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A GUERRA PELO TRONO DE FERRO E O REALISMO

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A GUERRA PELO TRONO DE FERRO E O REALISMO
Illana Christyna Siqueira Coêlho – 6724357
Profº Gustavo Carlos Macedo
Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU
Relações Internacionais – Atividade Prática Supervisionada
RESUMO
O objetivo desse trabalho é apresentar e conectar as relações políticas e humanas presentes na série de TV Game Of Thrones, fazendo um paralelo com a Teoria Realista das Relações Internacionais. Utiliza como metodologia de a pesquisa bibliográfica. Apresenta o pensamento de pensadores realistas, a fim de fundamentar as afirmações. Conclui com uma breve síntese do trabalho e uma reflexão sobre as relações se repetirem no mundo fictício e no mundo real.
Palavras-chave: Game of Thrones. Relações políticas. Teoria Realista. Relações Internacionais.
DESENVOLVIMENTO
As Teorias das Relações Internacionais existem como forma de explicar determinados comportamentos dos Estados, e as formas as quais eles utilizam para a obtenção de seus objetivos. A teoria em questão a ser tratada é a Teoria Realista, tendo como alguns de seus principais teóricos Hans Morgenthau, Nicolau Maquiavel, e Thomas Hobbes. Como forma de aplicar e comparar essa corrente teórica à cultura pop, será utilizada a série Game of Thrones como objeto de estudo, para observar os comportamentos e meios de fazer política de seus personagens.
O Realismo tem como um de seus pressupostos básicos o foco na questão do poder: sua conquista, manutenção e expansão. E dentro do universo criado por George R. R. Martin, a maior forma de demonstração de poder sempre foi o Trono de Ferro, e claro, também foi o objetivo de muitos personagens a posse do mesmo, e com isso, governar os Sete Reinos também. Acredita-se que o objetivo final dos Estados - e neste caso, dos personagens também - é puramente a maximização de seu poder, e para isso, serão utilizados quaisquer meios necessários para a sua obtenção. Nesse sentido, o filósofo Hans Morgenthau define que os homens nasceram para buscar poder e usufruir de seus frutos. E durante essa busca de poder, almejam não somente uma vantagem relativa, mas principalmente um espaço político que lhes confira segurança e liberdade em relação ao comando político de terceiros.
Ao decorrer da série, surge então, a notícia de uma possível herdeira do Trono em Essos, isso ameaça a soberania do Rei Dos Sete Reinos que, em contrapartida, promete matá-la. Com isso, faz se necessária a conexão com o pensamento do filósofo Nicolau Maquiavel, que define a Razão de Estado, na qual o governante pode agir contra preceitos morais (visto que moral e política pertencem a sistemas éticos diferentes), passando por cima de sua ética, para garantir a preservação e a segurança do Estado.
O reino de Westeros é dividido entre cinco Grandes Casas – Stark, Lannister, Baratheon, Tyrell e Martell -, que apesar de terem autonomia dentro de seu próprio território, continuam sendo subordinadas ao poder do rei dos Sete Reinos. Após um drástico evento, os Lordes Soberanos começam a competir entre si para ver quem seria o legítimo rei de Westeros. E, desse modo, apesar de em geral as Grandes Casas manterem relações harmoniosas entre si, sempre houve uma desconfiança mútua, que instiga a necessidade de preservar a segurança e a sobrevivência de cada um - que implica no Dilema da Segurança -, e isso gera uma postura agressiva um contra o outro como forma de manter o seu status quo. 
No universo de Game of Thrones, as relações são baseadas na Auto-ajuda, com foco individual em sua própria sobrevivência, e impossibilidade de confiança e, portanto, cooperação com os demais. Também se faz possível uma analogia à Thomas Hobbes, que afirma que, no Estado de Natureza, o homem é o lobo do homem. Evidenciando mais uma vez que as relações são conflituosas, de todos contra todos. Para que se contorne essa situação, se faz necessária a intervenção de um poder soberano, que atue a favor dos interesses de todos e assim se tenha ordem, e que o conflito deixe de ser iminente. E esse poder soberano deve ser organizado e equipado para a guerra, como forma de garantir que proverá a paz nacional para seus cidadãos, ou, no caso de GoT, seus súditos.
Game of Thrones, assim como o Sistema Internacional, tem como elemento central a questão do poder, e como isso influencia as relações humanas, de modo a sempre penderem para o conflito, que está sempre presente na série. Como o clima geral é sempre de insegurança e desconfiança uns com os outros, os comportamentos são sempre baseados no egoísmo e na agressividade, visando único e exclusivamente garantir sua sobrevivência e obter seus próprios interesses, mesmo que os mesmos passem por cima de questões éticas e morais. Desse modo, o paralelo entre a ficção e a realidade se faz muito claro e interessante: mesmo em tempos medievais, como na série, os humanos se comportam apenas baseados na sua sede de poder e egoísmo, elementos que geram conflitos até os dias de hoje.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir a análise desse trabalho, é notório como as relações humanas e políticas são semelhantes entre si, e o quanto elas seguem a lógica do Realismo: desconfiança e egoísmo são pontos chaves. Ademais, o poder é uma questão que move as pessoas, e Estados, e as consequências de sua ambição podem ser desastrosos. Mediante exposto, o que ocorre na série também é um comportamento que pode ser notado nas relações entre os atores no Sistema Internacional. 
Referências Bibliográficas
JACKSON, Robert; SORENSEN, Georg. Introdução às Relações Internacionais. São Paulo: Zahar Editores, 2013, 2ª edição. Capítulo 3.
MORGENTHAU, Hans. A política entre as nações. Brasília: Editora UNB, 2001. Capítulo 4.

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