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Choque Hemodinâmico Referência Bibliográfica: Robbins, Bases patológicas das doenças. Cap 4: Distúrbios hemodinâmicos, doença tromboembólica e Choque. Choque Enorme desequilíbrio da máquina da vida. Samuel Gross, 1872 Antigamente: Perceberam ao fazer necrópsia que algumas pessoas possuíam alterações geral de todos os órgãos. Definição Choque é o distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico caracterizado pela incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em nível suficiente para garantir a perfusão sanguínea ao organismo, o que resulta em hipóxia generalizada. A característica principal do choque é a hipoperfusão tecidual, e não um nível específico de pressão sanguínea arterial sistêmica. O quadro clínico pode ser crítico ou óbvio. →Sempre agudo e sistêmico. →Se o paciente não for atendido rapidamente vai a óbito. →Reflete no sistema circulatório, não conseguindo manter a perfusão dos órgãos. Diferentes Tipos de Choque →Importante para saber como tratar. Choque cardiogênico Choque hipovolêmico Choque distributivo: choque anafilático, choque séptico e neurogênico Choque obstrutivo Epidemiologia Mais de 1,2 milhão de pacientes apresentam-se em choque ou desenvolvem o choque em hospitais americanos a cada ano, com um custo anual ao país de mais de US$ 100 bilhões. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6323 133/ Manifestações Clínicas • A apresentação clínica do choque é variável e depende da causa inicial e da resposta de múltiplos órgãos. • O choque normalmente se apresenta como hipotensão arterial sistêmica absoluta ou relativa. • Mesmo um único episódio hipotensor na admissão hospitalar está associado a mortalidade intra- hospitalar aumentada. • As extremidades são frias e pálidas se o choque é associado à vasoconstrição periférica, que é típico de choques hipovolêmicos, cardiogênicos e obstrutivos, • Tipicamente quentes e rosadas à vasodilatação periférica de choque distributivo. • Pele sarapintada é um achado físico que se correlaciona com comprometimento hemodinâmico, falência de órgão e mortalidade. →Depende da origem/causa →Vasoconstrição https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6323133/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6323133/ →Palidez →Sistema nervoso simpático age para ajudar nessa vasoconstrição: paciente com suor frio. 1.Choque hipovolêmico É causado por redução aguda e intensa do volume circulante, por perda de líquidos para o meio externo, devido a: (a) hemorragia grave, vômitos e diarreia; (b) perda cutânea (p. ex., queimaduras); (c) passagem rápida de líquido do meio intravascular para a MEC (como na dengue, devido à perda de fluidos na microcirculação); (d) causas menos frequentes, como retenção de grande quantidade de líquido na luz intestinal devido a íleo paralítico →Perda intensa de volume, de líquido. →Redução aguda, brusca →Causas principais: hemorragias, vômito e diarreia, edema. Edema: anasarca (que perde muito volume) Ex: Problemas renais, hipoalbuminemia. Resumo: O choque hipovolêmico é caracterizado pela perda de líquido. Com isso, o volume circulante diminui. Automaticamente, o retorno venoso está reduzido. Com isso, a pré carga diminui. Diminui também o débito cardíaco. O sangue manda menos sangue para os tecidos periféricos Em um primeiro momento: Diminuição da PA. A perfusão dos tecidos está diminuída. Diagnóstico: O paciente está em estado de choque. Em paralelo: Compensação. A partir do momento que a pressão cai, o corpo tenta compensar. Nos vasos: barorreceptores, que são sensíveis a perda do tônus nos vasos, artérias. Ativa o sistema nervoso simpático Como consequência: Centros autonômicos. Ativam o sistema nervoso autonômico. Resposta simpática Vasoconstrição O paciente apresenta como sintomas: palidez, frio, taquicardia, e alta frequência respiratória. Essa diminuição progressiva da PA, faz com que o rim secrete renina: Sistema Renina Angiotensina Aldosterona Aldosterona: Retenção de sódio, consequentemente, água. Também secreção de ADH/Vasopressina, que também estimula esse processo de retenção de líquido, consequentemente, água. Não precisa mais reter líquido, volta a urinar normalmente, o paciente agora sai do estado de choque. Fase de descompensação: Hipóxia sistêmica Antes: produção de ácido lático OBS: Se você mede o lactato do paciente e de dia está um valor, de noite outra maior, ele está descompensado. ADP Essas moléculas são: vasodilatadoras. Aumenta a perfusão. Causam acidose metabólica Inflamação e cascata de coagulação. 1.Choque hipovolêmico - Sinais e sintomas • Taquicardia • Alteração do nível de consciência • Taquipneia • Pele fria • Hipotensão • Pulsos filiformes • Débito urinário diminuído • Palidez e Cianose 2.Choque cardiogênico Surge por insuficiência cardíaca aguda, especialmente do ventrículo esquerdo; Perda da massa miocárdica de pelo menos 40% e redução da capacidade de ejeção ventricular acima de 80%. As principais causas: Infarto agudo do miocárdio e miocardites agudas; Rupturas (menos frequentemente): valvas cardíacas (p. ex., endocardite infecciosa) e de músculo papilar 2.Choque cardiogênico - sinais e sintomas • Baixo débito cardíaco • Congestão pulmonar • Sudorese fria • Confusão mental • Oligúria • Taquicardia • Taquisfigmia filiforme • Hipotensão arterial com aproximação dos níveis sistólicos e diastólicos 3.Choque distributivo: choque anafilático, choque séptico e neurogênico • Deve-se a vasodilatação arteriolar periférica que resulta em queda da resistência periférica; • Inundação de capilares e redução drástica do retorno venoso. 3.Choque distributivo – Anafilático • Liberação rápida de histamina que provoca vasodilatação arteriolar, queda rápida da pressão arterial, inundação do leito capilar e diminuição do retorno venoso; • Reação de hipersensibilidade mediada por IgE; →Células com receptores de IgE: Mastócitos. →Hiperemia ativa →Menor retorno venoso, devido a congestões: Hiperemia passiva 3.Choque distributivo – Séptico • Faz parte da evolução da síndrome da resposta inflamatória sistêmica de qualquer natureza, • infecciosa ou não; • liberação sistêmica de mediadores inflamatórios; • Vasodilatação arteriolar (que reduz a resistência periférica) e inundação do leito capilar; • As citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF, IL-6) têm efeito depressor sobre o miocárdio; • O choque séptico é considerado por alguns como choque misto; Inflamação: Ativação de neutrófilos Resposta inflamatória ativa as células endoteliais Aumento de proteínas pró coagulantes. E diminuição das anti coagulantes Amento da cascata de coagulação Formação de trombos →Resposta inflamatória sistêmica, exacerbada (PAMPs e DAMPs). →Moléculas inflamatórias: Citocinas Vasodilatação Estado de choque Febre Contratilidade Cardíaca reduzida Risco de falência múltipla dos órgãos 3.Choque distributivo – Séptico •Processo infeccioso •Febre •Taquicardia •Taquipneia •Leucocitose •Hipotensão arterial •Edema •Oligúria •Redução das plaquetas sanguíneas •Apneia •Perda da consciência ou confusão mental 4.Choque obstrutivo • Restrição no enchimento das câmaras cardíacas esquerdas de instalação súbita. • As principais causas são emboliapulmonar maciça (bloqueio do fluxo sanguíneo nas artérias pulmonares) e hidro ou hemopericárdio agudos (levam a restrição diastólica por preenchimento do espaço pericárdico por líquido de edema ou por sangue). Fases do Choque O choque é um distúrbio progressivo que, se não corrigido, leva à morte. Três fases genéricas: • Uma fase não progressiva (fase hiperdinâmica) inicial durante a qual os mecanismos compensatórios reflexos são ativados e a perfusão de órgãos vitais é mantida. No choque distributivo, essa fase de compensação é chamada fase “quente”, já que existe vasodilatação periférica. • Uma fase progressiva (Fase de descompensação), caracterizada por hipoperfusão tecidual e início do agravamento do desequilíbrio circulatório e metabólico, incluindo a acidose lática. • Uma fase irreversível (fase final ou hipodinâmica) que se estabelece após o organismo ter sofrido lesão celular e tecidual tão intensas que, mesmo se os defeitos hemodinâmicos fossem corrigidos, a sobrevivência não seria possível. Fase não progressiva (fase hiperdinâmica) • A hipotensão arterial induz modificações circulatórias • Tal mudança hemodinâmica faz-se por aumento da atividade simpática; • Aumento de frequência cardíaca (taquicardia) e pele úmida pela sudorese. • A oligúria (insuficiência pré-renal por redução da taxa de filtração glomerular) resulta de menor perfusão renal pela hipotensão arterial. • Renina-angiotensina-aldosterona. • Resposta vasoconstritora das arteríolas e induz acúmulo de água porque estimula • Liberação do hormônio antidiurético. Fase progressiva (Fase de descompensação) • Redução da função miocárdica e à acidose metabólica • Aumento da glicólise anaeróbia, acidose lática • A acidose deprime o miocárdio, • Abertura dos esfíncteres pré-capilares; • No choque séptico, essa fase torna-se ainda mais grave, por causa das vasodilatação • O quadro hemodinâmico agrava-se também porque citocinas pró-inflamatórias, como IL-1 e TNF-α, são depressoras do miocárdio. Fase irreversível (fase final ou hipodinâmica) • Vasodilatação progressiva • Sequestro de sangue na microcirculação (vênulas e capilares) • Pele passa a ter aspecto cianótico e é fria • Lesão endotelial progressiva, especialmente por hipóxia ou hiperativação endotelial se o choque é séptico, aumenta o risco de trombose por exposição de fatores teciduais da coagulação e/ou por redução na atividade anticoagulante do endotélio. • Pode ocorrer coagulação intravascular disseminada (CID) • Com a manutenção da hipoperfusão, ocorrem hipóxia e, consequentemente, lesões degenerativas e necrose em diversos órgãos. • Sinais de insuficiência funcional vão se acumulando, e surge o que se denomina falência de múltiplos órgãos (FMO), fase final do processo. • Os territórios de menor perfusão, notadamente naqueles mais afastados do coração, é frequente necrose isquêmica. Alterações microscópicas – rim Nos rins, além de necrose tubular aguda pode haver necrose cortical subcapsular. Alterações macroscópicas – coração No coração, aparecem infartos subendocárdicos em faixa, circunferenciais. Alterações macroscópicas – SNC No sistema nervoso central, ocorre necrose em faixa. Edema encefálico e infartos cerebrais simétricos. Alterações microscópicas – fígado No fígado, encontra-se necrose centrolobular; no pâncreas, aparece necrose acinar. Alterações microscópicas – pulmão Agressão ao epitélio alveolar por radicais livres e enzimas liberados por leucócitos intravasculares e pelo exsudato no interstício alveolar, formando membranas hialinas. Aumento da permeabilidade capilar, com edema alveolar. Hialinose: Acúmulo de proteína extracelular. →Acontece no pulmão do paciente. →Dano alveolar difuso: Síndrome da angústia respiratória. Tais alterações são seguidas de reparo por síntese de MEC nos septos alveolares e parede dos bronquíolos, levando a fibrose progressiva do parênquima pulmonar. Os espaços aéreos (alvéolos) reduzem-se pelo aumento da MEC, que pode até comprometer os bronquíolos respiratórios e provocar sua obstrução. O epitélio alveolar adquire forma cuboide, desaparecendo os pneumócitos típicos. Esse é o quadro do chamado dano alveolar difuso (DAD), que é o substrato anatômico dos pulmões em pacientes que desenvolvem a chamada síndrome de angústia (desconforto) respiratória aguda. A infusão de líquidos e de outras soluções coloidais na tentativa de manter a perfusão tecidual pode causar, em um indivíduo com aumento da permeabilidade vascular, quadros de anasarca às vezes desfigurantes. Alterações microscópicas No baço, surge necrose subcapsular; No trato digestivo, formam-se úlceras na mucosa, especialmente na borda antimesentérica; Conceitos-chave Choque • Choque é definido como um estado de hipoperfusão tecidual sistêmica devido à redução do débito cardíaco e/ou à redução do volume sanguíneo circulante eficaz. • Os tipos de choque mais importantes são: o cardiogênico (p. ex., infarto do miocárdio), o hipovolêmico (p. ex., perda sanguínea), e choques associados com respostas inflamatórias sistêmicas (p. ex., em infecções graves); as lesões cerebrais ou medulares agudas e as reações de hipersensibilidade graves também podem causar choques neurogênico e anafilático, respectivamente. • O choque de qualquer tipo pode levar a lesão tecidual hipóxica, se não for tratado. • O choque séptico é causado pela resposta do hospedeiro às infecções bacterianas, virais ou fúngicas, e é uma condição inflamatória sistêmica caracterizada pela ativação da célula endotelial, edema tecidual, coagulação intravascular disseminada e desarranjos metabólicos que geralmente levam à falência dos órgãos e morte.
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