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MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
Estudos Disciplinares 
Tema: Perspectiva Global das Contaminações Químicas dos Alimentos e 
Medicamentos I 
 
 Nas últimas décadas, com o aumento acelerado da população mundial, 
tem se observado uma crescente demanda por alimentos e, em consequência, 
a necessidade de implantar diferentes práticas e técnicas, que otimizem a 
produção e a conservação dos alimentos visando entregar aos mercados, 
alimentos que atendam às necessidades nutricionais dos consumidores. 
Adicionalmente, a participação das mulheres no mercado de trabalho, 
reduzindo a disponibilidade de tempo para o cuidado da alimentação da família 
associado ao fácil acesso à uma vasta variedade de alimentos industrializados, 
contribuem para as mudanças supracitadas. Paralelamente, existe uma grande 
preocupação por parte dos fabricantes de alimentos e medicamentos em 
garantir a qualidade dos seus produtos ofertados às populações, já que quando 
não manipulados corretamente podem ser uma fonte de doenças crônicas e 
agudas decorrentes de contaminações ocasionadas por processos naturais de 
deterioração, pelo contato com substâncias tóxicas utilizadas nos processos de 
produção ou acidentalmente adicionadas aos alimentos. 
 Desde a produção inicial de um alimento, no campo, até a outra ponta 
da cadeia de produção, ou seja, o consumo, alguns contaminantes podem 
comprometer a segurança dos produtos alimentícios. Quando se fala em 
segurança de alimentos, a mesma pode ser comprometida por contaminantes 
que são classificados em três tipos: 
 Biológico: causados por organismos, tais como bactérias, fungos, 
leveduras e protozoários que, quando presentes nos alimentos, são 
capazes de causar infecções ao homem. Podem, ainda, produzir 
substâncias tóxicas nos alimentos que contamina, levando os 
consumidos a um quadro de intoxicação; 
 Físico: ocorre pela existência de algum elemento físico presente no 
alimento. Pode ser um pedaço de vidro, madeira, pedra, metal, pelo de 
roedores etc.; 
 Químico: quando se tem uma contaminação por alguma substância 
química capaz de causar prejuízo à saúde humana. Por exemplo: 
medicamentos veterinários, agrotóxicos, desinfetantes, metais pesados, 
entre outros. 
 
No que se refere aos processos produtivos de medicamentos, dentre os 
principais riscos, estão a contaminação dos produtos com qualquer substância 
 
que não pertença ao processo ou ao fármaco: compostos provenientes de 
equipamentos danificados; de embalagens impróprias; de processos 
inadequados e, até mesmo, sabotagem. Salienta-se que os principais erros de 
fabricação estão associados a falhas humanas e um número muito pequeno é 
atribuído a problemas com a matéria-prima. 
 Considerando tais riscos e o fato de surgir, frequentemente, novos 
modos de produção e processamento dos alimentos, e, também, de 
medicamentos, que podem servir como ameaças a tais produtos, os governos, 
em ação conjunta com as agências reguladoras, adotaram o processo de 
“análise de risco” para mitigar os danos à saúde dos consumidores. 
 A análise de risco identifica um problema potencial, avalia a 
probabilidade da sua ocorrência, estima o seu impacto e sugere as medidas 
para solucioná-lo. É um sistema que foi desenvolvido pelo Codex Alimentarius, 
um programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e 
a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), com a 
finalidade de proteger a saúde da população, assegurar as práticas equitativas 
do comércio regional e internacional de alimentos. A Comissão do Codex 
Alimentarius possui três comitês científicos internacionais independentes de 
especialistas na área de análise de risco: JECFA (Grupo FAO/OMS de 
Especialistas sobre Aditivos e Contaminantes), JMPR (Reunião Conjunta 
FAO/OMS de Especialistas sobre Resíduos de Pesticidas) e o JEMRA (Grupo 
FAO/OMS de Especialistas em Avaliação de Risco Microbiológico). 
 Segundo o Codex Alimentarius, a análise de risco consiste em avaliar, 
supervisionar e comunicar os riscos associados a diferentes compostos, os 
quais podem estar presentes nos alimentos de modo acidental ou intencional. 
 Para a indústria farmacêutica, a análise de risco é um instrumento que 
permite ao fabricante a tomada de decisão sobre a determinação de perigos 
em seus processos, sendo o primeiro documento requerido para validar um 
processo. Em realidade, a análise de risco no setor farmacêutico foi adaptada a 
partir de ferramentas utilizadas na análise de risco das indústrias alimentícias, 
na década de 1990. Hoje, a análise de risco deste setor é controlada pela RDC 
n. 301/2019, que dispõe sobre as diretrizes Gerais de Boas Práticas de 
Fabricação de Medicamentos. Além disso, a RDC n. 73/2016, que inclui a 
obrigatoriedade das empresas em apresentar um plano de riscos, condicionado 
à obtenção ou à renovação de licenças, e registros sanitários 
 De modo geral, a análise de risco permite identificar as fontes e as rotas 
pelas quais os contaminantes poderiam entrar em contato com o produto os 
potenciais efeitos na saúde dos consumidores. 
 A análise de risco está fundamentada em 6 princípio: 
 
1. É um processo estruturado, composto de três componentes: avaliação 
de risco, gerenciamento de risco e comunicação de risco; 
 
2. Deve ser baseada em todos os dados científicos disponíveis em bases 
de dado confiáveis; 
3. Deve apresentar consistência; 
4. Deve ser um processo aberto, transparente e totalmente documentado; 
5. Quando novas evidências científicas forem encontradas após a 
conclusão da análise, é necessário reavaliá-la e, quando indicado, fazer 
modificações; 
6. As incertezas e as variabilidades devem ser consideradas e explicitadas 
claramente. 
 
 É impossível falar de análise de risco e de suas particularidades, e não 
mencionar o sistema APPCC. Esta sigla é abreviatura do termo Análise de 
Perigo e Pontos Críticos, também conhecida pela sua denominação em inglês 
Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP), sendo caracterizada 
como uma ferramenta operacional para o manejo e o controle de perigos, 
utilizada tanto pela indústria de alimentos como, também, de medicamento. 
Tem por objetivo ser um sistema preventivo de controle da qualidade dos 
alimentos, podendo ser aplicável a qualquer fase da cadeia produtiva, 
permitindo identificar os perigos associado ao consumo do produto e 
estabelecer medidas preventivas a serem adotadas, a fim de evitá-los. Já a 
análise de risco é um instrumento utilizado, normalmente, pelos governos para 
auxiliar os processos de tomada de decisão de gerenciamento. Auxilia os 
gerentes de agências reguladoras com informações para as tomadas de 
decisões relacionadas à regulamentação sanitária dos alimentos e 
medicamentos, a fim de minimizar riscos à saúde do consumidor. 
 Dentre os 3 componentes que fazem parte da análise de risco 
(gerenciamento de risco, avaliação de risco e comunicação de risco), daremos 
destaque à avaliação de risco, por ser o componente científico central da 
análise de riscos, com especial enfoque às contaminações químicas. A 
presença destas substâncias nos alimentos e nos medicamentos à níveis 
potencialmente tóxicos representa um relevante problema de saúde pública. A 
contaminação dos alimentos por estes compostos pode ocorrer mediante à 
exposição aos poluentes do ar, das águas e dos solos. Além disso, aditivos 
alimentares, desinfetantes, pesticidas e medicamentos destinados ao uso 
veterinário são substâncias frequentemente associadas à contaminação 
química dos alimentos, quando não usadas de forma racional e em acordo com 
as legislações vigentes. 
 A avaliação de risco segue os seguintes princípios: 
 
1. Formulação clara da questão da avaliação de risco; 
2. Base científica, objetividade e transparência; 
3. Trabalho colaborativo e multidisciplinar; 
4. Inclusão de todos os riscos relevantes; 
 
5. Obtenção e análise dedados de qualidade; 
6. Documentação completa do processo; 
7. Reavaliação; 
8. Revisão independente. 
 
Para desenvolver a avaliação de risco de uma determinada substância, segue-
se quatro etapas: 
 
1. Identificação da ameaça: revisão preliminar das propriedades inerentes 
do composto químico capaz de produzir efeitos adversos sobre a saúde 
diante de prováveis níveis de exposição; 
2. Caracterização da ameaça: avalia a relação dose-resposta entre a 
exposição e o aparecimento dos efeitos adversos, estabelecendo um 
nível de exposição que seja considerado aceitável ou tolerável; 
3. Avaliação da exposição: examina os níveis de exposição reais ou 
previstos à determinada substância; 
4. Caracterização do risco: reúne as informações existentes sobre o nível 
de exposição ao composto químico em diferentes populações e compara 
estes dados com os valores de referência de efeito sobre a saúde. 
 
 A escolha do referencial e das técnicas a serem usadas na avaliação de 
risco depende da classe do perigo (biológico, químico ou físico), do cenário 
(por exemplo, se o perigo já é conhecido ou se é um perigo emergente, se 
novas tecnologias de produção estão sendo usadas), do tempo disponível para 
a avaliação e dos recursos disponíveis. Em se tratando de riscos de 
contaminações químicas, utilizam-se as metodologias quantitativas mediante 
os modelos matemáticos. Modelos matemáticos de dose-resposta consistem 
de três componentes básicos: pressupostos para a derivação do modelo; a 
função matemática e os parâmetros para a avaliação. Existem, basicamente, 
dois tipos de modelos: empírico e biológico (utilizando animais). Os modelos 
empíricos, geralmente, são mais simples, envolvendo, por exemplo, a 
derivação linear. Os modelos biológicos têm funções derivadas de princípios 
básicos da manifestação e da evolução da doença em um sistema biológico, 
sendo mais complexos e exigindo maior quantidade de dados. É neste 
momento que estimam-se os valores de Ingestão Diária Tolerável (TDI) para as 
substâncias químicas, e a Ingestão Diária Aceitável (IDA) para os aditivos, 
resíduos de pesticidas e de medicamentos de uso veterinário. Além dos 
modelos mencionados, existe o modelo determinístico que determina se pode 
surgir um risco como a consequência do consumo de um determinado alimento 
que contenha um resíduo químico resultante de um uso regulado por um nível 
máximo de resíduos. O resultado da avaliação das exposições é comparado 
com a IDA ou a TDI para determinar se a exposição calculada à substância 
química mediante o consumo dos alimentos está dentro dos limites seguros. 
 
No Brasil, a instituição responsável por coordenar todas as atividades 
relacionadas ao controle de resíduos e contaminantes, em produtos de origem 
vegetal e animal é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(Mapa), além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Manuais 
instrutivos fornecidos por estas agências abrangem aspectos desde os planos 
de amostragem, os métodos analíticos, bem como as ações adotadas em caso 
de violação e limites máximos de ingestão. Além disso, sob o Decreto n. 
9.013/2017, o Mapa executa inspeção industrial e sanitária de produtos de 
origem animal. Já para a realização de estudos de resíduos de agrotóxicos em 
produtos de origem vegetal e cogumelos in natura, a legislação vigente é a 
RDC n. 4/2012 sob supervisão da Anvisa, a qual traz informações detalhadas 
sobre todas as fases de análise. 
Diante do exposto, percebe-se que a avaliação de risco é fundamental, 
sobretudo no desenvolvimento de novos produtos alimentícios e farmacêuticos. 
Salienta-se que o desenvolvimento de novos produtos é uma atividade de vital 
importância para a sobrevivência da maioria das empresas. A renovação 
contínua de seus produtos é uma política generalizada no âmbito empresarial. 
A indústria de alimentos e de medicamentos no Brasil nunca lançou, no 
mercado, tantos produtos novos como vem fazendo nos últimos anos. Em 
virtude de fatores como o desenvolvimento tecnológico, crescimento da 
concorrência externa, licenciamento de marcas importadas, competitividade do 
setor e da exigência do consumidor que incorporou novos valores às suas 
preferências, as prateleiras dos supermercados e das drogarias recebem 
diariamente novos produtos. Paralelamente, o consumidor está se tornando 
cada vez mais exigente e seletivo na hora de optar pelas marcas à sua 
disposição. Em virtude disso, além de oferecer um produto inovador e que 
surpreenda o consumidor, é de extrema importância que a indústria garanta a 
qualidade e a segurança de seus produtos, quesitos assegurados pelas 
avaliações de risco. 
Um quesito muito importante no lançamento de novos produtos no 
mercado diz respeito à análise sensorial. A avaliação sensorial intervém nas 
diferentes etapas do ciclo de desenvolvimento de produtos, tal como na 
seleção e caracterização de matérias-primas, na seleção do processo de 
elaboração, no estabelecimento das especificações das variáveis das 
diferentes etapas do processo, na otimização da formulação, na seleção dos 
sistemas de envase e das condições de armazenamento e no estudo de vida 
útil do produto final. Esta última etapa consiste em realizar uma avaliação de 
risco com o objetivo de prever o comportamento do alimento durante o período 
de armazenagem. Avalia-se parâmetros como a temperatura, a embalagem, a 
iluminação e o transporte através de mudanças da aparência, cor, textura, 
odor e sabor do alimento avaliado. A partir dessa pesquisa detalhada podem 
ser propostas novas soluções, seja por meio de alterações nos processos 
 
produtivos ou mediante outros ingredientes adicionados às formulações, tal 
como os aditivos alimentares. 
Os aditivos alimentares são substâncias químicas que, quando usados 
inadvertidamente, podem representam uma importante ameaça à saúde dos 
consumidores. São adicionados aos alimentos, com diversas intenções de uso: 
acidulantes; antiespumante; antioxidante; antiumectante; corantes; 
conservantes; glaceantes; edulcorantes; espessantes; estabilizante, entre 
outros. Em realidade, o preparo dos alimentos em escala industrial e o 
processo de obtenção de medicamentos envolvem diversos problemas 
técnicos, os quais ainda podem ser agravados pelo longo percurso que estes 
produtos precisam realizar até chegar aos dos consumidores. Neste sentido, o 
uso dos aditivos alimentares soluciona tais dificuldades técnicas, além de 
serem adicionado aos alimentos com o intuito de melhorar as suas 
características sensoriais (paladar, aparência, cor, textura etc.), estender o 
prazo de validade, aprimorar o valor nutricional e facilitar o preparo ou o uso. 
Tais aditivos são considerados seguros e regulamentados por agências 
competentes. No Brasil, a Resolução n. 149/2019, sob a atribuição da Anvisa, 
autoriza o uso de aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia em 
diversas categorias de alimentos, desde que se respeite os tipos de aditivos 
alimentares e os seus respectivos limites máximos permitidos, os quais estão 
contidos na Resolução CNS/MS n. 04/1988, ou aquelas que, porventura, a 
substitua. 
 A lista de aditivos é extensa, mas daremos destaque aos nitritos e aos 
nitratos, já que existe grande polêmica que correlaciona a sua presença, 
principalmente em produtos cárneos embutidos, e a carcinogênese. O nitrato 
de sódio (NaNO3) e o nitrito de potássio (KNO3) são, comumente, utilizados em 
solução para a obtenção de carnes curadas, já que possuem a capacidade de 
estabilizar a cor vermelha quando entram em reação com a mioglobulina, 
formando as nitrosaminas. Também são inibidores de alguns agentes 
deteriorantes e patogênicos, especialmente a espécie Clostridium botulinum, 
além de melhorarem as características organolépticas destes produtos 
alimentícios. Apesar da sua fundamental importância nestes tipos de alimento, 
o uso de nitritose nitratos têm os seus inconvenientes. O grande problema 
reside na reação destas substâncias com aminas secundárias formando as 
nitrosaminas, as quais, de modo geral, são consideradas carcinogênicas. 
 É importante salientar que os aditivos alimentares também são utilizados 
em indústrias farmacêuticas com os mesmos propósitos do setor alimentício. 
No entanto, são denominados como excipientes, sendo que a lista de 
substâncias permitidas está contida em compêndios oficiais, tal como a 
Farmacopeia Brasileira. Segundo alguns estudos na área, os excipientes 
farmacêuticos são apontados como sendo responsáveis por inúmeras reações 
adversas associadas ao uso de medicamentos. A maioria dos excipientes são 
utilizados em concentrações baixas, mas que são suficientes para causar 
 
efeitos de intolerância. A intolerância a uma determinada substância é um 
mecanismo não imune, o qual pode gerar em quadros de reações anafiláticas 
ou alérgicas resultando em hipersensibilidades desencadeadas, 
imediatamente, após a exposição ou a longo prazo. Como exemplos, citamos, 
aqui, algumas substâncias, tal como o parabeno e o ácido benzoico. Estes 
conservantes são parcialmente metabolizados e adquirem uma estrutura 
química semelhante ao do ácido acetilsalicílico (AAS). Embora raras, as 
reações anafiláticas causadas estes compostos podem resultar em urticárias e 
angioedema, tal como ocorre com os indivíduos intolerantes ao AAS. Ainda 
sobre o ácido benzoico, há relatos de que esta substância também induz a 
hiperatividade e o déficit de atenção. Aliás, esta reação também pode ser 
atribuída ao uso de alguns corantes, com destaque especial para a tartrazina 
amarela, um dos corante mais utilizados na indústria alimentícia, farmacêutica 
e cosmética, a qual é adicionalmente responsável por quadros de 
hipersensibilidade e por relatos de neoplasias. 
 Outra preocupação das indústrias farmacêuticas e alimentícias, em 
relação às contaminações químicas, diz respeito às embalagens dos seus 
produtos. Quando um alimento entra em contato direto com um material de 
embalagem, especialmente confeccionada de material plástico, há uma 
interação entre eles. Existem, no mercado, mais de 30 tipos de plásticos, sendo 
que, muitos deles, são elaborados com aditivos, tal como antioxidantes, 
estabilizantes, lubrificantes etc., visando um melhor desempenho. Além disso, 
outros compostos químicos podem estar presentes, tais como solventes 
residuais provenientes de tintas de impressão e outros resíduos químicos 
empregados no processamento do material de embalagem. 
 Quando em contato com o produto embalado, pode ocorrer a 
transferência das substâncias supracitadas pelo mecanismo de difusão. Esta 
transferência é mais conhecida pelo termo “migração”. A contaminação dos 
alimentos, por meio da migração de substâncias químicas, provenientes das 
embalagens plásticas, pode, não somente, alterar as características sensoriais 
do produto, como também causar a exposição do consumidor a substâncias 
químicas, potencialmente, tóxicas. Outros inconvenientes das embalagens 
plásticas é que são permeáveis aos gases atmosféricos e ao vapor úmido, 
além da probabilidade elevada de alteração físicas e químicas do recipiente 
durante o seu período de estocagem. 
 O vidro, apesar de ser inerte, quando utilizado como embalagem, 
possuem tampa metálica com verniz e o vedante, os quais também têm 
compostos com potencial de migração e devem ser considerados. 
 Inúmeras substâncias já foram reportadas como contaminantes 
advindos das embalagens, mas citamos, como exemplo, o Bisfenol A. Este 
composto era utilizado na fabricação do policarbonato, um tipo de plástico de 
baixo custo, transparente e altamente resistente, ao calor e ao frio excessivos, 
sendo usado em escala industrial para embalar as verduras, os legumes e os 
 
alimentos, além de ser utilizado em nosso cotidiano para guardar alimentos 
congelados. Inicialmente, quando se descobriu o policarbonato, acreditava-se 
que seria uma verdadeira revolução para a vida moderna, no entanto, com o 
passar do tempo, surgiram relatos associando os alimentos que mantiveram 
contato com este plástico e doenças desenvolvidas por alguns indivíduos que 
realizaram o consumo. De acordo com os relatos da literatura, baixas doses de 
Bisfenol A têm efeitos adversos sobre a fertilidade e o sistema nervoso, 
diabetes, câncer, obesidade, puberdade precoce, doenças cardíacas, entre 
outras patologias. No Brasil, até 2011, o policarbonato era utilizado em 
mamadeiras, até que foi proibido, sendo substituído pelo plástico polipropileno. 
 As entidades governamentais que normatizam a questão sobre as 
embalagens de produtos alimentícios e farmacêuticos é a Anvisa, em comum 
acordo com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), as quais, juntas desde 1992, 
estabelecem os requisitos de segurança das embalagens, apresentando uma 
“Lista Positiva”, constituídas de uma descrição de substâncias como os 
polímeros, as resinas e os aditivos permitidos para uso, além de imporem as 
práticas e os critérios para os ensaios de migração e Boas Práticas de 
Fabricação. As duas legislações mais importantes a respeito deste tema é a 
RDC n. 91/2011, que estabelece os critérios gerais para as embalagens e a 
classificação dos materiais, em contato com os alimentos, e a RDC n. 
326/2019, que estabelece a lista positiva de aditivos destinados à elaboração 
de materiais plásticos e revestimentos poliméricos em contato com os 
alimentos, além de definir os limites de migração específica, ou seja, quando as 
embalagens se destinarem a alimentos com limites de contaminantes 
estabelecidos, os alimentos embalados não deverão ultrapassar os valores 
estabelecidos para este produto alimentício em particular. Além disso, para 
uma substância ser adicionada à uma lista positiva, sua segurança tem que ser 
comprovada por meio de estudos toxicológicos e as restrições de uso são 
estabelecidas com base no potencial de migração e na estimativa do risco de 
exposição do consumidor a ingestão da substância. As embalagens para 
alimentos devem cumprir com o limite de migração total estabelecido (< 50 
mg/kg) e com os limites de migração específica estabelecidos para certos 
componentes, sendo que o potencial de migração irá depender da composição 
química e estrutural do material, do processo de fabricação, da concentração 
do componente migrante, entre outros fatores. 
 Outras substâncias que requerem a avaliação de risco por parte das 
autoridades competentes são aquelas que fazem parte do grupo de 
suplementos alimentares. Suplementos alimentares são definidos como o 
produto de ingestão oral, apresentado em formas farmacêuticas, destinado a 
suplementar a alimentação de indivíduos saudáveis com nutrientes, 
substâncias bioativas, enzimas ou probióticos, isolados ou combinados. 
 O uso destas substâncias tem aumentando, significativamente, nos 
últimos anos, sendo que diversos motivos justificam tal ocorrência. Um deles é 
 
a fácil aquisição destes produtos pela internet, além da forte influência exercida 
pelas mídias sociais. O expressivo número de pessoas consumindo 
suplementos alimentares por conta própria, por indicação de amigos ou 
influenciadores sociais sem a devida recomendação e a supervisão de um 
profissional especializado tornou-se um problema de saúde pública, 
preocupando as autoridades brasileiras. 
 Até 2018, não havia nenhum controle legal e sanitário sobre estas 
substâncias no Brasil. No entanto, devido aos diversos relatos sobre os efeitos 
adversos indesejáveis ocasionados pela ingestão destes produtos, tal como 
danos hepáticos e, até mesmo, casos de óbitos, impulsionaram a Anvisa a criar 
a RDC n. 243/2018, que dispõe sobre os requisitos sanitários destas 
substâncias, além da Instrução Normativa n. 28/2018 que estabelece as listas 
de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementardos suplementos alimentares. Apesar das legislações vigentes, as mesmas 
ainda não são ferramentas facilitadoras tanto para as indústrias quanto para o 
consumidor, pois encontra-se algumas brechas. Por exemplo, no caso de uma 
determinada substância não apresentar especificação dos limites máximos e 
mínimos de consumo diário, caberá ao fabricante definir as quantidades 
adequadas a serem ingeridas. Além disso, devido a uma infinidade de 
substâncias que se enquadram na categoria de suplementos alimentares, a 
fiscalização pode ser bastante dificultada, colocando em risco à saúde dos 
consumidores. Tal panorama também facilita a comercialização de 
suplementos alimentares contendo as substâncias proscritas, além de 
adulterações, a fim de intensificar o efeito farmacológico e promover uma falsa 
imagem de que o produto funciona. 
 Apesar de a RDC n. 243/2018 estabelecer que a rotulagem dos 
suplementos alimentares não pode apresentar palavras, marcas, imagens ou 
qualquer outra representação gráfica, inclusive em outros idiomas, que 
afirmem, sugiram ou impliquem, expressa ou implicitamente, que o produto 
possui finalidade medicamentosa ou terapêutica, ainda é possível encontrar, no 
mercado, diversos produtos que façam tais alegações. Na tabela a seguir 
destacamos alguns exemplos: 
 
Tabela 1. Exemplos de suplementos alimentares e os respectivos efeitos 
atribuídos pelos fabricantes. 
 
Substância(s) Efeito(s) atribuído(s) 
 Deidroepiandrosterona (DHEA); 
 Tribullus terrestres; 
 Picolinato de cromo; 
 Maca peruana. 
Modulador/precursor hormonal 
 Cafeína; 
 Vitaminas e/ou minerais; 
 Psyllium. 
Perda de peso/controle de 
apetite/diurese 
 
 Tribullus terrestres; 
 Maca peruana; 
 Zinco, magnésio e vitamina B6. 
Aumenta/reforça e 
combate/tratamento da 
potência sexual/libido 
 Proteína do soro do leite; 
 BCAA; 
 Maltodextrina; 
 Zinco, magnésio e vitamina B6. 
Auxilia/aumenta/define e 
promove/proporciona 
construtor muscular/melhora da 
performance/ganho de força 
Fonte: Adaptado de: MOLIN et al., 2019. 
 
 É importante salientar que a suplementação inadequada pode causar 
um desequilíbrio e uma toxicidade ao organismo, além de trazer 
consequências sérias e irreversíveis. A alta dose de um único nutriente pode 
implicar na deficiência relativa de outros nutrientes. Portanto, a indicação 
dessas substâncias por pessoas não capacitadas profissionalmente é 
caracterizada como crime, prática profissional irregular da profissão, já que 
esses indivíduos não possuem um conhecimento técnico. Ao se prescrever um 
suplemento alimentar é importante que seja indicado por um profissional que 
conheça os preceitos éticos, e que avalie as características e os fatores 
associados à necessidade de suplementação alimentar. 
 
Referências: 
Sites: 
 https://www.ictq.com.br/industria-farmaceutica/703-pontos-fundamentais-
da-analise-de-riscos-na-industria-farmaceutica 
 
 https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/22668285/do1-2016-04-08-
resolucao-rdc-n-73-de-7-de-abril-de-2016-22668119 
 
 https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34379969/do1-2018-07-27-
resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-243-de-26-de-julho-de-2018-
34379917 
 
 https://web.archive.org/web/20181207095708/http://portal.anvisa.gov.br:
80/documents/33916/417403/IN+n+28,+de+2018/df781ca5-1024-4836-
ab1e-8cd56fbd4789 
 
 https://www.duasrodas.com/blog/sensorialidade/analise-sensorial-uma-
ferramenta-indispensavel-para-a-industria-de-alimentos/ 
 
 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-
n-326-de-3-de-dezembro-de-2019-231272617 
 
 https://blog.neoprospecta.com/contaminacao-cruzada-na-industria-
alimenticia-o-que-e-e-como-prevenir/ 
 
 
 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
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 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-
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