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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE INSTITUTO DE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EXTENSÃO DE NAMPULA LIBERDADE E RESPONSABILIDADE JOANITA DE FÁTIMA BOAVENTURA (708208484) Nampula, Maio de 2021 1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EXTENSÃO DE NAMPULA LIBERDADE E RESPONSABILIDADE JOANITA DE FÁTIMA BOAVENTURA (708208484) Curso: Licenciatura em Ensino de Português Disciplina: Teologia Católica Docente: MA. Sitoe Raimundo João Ano de frequência: 2° ano (Turma D-2º Grupo) Nampula, Maio de 2021 2 Índice 1. Introdução ................................................................................................................................ 3 2. Liberdade e Responsabilidade ................................................................................................. 4 2.1. Liberdade ............................................................................................................................. 4 2.1.1. Tipos ou formas de Liberdade .......................................................................................... 4 2.2. Responsabilidade ................................................................................................................. 5 2.4. Imputabilidade ..................................................................................................................... 6 2.4.1. Condições da Imputabilidade ........................................................................................... 6 2.5. Conclusão ............................................................................................................................. 8 2.6. Referências bibliográficas .................................................................................................... 9 3 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho da cadeira de Teologia católica tem como tema a Liberdade e a Responsabilidade. Os conceitos de liberdade e responsabilidade estão intimamente relacionados. Vamos primeiro por definir a liberdade em que A liberdade é um direito de que todos nós devíamos usufruir, mas com a liberdade vem a responsabilidade, pois tudo o que fazemos “livremente” tem as suas consequências. Não podemos pensar apenas em nós, pois todas as nossas acções vão influenciar os outros, mesmo que essa não fosse a nossa principal intenção, pois todos nós vivemos na mesma sociedade. A liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Responsabilidade é o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do comportamento de outras pessoas. É uma obrigação jurídica concluída a partir do desrespeito de algum direito, no decurso de uma acção contrária ao ordenamento jurídico. Também pode ser a competência para se comportar de maneira sensata ou responsável. Responsabilidade não é somente obrigação, mas também a qualidade de responder por seus actos individual e socialmente. 4 2. LIBERDADE E RESPONSABILIDADE 2.1. Liberdade O conceito de liberdade, na filosofia, designa de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. A liberdade é um princípio constituinte para que o ser humano possa ser julgado acerca de sua responsabilidade em seus actos. A liberdade qualifica os actos humanos. Para Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) disse que “a liberdade é a capacidade de decidir-se a si mesmo para um determinado agir ou sua omissão”. Assim, liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se como decisão e ato voluntário. Para Aristóteles, é livre e voluntária a acção que não sofre coações. Sócrates (469-399 a.C.) acreditava que o homem livre é aquele que consegue dominar seus sentimentos, seus pensamentos, a si próprio. É dele a célebre frase: “Conhece-te a ti mesmo”. 2.1.1. Tipos ou formas de Liberdade a) Liberdade Física: possibilidade de dar livre o curso da actividade corporal; b) Liberdade Biológica: possibilidade de se poder comer o que quiser; c) Liberdade psicológica: capacidade de escolher entre várias alternativas; d) Liberdade Sociológica: liberdade concebida ao indivíduo pela sociedade em este inserido; e) Liberdade Religiosa: possibilidade de escolher entre varias religiões; f) Liberdade de expressão: Por meio de actos ou palavras, o ser humano pode expressar seus pensamentos. g) Liberdade de opinião: Certo que o ser humano tem que discordar ou discutir os pontos de vista que professa, com quem tem uma postura diferente. Implica que cada indivíduo seja prudente na forma como apresenta as suas opiniões, tendo em conta que, onde termina a sua liberdade, começa a do outro. 5 h) Liberdade de associação: Por meio deste direito à liberdade de associação, nenhum indivíduo pode ser forçado a permanecer em uma organização ou instituição à qual não deseja mais pertencer. i) Liberdade de crença: Direito que dá a cada ser humano a possibilidade de escolher uma religião ou nenhuma, sem que isso implique pressão ou vinculação de qualquer espécie. j) Liberdade de escolha: A capacidade de cada ser humano de tomar as suas próprias decisões e de decidir o que faz parte da sua vida privada e pública. Esse direito tem que ser valorizado sem ser punido. k) Liberdade de movimento: Todos os seres humanos podem circular desde que obedeçam a determinadas normas em vigor ditadas pelas autoridades de alguns territórios, que exigem documentos e vistos para entrar ou sair dos seus territórios. l) Liberdade académica. Também se refere ao direito de poder realizar investigações e, em seguida, mostrar abertamente os resultados das mesmas, sem estar sujeito a qualquer tipo de limitação ou censura. 2.2. Responsabilidade A palavra responsabilidade, em seu sentido original, deriva do verbo latino respondere, responder. Quando falamos que alguém é responsável ou tem responsabilidade sobre alguma coisa, significa que essa pessoa tem condições de pensar sobre seus actos. A Responsabilidade é a capacidade que os seres humanos têm de responder pelos seus actos. Os seres humanos são só considerados capazes de agir responsavelmente uma vez que são dotados de liberdade . A responsabilidade implica, que o ser humano pode e deve responder pelos seus actos, que, por radicarem na sua liberdade, lhe são imputáveis. Ela é a característica do homem adulto e consciente. 2.3.Relação entre a liberdade e a responsabilidade Para se compreender a relação entre a liberdade e a responsabilidade é necessário, primeiro que tudo, conhecer o que significam estes conceitos e a sua integração no contexto filosófico. A palavra liberdade tem uma origem latina (libertas) e significa independência. Etimologicamente, a palavra responsabilidade também vem do latim (respondere) e significa ser capaz de comprometer-se. 6 A relação que existe entre liberdade e responsabilidade é uma relação de complementaridade, em que estão ligados entre si. Sendo assim, pode-se questionar sobre os actos humanos, acerca de sua moralidade e sobre a responsabilidade do homem por seus actos. A liberdade e a responsabilidade estão tão ligadas na medida em que só somos realmente livres de formos responsáveis, e só podemos ser responsáveisse formos livres. A responsabilidade implica uma escolha e decisão racional, o que vai de encontro à própria definição de liberdade. Leclerq afirma que: “[...] os actos só têm carácter moral na medida em que nele intervém a liberdade; e seu carácter moral diminui na proporção que diminui a intervenção do livre- arbítrio”. Logo, a moralidade dos actos consiste em fazer o uso da liberdade. Quando a liberdade é privada, não há responsabilidade moral. Portanto, o homem é responsável pelos actos que pratica com liberdade. Assim o conhecimento e a liberdade é que permitem legitimar a responsabilidade moral, caso contrário, se há falta de liberdade e conhecimento, o indivíduo não possui responsabilidade moral. Pois, quem não possui consciência para agir, não pode ser responsável pelos seus actos. É fundamental para que o indivíduo seja responsável por seus actos que ele não sofra nenhuma coação externa, isto é, que a acção praticada provenha de dentro da própria pessoa e não de fora. 2.4.Imputabilidade 2.4.1. Condições da Imputabilidade A imputabilidade é dever de responder pelos seus actos. Concorrem para a imputabilidade as seguintes condições: a) Liberdade de acção b) Consciência do acto cometido c) Conhecimento crítico dos seus actos. 7 2.4.2. Factores que afectam a imputabilidade a) A falta de conhecimento crítico por: Ignorância, sobretudo a invencível. A ignorância vencível não exclui a imputabilidade mas pode diminuir o seu grau; Erro, que consiste no conhecimento falso ou defeituoso que leva à uma avaliação equivocada ou errada da moralidade de uma determinada acção. Distracção que é uma falta, momentânea, de conhecimento, de percepção ou de consciência. A não imputabilidade de uma acção depende do grau de distracção que acompanha essa acção. b) Factores que impedem o consentimento pleno da vontade: As Paixões enquanto reacções instintivas, internas produzidas pelo bem ou pelo mal percebidos intuitivamente. Embora sejam factores necessários de integração da pessoa humana elas diminuem a imputabilidade porque impedem o funcionamento normal da razão e também a sua atenção; algumas paixões constituem um forte incentivo para acção e até podem diminuir ou destruir a vontade; O Medo entendido como repressão da vontade por causa de um perigo iminente ou previsto, o qual pode ser grave ou ligeiro. Em geral o medo não elimina a imputabilidade, mas a diminui. Só não existe imputabilidade quando o medo endurece pois para lisa completamente a vontade; Violência que é a força compulsiva física ou psíquica extrínseca à vontade. Alguns hábitos, disposições inatas, e motivações inconscientes. As disposições são inclinações de uma pessoa sobre uma determinada coisa, dependendo da história da pessoa (infância) e a situação hereditária. Por seu turno, o hábito é a segunda etapa em que há a repetição de uma acção, de maneira que ela fica estabelecida; se o hábito for positivo leva à virtude, e se for mau ao vício, que deve ser combatido. 8 2.5. Conclusão Ao concluir este trabalho sobre a liberdade e a responsabilidade, devemos recordar que, o homem é livre na medida em que pode escolher fazer ou não alguma coisa sem ser coagido por força exterior. Filosoficamente, a liberdade, e mais concretamente a liberdade moral, diz respeito a uma capacidade humana para escolher ou decidir racionalmente quais os actos a praticar e praticá-los sem coacções extremas. É de carácter racional, pois os homens devem pensar nas causas e consequências dos seus actos e na sua forma e conteúdo. Esta liberdade não é absoluta, é condicionada e situada. Condicionada porque intervêm no seu exercício múltiplo condicionante (físicas, psicológicas…). Situada porque se realiza dentro da circunstância, mundo, sociedade em que vivemos. Todas as nossas acções são fruto das circunstâncias e das nossas próprias características. É também uma liberdade solidária, porque cada um de nós só é livre com os outros, visto que não vivemos sozinhos no mundo. E a responsabilidade é reconhecermo-nos nos nossos actos, compreender que são eles que nos constroem e moldam como pessoas. A responsabilidade implica que sejamos responsáveis antes do acto (ao escolhermos e decidirmos racionalmente, conhecendo os motivos da nossa acção e ao tentar prever as consequências desta), durante o acto (na forma como actuamos) e depois do acto (no assumir das consequências que advêm dos actos praticados). Para que uma pessoa seja responsável por suas acções, é essencial que ela tenha liberdade de acção, sem outras limitações além de sua própria consciência e valores morais. Portanto, considera-se que os doentes mentais, crianças e animais não são responsáveis por suas acções, porque não estão plenamente conscientes ou carecem do uso da razão. 9 2.6. Referências bibliográficas Aristóteles. (1987). Ética a Nicômaco. (L. Vallandro e G. Bornheim, trads. da versão inglesa de W. D. Ross). São Paulo: Nova Cultural. Ferraz, M. (2009). Liberdade e vontade em Locke. Filosofia Unisinos, 10(3), 291- 301. Schopenhauer, A. (2001). Sobre o fundamento da moral (M. L. M. O. Cacciola, trad.). São Paulo: Martins Fontes KANT, Immanuel (2003). Crítica da razão prática. Tradução de Valerio Rohden. São Paulo: Martins Fontes, MARX, Karl (2010). Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Rubens Enderle e Leonardo de Deus. 2.ed revista. São Paulo: Boitempo, Manual de Teologia Católica – Universidade Católica de Moçambique (UCM). LESSA, Pedro (2000). Estudos de Filosofia do Direito. Campinas: Bookseller. ROSENFIELD (1983). Política e Liberdade em Hegel. São Paulo: Editora Brasiliense.
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