordenadores Adjuntos
Antônio Cruz Vasques
Luiz Carlos Mendes Dodt
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
Articuladora Institucional
Rejane Gomes Léa Ramos
Secretária Geral
Marilde Silva Jorge
Assessor Jurídico
Thiago Barbosa Brito 
FUNECE-CE
REALIZAÇÃO:
PRONATEC / UECE
APOIO:
EXECUÇÃO:
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A UECE E O PRONATEC
José Jackson Coelho Sampaio
Reitor da UECE
A lógica de uma grande política pública de educação profi ssional foi testada no 
Ceará, por Ariosto Holanda, na raiz do sistema CVT/CENTEC. Essa lógica ganhou outros 
estados e o Brasil, pela construção do PRONATEC, pelo Ministério da Educação-MEC, em 
seus três eixos: disciplinas técnicas e tecnológicas a serem incorporadas como optativas 
no histórico escolar de alunos do Ensino Médio; cursos técnicos e tecnológicos, para for-
mação inicial e continuada, em modalidade extensionista; e cursos profi ssionais comple-
tos de Ensino Médio.
A UECE, desde sua criação em 1975, incorpora em sua grade a oferta de cursos 
técnicos de nível médio, na área da saúde, como Técnico de Enfermagem, seguido pos-
teriormente do Técnico em Segurança do Trabalho. Há 10 anos criamos a Unidade de 
Educação Profi ssional-UNEP, assumindo a complexidade que essa modalidade de ensino 
oferece, além de sua extraordinária capacidade de inclusão social. A existência da UNEP 
nos habilitou a obter o direito de sermos ofertantes do PRONATEC, quando a oportuni-
dade surgiu.
Somos a segunda universidade pública estadual do Brasil, a primeira foi a Univer-
sidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES, a poder oferecer a modalidade da forma-
ção inicial e continuada, e isto nos orgulha. Sobretudo, por termos obtido o direito em 
meio à crise político-econômica que vem afetando a capacidade de investir do poder 
público, em seus níveis federal, estadual e municipal.
A UECE oferta 1.600 do PRONATEC em 41 municípios, sendo 1.460 vagas do PRO-
NATEC Pesca e 140 vagas do PRONATEC Campo para somar-se ao Sistema “S”, à Secretaria 
Estadual de Educação-SEDUC, ao Instituto Federal do Ceará-IFCE e ao Instituto CENTEC, 
no esforço de qualifi car o poder de trabalho, a criatividade e o empreendedorismo dos 
cearenses, a fi m de que uma sociedade talentosa e melhor informada supere as crises 
político-econômicas e nossa árdua natureza semiárida.
Há também um grande esforço institucional, devido às condições de oferta, em 
tão pouco tempo, na transição 2015/16, que, esperamos, geste resposta solidária, positi-
va, efetivamente parceira, dos municípios, dos professores e dos alunos. Sigamos, pois o 
caminho é belo e uma boa luz nos orienta: Lumen ad Viam!
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1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA ............................................................................................................................. 9
2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS ................................................................................................................................14
3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS .....................................................................................................16
4. SISTEMAS DE CULTIVO ............................................................................................................................................26
5. REQUERIMENTO DE ÁGUA E SOLO PARA O CULTIVO ..................................................................................29
6. SELEÇÃO DE ÁREA E CONSTRUÇÃO AQUÍCOLA ............................................................................................39
7. ENFERMIDADES E BIOSSEGURANÇA ..................................................................................................................43
8. ALIMENTO VIVO ...........................................................................................................................................................45
9. TILAPICULTURA ............................................................................................................................................................56
10. CULTIVO DE PEIXE EM TANQUE-REDE..............................................................................................................59
11. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DE PESCADO ..................................................................................67
SUMÁRIO
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CRIADOR DE PEIXE EM
VIVEIRO ESCAVADO
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1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA
• Defi nição e História da aquícola
A aquicultura envolve o cultivo de organismos aquáticos que podem ser 
utilizados principalmente na alimentação humana e que têm na água o seu ha-
bitat natural. Entretanto não abrange apenas as espécies estritamente aquáticas, 
mas todas aquelas que em algum momento do seu ciclo de vida dependem da 
água.
Segundo a etimologia da palavra aquicultura, a qual deriva-se do latim, te-
mos, Aqui = água e Cultura = Cultivo. 
Defi nição de aquicultura é a produção pesqueira alcançada através da in-
tervenção humana envolvendo o controle físico do organismo em alguma etapa 
do seu ciclo de vida e não simplesmente a captura de acordo com a Organização 
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 1984). Desta maneira a 
intervenção no processo de cultivo tem a intenção de aumentar a produção.
Intervenções podem incluir:
• Estocagem ou povoamento
• Alimentação
• Proteção contra predadores
• Controle de parâmetro de qualidade de água de cultivo
O principal objetivo da aquicultura é a produção de alimento, tão verda-
de que nas últimas cinco décadas a produção aquícola mundial vem crescendo, 
enquanto a pesca está com recursos naturais sobrexplorados deste os anos 2000 
e de acordo com as informações levantadas no último Estado da Pesca e Aquicul-
tura publicado pela Organização das Nações Unidas de Alimentos e Agricultura 
(FAO, 2014) o pescado como fonte alimentar tem aumentando a uma taxa média 
anual de 3,2%, sendo esse um dos fatores que contribuíram para o aumento do 
consumo per capito de 9,9 kgem 1960 para 19,2 kg em 2012 por pessoa por ano, 
entretanto outros elementos como a ascensão da renda familiar, urbanização e 
canais de distribuição mais efi cientes ajudaram a impulsionar este aumento do 
consumo.
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Entretanto podem ser objetivos também da aquicultura
• Melhoria dos estoques naturais através de repovoamento de ambientes
• Produção de peixes para pesca esportiva
• Produção de organismos aquáticos para fi ns ornamentais
• Reciclagem de resíduos orgânicos
• Produção de organismos aquáticos para alimentação animal
• Produtos farmacêuticos ou cosméticos 
Atualmente é subdividida em Maricultura, quando está utiliza-se do am-
biente marinho e/ou águas salgada e salobra* ou Aquicultura Continental, quan-
do a cultura é realizada em águas interiores ao continente, ou seja, água doce. 
Ainda de acordo com os organismos cultivado divide-se principalmente em:
Algicultura (Algi = algas). É a parte da aquicultura que se desenvolve o cul-
tivo de macroalgas e microalgas.
Figura 01 - Algicultura
Fonte – Google Imagens
*Caracterização da água segundo a concentrações de sais. Água doce 0,0 – 0,5; Água salobra (Oligohalina 
– 0,6 – 3,0; Mesohalina – 3,0 – 16,5; Polihalina – 16,6 – 30,0) e Água salgada (Marinha – 31,0 – 40,0; Hiper-
salina - >40,0) Malacocultura (Malaco = molusco). É a parte da aquicultura que se enquadra o cultivo de 
molusco, principalmente moluscos bivalves, ou seja, mexilhões e ostras. 
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Figura 02 - Malacocultura
Fonte – Google Imagens
Piscicultura (Pisci = peixe). É a parte da aquicultura em que se enquadra o cultivo 
de peixes, isto é piscicultura marinha ou piscicultura continental 
Figura 03 - Piscicultura
Fonte – Google Imagens
Carcinicultura (Carcini = 
crustáceos). É a parte da 
aquicultura em que se 
enquadra principalmen-
te o cultivo de camarão
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Figura 04 - Carcinicultura
Fonte – Google Imagens
O cultivo de organismos aquáticos é uma atividade milenar, havendo registros da 
criação de carpas e outros organismos pelos chineses datados de 4000 anos atrás (CA-
MARGO; POUEY, 2005). 
Segundo a FAO (2008), o surgimento da aquicultura se deu quando as comunida-
des rurais perceberam que a criação de peixes constituía uma estratégia de sobrevivên-
cia e subsistência. Contudo o seu desenvolvimento se deu apenas no século passado, 
quando foi possível controlar a reprodução de algumas espécies, crescendo o interesse 
comercial (ZIMMERMANN, 2001). A partir da década de 80 o foco dos cultivos mudou 
para produção de proteína aquática de espécies de alto valor agregado.
Mudanças como intensifi cação dos sistemas de produção e cultivos de peixes 
de baixo valor comercial (exemplo: milkfi sh, Chanos chanos) convertidos em viveiros de 
camarões marinhos (camarão tigre, Penaeus monodon). Provocou avanços tecnológicos, 
principalmente com o desenvolvimento de rações balanceadas (alimento artifi cial) e uso 
de equipamentos de oxigenação da água de cultivo.
• Especializações de operações aquícolas
Produção de formas jovens para engorda
• Maturação: realiza a reprodução e desova de indivíduos adultos em ca-
tiveiro por meio da captura de indivíduos já sexualmente maduros ou 
através da manipulação hormonal, ambiente e/ou nutricional para se 
alcançar a maturação
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• Larvicultura: realiza o cultivo de indivíduos desde a fase de ovo até a 
fase pós-larva ou alevinos (sem vitelo)
• Alevinagem: realiza o cultivo de pós-larvas ou alevinos até a fase juvenil
Engorda: realiza o cultivo de formas jovens até o peso comercial
Graus de especializações de uma operação aquícola pode compreender uma, 
duas ou mais etapas do ciclo de vida da espécie cultiva.
Maturação Larvicultura Alevinagem Engorda Mercado
• Estatística da produção
A produção aquícola mundial alcançou 66,6 milhões de toneladas em 2012, 
excluindo as plantas aquáticas, sendo desses 44,15 milhões de toneladas de pei-
xes ou seja 66,3% do volume total, a qual são provenientes do cultivo de 354 es-
pécies, com cinco híbridos (FAO, 2014).
Tabela 01 - A produção mundial de grupos de espécies da aquicultura continental e maricultura 
em 2012.
Aquicultura 
Continental
Maricultura Quantidade subtotal Valor subtotal
(Milhões de 
toneladas)
(Milhões de 
toneladas)
(Milhões 
de tonela-
das)
(Porcentagem 
por volume)
(Milhões 
de Dóla-
res)
(Porcentagem 
por valor)
Peixes 38,599 5,552 44,151 66,3 87.499 63,5
Crustáceos 2,530 3,917 6,447 9,7 30.864 22,4
Moluscos 0,287 14,884 15,171 22,8 15.857 11,5
Outras es-
pécies
0,530 0,335 0,865 1,3 3.512 2,5
Total 41,946 24,687 66,633 100 137.732 100
Fonte: FAO, 2014 
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A produção aquícola brasileira segundo o Instituto Brasileiro de Geografi a e 
Estatística (IBGE, 2013) foi de 476.522 toneladas, desses sendo 392.493 toneladas 
proveniente da piscicultura, ou seja, 82,4%, tendo como os maiores produtores os 
estados de Mato Grosso, Paraná e Ceará com os respectivos volumes produzidos 
75.630, 51.143, 30.670 toneladas.
Tabela 02 – Produção aquícola no período de 01.01 a 31.12, segundo as Grandes Regiões e as 
Unidades da Federação - 2013
Piscicultura Carcinicultura Malacocultura
Peixes Camarão Ostras, vieiras e mexi-
lhões
Outros animais 
aquícolas
Quantidade 
(toneladas)
Valor 
(R$1.000)
Quantidade 
(toneladas)
Valor 
(R$1.000)
Quantidade 
(toneladas)
Valor 
(R$1.000)
Valor (R$1.000)
Brasil 392.493 2.020.922 64.669 765.014 19.360 58.048 4.287
Fonte: IBGE, 2014 
2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS
• Taxa de Crescimento específi co
TCE = [( ln Pf– ln Pi) ÷ DC] × 100
Onde: 
TCE – taxa de crescimento específi co (%/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo
• Crescimento Corporal Absoluto
GPD = (Pf - Pi) ÷ DC
Onde: 
GPD – ganho de peso corporal diário (g/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo
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• Sobrevivência Final
S = (POPf ÷ POPi) × 100
Onde: 
S – sobrevivência fi nal na despesca
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
• Produtividade
PRD = ((POPf × Pf ) – (POPi × Pi)) ÷ VT
Onde: 
PRD – produtividade de organismos por área de produção (g/m3, kg/m2, ton/ha
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
VT – volume por área de produção (m3, m2, há)
• Fator de conversão alimentar
FCA = ∑ CAp ÷ BIO
Onde: 
FCA – fator de conversão alimentar
CAp – consumo alimentar aparente (g, kg) por tanque aolongo do ciclo de cultivo
BIO – biomassa ganha por unidade de cultivo, ou seja,
Termos básicos utilizados
• Povoamento ou estocagem: a pratica de introduzir os organismos aquá-
ticos na unidade de cultivo
• Densidade de estocagem: número ou biomassa de organismos aquáti-
cos por área ou volume
• Biometria: Ato de mensurar o peso e/ou comprimento dos indivíduos 
cultivados
• Arraçoamento: a prática de alimentar os organismos cultivados com ração
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3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS
A aquicultura moderna segundo VALENTI (2000), possui três pilares: a pro-
dução lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os 
três componentes são essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma ativi-
dade perene. 
• Questões de ordem legal
As leis podem regular:
• Espécie e locais permitidos para o cultivo
• Quantidade de agua a ser utilizada
• Qualidade dos efl uentes
• Tipos de químicos e outras substancias empregadas
• Formas de cultivo, despesca, processamento e comercialização dos or-
ganismos aquáticos produzidos
Figura 05 – Infl uências das leis na aquicultura
Fonte: Modifi cado de Glenn & White, 2007
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Na constituição brasileira de 1988 no CAPÍTULO VI é inteiramente dedicado 
ao meio ambiente. Neste capítulo, no Artigo 225, fi ca assegurado que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
Como base para constituição 1988, a qual é considerada primeira constitui-
ção brasileira verde, utilizou-se como base a lei federal Nº 6.938/81, a qual dispõe 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fi ns e mecanismos de formula-
ção e aplicação, e dá outras providências. Está prevista na lei alguns instrumentos, 
dentre ele o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
Figura 06 – Organograma do SISNAMA em instância federal
Fonte: Arquivo pessoal
Conselho de Governo – Órgão superior do sistema, reúne todos os minis-
térios e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a política 
nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio 
ambiente. Entretanto na pratica não existe.
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – é o órgão consultivo 
e deliberativo, formado por representantes dos diferentes setores do governo (em 
âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil. 
Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e 
padrões ambientais, através de suas resoluções.
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Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão central, com a função de pla-
nejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio ambiente em âmbito 
nacional.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (IBAMA) – encarrega-se de executar e fazer executar as políticas e as diretri-
zes nacionais para o meio ambiente.
Instituto Chico Mendes (ICMBio) - executar as ações do Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fi scali-
zar e monitorar as UCs instituídas pela União.
O licenciamento ambiental é outro integrante dos instrumentos da Política 
Nacional do Meio Ambiente, o qual atesta a viabilidade ambiental através dos Es-
tudos de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da 
atividade proposta. O licenciamento Ambiental foi conceituado pela Resolução 
CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1997, que diz: 
“O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo 
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instala-
ção, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utiliza-
doras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente 
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degra-
dação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares 
e as normas aplicáveis ao caso”. 
O documento gerado é a licença ambiental, que tem prazo de validade de-
fi nido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi-
das de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Possui três etapas:
Licença Prévia: Antes de dar início, a empresa precisa requerer a Licença 
Prévia (LP), que atende aos requisitos básicos exigidos pelo órgão ambiental res-
ponsável. A licença é concedida na fase preliminar de planejamento, depois de 
cumpridos esses requisitos durante a localização, instalação e operação. As leis de 
uso do solo municipais, estaduais ou federais também devem ser observadas pelo 
empreendedor.
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 Licença de Instalação: É concedida após o projeto executivo ser aprovado 
com todos os requisitos atendidos. Por meio da Licença de Instalação (LI), o órgão 
ambiental analisa a adequação do empreendimento ao local escolhido pelo em-
preendedor. 
 Licença de Operação: A licença de operação (LO) é necessária para a prá-
tica das atividades do empreendimento. Será concedida após as verifi cações do 
cumprimento dos requisitos condicionantes, previstos na Licença de Instalação 
por órgão responsável.
Além das leis de proteção ambiental, temos a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH), instituída pela lei 9433/97, tem como um de seus fundamentos o 
uso múltiplo das águas.
De modo garantir que todas as demandas de água do recurso hídrico como 
irrigação, indústria, aquicultura, consumo humano e dessedentação animal, sen-
do estas duas últimas prioridades em caso de escassez, a Lei da Água faz-se uso 
dos instrumentos como:
Art. 5º
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
A outorga é o ato administrativo mediante o qual o poder público outorgante 
faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determi-
nado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato administrativo.
A outorga de água permite ao administrador do recurso hídrico realizar o contro-
le qualitativo e quantitativo minimizando confl itos entre os diversos setores usuários e 
evitar impactos ambientais negativos.
Estão sujeitos a pedido de outorga empreendimentos que necessitam de:
• Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de 
água para consumo fi nal, inclusive abastecimento público, ou insumo 
de processo produtivo;
• Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo fi nal ou insu-
mo de processo produtivo;
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• Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos 
ou gasosos, tratados ou não, com o fi m de sua diluição, transporte ou 
disposição fi nal;
• Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
• Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água 
existente em um corpo de água.
Para regularização aquícola, o empreendedor deve verifi car a dominialida-
de das águas onde se localizao cultivo, ou seja, as águas públicas podem ter do-
mínio do Estado ou da União.
As águas da União são aquelas que banham mais de um Estado da Federação, 
isto é, fazem fronteira entre estados nacionais e com outros países. Também estão 
nesta condição as águas acumuladas em represas construídas com aporte de recur-
sos da União e o Mar Territorial brasileiro que se estende até as 200 milhas náuticas.
No Estado do Ceará em 10 de março de 2015, a Lei Nº15.773 que altera a 
Lei Nº13.875, de 07 de fevereiro de 2007 e cria a Secretaria do Meio Ambiente 
(SEMA). Vinculada ao SEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SE-
MACE tem a obrigação de executar a Política Ambiental do Estado do Ceará, ou 
melhor, é responsável pela emissão da licença ambiental, independentemente da 
dominialidade da água, conforme Lei Complementar nº 140/11 de 08 de dezem-
bro de 2011, e Moção nº 090, de 06 de junho de 2008, pois está previsto que as 
OEMAs (organizações estaduais do meio ambiente) ou prefeituras municipais são 
responsáveis pelo o processo de licenciamento ambiental.
A emissão da outorga de uso da água está encarregada da Companhia de 
Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, também independentemente da domi-
nialidade da água, tendo em vista que até 2024, o Ceará poderá emitir outorgas 
de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União em território cearense. 
Esta competência legal foi delegada pela Agência Nacional de Águas (ANA), por 
meio da Resolução nº 1.047/2014.
 Todavia, o Ceará não poderá outorgar aproveitamentos de potenciais hi-
drelétricos no estado, atribuição que permanece com a ANA. No caso das outor-
gas preventivas e de direito de uso de recursos hídricos do domínio da União com 
a fi nalidade de aquicultura em tanques-rede, a Secretaria de Recursos Hídricos 
do Ceará (SRH) terá que seguir os trâmites defi nidos entre a Agência Nacional de 
Águas e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
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Figura 07 – Organograma do SISNAMA em instância estadual
Fonte – Arquivo Pessoal
Os procedimentos de licenciamento ambiental são orientados principal-
mente pelas legislações:
CONAMA:
Resolução nº 237/1997
Resolução nº 312/2002
Resolução nº 357/2005
Resolução nº 413/ 2009
Resolução nº 459/ 2013
COEMA:
Resolução n° 18/2013 
Resolução nº 17/2013 
Resolução n° 04/2012
Resolução n° 02/2002
Resolução n° 05/2001
A atividade aquícola desenvolve-se principalmente na zona rural, desta for-
ma sendo necessário conhecimento do novo código fl orestal, Lei 12.651 de 25 de 
maio de 2012. Assim fi ca entendido sobre:
• Área de Preservação Permanente: Área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hí-
dricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar 
o fl uxo gênico de fauna e fl ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar 
das populações humanas. 
• Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou pos-
se rural, que no caso do bioma a qual o estado do Ceará está contido 
(Caatinga) e de 20% da propriedade rural.
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• Área Rural Consolidada: Área de imóvel rural com ocupação antrópica 
preexistente a 22 de julho de 2008, com edifi cações, benfeitorias ou 
atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do 
regime de pousio.
• Interesse Social: implantação de instalações necessárias à captação e 
condução de água e de efl uentes tratados para projetos cujos recursos 
hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade.
• Atividades Eventuais ou de Baixo Impacto Ambiental: implantação 
de instalações necessárias à captação e condução de água e efl uentes 
tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, 
quando coube.
• Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso 
d’água durante o ano
• Manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujei-
tos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, 
às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conheci-
da como mangue, com infl uência fl uviomarinha, típica de solos limosos 
de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa 
brasileira, entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina;
• Salgado ou marismas tropicais hipersalinas: áreas situadas em regi-
ões com frequências de inundações intermediárias entre marés de si-
zígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) 
e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a 
presença de vegetação herbácea específi ca;
• Apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés 
superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam 
salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), des-
providas de vegetação vascular;
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Figura 08 – Diferenças dos ambientes
Fonte – Prof. Márcio Bezerra
Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para 
os efeitos desta Lei. Os manguezais, em toda a sua extensão, margens dos rios e 
corpos hídricos lênticos
Figura 08 – Diferenças dos ambientes
Fonte – Prof. Márcio Bezerra
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Figura 08 – Diferenças dos ambientes
Fonte – Prof. Márcio Bezerra
• Questões de ordem social
Geração de emprego e renda, principalmente em regiões rurais com pouca 
atividade econômica, necessita-se de elevada mão de obra por área cultivada. A 
cadeia produtiva envolve, sementes (pós-larvas, alevinos), ração, corretivos agrí-
colas, fertilizantes, equipamentos e maquinário como motobombas, tratores, ae-
radores e todo a linha de processamento e comercialização da espécie em ques-
tão.
A aquicultura requer uma infraestrutura composta de estradas para esco-
ar a produção, energia elétrica, incentiva a melhoria da educação local para for-
mação de mão de obra especializada, oferece novas oportunidades de emprego. 
Além de promove a segurança alimentar, tendo em vista que a aquicultura gera 
fonte proteica de alta qualidade.
Todavia pode gerar confl ito de uso do solo com outros usuários locais, bem 
como é uma atividade que faz uso direto da água superfi ciais ou subterrâneas 
podem criar confl itos com outros usuários.
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• Questões de ordem ambiental
A intensifi cação e expansão descontrolada da produção aquícola nos últi-
mos anos resultou em um aumento de impactos negativos sobre o meio ambien-
te. Pode-se citar de acordo com Boyd (2003):
• Destruição de manguezais, áreas de inundação, e outros ambientes 
aquáticos sensíveis.
• Conversão de terras agrícolas a tanques aquícolas.
• Poluição da água resultante dos efl uentes dos tanques de engorda.
• Uso excessivo de drogas, antibióticos, e outros produtos químicos. 
• Utilização inefi ciente de rações 
• Salinização de terras e águas por efl uentes, esgotos, e sedimentos de 
águas salobras provenientes de sistemas de engorda.
• Uso excessivo de água subterrânea e outras fontes de água docepara 
abastecimento de tanques.
• Propagação de doenças animais da cultura de organismos para popu-
lações nativas.
• Efeitos negativos sobre a biodiversidade causados pela fuga de espé-
cies exóticas introduzidas para produção, destruição de pássaros e ou-
tros predadores.
• Confl itos com outros usuários dos recursos hídricos e rompimento das 
comunidades vizinhas.
Contudo estes impactos ocorrem devido:
• Falta de ordenamento das fazendas.
• Pouco ou nenhum controle sanitário.
• Tratamento inexistente dos efl uentes.
• Fazendas não projetadas para reutilização da água.
• Inobservância de procedimentos regulares de biossegurança.
• Falta de planejamento ambiental.
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4. SISTEMAS DE CULTIVO 
Na produção aquícola podemos classifi car o sistema produtivo de três 
modo, (1) quanto ao uso de água, (2) quanto a intensifi cação da produção e (3) 
quanto a utilização das espécies (EMBRAPA, 2013). A classifi cação mais utilizada 
pelos produtores é a intensifi cação da produção, ou seja, sistemas extensivo, se-
mi-intensiva e intensivo.
Tabela 01. Subdivisões do sistema produtivo aquícola 
Quanto ao uso de água
Sistema de água parada ou estático
Sistema com renovação de água
Sistema com recirculação de água
Quanto a intensifi cação da produção
Sistema extensivo
Sistema semi-intensivo
Sistema intensivo 
Quanto a utilização das espécies
Cultivos consorciados
Policultivos
Monocultivos
• Sistema extensivo: é realizado em corpos hídricos lênticos, não haven-
do interferência humana no cultivo, sendo assim não há fornecimento 
de alimentação suplementar, as tilápias consomem apenas o alimento 
natural 
• Semi-intensivo: é realizado geralmente em viveiros, neste caso se tem 
intervenções humanas através de adubação e alimentação artifi cial, po-
dendo ou não possuir aeração artifi cial. 
• Sistema intensivo: pode ser realizado em viveiros, tanques-redes, ca-
nais “raceway”, nessa modalidade caracteriza-se principalmente pelas 
altas densidades de estocagem utilizadas.
• Monocultivo: O ambiente de cultivo é povoado por apenas uma única 
espécie
• Policultivo: O ambiente de cultivo é povoado por duas ou mais espé-
cies de hábitos alimentares diferentes.
• Consórcio: O sistema de cultivo é composto por dois ou mais ambientes 
de cultivos, cada qual povoado com uma espécie aquática, geralmente 
uma espécie animal e outro vegetal.
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Em tempo de escassez de água é importante atentar as tecnologias que 
visem a redução em seu uso. O sistema com recirculação de água compreende 
basicamente em seis componentes.
• Tanques de cultivo - Diversos formatos têm sido empregados, os mais 
comuns ainda são os tanques circulares com dreno central. 
• Filtros mecânicos – São utilizados para concentrar os sólidos decantá-
veis. Filtros mecânicos com meio fi ltrante de areia, cascalho ou esferas 
de plástico (fi ltros tipo de piscina) concentram e removem os sólidos em 
suspensão (partículas entre 40 e 100 micras). Para remover partículas 
menos de sólidos dissolvidos (partículas < 40micra), utiliza-se em água 
marinha um skimmer, ou seja, fracionador de espuma.
• Biofi ltros - Os fi ltros biológicos recipientes preenchidos com um subs-
trato que possibilite a fi xação de bactérias que realizem o processo de 
nitrifi cação. 
• Sistema de aeração - O sistema de aeração é composto por sopradores 
de ar e difusores, aeradores mecânicos de diversos tipos (aeradores de 
pá ou bombas de água), injeção direta de oxigênio gás e mesmo uma 
combinação entre dois ou mais tipos de aeração/oxigenação. 
• Sistema de bombas e tubulações– É necessárias tubulações para 
realizar a movimentação da água por os ambientes do sistema de 
recirculação havendo o mínimo de perdas e no ponto de menor elevação 
instala-se bomba para retornar à água tratada e reoxigenada para os 
tanques de criação. 
• Unidade de quarentena - Ambiente fi sicamente separado da unidade 
de produção, e possui seu próprio sistema de recirculação (tanques, fi l-
tros, biofi ltros, sistema hidráulico e equipamentos de aeração). Novos 
organismos no sistema realizam a quarentena e geralmente recebem 
tratamento profi lático e terapêutico para eliminar potenciais parasitos 
ou tratar algum tipo de doença.
O uso destes sistemas em escala comercial ainda é restrito a alguns empre-
endimentos com peixes ornamentais, aos laboratórios de reprodução de tilápia e 
nas larviculturas de camarão. 
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O sistema de cultivo em biofl ocos (BFT), ou também denominado de “zero 
exchange aerobic heterotrophic culture system” (ZEAH). Segundo Browdy et al., 
(2001) a grande vantagem desse sistema é a diminuição da emissão de efl uentes, 
além de aumentar a produtividade em um menor espaço físico.
O sistema reduz ainda o risco de introdução e disseminação de doenças e 
possui a capacidade de complementar a dieta dos animais através da produção 
de alimento natural (MCINTOSH et al., 2000). 
A manutenção dos fl ocos bacterianos adotando os procedimentos de 
Avnimelec (2007) com melaço de cana de açúcar em pó para manter a relação 
carbono:nitrogênio em torno de 20:1 até a formação dos biofl ocos. Para isso, de-
terminou-se a quantidade de carbono adicionado a ser assimilado pelos micror-
ganismos, pela equação abaixo.
 
ΔCmic = ΔCH x %C x E (01) 
Onde: ΔCmic - quantidade de carbono assimilada pelos microrganismos; 
ΔCH – quatidade de carbono 
%C - percentual de carbono presente na fonte de carboidrato adicionado e; 
E - Coefi ciente de conversão microbiana. 
A quantidade de nitrogênio necessária para produção de novas células 
bacterianas (ΔN) pela equação 2, a qual depende da relação C:N na biomassa mi-
crobiana. Segundo Gaudy (1980), a razão entre carbono e nitrogênio na biomassa 
microbiana está em torno de 4. 
ΔN = ΔCmic / [C/N]mic 
Substituindo, tem-se que: ΔN = ΔCH x %C x E / [C/N]mic 
De acordo com Avnimelech (1999), pode-se considerar os valores de %C e 
E, como sendo 0,5 e 0,4, respectivamente. 
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Porém, uma vez que (ΔN) é a quantidade de nitrogênio necessária para pro-
dução de novas células microbianas, esta pode ser a quantidade de nitrogênio 
adicionada. Ou seja, depende do teor de proteína contido na ração ofertada.
ΔN = Ração (g) x % N ração x % N excretado 
Onde: Ração (g) - quantidade de ração fornecida; 
% N ração - o percentual de nitrogênio na ração e; 
% N excretado - o percentual de nitrogênio excretado no ambiente de cultivo.
Para se calcular a quantidade de nitrogênio na ração, utilizou-se o percen-
tual de proteína bruta (PB), substituindo-o.
% N ração = % de PB x (6,25-1) / 100 
Finalmente, a quantidade de carboidrato necessária para remoção do ni-
trogênio foi calculada pela equação 05. Para isto, utilizou-se o percentual de car-
bono (%C) presente no melaço, que fi ca em torno de 33%. 
ΔCH = ΔN / (%C x E x [C/N]mic)
5. REQUERIMENTO DE ÁGUA E SOLO PARA O CULTIVO
A qualidade da água é um fator determinante para o sucesso ou o fracas-
so de um empreendimento aquícola. Vários compostos químicos dissolvidos na 
água como também os atributos físicos e biológicos se combinam para formar a 
qualidade da água.
A água com características, químicase biológicas ideais para aquicultura 
vai depender:
a. A espécie escolhida para o cultivo
b. O sistema de cultivo a ser adotado
c. O nível de intensifi cação a ser utilizado
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Para todos os parâmetros de qualidade de água os organismos aquáticos 
possuem uma faixa de conforto que permite um máximo crescimento e sobre-
vivência, fora desta faixa, dependendo do tempo de exposição, o animal pode 
sofrer efeitos deletérios como redução no consumo alimentar, maior vulnerabili-
dade a doenças e menor crescimento ou até mesmo ser letal.
As propriedades da água podem ser divididas em:
• Propriedades Químicas - Nitrito, nitrato, amônia, pH, alcalinidade, dió-
xido de carbono, oxigênio dissolvido, dureza
• Propriedades Físicas - Temperatura, turbidez, cor, odor, transparência, 
sólidos em suspensão
• Propriedades Biológicas - Espécies e quantidades de plâncton
• Propriedades Microbiológicas - Espécies e quantidades de patógenos
5.1 Temperatura 
Tem efeito biológico (fotossíntese, respiração e decomposição), devido os 
organismos aquáticos em sua grande maioria serem organismos pecilotérmicos. 
Quando a temperatura da água está fora da faixa ótima, ocorre uma depressão do 
sistema-imune, aliado com o fato de que a temperatura inadequada para hospe-
deiro é a temperatura adequada para patógeno, podendo causar problemas ao 
cultivo.
Água dos ambientes de cultivo (viveiros, açudes, lagos) podem estratifi car-
-se termicamente, o calor é absorvido mais rapidamente perto da superfície do 
corpo d’água, e esta, eleva sua temperatura, tende a permanecer na superfície por 
ser menos densa e a água de fundo com temperatura mais baixa fi ca mais densa, 
desta forma formando camadas separadas.
A estratifi cação pode ser um problema sério principalmente para os culti-
vos em tanques-rede, pois quando ocorre a desestratifi cação térmica, isto é, uma 
mistura brusca das camadas d’água, através de algum evento como o resfriamen-
to da atmosfera (noite/inverno), entrada de ventos fortes, ocorrência de intensas 
chuvas, entrada de frentes frias. Pode acontecer da água de fundo conter compos-
tos tóxicos, caso a camada de fundo esteja em condição de anaerobiose, ou seja, 
sem oxigenação.
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Figura 08 – Diferenças dos ambientes
Fonte: Prof Alberto
5.2 Oxigênio dissolvido (OD) 
Considerado um parâmetro crítico para aquicultura, em partículas em siste-
mas mais intensivos. O aumento na produção de peixes ou camarões em condições 
de confi namento depende da disponibilidade de oxigênio dissolvido na água.
Processos que afetam a disponibilidade de OD.
• Atividade fotossintética: Fitoplâncton e plantas aquáticas liberam oxi-
gênio durante o dia através da fotossíntese. Deve-se evitar fl oração de fi to-
plâncton, tendo em vista que durante o período noturno as mesmas dei-
xam de produzir OD e passam apenas consumir podendo exaurir o mesmo 
nas primeiras horas do dia. Dias nublados afeta diretamente na atividade 
fotossintética, pois a mesma para acontecer necessita de luz.
• Respiração: Atividade respiratória de peixes e outros organismos vivos 
(bactérias, zooplâncton) presentes no sistema de cultivo consumem oxigê-
nio dissolvido na água. Assim é importante que evite densidades de esto-
cagem em excesso
• Troca de água e aeração mecânica: Renovação de água nos sistemas de 
cultivo são capazes de aumentar a disponibilidade de oxigênio na água. Há 
uma relação direta da renovação da água com a biomassa estocada.
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O oxigênio dissolvido na água é geralmente medido através de um oxíme-
tro digital. Os animais mostram sinal que a pode ter algum problema com OD, 
como o aumento no batimento opercular (ventilação branquial), redução do nado 
(letargia), subida para respirar água superfi cial.
Em caso no cultivo de camarões quando o OD é baixo os animais começam 
a “boia”.
Tabela: Concentração de OD e efeitos sobre camarões cultivados
Concentração de Oxigê-
nio dissolvido (mg/L)
Efeitos
0,0 – 1,0 Letal
1,0 – 1,5 Letal quando exposto a exposição prolongada
1,7 – 3,0 Conversão alimentar baixa, crescimento lento e residên-
cia a enfermidades reduzidas
5.3 pH 
§ A faixa do pH é representada por uma escala que vai de 0 a 14, no qual o 
pH 7 indica a absoluta neutralidade.
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Figura 00 – Escala de pH e os efeitos nos animais cultivados
Fonte: Copilado de Luis Vinatea Arana (2003)
Fatores que levam a uma variação no pH da água
• Tipos de solo: solos orgânicos ou ácidos sulfatados
• Alimentação: excesso de alimento ofertado
• Atividade fi toplanctônica: fi toplâncton em excesso pode levar a um 
aumento no pH da água (absorve CO2 da água)
• Alcalinidade: baixo poder tampão da água resulta em variações no pH 
da água
5.4 Alcalinidade Total
Capacidade da água para neutralizar ácidos e manter seu equilíbrio acido-
básico (poder tampão da água), os bicarbonatos (HCO3
-) e carbonato (CO3
-2) são 
mais abundantes e representam a maior parte da alcalinidade da água. A unidade 
expressa em (mg/L CaCO3).
Alcalinidade das águas naturais gira em torno de 5 - 500 mg/L CaCO3. Em 
águas subterrâneas vai depender da geologia do local em aquíferos calcários terá 
uma alta alcalinidade, quando os aquíferos basálticos terão baixa alcalinidade.
A água do mar tem uma alcalinidade próxima de 120 mg/L CaCO3, para 
carcinicultura marinha o ideal de ≥ 80 mg/L CaCO3
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É um parâmetro que devesse monitorar regularmente (semanal/quinze-
nal), pois possibilita a realizar calagens preventivas, evitando, com isso a queda no 
pH da água, haja vista que a tendência é que a alcalinidade da água caia durante 
o cultivo, devido ao acúmulo de matéria orgânica.
Benefícios para o meio da alcalinidade alta:
• Tamponamento do pH da água;
• Aumento na produtividade primária;
• Diminuição da toxicidade de metais do solo
5.5 Compostos nitrogenados
É o principal produto de excreção dos organismos aquáticos, resultante da 
digestão das proteínas. Amônia é um gás extremamente solúvel em água e quan-
do se encontra em solução, apresenta a seguinte reação de equilíbrio 
NH3 + H2O = NH4
+ + OH-
O equilíbrio da equação dependente do pH, temperatura e salinidade da água.
A forma não ionizada (NH3) é a mais tóxica para os organismos aquáticos, 
devido ao seu tamanho molecular que a deixa permissível as membranas celulares.
• Em pH < 7, a fração de NH4
+ será predominante
• Em pH > 7, a fração de NH3 aumenta, podendo atingir concentrações 
tóxicas para os organismos aquáticos 
Sinais clínicos de intoxicação CRÔNICA ou AGUDA por amônia:
1. Hiperatividade/convulsões;
2. Letargia;
3. Perda de equilíbrio;
4. Coma (não reage a estímulos externos)
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Intoxicação aguda em poucas horas de exposição já levam ao aparecimen-
to de sinais clínicos [NH3] água ≥ 1 mg/L. Jáa intoxicação crônica os sinais clínicos 
somente irão aparecer após muitos dias ou semanas de exposição, antes disso, 
estresse causa distúrbios osmorregulatórios e queda na efi ciência respiratória re-
tardo no crescimento e menor imunidade. [NAT] ≥ 3 mg/L e pH água > 8,
Deve-se monitorar semanalmente [NAT] em sistemas de criação
Amônia é oxidada em nitrato pela ação das bactérias quimioautotrófi cas 
nitrosomonas e nitrobacter
O nitrito (NO2
-) atravessa as brânquias pelo mesmo mecanismo de transpor-
te utilizado pelo Cl-. Para diminuir o efeito do nitrito basta adicionar NaCl à água
O excesso de nitrito pode causar a doença do sangue marrom, a hemoglo-
bina do sangue do peixe deixa de transportar OD para transportar nitrito na forma 
de metahemoglobina, causando insufi ciência respiratória.
5.6 Dureza
Dureza total = [Ca2
+] + [Mg2
+] expressa por (mg/L CaCO3), assim possuindo 
a dureza cálcica e dureza magnesiana. Águas superfi ciais variam de 5 – 200 mg/L 
CaCO3, os ecossistemas aquáticos continentais do semiárido podem apresentar 
dureza > 200 mg/L CaCO3
A muda de crustáceos necessita de Ca+ presente na água, desta maneira 
recomenda-se uma dureza cálcica > 50 mg/L CaCO3 para bom crescimento.
Para peixes eurihalinos cultivados em águas de baixa salinidade necessitam 
de água dura. Em águas com alcalinidade muito maior que dureza podem apre-
sentar pH > 10 durante à tarde. A calagem com CaCO3 é melhor que com Na2CO
5.7 Transparência da Água 
Medida da penetração de luz na água ela é utilizada como indicativo de pro-
dutividade natural primária (fi toplâncton) e concentrações de oxigênio dissolvido.
A transparência é medida com um disco de Secchi onde o ideal se encontra 
entre 30-40 cm, a baixa do limite inferior, poderá sofrer problemas com oxigênio 
dissolvido, e alta transparência > 40cm, há necessidade de fertilizar a água.
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Figura 00 – Leitura da transparência da água com disco de Secchi
Fonte – Google Imagens
Turbidez é o oposto de transparência da água. A turbidez inorgânica pro-
vém da argila, humos e silte. E a turbidez orgânica é oriunda do fi toplâncton, de-
trito de algas, zooplâncton e material fecal de organismos cultivados. 
A turbidez desejável e com plâncton (até certo limite; a depender das espé-
cies), quando a turbidez indesejável e composta por detritos orgânicos ( DBO na 
coluna d’água + absorção de luz); e detritos inorgânicos (difi culdade respiratória 
+ absorção de luz + assoreamento de canais e viveiros)
Deve-se monitorar a transparência da água diariamente 
As análises de água e solo em aquicultura servem para o responsável técni-
co da fazenda saiba o que fazer depois do efeito pós-manejo.
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Principais manejos de qualidade de água em aquicultura
1. Fertilização; 
2. Calagem; 
3. Aeração mecânica; 
4. Troca de água; 
5. Restrição alimentar;
6. Probióticos
Monitoramento rotineiro da qualidade da água permite manejar a quali-
dade de água com efi ciência, permite identifi car os efeitos dos manejos de quali-
dade de água aplicados ao viveiro/tanque, permite identifi car precocemente pro-
blemas de qualidade de água.
A qualidade do solo é composta por seguintes parâmetros:
• Composição da textura: classifi cação do solo em relação a sua granu-
lometria
Figura 09 – Classifi cação da textura do solo
Fonte – modifi cado Prof. Alberto
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• Índice de plasticidade: propriedade do solo para se deixar moldar quan-
do submetido a uma pressão permanecendo na nova forma ao ser ces-
sada a ação da força
Figura 10 – Classifi cação da textura do solo
Fonte – Apostila de cultivo de peixes cultivados em viveiros escavados
• Taxa de permeabilidade: capacidade do solo de deixar transpassar 
água ou ar em uma maior ou menor intensidade
Classifi cação do solo de acordo com acidez
Tabela 02. Classifi cação do solo quanto a acidez
Característica pH
Extremamente acido < 4,5
Fortemente acido 4,5 – 5,0
Muito acido 5,1 – 5,5
Moderadamente acido 5,6 – 6,0
Pouco acido 6,1 – 6,5
Neutro 6,6 – 7,5
A acidez do solo pode originar:
• Substâncias toxicas a base de Fe, Al e Mn.
• Sequestro do fosforo
• Redução da dureza total e alcalinidade total
• Diminuição da nitrifi cação
• Aumento na quantidade de matéria orgânica não degradada
Teor de matéria orgânica na solo infl uência na produtividade.
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Tabela 03. Classifi cação do solo quanto ao teor de matéria orgânica (MO)
Carbono Orgânico (%) Comentário
15 Solo orgânico
3,1 - 15 Solo mineral, com alta concentração de MO
1,0 - 3,0 Solo mineral, MO moderada (melhor para viveiro)
< 1,0 Solo mineral, baixa concentração de MO
6. SELEÇÃO DE ÁREA E CONSTRUÇÃO AQUÍCOLA
6.1 Seleção de área
Na avaliação para escolha de uma área para atividade aquícola, tem que le-
var em consideração diversos fatores. Existe aqueles de macro abrangência, como 
aspectos políticos, sociais, econômicos, legais e os de micro abrangência, como 
fatores físicos, hidrológicos e químicos.
Ações políticas são um pré-requisito importante para seleção de áreas, de-
vido a existência de incentivos ou difi culdades para implementação aquícola. Para 
isso é necessária uma estabilidade política de modo assegurar que os acordos 
serão mantidos.
Na visão econômica é importante avaliar o mercado consumidor:
a) Realizar um levantamento preliminar do mercado
• Locais de comercialização (mercado local, internacional)
• Preço e volume (sazonalidade)
• Requisitos de apresentação do produto (vivo, resfriado, congelado, inteiro, 
esviscerado, fi letado)
b) Caracterizar os canais de comercialização
• Consumidor direto
• Restaurante, supermercados, hotéis
• Distribuidores de pescado
• Exportadores
O mercado disponível pode defi nir o tamanho do empreendimento e o sis-
tema a ser adotado.
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A logística de produção é algo indispensável, tendo em vista que os custos 
de produção estarão envolvidos. A ração corresponde por mais de 50% dos custos 
as fazendas, com isso é fundamental que o local tenha disponibilidade acessível a 
este insumo e com qualidade.
Outros insumos importantes são as sementes (pós-larvas e/ou alevinos), 
mão-de-obra. Materiais de construções e locação de maquinário pesado para 
construção. E não esquecer de verifi car se na região tem a disponibilidade de 
energia elétrica de boa qualidade, vias de acesso (estradas) para transporte de 
insumos e escoamento da produção, plantas de benefi ciamento e larvicultura, 
serviços básicos como comunicação, transporte e acomodação.
No ponto de vista social tem-se de caracterizar mão-de-obra disponível. É 
preferível regiões que possuam centros de treinamento. Feito a escolha defi nitiva 
do local é importante estabelecer contato com a comunidade já nas fases inicias 
de implementação do projeto para troca de informações, discussões e socialização.
Priorizar contratação de mão-de-obra local e não discriminar quanto a nível 
de escolaridade do funcionário. A vantagem de poder absorver mão-de-obra pou-
co qualifi cada permitea abertura de oportunidade de trabalho
Do ponto de vista ambiental atentar a legislação no capítulo quatro.
Com relação os fatores de micro abrangência temos os físicos. O qual é pri-
mordial o estudo da climatologia da região, ou seja, pluviometria, evaporação, 
pois o regime pluviométrico e taxas de evaporação na região determina as varia-
ções na salinidade da água e riscos de cheias ou secas.
Em caso de cultivos no mar é importante avaliar as ondas, a profundidade 
do local, a velocidade dos ventos e das correntes pode demandar medidas adicio-
nais em ancoramento de infraestrutura.
Dos fatores hidrológicos é crucial o planejamento da atividade, devido a sa-
zonalidade dos períodos chuvoso e de seca, onde, no período de estiagem pode 
ocorrer a redução da vazão nos locais de captação, assim inviabilizando o sistema 
de produção. 
Além da quantidade é importante avaliar os parâmetros de qualidade da 
água para garantir a viabilidade do cultivo e sanidade dos peixes, por isso é es-
sencial que o empreendimento se localize longe de fontes poluentes como ma-
nanciais sujeitos a despejos de indústrias químicas, ou de resíduos agrotóxicos, 
utilizados em plantações 
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Quando a localização do empreendimento é para fazendas de tanques-
-rede é importante avaliar as áreas de proteção de ventos e ondas, profundidade, 
isto é, distância do fundo do tanque-de ao substrato de no mínimo de 4 – 5 me-
tros. O substrato deve apresentar-se fi rme e plano, para que não necessite de 
grandes poitas (ancoramento). Em áreas de pedras, ancoramento com platafor-
mas no continente desse ser utilizado. As correntes d’água auxiliam na renovação 
do oxigênio dissolvido dentro da estrutura de cultivo e remoção de metabólicos, 
sendo assim é preferível uma velocidade de água menos que 60cm/s, contudo é 
tolerável até 100cm/s.
Os indicadores químicos, atentar o capítulo anterior.
6.2 Noções de topografi a 
Este aspecto determina essencialmente a viabilidade econômica do inves-
timento no que se refere aos trabalhos de movimentação de terra. Evidentemen-
te, em terrenos de topografi a praticamente plana (em torno até 2%, ou seja, um 
desnível de 2m a cada 100m), tais trabalhos serão minimizados, ao passo que áre-
as acidentadas exigirão mais volume de terraplanagem onerando, consequente-
mente os custos do projeto fi nal. 
Existem, no entanto, terrenos ligeiramente acidentados (máximo de 5%) 
que, por possuírem uma declividade mais ou menos constante, permite que al-
gum partido seja tomado de tais características, sugerindo a distribuição dos vi-
veiros em platôs, isto é, em níveis distintos, de modo a racionalizar e minimizar os 
custos de construção. 
Devem ser ainda observados quanto a este fator, à distância e a cota entre 
o ponto de captação de água e o local dos viveiros, correlacionando-se essa cota 
com o nível mais elevado da área dos tanques, de modo a propiciar o abasteci-
mento d’água pela ação da gravidade. É importante que na execução do levanta-
mento planialtimétrico sejam levadas em consideração não só a área de implan-
tação do projeto, mas também as margens do manancial hídrico a ser utilizado, 
visando a melhor localização da tomada d’água (ou represa) que abastecerá os 
viveiros. No estabelecimento do local propício para a construção de viveiro, ainda 
antes deve-se estudar as particularidades relativas à tipologia do solo, devem a 
princípio ser evitados locais onde o solo apresenta falhas, grandes formigueiros, 
afl oramento de rocha e raízes de árvores de grande porte.
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6.3 Construção de tanques
Na aquicultura são usadas diversas estruturas para a criação de organismos 
aquáticos. A escolha de um destes estruturas está condicionada a diversos fatores, 
tais como, espécie cultivada, fase de cultivo, tecnologia de cultivo, potencial hídri-
co, etc. Atualmente, as estruturas estáticas que mais se destacam são os tanques 
de alvenaria e os viveiros de terra
6.3.1 Tanques em alvenaria
Tanques em alvenaria utilizados para a criação de organismos aquáticos 
são geralmente construídos no local ou são fabricados previamente (pré-molda-
dos). No entanto, antes de compreender como se constrói um tanque em alvena-
ria é extremamente importante conhecer quais são os componentes da alvenaria 
utilizados na engenharia aquícola.
6.3.2 Tanques pré-moldados
São estruturas pré-moldadas fabricadas de concreto armado, geralmente 
de forma cilíndrica. 
6.3.3 Viveiro
No dicionário, defi ne-se viveiro como sendo o lugar onde se criam e se con-
servam animais vivos. Desta forma, tanques de qualquer natureza, seja de terra ou 
de alvenaria, são viveiros, pois ambos são utilizados para a criação de organismos 
aquáticos. Porém, na aquicultura, usualmente são chamados viveiros apenas os 
construídos de terra, onde são destinados à criação, manutenção ou reprodução 
de organismos aquáticos.
Os viveiros podem ser construídos sobre o solo natural, podem ser total-
mente escavados ou parcialmente escavados, também chamados semi-escava-
dos. Quanto a topografi a, os viveiros podem ser de dois tipos, os de derivação e 
em patamar. 
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Em relação às formas, os viveiros podem ser quadrados, retangulares, cir-
culares, trapezoidais ou irregulares. Vários fatores podem infl uenciar na forma do 
viveiro. As características do local de construção geralmente são fatores funda-
mentais. Quando a topografi a e a forma do local permitem, o ideal é que os vivei-
ros sejam retangulares, pela facilidade de manejo e principalmente pela possibili-
dade de renovação mais efetiva de água. 
Os viveiros são constituídos de várias estruturas (Dique, taludes de mon-
tante e de jusante, Comporta, Caixa de coleta, Abastecimento de viveiros, Canal 
de abastecimento, Drenagem de viveiros. Estas estruturas podem ser internas, ou 
seja, no interior dos viveiros ou externas. Nem todas as estruturas estão presente 
em um viveiro. Para se saber que estruturas possuem ou não em um viveiro, é im-
portante ter o conhecimento de qual organismo será cultivado. 
Viveiros de peixes e camarões possuem algumas particularidades impor-
tantes quanto a realização de um projeto. Um exemplo é a presença de caixa de 
coleta. Viveiros utilizados para cultivo de peixes quase sempre possuem, ao passo 
de que viveiros semi-escavados ou os construídos sobre o solo usados para culti-
vo de camarões não possuem. Nestes, a comportas de drenagem de água serve 
também para a coleta dos camarões. 
Alimento e alimentação
7. Enfermidades e Biossegurança
7.1 Doenças em peixes
Principais doenças causadas em peixes são por parasitas, bactérias e fungos.
Os parasitas, ectoparasitas, que ocorrem em sua superfície externa, ou por 
endoparasitas, que ocorrem em seus órgãos internos, deixam os peixes suscetí-
veis a infecções secundárias.
Os sinais clínicos das enfermidades são similares. No geral peixes doentes 
diminuem a ingestão de alimento, apresentam natação errática, hipersecreção de 
muco, dentre outros.
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7.1.1 Doenças causadas por protozoários 
7.1.1.1 Icthyophthirius multifi lis
Este protozoário infecta as brânquias, também entre as camadas da pele, 
formando pontos brancos causando, popularmente conhecidacomo “ictio”. 
7.1.1.1 Tricodina
Atacam toda superfície do corpo, brânquias, fossas nasais e córneas dos 
peixes. Em condição de excesso de matéria orgânica, associado à superpopulação 
de peixes geralmente ocorre as infestações. 
7.1.1.1 Quilodonelose
Causa descamação e feridas. Pode comprometer a respiração através de 
lesões graves nas brânquias. 
7.1.1.1 Parasitas monogenéticos
As doenças provocadas pelos parasitas monogenéticos estão entre as mais 
importantes para a piscicultura, resultando em elevadas taxas de mortalidade. 
7.1.1.1 Lerneose
Sua ocorrência é mais comum em ambientes quentes e de água parada. O 
parasita mede cerca de um centímetro e pode ser diagnosticado a olho nu ou com 
auxílio de uma lupa de mão.
7.1.1.1 Branquiúrus
Várias espécies do grupo dos branquiúrus parasitam peixes, sendo popu-
larmente conhecidos como “piolhos de peixes”. 
7.1.2 Bactérias em peixes
Bactérias são microrganismos que encontram-se vivendo em equilíbrio 
com os animais, todavia qualquer desequilíbrio, provoca estresse nos peixes, afe-
tando o sistema imunológico e tornando-os muito susceptíveis às enfermidades 
bacterianas.
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A bactéria Flavobacterium columnare atua em elevadas temperaturas e 
grande concentração de minerais em suspensão na coluna d’água (silte e argila) 
devido a enxurradas em período chuvoso, provoca a doença da “coluna”.
As bactérias Aeromonas causadoras da Septicemia são abundantes em 
águas contendo muita matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio dis-
solvido. São responsáveis por elevadas taxas de mortalidade. 
A Estreptococose, ou seja, a infecção por Streptococcus é considerada a do-
ença de maior impacto econômico na tilapicultura mundial. No Brasil, a doença 
apresenta distribuição em todos os polos de produção, principalmente durante os 
meses mais quentes do ano. Atualmente ocorre o processo de vacinação contra 
a Estreptococose quando a tilápia encontra-se em estágio de alevinão, em torno 
de 30g.
7.1.3 Fungos em peixes
7.1.3.1 Saprolegniose
A Saprolegniose é a micose mais comum em peixes de água doce. Apesar 
de seu crescimento ocorrer com frequência em temperaturas mais amenas, entre 
18ºC e 26ºC, pode manifestar-se em qualquer temperatura. A infestação por esse 
fungo está relacionada à manejos inadequados. 
8. ALIMENTO VIVO
A origem do nome plâncton vem do grego plankton que signifi ca errante, 
que vaga, fl utua. A planctologia é o estudo dos organismos que nascem, vivem, 
alimentam-se e reproduzem-se na água livre, sem necessidade de frequentar por 
períodos prolongados o fundo da água, suas margens ou a vegetação, e cuja lo-
comoção não lhes permite independência dos movimentos da água. Atualmente 
já existem muitas informações a respeito de organismos planctônicos ao redor do 
mundo todo e estes estudos possibilitaram fazer a classifi cação do plâncton. O 
plâncton é composto por organismos vegetais (fi toplâncton) e animais (zooplânc-
ton) e pelo bacterioplâncton. 
Conceituar Plactologia é uma etapa importante na formação dos envolvi-
dos com o setor da Pesca e Aquicultura, e por se tratar de um conteúdo amplo, os 
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temas serão abordados de forma que os alunos compreendam principalmente a 
importância do alimento vivo para os organismos aquáticos. Por isso a metodo-
logia de ensino é fundamental para que os alunos do curso tenham um melhor 
entendimento em relação ao estudo do plâncton tanto sob o aspecto quantitati-
vo como qualitativo. As características dos ambientes aquáticos e das diferentes 
espécies de Fitoplâncton e Zooplâncton, bem como, sua importância na consti-
tuição da cadeia trófi ca dos organismos aquáticos de interesse econômico tam-
bém serão discutidas, assim como as técnicas de produção e cultivo do plâncton 
em geral. 
8.1 Importância do plâncton na aquicultura
As zonas de maior riqueza pesqueira do mundo são aquelas onde o plânc-
ton é abundante, porque é parte essencial da dieta de pelo menos uma fase de 
vida de muitos peixes. A considerável ascensão da atividade aquícola no Brasil e 
no mundo faz-se necessário cada vez mais obter larvas e/ou alevinos de qualida-
de para o sucesso das fases posteriores de cultivo. Este êxito está diretamente re-
lacionado ao fornecimento de uma alimentação de qualidade e em quantidades 
sufi cientes às necessidades específi cas de cada espécie. 
Em termos de importância, o plâncton constitui uma unidade básica de 
produção da matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. Na presença de nu-
trientes adequados e sufi cientes, os componentes vegetais do plâncton são ca-
pazes de acumular energia solar em forma de compostos químicos energéticos a 
partir da fotossíntese. 
A composição do plâncton em lagos e em outros corpos de água (rios de 
longo curso, lagoas, poças, etc.) varia em qualidade não somente de uma água 
para outra, mas também dentro de um mesmo corpo de água, durante as esta-
ções do ano, e, frequentemente, de ano para ano. Essas variações são ininterrup-
tas, principalmente as quantitativas. Oscilações diurnas ocorrem e migrações do 
plâncton em sentido vertical são comuns em todos os lagos. Sobre a existência de 
migrações horizontais as opiniões divergem e, contrariamente a que se julga, não 
parece haver muita evidência para tais migrações. 
Os fatores que causam as migrações do plâncton podem ser mecânicos e 
biológicos. Entre os fatores mecânicos está o peso específi co do plâncton em rela-
ção ao da água, a luz e a temperatura. Talvez o fator mecânico mais importante é 
a produção de correntes de convecção causadas por diferenças de densidade, em 
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consequência de diferenças de temperatura. A penetração da luz na água depen-
de de vários fatores, como a profundidade, quantidade e qualidade das partículas 
em suspensão, teor de matéria orgânica, minerais, etc. As melhores condições lu-
minosas são sempre encontradas na camada superfi cial da água. 
A composição química da água também é de grande importância na dis-
tribuição vertical do plâncton, principalmente o teor de oxigênio dissolvido que 
é decisivo em muitos casos. Onde não há oxigênio, todo plâncton desaparece. De 
acordo com algumas observações, abaixo de 10 m de profundidade não existe 
mais oxigênio e o plâncton fi ca limitado às camadas acima dessa profundidade. 
A alimentação interfere em alguns fatores biológicos, importantes na distribuição 
vertical de plâncton. A infl uência da alimentação, ou herbivoria, sobre a distribui-
ção do plâncton é pouco defi nida. 
A escolha de alimento vivo para alimentar os primeiros estágios larvais, em 
detrimento de dietas formuladas, está relacionada com o fato de as últimas ten-
derem a agregar, ao contrário do alimento vivo que está sempre disponível na 
coluna de água. Além disso, as larvas de peixe são consideradas predadores vi-
suais, e estão adaptadas para atacarem presas em movimento como acontece na 
natureza. Assim, a escolha de alimento vivo é importante para as larvas de peixe. 
Nos ecossistemas aquáticos naturais a perpetuação das espécies depen-
de do equilíbrio estabelecido entre os diferentes níveis da cadeia trófi ca. Assim, 
o desenvolvimento e sobrevivência de larvas e juvenis dependem da presença 
de organismos microscópicos que constituem o fi toplâncton e o zooplâncton. Na 
aquicultura, os maiores problemas para o cultivo de animais marinhos a nível co-
mercial são a adequadadisponibilidade e qualidade do alimento, bem como os 
custos de produção deste alimento.
8.2 Métodos de coleta para captura de plânctons.
Qualquer tipo de estudo biológico inicia-se pela coleta de organismos e 
observação em campo, e a metodologia depende do objetivo das pesquisas. Os 
objetivos podem ser vários, tais como classifi cação sistemática, distribuição es-
pacial e sazonal, relação biota/biótopo, produtividade primária e total, migração, 
hábito alimentar, reprodução, constituição populacional e outros.
Tradicionalmente, as amostras de plâncton são coletadas através de redes. 
Existem vários tipos de redes que variam conforme os objetivos do estudo:
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• HENSEN net: para análise quantitativa do fi toplâncton;
• NANSEN net: para análise quantitativa do zooplâncton;
• INTERNATIONAL STANDARD net: para análise quali-quantitativa do zoo e 
fi toplâncton;
• KITAHARA net: para análise quantitativa do fi toplâncton.
Fonte:http://meioambiente.culturamix.com/natureza/zooplancton-caracteristicas-gerais
Para os estudos quantitativos também podem ser empregadas as redes do 
tipo “closing net”, cuja boca pode ser fechada de acordo com a necessidade, ou 
ainda o tipo “fl ow meter”, que mede o volume fi ltrado. De acordo com os tama-
nhos de plâncton, são utilizadas diferentes malhas das:
• nº 20 – 25 (76-64N): microplâncton;
• nº 3 – 5 (333-282N): macroplâncton;
• nº 1 – 000 (417-102N): captura de larvas;
• PVC (sampler): é utilizado para nannoplâncton ou na coleta de plâncton 
total para a avaliação da produtividade primária.
Avanços na efi ciência das coletas surgiram com o desenvolvimento dos sis-
temas de redes múltiplas, BIONESS no Canadá e MOCNESS nos Estados Unidos. As 
redes destes equipamentos abrem e fecham ao longo da coluna d’água, confor-
me desejado. Assim é possível realizar amostragens em diferentes profundidades 
e correlacioná-las com os organismos encontrados. 
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Outros aparatos utilizados para a coleta do plâncton são as garrafas e as 
bombas. Entre as garrafas, a mais conhecida é a de Van Dorn, um recipiente ge-
ralmente cilíndrico que se introduz em posição vertical ou horizontal até a pro-
fundidade onde se deseja retirar a amostra. As bombas utilizadas para a coleta do 
plâncton podem ser acionadas de forma mecânica ou elétrica. 
Qualquer que seja o método de amostragem utilizado é necessário estimar 
seu erro para tratar de minimizá-lo, sem que ele implique um investimento exa-
gerado de tempo e trabalho na análise da amostra. No entanto, nas amostras de 
plâncton geralmente nunca são observadas distribuições comparáveis com uma 
distribuição normal ou ao acaso.
Em meados de 1960, surgiu a primeira geração dos contadores eletrônicos 
de plâncton, baseada nas propriedades de condutividade elétrica das células. E 
no fi nal da década de 80, surgiu a segunda geração de contadores eletrônicos 
de plâncton. Usando luz para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo 
conhecido por OPC (Optical Plankton Counter) realizava medidas instantâneas de 
abundância do zooplâncton ao longo do tempo e profundidade, nas quais as co-
letas eram realizadas. 
Atualmente, no competitivo mundo das pescarias, a pesca vem se tornan-
do cada vez mais uma ciência, onde equipamentos sofi sticados têm um papel 
crucial. Os pescadores de hoje utilizam ecossondas, radares e GPS para baratear 
seus custos e otimizar as capturas e estes equipamentos também são utilizados 
no estudo do plâncton. 
Recentemente, para a análise do plâncton tem-se utilizado as fotografi as 
tiradas pelo satélite LAND-SAT na detecção da área e direção do deslocamento de 
marés vermelhas ou áreas de poluição, por exemplo. No entanto, as informações 
do LAND-SAT são limitadas extremamente à superfície da água. 
Em estudos, após as coletas de plâncton, é necessário a utilização de algu-
ma técnica de preservação e conservação. Para o Fitoplâncton pode-se utilizar so-
lução de Lugol ou solução de Transeau e para o Zooplâncton pode-se utilizar For-
malina, Formalina neutralizada com bórax, Formalina neutralizada com hexamina.
8.3 Avaliação da biomassa planctônica 
A avaliação da biomassa coletada, ou análise quantitativa do plâncton tem 
sido uma das principais difi culdades no estudo desta comunidade. Os mais em-
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pregados são a contagem de organismos, fi ltração, contagem eletrônica, fl uores-
cência, Câmara de Sedgwick-Rafter, sedimentação em câmaras, volume de orga-
nismos (bio-volume), composição química, peso seco e teor de matéria orgânica, 
pigmentos e adenosina trifosfato (ATP). 
Dentre essas técnicas para o estudo, a mais comum para o fi toplâncton é 
com a utilização de microscópio e para o zooplâncton verdadeiro a observação é 
realizada com lupa. Para os dois tipos de aparelhos, a iluminação artifi cial deve ser 
feita com lâmpadas que emitem luz natural e com um fi ltro azul.
8.4 Fitoplâncton
As microalgas que constituem o fi toplâncton fazem parte da base da cadeia 
trófi ca em ambientes aquáticos e, através do processo de fotossíntese, constituem 
a principal fonte de oxigênio dissolvido na água. Além de sua importância ecoló-
gica no ecossistema aquático, o fi toplâncton é também uma excelente fonte de 
biomoléculas e sua utilização pode variar de acordo com a fi nalidade, tais como o 
uso na dieta de organismos aquáticos cultivados, tratamento de efl uentes indus-
triais e domésticos, produção de fármacos, cosméticos e até mesmo biocombus-
tíveis.
Na presença de nutrientes adequados e sufi cientes (principalmente nitro-
gênio e fósforo) o fi toplâncton é capaz de acumular a radiação solar por meio da 
fotossíntese, pela qual sintetiza a matéria orgânica. Com excesso de nutrientes, o 
fi toplâncton se desenvolve rapidamente, até atingir uma biomassa crítica, entran-
do em senescência e morte parcial ou total (morte súbita ou die-off s). 
O fi toplâncton é o grupo de algas mais estudado e amplamente distribu-
ído. Os organismos fi toplanctônicos são encontrados em praticamente todas as 
coleções de água, onde vivem fl utuando livremente. No entanto, ocorrem em 
maior diversidade no ambiente lacustre do que no meio marinho. As algas fi to-
planctônicas são na maioria unicelulares, no entanto também são encontradas 
muitas formas coloniais e fi lamentosas, especialmente em água doce. 
Em águas interiores podem ser encontrados representantes de praticamen-
te todos os grupos de algas. Os principais grupos com representantes no plâncton 
de água doce são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyr-
rophyta. A predominância de um ou outro grupo em determinado ecossistema é 
função, principalmente, das características predominantes do meio.
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APOSTILA DO CURSO 
CRIADOR DE PEIXE EM VIVEIRO ESCAVADO
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As adaptações do fi toplâncton à fl utuação possibilitaram a estes organis-
mos superar as desvantagens de sua alta densidade, como por exemplo, a bai-
nha mucilaginosa, densidade, formação de gotículas de óleo, aumento da super-
fície de contato, formação de vacúolos gasosos e regulação iônica. A tendência a 
afundar e as adaptações para fl utuar fazem que haja um deslocamento na coluna 
d’água o que melhora a captação de nutrientes, evita a ação de predadores e a 
ação nociva da

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