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A Sífilis no Brasil e a formação da sociedade brasileira A epidemia de sífilis citada no textos acima se relaciona com a formação cultural da sociedade brasileira se analisarmos primeiramente o viés histórico da relação patriarcal do Senhor da Casa Grande com as escravas, de quem abusavam “de forma menos higiênica do que nos bordéis”, compartilhando doenças sexualmente transmissíveis. Estas mulheres além de serem abusadas por muito tempo, ainda foram as principais culpadas pela disseminação destas doenças na época, fato que apesar do tempo decorrido permanece como um assunto pertinente nos dias atuais na questão da relação de gênero, patriarcado, machismo estrutural, “prostituição doméstica”, prevenção sexual masculina e o tabu ainda existente sobre educação sexual na sociedade. Os brasileiros ainda têm comportamentos e pensamentos muito alinhados com o modelo patriarcal do século passado, o que é nocivo tanto para as mulheres como também para os homens. Isso está tão enraizado na sociedade que a culpabilidade de DSTs como a Sífilis ainda recai nos dias de hoje sobre as mulheres, que acabam recebendo seus diagnósticos em consultas preventivas, enquanto os homens possuem sintomas mais silenciosos e acabam descobrindo a doença mais tardiamente. Isso se explica pelo machismo estrutural, em que eles ainda possuem receio de procurarem medidas preventivas, acabam não percebendo que estão infectados e muitas vezes sem proteção disseminam o vírus para muitas parceiras sexuais. Isso ocorre principalmente dentro de relações matrimoniais, onde ocorrem situações de infidelidade – geralmente pelos homens – em que um dos parceiros contrai a doença de uma terceira pessoa e transmite para seu conjuge. Em relações – héteronormativas ou lésbicas –, as mulheres muitas vezes acabam engravidando sem o conhecimento de seu estado de saúde e a transmissão da doença se extende para o recém-nascido. A mulher além de carregar a culpa pela doença, sofrer pela infidelidade, torna-se duas vezes julgada pela sociedade ao transmitir para a criança, que a partir dos três meses de vida já pode vir a apresentar os primeiros sintomas de Sífilis. Num contexto familiar, as conquências da ausência do debate sobre prevenção sexual, tratamento, sobre os receios do homem em buscar conhecimento e ajuda sobre esses temas acarretam prejuízos psicológicos internos e externos, da educação sexual negada a muitas mulheres, tudo gerado pelo julgamento da sociedade, como ela vê os papéis restritivos e punitivos relacionados ao homem e a mulher, normatizando o descuido preventivo masculino e o olhar julgador sobre a mulher que muitas vezes é vítima desse pensamento coletivo. A questão da epidemia de Sífilis no Brasil e o seu contexto social mostrado nos textos base ilustram perfeitamente a nossa sociedade, que moldada pelo machismo estrutural e modelo patriarcal acaba deixando as pessoas expostas a doenças simplesmente por ausência e receio de buscar informações adequadas sobre essa temática.
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