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Economia Empresarial

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
MBA EM GESTAO EMPRESARIAL 
 
Resenha Crítica de A armadilha da liberalização: Por que 
a América Latina parou nos anos 1980, 
enquanto o Leste da Ásia continuou a crescer? 
 
Nome do aluno (a): THAIS MAIA SILVA 
 
 
Trabalho da disciplina: ECONOMIA EMPRESARIAL 
 Tutor: Prof. RONALD CASTRO PASCHOAL 
 
 
 Local: RIO DE JANEIRO 
Ano 
2021 
 
 
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The liberalization trap: Why did Latin America fall behind 
in the 1980s while East Asia continue to grow? 
 
Referência: 
Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2008). “The Dutch Disease and its neutralization: 
A Ricardian approach”. Revista de Economia Política 28(1):47-71. Doi: 
l0.1590/S0l0l-31572008000100003. Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2016). 
“Reflecting on New Developmentalism and Classical Developmentalism”. 
Review of Keynesian Economics 4(3):331-52. doi: l0.4337/roke.2016.03.07. 
Bresser-Pereira, Luiz Carlos, José Luis Oreiro, e Nelson Marconi. (2016). 
Macroeconomia Desenvolvimentista. Rio de Janeiro: Elsevier. Eichengreen, 
Barry, Donghyun Park e Kwanho Shin. (2012). “When fast growing economies 
slow down: international evidence and implications for China”. Asian 
Economic Papers 11(1):42-87. Felipe, Jesus, Abdon Amelyn e Utsav Kumar. 
(2012). “Tracking the middle income trap: what is it, who is in it, and why?”. 
Working Paper no. 715, Levy Economics Institute, Abril. 
http://www.levyinstitute.org/pubs/wp_715.pdf. Spence, Michael. (2011). The 
Next Convergence. The Future of Economic Growth in a Multispeed 
World.Nova York: Farrar, Straus, and Giroux 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Na década de 80, a produção industrial no Brasil era maior do que a da 
Tailândia, Malásia, Coreia do Sul, Índia e China juntas. Trinta anos depois, 
representava apenas 10% do total produzido por esses países aconteceu, em menor 
grau, com outros países da América Latina. Se antes despontavam em relação aos 
asiáticos, hoje, perderam o diferencial competitivo e tentam correr, em vão, atrás do 
tempo perdido. 
Mas por que a América Latina ficou para trás? Quais aspectos, culturais, políticos, 
históricos, econômicos, administrativos, resultaram em tamanho desequilíbrio? 
A economia oscila entre períodos de rápido crescimento e queda vertiginosa. 
Isso não significa, contudo, que os países latino-americanos não têm capacidade de 
crescer. Pelo contrário. Argentina, Chile e Peru, na década de 90; o Brasil e o 
México, na década de 60 e 70, só para ficar em alguns exemplos, registraram taxas 
de crescimento semelhantes às verificadas atualmente na Ásia. 
A principal diferença é que o crescimento latino-americano não foi sustentado. 
Na minha opinião, há três razões para isso. 
A primeira diz respeito à taxa de investimento privado, que é de 30% do PIB na Ásia, 
na América Latina, é de 15%. Como resultado, o investimento por trabalhador 
ocupado na economia brasileira é hoje menor do que na década de 80, enquanto 
Índia e China apresentam taxas 8 e 12 vezes maiores, respectivamente. 
Isso deu tempo aos agentes econômicos de se adaptar às mudanças. 
Na América Latina, a reforma foi adotada como uma religião. Tudo foi feito da noite 
para o dia. Em dois ou três anos, todas as reformas foram implementadas. O 
resultado foi uma enorme confusão. 
Enquanto a Ásia adotou o pragmatismo, a América Latina enveredou-se pelo 
fundamentalismo. Esse atraso se deve muito mais a aspectos históricos e culturais 
do que propriamente econômicos. 
Existem, hoje, dois tipos de capitalismo. O anglo-ibérico, que aplicou todas as 
reformas religiosamente, e o asiático, que, com uma tradição pragmática, que não 
se deixa levar por ideologias. 
Tal atitude exerce um impacto muito claro na política econômica. Um exemplo é a 
intervenção no câmbio. Isso é fundamental para os asiáticos. 
Enquanto isso, a América Latina aceita que o mercado dite as regras, ao deixar a 
taxa de câmbio à mercê da oferta e da procura, o que, normalmente, produz 
resultados desastrosos. 
Apesar desse diagnóstico, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e 
o Caribe (CEPAL), a América Latina tem crescido na primeira década deste século 
de forma muito estável. 
Isso está ligado ao terceiro fator que nos diferencia da Ásia. Na América Latina, 
temos uma ilusão do mundo das finanças. 
Nos anos pré-crise, de 2002 a 2007, a América Latina cresceu entre 4% e 
4,5%, mas o valor dos ativos financeiros – aí incluídos as bolsas de valores, os 
títulos públicos e privados, os ativos dos bancos, cresceu mais de 30% ao ano, ou 
seja, cinco ou seis vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB). 
Todo mundo achava que isso seria sustentável. É a mesma ilusão que contaminou o 
mundo ocidental desenvolvido: a crença de que a economia pode crescer 
 
 
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independentemente do que ocorra com o investimento, a produtividade e a mudança 
tecnológica, ou seja, a economia real. 
Qual a importância dos aspectos culturais nesse processo? Os asiáticos tendem a 
minimizar o fator cultural. Ele é importante, claro, mas existem outros fatores mais 
relevantes. Na Coreia do Sul, as indústrias formam o grupo (econômico) 
predominante. Na América Latina, a elite está relacionada às finanças e prefere o 
setor financeiro a correr os riscos no mercado (de produtos). Na América Latina, 
temos a melhor rentabilidade financeira do mundo, duas a três vezes maior do que 
em outros lugares. Isso se deve a uma política econômica que tem sido fundamental 
para a desindustrialização da região, a falta de diversificação econômica, a falta de 
aparato tecnológico. A América Latina abandonou sua política industrial com a ideia 
de que poderia crescer com commodities e finanças. 
O contraste histórico é, portanto, claro. Entre os anos 60 e 80, a produção 
industrial brasileira cresceu 9%. De lá para cá, cresceu apenas 2%. Na Ásia, por 
outro lado, o crescimento foi de 60%, de 1980 até os dias de hoje. A diferença no 
crescimento entre América Latina e Ásia é a diferença no crescimento de sua 
produção industrial.

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