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Questões étnicas na diversidade escolar_ o negro e a educação

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DEFINIÇÃO
A trajetória da inserção da população negra na educação formal, os limites e barreiras à ascensão dos negros no Brasil, os usos do conceito de
raça na escola, o racismo na educação formal, a legislação educacional antirracista no Brasil, raça, classe e gênero em perspectiva interseccional
na educação.
PROPÓSITO
Refletir sobre os avanços e retrocessos em torno do acesso da população negra à educação formal durante a escravidão e no pós-abolição.
OBJETIVOS
 
(Fonte: NatBasil / Shutterstock)
MÓDULO 1
Identificar as ações políticas e sociais que limitaram o acesso de escravos e libertos à educação formal no Brasil
 
(Fonte: NatBasil / Shutterstock)
MÓDULO 2
Reconhecer o caráter histórico das políticas afirmativas instituídas no Brasil e o protagonismo dos movimentos negros
 
(Fonte: NatBasil / Shutterstock)
MÓDULO 3
Analisar os debates sobre as desigualdades raciais no contexto escolar
 
(Fonte: NatBasil e Vector Posters and Cards / Shutterstock)
 Identificar as ações políticas e sociais que limitaram o acesso de escravos e libertos à educação formal no Brasil
INTRODUÇÃO
Assista ao vídeo de introdução do tema, realizado por Ricardo Fernandes – professor da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
BRASIL COLONIAL
A ESCOLA
No Brasil, a escola (enquanto instituição e, seu produto, a escolarização) sempre foi um espaço privilegiado para grupos sociais bem definidos.
Criada em 1540 pelo padre ‒ posteriormente tornado santo ‒ Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus foi uma resposta da Igreja Católica à
Reforma Protestante visando a defesa e a propagação da fé que, segundo a ordem, abarcaria a catequese e a escolarização.
(Fonte: Wikimedia Commons)
 Inácio de Loyola.
SEGUNDO INÁCIO DE LOYOLA, O ESTUDO DAS LETRAS NÃO TERIA
OUTRO SENTIDO, SENÃO O DE APROXIMAR A ALMA DO SEU CRIADOR.
Foi sob os auspícios de Dom João III, rei de Portugal, que a missão chefiada pelo padre Manoel da Nóbrega desembarcou em Salvador
acompanhando a expedição do recém-nomeado governador-geral Tomé de Sousa.
Na Bahia, os jesuítas criaram um colégio que se tornaria o centro intelectual da Colônia por mais de 200 anos.
AUSPÍCIOS
Proteção, favor, recomendação. Apoio financeiro, material, técnico etc., para que se realize uma obra ou evento; patrocínio.
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(Fonte: Victor Frond / Arquivo Nacional)
 Colégio dos Jesuítas.
Ainda na segunda metade do século XVI, os jesuítas se espalharam por outras partes da América portuguesa, estabelecendo colégios em
Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, além de residências em Ilhéus, Porto Seguro e em Vitória do Espírito Santo.
Os jesuítas se especializaram num modelo de ensino baseado na incorporação de símbolos e rituais da cultura local de cada povo. Além disso,
dedicavam-se à tradução e elaboração de gramáticas específicas de cada língua local, servindo de recurso didático.
 IMPORTANTE
Em 1697, o jesuíta Pedro Dias, quando ainda estava na Bahia, escreveu o livro A Arte da Língua de Angola que, como já dito anteriormente,
serviria como recurso para o ensino dos jesuítas e, ao mesmo tempo, uma tentativa de unificação dos falares bantu. Antes dele, o jesuíta angolano
Manuel de Lima escreveu, em 1580, os livros Catecismo na Língua dos Ardas e Doutrina Cristã, traduzidos pelo padre jesuíta Baltazar Fernandes
para a língua africana. Tudo isso serviria como recurso para o ensino dos africanos que ingressassem no Brasil. No contexto em que a entrada de
escravos ainda era incipiente (entre 1582 e 1690, foi estimado que 29.538 africanos tenham desembarcado na Bahia), a pretensão dos jesuítas
parecia ter alguma viabilidade.
A ARTE DA LÍNGUA DE ANGOLA
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(Fonte: Amazon.com)
 Livro A Arte da Língua de Angola.
A ação dos jesuítas tinha como público-alvo as populações indígenas. Em relação à população negra, a escolarização e a catequização se
limitavam aos escravos das propriedades jesuíticas, uma vez que, aos demais, o acesso à educação era extremamente difícil, como lembra o
padre Serafim Leite, historiador da Companhia de Jesus:
OS ESCRAVOS NEGROS NÃO ERAM LIVRES PARA BUSCAREM A INSTRUÇÃO
MÉDIA E SUPERIOR, E CLARO ESTÁ QUE OS SENHORES NÃO OS COMPRAVAM
PARA OS MANDAR AOS ESTUDOS E FAZER DELES BACHARÉIS OU SACERDOTES.
(LEITE, 1938-1950:144)
Dessa forma, não havendo um impedimento legal para que a população
negra escravizada tivesse acesso à educação formal, na prática era algo
quase inacessível, considerando a brutalidade do regime escravista e as
condições com que eles eram tratados e vistos pela sociedade em geral
como mão de obra para os serviços braçais que dispensavam o uso do
intelecto. Soma-se a isso as ideias correntes na época sobre a
incapacidade dos negros para aprender e a inaptidão para as ciências e
as letras.
(Fonte: Netmundi)
 Execução de punição por flagelo, por Jean-Baptiste Debret.
NÃO FOI PRECISO UMA LEI IMPEDINDO O ACESSO DE ESCRAVOS AOS
BANCOS ESCOLARES. BASTAVA NÃO HAVER UM MECANISMO LEGAL
QUE ESTIMULASSE E CRIASSE TAL OPORTUNIDADE, OU SEJA, O NÃO
DITO ATRAVÉS DO SILÊNCIO DAS LEIS GRITAVA E ERA BEM
COMPREENDIDO POR TODOS.
No entanto, alguns escravos conseguiam acesso à educação formal e aprendiam a ler e a escrever nas propriedades onde trabalhavam. Isso
acontecia, às vezes, pela necessidade do serviço que eles desempenhavam, por livre iniciativa dos proprietários, que contratavam os professores
régios para ensinar aos seus filhos e, naquele ambiente, o escravo passava a ter contato com o mundo da escrita e da leitura, ainda que de forma
precária.
PROFESSORES RÉGIOS
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, no âmbito das Reformas Ilustradas promovidas pelo Marquês de Pombal, houve uma grande
lacuna no processo de escolarização da Colônia, uma vez que as escolas estavam praticamente restritas às dos jesuítas. Naquele mesmo
ano, Pombal criou o cargo de professores régios, nomeados pela Coroa para suprir esse espaço.
Outras vezes, a aprendizagem se dava por inciativa do próprio escravo, em contato com outras pessoas livres que lhes ensinava rudimentos da
leitura e da escrita. De todo modo, o que havia era uma política que negava o acesso do cativo à educação através da completa ausência de
referência a essa situação na legislação da época.
Muitos africanos trazidos como escravos já falavam português e, em alguns casos, sabiam ler e escrever. Da mesma forma, a maioria dos escravos
muçulmanos que foram trazidos para o Brasil sabiam ler e escrever em árabe e passaram não só a ensinar a língua para outros escravos nascidos
aqui, como também encontraram formas de aprender o português.
 SAIBA MAIS
Em 1469, os portugueses invadiram a região do golfo da Guiné. A partir daí, estenderam seus domínios por um amplo território da África Ocidental
e Oriental. Esse domínio favoreceu a implantação da política de catequização a partir de ordens religiosas católicas, como os franciscanos e os
jesuítas, que procuravam ensinar os modos de vida europeus, como a língua, a cultura e a religião.
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REFLEXÃO
Veja a seguir um anúncio divulgando aulas de português, publicado em 1821.
Pense sobre as seguintes questões:
O que esse anúncio significava na época?
Para quem ele era direcionado?
Como uma pessoa negra poderia ter acesso a esse conhecimento naquele tempo?
 
(Fonte: Fundação Biblioteca Nacional, 2020)
 Diário do Rio de Janeiro (RJ) / Ano 1821/Edição 0900021.
BRASIL IMPÉRIO
 
(Fonte: Wikipedia)
 Independência ou morte, Pedro Américo, 1888.
A ESCOLARIZAÇÃO DO NEGRO APÓS A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Após a Independência do Brasil (1822), a situação da escolarização para a população negra pouco mudou. A Constituição de 1824, que vigorou
por mais de 150 anos, indicava que a instrução primária era gratuita para todos os cidadãos. O que parecia ser uma posição igualitária e
progressista era o endurecimento, a partir da carta magna, de um impeditivo para a população escrava e para os africanos de maneira especialacessarem a educação escolar, uma vez que não eram reconhecidos como detentores dos direitos de cidadão.
 SAIBA MAIS
Os escravos eram considerados instrumentum vocali, não eram humanos, eram instrumentos, não poderiam ser considerados pessoas e,
consequentemente, sujeitos de direitos. Assim sendo, não tinham direitos de integridade física, à liberdade ou a qualquer outro direito civil básico.
(ALVES, 2005)
A primeira lei voltada para o setor educacional do país e que tratou sobre educação pública, foi a Lei 15 de outubro de 1827. No entanto, ela se
omitia à educação escolar da população negra. Esta lei ficou em vigência por mais de cem anos, até 1946.
Ao longo de todo o período do Brasil Império, a proposta de ensino visava a construção de uma comunidade imaginada a partir do modelo
eurocêntrico de ensino, que desprezava as demais formas de conhecimento, privilegiando tanto o acesso à escola quanto a representatividade dos
conteúdos às classes mais abastadas de maioria branca.
COMUNIDADE IMAGINADA
Comunidade Imaginada é um conceito criado pelo historiador e cientista político Benedict Anderson (1936-2015) que define o descolamento
do ensino da comunidade, apresentando uma realidade nacional que deve ser amada, que é europeia e é hegemônica culturalmente.
Além do mais, o alcance da escolarização continuou bastante limitado por questões estruturais. Num país com ampla maioria da população vivendo
em áreas rurais e com grandes distâncias a serem percorridas, as poucas escolas e os poucos professores eram insuficientes. Esses aspectos são
importantes para que entendamos as limitações de acesso das populações pobres, majoritariamente formadas por negros livres e libertos.
SE AS DISTÂNCIAS GEOGRÁFICAS E O CARÁTER ELITISTA DO MODELO
EDUCACIONAL EM VOGA JÁ LIMITAVAM O ACESSO À EDUCAÇÃO
FORMAL, OUTROS FATORES COMO O TIPO DE TRABALHO DESTINADO À
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GRANDE PARCELA DA POPULAÇÃO NEGRA, LIVRE OU ESCRAVA,
COMPLICAVA AINDA MAIS.
O trabalho braçal, fosse nas áreas rurais ou nos centros urbanos, era quase que totalmente exercido por essa parcela da população, numa rotina
extenuante que, por si só, era um forte impeditivo de acesso à educação formal. Isso não se restringe aos adultos. Meninos e meninas recém-
saídos da infância já serviam como domésticos, trabalhadores rurais ou em qualquer serviço de rua.
CONCURSO DE COMPOSIÇÃO ENTRE ESCOLARES NO DIA DE SANTO
ALEXIS
A aquarela do pintor francês Jean-Baptiste Debret, com data provável de 1839, uma fina crítica social à escravidão e seu legado no Brasil.
Intitulada de Concurso de composição entre escolares no dia de Santo Alexis, o tema principal que nomeia a pintura ocupa o fundo da tela, onde se
veem crianças brancas com papéis nas mãos apresentando-os a transeuntes.
Em primeiro plano, Debret mostra uma criança negra, descalça e maltrapilha que, com uma outra escrava adulta (que tem nas mãos alguns livros),
segue uma menina da elite, provavelmente em direção à escola.
 
(Fonte: History Archive)
 Concurso de composição entre escolares no dia de Santo Alexis (DEBRET, 1839).
A PINTURA É UMA DENÚNCIA DO FOSSO QUE SEPARAVA, NUM MESMO
AMBIENTE, CRIANÇAS EM SITUAÇÕES SOCIAIS DISTINTAS.
O PRINCÍPIO LENTO E RESISTENTE DA ESCOLARIZAÇÃO DOS HOMENS
NEGROS
 
(Fonte: Maquiladora / Shutterstock)
O Ato Adicional à Constituição, de agosto de 1834, determinava que as Províncias passariam a ser as responsáveis por organizar, definir e prover o
ensino primário em suas respectivas localidades.
Esse ato contribuiu ainda mais para a desestruturação da educação formal no país, uma vez que muitas províncias não estavam preparadas
financeiramente nem tecnicamente para isso.
Especialmente aquelas mais afastadas da Corte, como as províncias do Norte (que incluía o atual Nordeste), aumentando o fosso e limitando o
acesso pela população negra.
Nesse contexto da descentralização, várias províncias agiram, efetivamente, no sentido de segregar o acesso de escravos e libertos à escola:
Minas Gerais foi a pioneira, ainda no ano de 1835, determinando que somente as pessoas livres poderiam frequentar as escolas públicas.
Seguem, com o mesmo teor, as províncias de Goiás (1835) e Espírito Santo (1835).
O decreto do Rio Grande do Norte (1836) repetia o mesmo tipo de impedimento sobre a admissão de alunos que não fossem livres, porém
destacava que as professoras poderiam receber escravas, com a ressalva de que fosse apenas para ensinar as prendas domésticas.
Embora o decreto confirmasse a ideia em vigor na época, a de inaptidão dos negros para as letras e predisposição para os trabalhos braçais, não
deixa de ser um acanhado avanço que, mesmo assim, pouco durou.
Em 1837, a permissão para aprender prendas domésticas foi revogada. Outras províncias continuaram a criar seus estatutos de ensino com o
mesmo perfil impeditivo aos escravos e, quase sempre, aos libertos também.
A discussão sobre a importância do acesso à educação para a população escrava e liberta só voltou à cena em meados da década de 1860, com
as discussões em torno da construção da Lei do Ventre Livre. Um dos principais responsáveis por provocar esse debate foi Aureliano Cândido
Tavares Bastos.
 
(Fonte: bluelela / Shutterstock)
EDUCAÇÃO
TAVARES BASTOS
Crítico da escravidão, Tavares Bastos associava a presença do regime no Brasil à ignorância da população livre. Dizia ele:
AURELIANO CÂNDIDO TAVARES BASTOS (1839-1875)
Foi um político, escritor e jornalista brasileiro. É considerado um precursor do federalismo, por causa de sua luta contra a centralização
administrativa durante o Segundo Reinado.
 
(Fonte: Academia Brasileira)
 Tavares Bastos.
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O QUE HAVEIS DE OFERECER A ESSES ENTES DEGRADADOS QUE VÃO SURGIR
DA SENZALA PARA A LIBERDADE? O BATISMO DA INSTRUÇÃO. O QUE RESERVAIS
PARA SUSTER AS FORÇAS PRODUTORAS ESMORECIDAS PELA EMANCIPAÇÃO? O
ENSINO, ESSE AGENTE INVISÍVEL QUE, CENTUPLICANDO A ENERGIA DO BRAÇO
HUMANO, É SEM DÚVIDA A MAIS PODEROSA DAS MÁQUINAS DE TRABALHO.
(BASTOS, 1996, p. 254)
Ele via a educação como a chave de mudança para a população que, em breve, livrar-se-ia da escravidão. Os debates em torno da Lei do Ventre
Livre giravam sobre o que fazer com os ingênuos. Na perspectiva antiescravista e emancipadora de Tavares Bastos, a população saída do cativeiro
deveria passar pela educação formal, oferecida pelo Estado, como forma de estar apta para a vida em sociedade.
O jogo político em torno da construção da lei, no entanto, não foi favorável e seus resultados foram pífios. A classe de proprietários escravistas, dos
maiores aos menores, ainda se agarrava aos fiapos da escravidão para defender a diferenciação social.
FOI NO CONTEXTO DE UMA JÁ ACENTUADA CRISE DO ESCRAVISMO DA
DÉCADA DE 1870 QUE MUITAS PROVÍNCIAS, TALVEZ INFLUENCIADAS
POR ESSE DEBATE DE TAVARES BASTOS, APROVARAM A CRIAÇÃO DOS
PRIMEIROS CURSOS NOTURNOS, O QUE É VISTO COMO A PRIMEIRA
TENTATIVA, AINDA QUE BASTANTE TÍMIDA ‒ POIS, EM MUITOS LUGARES,
CONTINUOU VALENDO A INTERDIÇÃO PARA ESCRAVOS ‒ DE
POSSIBILITAR O ACESSO DO TRABALHADOR, MAJORITARIAMENTE
NEGRO, NA EDUCAÇÃO FORMAL. SOMENTE EM 1878, UM DECRETO
PERMITIU A MATRÍCULA DE NEGROS LIBERTOS MAIORES DE QUATORZE
ANOS NOS CURSOS NOTURNOS.
REFLEXÃO
Veja a seguir o trecho de um documento do ano de 1872, que apresenta algumas informações sobre o plano de ensino da Escola Noturna de
Adultos:
 
(Fonte: Memória Biblioteca Nacional, 2020)
 Relatório do ano de 1872 apresentado à Assembleia Geral em aditamento ao 8 de maio de 1872.
Reflita sobre a frustração de ser impedido de adquirir esses conhecimentos que, apesar de básicos, eram negados às pessoas simplesmente por
causa da cor de sua pele.
PRINCIPAIS REFORMAS EDUCACIONAIS E SEUS IMPACTOS NA
EDUCAÇÃO DE ESCRAVOS, 
LIBERTOS E PESSOAS NEGRAS LIVRES
A REFORMA LEÔNCIO CARVALHO (1879)
Derrubou o veto sobre a frequência dos escravos nas escolas públicas, levando alguns escravizados a frequentarem escolas profissionais e, a
partir daí, multiplicaro que aprendiam com outros negros em espaços informais, às vezes na própria senzala.
A REFORMA RIVADÁVIA CORREIA (1911)
Foi um ponto de inflexão nos pequenos avanços da reforma anterior, pois implantou a realização de exames admissionais e a cobrança de taxas
nas escolas, limitando o acesso da maior parcela da população à educação formal.
CARLOS LEÔNCIO DA SILVA CARVALHO (1847-1912)
Foi um advogado, professor e político brasileiro que defendia a educação de adultos, os cursos noturnos e inserção de escravos nas escolas.
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RIVADÁVIA DA CUNHA CORREIA (1866-1920)
Ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, criou o vestibular em 1911.
O fim da escravidão legou àquela população recém-saída do cativeiro e, por consequência, aos seus descendentes, um ocultamento. Incorporada
no conjunto da sociedade brasileira, teve suas necessidades específicas limitadas e seus direitos sociais silenciados, sendo posta à margem da
jovem República.
POLÍTICOS E SENHORES DE ESCRAVOS, EM SUA MAIORIA, SEMPRE SE
POSICIONARAM CONTRÁRIOS AO ACESSO DE ESCRAVOS E LIBERTOS À
EDUCAÇÃO FORMAL. PARA ELES ERA INIMAGINÁVEL VER SEU ESCRAVO
OU UM EX-ESCRAVO (LIBERTO) DIVIDINDO OS MESMOS ESPAÇOS
FÍSICOS (ESCOLA) E SIMBÓLICOS (CONHECIMENTO) COM SEUS FILHOS.
A alforria conquistada pelo escravo, na maioria das vezes, não era sinal para a mudança de tratamento. Ser liberto ainda era ser considerado de
segunda classe, o que levava muitos senhores a conservarem o tratamento hierarquizado que consistia, entre outras coisas, em ter privilégios
sobre o acesso a determinados espaços.
Como veremos a seguir, foi com a insistente e longa luta dos movimentos negros que essa população conseguiu avanços mais significativos no
campo educacional brasileiro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERANDO A LEGISLAÇÃO VIGENTE NO BRASIL DURANTE O PERÍODO COLONIAL, É CORRETO
AFIRMAR:
A) Não havia impedimento legal para escravos serem alfabetizados, mas a alfabetização era extremamente restrita devido às suas condições de
vida.
B) Por decreto de Dom João III, escravos eram legalmente proibidos de serem alfabetizados.
C) Os jesuítas dedicavam-se à instrução de indígenas e escravos de origem africana em colégios criados para ambos os grupos.
D) Havia permissão para a alfabetização de escravos, desde que as aulas fossem ministradas pelos professores régios.
2. CONFORME ESTUDADO, A CONSTITUIÇÃO DE 1824 DETERMINAVA QUE A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA ERA
GRATUITA PARA TODOS OS CIDADÃOS. FOI NO SÉCULO XIX QUE SURGIRAM AS PRIMEIRAS LEIS VISANDO
ORGANIZAR A EDUCAÇÃO DO PAÍS RECÉM-INDEPENDENTE. SOBRE ISSO, PODEMOS AFIRMAR QUE:
A) O Ato Adicional à Constituição determinava que as Províncias seriam as responsáveis pela organização da educação. Isso fez com que em
muitos lugares negros libertos passassem a frequentar as escolas, ainda que em classes separadas das dos brancos.
B) Durante as discussões para a criação da Lei do Ventre Livre, Tavares Bastos, forte crítico da escravidão, conseguiu que fosse aprovada a sua
proposta de acesso dos libertos à escolarização, aumentando de forma exponencial o número de alfabetizados no Brasil.
C) O modelo de país que se constituiu a partir da Independência estimulava a discriminação, reservando à população negra a aprendizagem de
serviços manuais, negando aos escravos e libertos o ingresso em escolas, como aponta, entre outras, a proposta de reforma educacional de
Leôncio Carvalho (1879).
D) Somente com a implantação da República a situação da população negra mudou. Ainda em seu início, em 1911, a Reforma Rivadávia Correia
ampliou o acesso da maior parcela da população, negros e pobres, à educação formal.
GABARITO
1. Considerando a legislação vigente no Brasil durante o Período Colonial, é correto afirmar:
A alternativa "A " está correta.
 
A legislação em vigor não proibia que escravos fossem alfabetizados, até porque a administração da vida dos escravos era privativa dos senhores,
com pouca intervenção da Coroa. No entanto, devido à brutalidade do regime escravista e ao fato de que eles eram vistos apenas como força de
trabalho, o acesso à alfabetização era algo raro.
2. Conforme estudado, a Constituição de 1824 determinava que a instrução primária era gratuita para todos os cidadãos. Foi no século
XIX que surgiram as primeiras leis visando organizar a educação do país recém-independente. Sobre isso, podemos afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
 
A negação do acesso de escravos e libertos às escolas representa práticas discriminatórias e um reforço ao estereótipo de certa aptidão inata dos
negros às atividades manuais. Esse discurso se materializou tanto na reforma criada pela Província do Rio Grande do Norte, em 1835, quanto,
mais de quarenta anos depois, na proposta de Leôncio de Carvalho, em 1878.
 
(Fonte: NatBasil e Vector Posters and Cards / Shutterstock)
 Reconhecer o caráter histórico das políticas afirmativas instituídas no Brasil e o protagonismo dos movimentos negros
BRASIL REPÚBLICA: A ESCOLHA DO PROTAGONISMO
Até o momento, o desenvolvimento deste estudo nos deu a mesma e tradicional impressão trazida da escola: quem conta a história dos homens
negros é o outro, são padres, historiadores, políticos...
A voz afrodescendente esteve distante: não que não existisse, contudo era silenciada, esbranquiçada, como pudemos ver com os Rebouças ou
Machado de Assis. Ainda que tenhamos apresentado homens negros que se valeram das oportunidades e espaços para se manifestar, seus
discursos ‒ mesmo o abolicionista ‒ não se posicionaram como uma luta pessoal, mas como uma luta pelos outros.
Com a República, a ampliação das possibilidades de acesso permitiu a formação de movimentos singulares, que nos deram a oportunidade de
conhecer essa história através do lugar correto de fala, ou seja, dos grupos que ali viveram!
VAMOS CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE ISSO?
DEVEMOS LEMBRAR QUE A CONSTITUIÇÃO DE 1891 FOI
PARTICULARMENTE CRUEL COM ESTA POPULAÇÃO, UMA VEZ QUE
CRIOU MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL FORTEMENTE
DIRECIONADOS PARA O COMPORTAMENTO E AS TRADIÇÕES DESSAS
COMUNIDADES. OU SE VIVIA COMO OS BRANCOS, COMO DETERMINAVA
A CIVILIZAÇÃO, OU ESTARIAM EXCLUÍDOS.
INTRODUÇÃO
Vejamos o que diz o jornal O Alfinete, trinta anos após a Abolição:
O MOVIMENTO NEGRO E A DITADURA VARGAS
O Movimento Negro sofreu um duro golpe durante a ditadura Vargas. Ao dissolver os partidos políticos existentes e proibir a criação de novos, o
decreto de dezembro de 1937, baixado pelo presidente Getúlio Vargas, impactou negativamente no ainda incipiente acesso de negros ao ensino
oficial ao proibir atividades de grupos como as do Movimento Negro, visto como perigoso pelo regime.
 
(Fonte: Biblioteca Nacional, 2020)
 Grupo tirado em frente à sede da Delegação da F. N. B. [Frente Negra Brasileira].
ABDIAS DO NASCIMENTO
Em 1944, Abdias do Nascimento, militante e intelectual negro, criou no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro, que buscava promover os
valores da cultura negra e o combate ao preconceito racial, mascarado pelo ideal de democracia racial.
 
(Fonte: Integralismo)
 Abdias do Nascimento.
Esse foi o primeiro movimento a defender a criação de uma legislação antirracista e a denunciar escolas que não aceitavam alunos negros e livros
infantis e didáticos que alimentavam o preconceito racial em seus textos e imagens.
O grupo ainda teve profunda participação na elaboração de um manifesto com reivindicações dos movimentos negros para serem incorporadas na
Constituição de 1946.
AQUELE FOI O PRIMEIRO DOCUMENTO A TRATAR SOBRE PROPOSTAS DE
AÇÕES AFIRMATIVAS COMO COMPENSAÇÃO DAS DESIGUALDADES
DERIVADAS DA ESCRAVIDÃO. ALI, TAMBÉM, SE APRESENTAVA UMA
PAUTA DE REIVINDICAÇÕES DE NEGROS PARA NEGROS NA EDUCAÇÃO.
AÇÕES AFIRMATIVAS
Entende-se por ações afirmativas o conjunto de medidas especiais voltadas a grupos discriminados e vitimados pela exclusão social ocorrida
no passado ou no presente. As ações afirmativas são preventivas e reparadoras nosentido de favorecer indivíduos que historicamente são
discriminados. (MEC, 2020)
A proposta acabou não recebendo o apoio dos constituintes que insistiam na defesa de que havia democracia racial no país e esse tipo de lei
provocaria divisões que, até então, segundo eles, não existiam.
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A LEI 10.639/03 E SEUS (DES)CAMINHOS
Apenas no ano de 2003 foi instituída a mais ampla legislação antirracista no sistema educacional do Brasil, a lei 10.639/03. A ideia era de que o
racismo precisava ser combatido a partir da escola, curricularizando a história e a cultura da África e dos afrodescendentes.
Essa lei, no entanto, teve um longo caminho, vejamos mais sobre os principais marcos que contribuíram para sua formação:

1950
I Congresso do Negro Brasileiro, ainda em 1950, promovido pelo Teatro Experimental Negro, no Rio de Janeiro. Ali se discutiu, entre outras coisas,
a possibilidade de inclusão da História da África e dos africanos, da luta dos negros no Brasil e da sua participação na formação da sociedade e da
cultura brasileiras nos programas escolares.
1961
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 deu um passo nesse sentido ao condenar qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça.


1964
Com o golpe militar de 1964 e a instauração da ditadura no Brasil, o Movimento Negro teve perdas em suas ações devido às constantes
perseguições aos seus membros.
1970
Somente nos anos de 1970 o movimento negro conseguiu se rearticular, muito influenciado pelas conquistas então obtidas pelo movimento negro
nos Estados Unidos e na luta de Rosa Parks, Martin Luther King, Malcom X e os Panteras Negras pelos direitos civis. Os anos 1970 também foram
os mais duros no enfrentamento da ditadura no Brasil, quando os militares chegaram a infiltrar pessoas dentro do recém-criado MNU (Movimento
Negro Unificado) para espionar as ações. Nesse período, os militares usaram o mito da democracia racial como política de Estado e o ato de
questionar o racismo no país era visto como subversivo.


1980
Quando começaram as manifestações em torno da redemocratização, no início dos anos 1980, as manifestações antirracistas se confundiam com
o movimento Diretas Já, apontando que a democracia só poderia vigorar com a inclusão dos negros de fato na sociedade.
1986
Na convenção nacional O negro e a Constituinte, em 1986, foi aprovada a proposta para que a Constituição Federal, em discussão naquele
momento, definisse a educação como meio de combate ao racismo e à discriminação, bem como tornasse obrigatório o ensino de história das
populações negras no Brasil.

MANIFESTAÇÕES
Pode parecer atual, mas a fotografia abaixo é de 1981.
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(Fonte: Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, 2020)
 Revista MNU, n° 4, jul./ago. de 1981. p. 5.
MAIS UMA VEZ A PROPOSTA DO MOVIMENTO NEGRO FICOU DE FORA. OS
CONGRESSISTAS ALEGARAM QUE SE TRATAVA DE UMA QUESTÃO
ESPECÍFICA E QUE POR ISSO DEVERIA SER TRATADA NUMA
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR.
Porém, a Constituição Cidadã, aprovada em 1988, implementou algumas reivindicações do Movimento Negro:
1. Reconheceu a Educação de Jovens e Adultos como direito para quem não teve acesso à escolarização;
2. Classificou o racismo como crime inafiançável e imprescritível (posteriormente, a lei 7716/1989 definiu os crimes resultantes de preconceito de
raça ou de cor);
3. Reconheceu a diversidade da composição da população brasileira, indicando a necessidade de que o currículo escolar contemplasse tal
discussão;
4. Legalizou o direito de posse da terra às comunidades quilombolas e definiu a criação da Fundação Cultural Palmares.
Mesmo com os avanços e o respaldo constitucional, na prática, as mudanças na política educacional da década de 1990 foram pequenas. A lei
9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, não incorporou nenhum tratamento específico à questão racial nas escolas.
JÁ OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS TRATARAM A
TEMÁTICA RACIAL DILUÍDA DENTRO DE UMA GRANDE ÁREA
DENOMINADA DE PLURALIDADE CULTURAL, SEM CURRÍCULO
ESPECÍFICO E QUE DEVERIA SER ABORDADO DE FORMA TRANSVERSAL
NAS DIVERSAS DISCIPLINAS, ESVAINDO ALGUMAS DAS REIVINDICAÇÕES
MAIS IMPORTANTES DO MOVIMENTO NEGRO, COMO A CRIAÇÃO DE UMA
DISCIPLINA SOBRE A HISTÓRIA DA ÁFRICA E A INCORPORAÇÃO DAS
DISCUSSÕES RACIAIS DE FORMA MAIS OBJETIVA.
No mesmo período, o Movimento Negro pautava suas lutas em torno do acesso do negro ao Ensino Superior, estimulando a criação de cursos pré-
vestibulares para esse público.
LEI DE COTAS
Outra frente encampada pelo movimento, ainda no final dos anos 1990, foi a luta pelas cotas no Ensino Superior.
 IMPORTANTE
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante a reitoria de Nilcea Freire, foi a primeira universidade do país a criar um sistema de
cotas em vestibulares por meio de uma lei estadual que estabelecia 50% das vagas do processo seletivo para alunos egressos de escolas públicas
cariocas, mas foi a Universidade de Brasília (UnB) a pioneira em criar e implantar uma política de ações afirmativas para negros em seu vestibular
de 2004.
NILCEA FREIRE
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(Fonte: Wikipedia)
 Nilcea Freire, 2007. Agência Brasil.
As ações que eram tomadas de forma individualizada pelas universidades federais e estaduais fortaleceram-se com a lei 12.711/2012, conhecida
como Lei de Cotas, a qual destina metade das vagas das universidades, institutos e centros federais de educação para estudantes oriundos de
escolas públicas.
Sem a possibilidade de as instituições públicas absorverem a totalidade da secular demanda da população negra por ensino superior, foi criado um
mecanismo de concessão de bolsas de estudo para afrodescendentes em faculdades privadas: o PROUNI. A distribuição das vagas, tanto no
sistema de cotas quanto no de bolsas, leva em conta critérios raciais e sociais.
A APROVAÇÃO DAS COTAS RACIAIS NÃO OCORREU SEM POLÊMICA. A
AÇÃO FOI JUDICIALIZADA DIVERSAS VEZES POR GRUPOS POLÍTICOS E
ENTIDADES QUE QUESTIONAVAM A VALIDADE E A NECESSIDADE DA
INICIATIVA, COM ARGUMENTOS QUE RETOMAVAM PREMISSAS DO MITO
DA DEMOCRACIA RACIAL.
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL
Num contexto mais amplo de políticas públicas antidiscriminatórias e reparadoras, inclui-se o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado em 2003,
também após longa polêmica.
O estatuto abarca os diversos setores da sociedade e instrui procedimentos para atuar na diminuição das desigualdades e na adoção de políticas
afirmativas para a população negra.
Atualmente, tem sido rotineiro o recurso, por parte da Justiça, ao Capítulo III do Estatuto, que versa sobre o direito à liberdade de consciência e de
crença e ao livre exercício dos cultos religiosos.
O racismo mal resolvido no país tem se manifestado em crimes de diversas formas contra participantes, religiosos ou locais de culto de religiões de
matriz africana.
No campo simbólico, é preciso destacar a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, em 1995, marco do tricentenário da morte de
Zumbi dos Palmares. A marcha, devido à sua repercussão pública, foi uma das primeiras estratégias dos movimentos negros para deslocar o foco
das atenções da data da Abolição da Escravatura, 13 de maio, para o dia 20 de novembro, em razão do Dia Nacional da Consciência Negra.
 
(Fonte: Rodrigo S Coelho / Shutterstock)
 Celebração do Dia da Consciência Negra, 2019. Rodrigo S Coelho.
A TEMÁTICA DA REPARAÇÃO PARA OS DESCENDENTES DOS
ESCRAVIZADOS SEMPRE ESTEVE EM VOGA, MAS NUNCA FOI
UNANIMIDADE, NEM MESMO DENTRO DO MOVIMENTO NEGRO NO
BRASIL.
Sob inspiração dos debates sobre reparação que ocorrem nos Estados Unidos desde o fim da segregação racial, alguns membros dos movimentos
negros, na década de 1990, discutiram a viabilidade de propor ações reparatórias de cunho financeiro para a população negra.
Outros, porém, foram contrários a essa pauta, alegando que o pagamento monetário provocariaum posterior silenciamento e esquecimento sobre
a escravidão e suas consequências, além de que, ao contrário dos Estados Unidos que adotam a política de One-drop rule, no Brasil haveria uma
enorme dificuldade em estabelecer os critérios de identificação de cor, devido às múltiplas formas com que as pessoas negras se reconhecem.
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ONE-DROP RULE
O modelo americano é com base no fenótipo, uma gota de sangue negro garante os direitos de cota.
 IMPORTANTE
Ao final, prevaleceram como estratégia as reivindicações de medidas reparatórias de caráter social e educacional, na forma de ações afirmativas.
RESUMINDO
A trajetória nos mostrou que a atuação dos movimentos negros foi fundamental para a construção e implementação de políticas de ações
afirmativas no Brasil, especialmente no campo educacional.
Vimos, também, que o foco na educação não foi por acaso, mas historicamente sempre foi visto pelos movimentos negros como o principal
mecanismo que poderia favorecer a diminuição das desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros no Brasil.
REFLEXÃO
Você, estudante que está acompanhando este tema, pode estar pensando:
 
(Fonte: Roman Samborskyi / Shutterstock)
Caro, conforme anunciado no início do módulo, a proposta é que você possa definir o caráter histórico. Neste sentido, conforme aprendemos com a
História, seu discurso não é uma verdade, mas uma análise, a escolha de documentações, a investigação de um determinado ponto de vista.
A História do Brasil Republicano foi vista e revista diversas vezes, trata-se do discurso político, do conhecimento de dinâmicas gerais. A definição
que pretendemos, que escolhemos, não é essa. Definimos aqui investigar e entender a construção histórica do discurso do movimento negro ao
longo dos séculos XX e XXI no que tange à educação.
Que discurso é esse, que movimentos homens e mulheres negras organizaram e defenderam no Brasil pós-abolição? A proposta é conhecermos
os fundamentos de suas lutas e as ações tomadas ao longo destes últimos 150 anos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NO BRASIL, É INCORRETO AFIRMAR:
A) O primeiro documento a tratar sobre propostas de ações afirmativas como compensação das desigualdades foi a Constituição de 1946.
B) Getúlio Vargas, conhecido também como o pai dos pobres, foi o responsável em atender boa parte das reivindicações do Movimento Negro.
C) Foi a Constituição de 1988 que classificou o racismo como crime inafiançável e imprescritível.
D) O texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, quando aprovado em 1996, deixou de fora a abordagem sobre a questão
racial nas escolas, não fazendo nenhuma menção a ela em seu texto.
2. CONFORME VISTO, O MOVIMENTO NEGRO FOI O GRANDE ARTICULADOR DAS PROPOSTAS EDUCACIONAIS
QUE VISAVAM COMBATER AS DESIGUALDADES RACIAIS A PARTIR DA INCLUSÃO DE TEMAS COMO
PRECONCEITO RACIAL, RACISMO OU CONTEÚDOS DE HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRODESCENDENTES
DENTRO DA ESCOLA E, AO MESMO TEMPO, POSSIBILITAR O ACESSO DOS NEGROS À EDUCAÇÃO FORMAL,
ESPECIALMENTE O ENSINO SUPERIOR, DE MANEIRA QUE AS DESIGUALDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS
ENTRE BRANCOS E NEGROS TAMBÉM PUDESSEM SER COMBATIDAS. NESSE SENTIDO, SOBRE O MOVIMENTO
NEGRO, MARQUE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE AO SEU HISTÓRICO:
A) Tratava-se de um grupo com perfil heterogêneo que se organizou em um período relativamente recente, a partir da Marcha Zumbi contra o
Racismo, na década de 1980, atuando na defesa da população negra e da inserção de suas reivindicações na Constituição de 1988.
B) Possui raízes históricas que remontam ao período do Brasil Colonial, em associações de trabalhadores e irmandades religiosas que, além de
promover cultos religiosos e atividades de lazer, atuavam em questões concretas, como no amparo à saúde dos seus membros e na luta pelo
acesso à educação pública.
C) Foi perseguido e teve atividades suspensas durante o período da ditadura Vargas e da Ditadura Militar a partir de 1964, só conseguindo se
reorganizar em finais dos anos 1970.
D) Teve participação atuante na elaboração da Constituição de 1988 e foi um dos principais articuladores para a implantação da lei 10.639/03 e do
Estatuto da Igualdade Racial.
GABARITO
1. Sobre as políticas de ações afirmativas no Brasil, é incorreto afirmar:
A alternativa "B " está correta.
 
A política de Vargas ‒ apresentada em 1930 como revolucionária‒ tornou-se fortemente conservadora a partir de 1937, em especial quando o
decreto de dezembro daquele ano acabou proibindo as atividades de grupos que ameaçassem o regime, o que foi avassalador para o Movimento
Negro.
2. Conforme visto, o Movimento Negro foi o grande articulador das propostas educacionais que visavam combater as desigualdades
raciais a partir da inclusão de temas como preconceito racial, racismo ou conteúdos de História da África e dos afrodescendentes dentro
da escola e, ao mesmo tempo, possibilitar o acesso dos negros à educação formal, especialmente o Ensino Superior, de maneira que as
desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros também pudessem ser combatidas. Nesse sentido, sobre o Movimento
Negro, marque a alternativa que não corresponde ao seu histórico:
A alternativa "A " está correta.
 
A organização dos homens negros era anterior à República, quiçá à própria Abolição. Com a República, esses grupos fizeram-se presentes em
associações que eram conhecidas como associações de homens de cor. Marginalizadas, defendiam e brigavam para a aproximação dos estatutos
de igualdade dos sujeitos no Brasil.
 
(Fonte: NatBasil e Vector Posters and Cards / Shutterstock)
 Analisar os debates sobre as desigualdades raciais no contexto escolar
INTRODUÇÃO
Vimos a posição dos negros na história do Brasil, no que tange à educação, depois, buscamos a voz dos movimentos negros e suas ações efetivas
ao longo dos séculos XX e XXI. Precisamos, a partir de agora, pensar como essas demandas se manifestam na escola hoje.
Neste vídeo você conhecerá um pouco da história de homens e mulheres negros, mostrando suas lutas, dificuldades enfrentadas por conta da cor
de sua pele e o processo de superação.
EDUCAÇÃO E DESIGUALDADES SOCIAIS E RACIAIS
A primeira questão, a raça, já foi detectada como um fator de exclusão, identificação e luta.
Mas, será que a única definição do sujeito e as manifestações da exclusão na escola se dão somente pela percepção de sua etnia? Claro que não.
NA ESCOLA, A DIFÍCIL QUESTÃO ÉTNICA VEM ACOMPANHADA DAS
QUESTÕES DE GÊNERO ‒ A VIOLÊNCIA RACISTA É DIFERENTE NO QUE
SE REFERE A HOMENS E MULHERES ‒ E QUESTÕES ECONÔMICAS.
Neste caldeirão é que identificaremos os locais e as vertentes desses debates, assim como, principalmente, tentaremos entender a escola em meio
a uma sociedade marcada por conflitos.
Observe os gráficos abaixo:
 
(Fonte: IBGE)
 IBGE, 2018.
O gráfico aponta para uma evidente desigualdade entre pessoas brancas e negras (pretos e pardos) que se faz materializar pelos dados referentes
ao analfabetismo no Brasil atual.
CENSO DE 1872
Tal situação não é nova. O Censo de 1872 foi o primeiro a ser realizado nacionalmente, um ano após a Lei do Ventre Livre, mas ainda em plena
vigência da escravidão, e mostra uma sociedade com o marcador racial evidenciado nas desigualdades educacionais em que o analfabetismo era a
regra.
O Brasil tinha 81,43% da sua população livre (brancos e pessoas de cor) analfabeta. Em relação à população escrava, a exclusão era ainda maior,
uma vez que a condição de escravo praticamente o impedia de ter acesso à escolarização: apenas 1.403 escravos sabiam ler e escrever, em todo
o Brasil, sendo:
 
(Fonte: tereza ferreira / Shutterstock)
 Mapa brasileiro dividido por região.
Num recorte específico para a Bahia, os números não se alteravam tanto em relação ao cenário nacional: no censo de 1872, 79,44% da população
livre era analfabeta. Excluindo os menores de 5 anos, o analfabetismo alcança 75,88%, ou seja, de cada dez pessoas, só duassabiam ler e
escrever.
Nesse conjunto, pretos e pardos constituíam apenas 8,06%. Já os dados de 1890, dois anos após a Abolição e com a República recém-implantada,
mostram que pretos e pardos na Bahia estavam alfabetizados em um percentual aproximado de 14,8%, e em 1940, o grupo alcançou 20,6%, ou
seja, em 50 anos de implantação da República o número de alfabetizados entre pretos e pardos cresceu apenas 5%.
 
(Fonte: Katarinanh / Shutterstock)
 Mapa dos estados brasileiros.
Pelo exposto até aqui, dois pontos ressaem da discussão:
1
O primeiro é que raça é um marcador importante para se entender o passado e o presente do Brasil.
2
O segundo, mostra que não dá para refletir sobre educação sem considerar as desigualdades sociais e raciais.
Antes de avançar, vejamos os principais conceitos que ajudam a interpretar as relações étnico-raciais no Brasil:
RAÇA
RAÇA, GÊNERO E CLASSE
RACISMO
RAÇA
Diversos intelectuais e militantes dos movimentos negros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, são contrários ao uso do termo raça.
Defendem que, além de não haver raças biológicas, o termo raça reifica uma categoria política abusiva.
REIFICA
Reifica vem do verbo reificar. O mesmo que: coisifica. (DICIO, 2020)
Outros tantos pesquisadores, porém, continuam utilizando o termo raça como uma categoria social. Isso se deve a alguns fatores:
1. A existência de grupos que se identificam e são identificados a partir de marcadores derivados da ideia de raça;
2. A sociedade brasileira ainda possui hierarquias e desigualdades que correspondem a esses marcadores.
RAÇA, GÊNERO E CLASSE
De acordo com Guimarães (1999), o intelectual Thales de Azevedo, em 1955, já chamava atenção para a Interseccionalidade, raça e classe,
afirmando que, no Brasil, os pobres são pretos e os ricos são brancos. Tal discrepância, segundo ele, era consequência do passado escravista.
INTERSECCIONALIDADE
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Interseccionalidade é o estudo da sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou
discriminação. (DE MORAES; DA SILVA, 2017, p. 58-75)
EMBORA ESSE TIPO DE DISCURSO, QUE CULPA EXCLUSIVAMENTE O
PASSADO PELOS PROBLEMAS DO PRESENTE, SEJA UM EQUÍVOCO POR
ISENTAR AS GERAÇÕES ATUAIS DA REPONSABILIDADE PELA
PERSISTÊNCIA DAS DESIGUALDADES, NÃO DEIXA DE CONTRIBUIR PARA
AS REFLEXÕES SOBRE AS MAZELAS DA ESCRAVIDÃO QUE NÃO SE
ENCERRAM NO 13 DE MAIO DE 1888.
Nesse contexto, as desigualdades apresentam um peso extremamente relevante quando se inclui a questão de gênero na análise. Conquanto a
questão da emancipação feminina esteja em pauta, ela se torna mais viável de ser alcançada por mulheres brancas e de classe média e alta do
que por mulheres pobres, geralmente negras.
Dessa forma, raça, classe e gênero se sobrepõem numa miríade de situações que implicam de forma concreta a vida dessas pessoas. A escola faz
parte dessa vida concreta e é impactada pelas questões apontadas.
RACISMO
A ideia de que a sociedade brasileira era formada por indivíduos multiétnicos em que não haveria conflitos derivados da cor das pessoas, as quais
viviam numa espécie de paraíso racial nos trópicos, foi a base do mito da democracia racial. O próprio Gilberto Freyre não conseguiu interpretar a
sociedade de sua época e perceber que as múltiplas formas da população negra se identificar ou ser identificada as aproximava ou distanciava do
mundo da escravidão e de suas consequências.
 EXEMPLO
As sutilezas da língua portuguesa, ainda hoje, são exploradas no processo formal ou informal de autoidentificação racial, muitas vezes incluindo o
sufixo inho ‒ moreninho, por exemplo, para se referir a alguém da cor preta ‒, ou, como identificou o pesquisador Livio Sansone (2003), utilizando-
se de uma das mais de trinta formas do negro ser identificado ou se referir à própria cor, eram tentativas de branqueamento para driblar as
manifestações concretas do racismo no dia a dia das pessoas. Assim, o uso de identificadores de cor, como cabo-verde, sarará, mulato, pretinho
etc., a depender da situação, pode tanto disfarçar um racismo quanto ser a tentativa de se encaixar aos padrões de uma sociedade que enaltece a
branquitude como valor e referência.
Para o pesquisador Silvio de Almeida (2018), há três concepções do racismo:
RACISMO INDIVIDUAL
Se apresenta como uma atitude pessoal do indivíduo.
RACISMO INSTITUCIONAL
Que considera o racismo apenas o resultado de um mau funcionamento das instituições.
RACISMO ESTRUTURAL
É parte da sociedade e está presente nos variados espaços em que naturaliza, deslegitima ou banaliza as desigualdades de cunho racial.
ACRESCENTA-SE A ESTES UM QUARTO MODELO DE RACISMO, QUE
INTEGRA O COTIDIANO BRASILEIRO DE FORMA BASTANTE AMPLA: O
RACISMO RECREATIVO.
Segundo Adilson Moreira (2019), trata-se de uma prática que utiliza o humor para hostilizar minorias raciais. É um mecanismo de propagação de
manifestações racistas sob o argumento “É só uma piada”.
O racismo é a manifestação do ódio para com o outro. Um ódio que pode ser mais ou menos disfarçado.
O racismo, enfim, por ter diversas faces e, muitas vezes, ser disfarçado, quase imperceptível, mina todo o tecido social e se encarna nos diversos
espaços. A escola, como parte desse conjunto, não está imune a ele. É o que discutiremos a seguir.
Veja a seguir, este vídeo que aborda uma situação do cotidiano escolar, na qual o racismo e o preconceito surgem disfarçados de piada e humor.
POBREZA E VIOLÊNCIA CONTRA NEGROS: “VIDAS NEGRAS
IMPORTAM!”
ASSASSINATOS
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil,
sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de
15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas
horas.
De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes
teve queda de 12% para os não negros, entre os negros houve aumento
de 18,2%.
Segundo pesquisa realizada em 2017 pela Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado
Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que
“A morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a
morte de um jovem branco”.
 
(Fonte: Zmiter / Shutterstock)
 ATENÇÃO
Conforme dados recentemente divulgados pelo UNICEF, de cada mil adolescentes brasileiros, quatro vão ser assassinados antes de completar 19
anos. Se nada for feito, serão 43 mil brasileiros entre os 12 e os 18 anos mortos de 2015 a 2021, três vezes mais negros do que brancos. Entre os
jovens, de 15 a 29, nos próximos 23 minutos, uma vida negra será perdida.
Esses dados revelam como o racismo está presente na sociedade e
como a população negra está mais exposta à violência. Quando tratada
pela grande mídia e pelos governos, na maioria das vezes, esconde-se o
perfil racial das vítimas de violência, igualando todos sob números que
são representados na expressão abstrata de violência urbana.
Da mesma forma, raramente, as notícias sobre a violência associam o
perfil racial ao problema da desigualdade de renda. Tanto a ONU quanto
os movimentos negros no Brasil têm provocado uma série de debates
nos últimos anos em relação ao que denominam de encarceramento em
massa da população negra.
Intelectuais e ativistas norte-americanos têm discutido isso já há algum
tempo, porém, mais recentemente é que tem ganhado espaço nos
debates políticos e jurídicos no Brasil, especialmente quando dados do
sistema carcerário nacional vêm à tona.
 
(Fonte: Rommel Canlas / Shutterstock)
FILTRAGEM RACIAL
Homens jovens afrodescendentes correm maiores riscos de serem apreendidos na rua por ocasião da filtragem racial, ou seja, a prática da
abordagem de pessoas tidas como suspeitas usando o critério racial.
Os índices apontam que a violência policial e as mortes são alarmantemente mais altas quando homens negros se encontram com agentes de
polícia, levando-os à detenção, encarceramento e sujeitos a penas maiores com mais frequência,incluindo prisão perpétua e pena de morte nos
locais onde são adotadas.
A FILTRAGEM É AGRAVADA QUANDO SE TRATA DE ALGUÉM QUE NÃO
TEM BOA APARÊNCIA, GERALMENTE UM NEGRO POBRE, COMPROVADA
PELAS ROUPAS, TIPO DE EMPREGO (OU SER DESEMPREGADO), LOCAL
ONDE MORA, GRAU DE ESCOLARIDADE (OU TER UMA ESCOLARIZAÇÃO
PRECÁRIA).
Mulheres e meninas negras, por sua vez, sofrem discriminações múltiplas
com base na condição socioeconômica e/ou de gênero. Em muitos
países, mulheres afrodescendentes têm acesso limitado a educação,
trabalho e segurança. Além de enfrentar os problemas dos homens
negros, elas encontram-se mais vulneráveis à violência de gênero, ao
rebaixamento intelectual e estão expostas ao feminicídio.
(Fonte: Diego Cervo / Shutterstock)
Embora os negros e negras sejam 54% da população brasileira, são 64% das pessoas privadas de liberdade. Os brancos e brancas, sendo 46% da
população total, são 35% das pessoas no sistema carcerário.
O perfil racial dos privados de liberdade é uma consequência da filtragem
racial, que implica na abordagem, investigação e indiciamento de mais
pessoas negras que brancas proporcionalmente, ou seja, o negro, pela
sua cor, já passa por um processo seletivo da boa aparência durante as
abordagens policiais. Mas não só: essas abordagens normalmente são
direcionadas para os bairros periféricos, onde a maioria dos moradores
são negros, ou em atividades em que predominem esse público, como
bailes funks, festas de hip-hop ou pagode, as boates e bares dos
subúrbios.
(Fonte: kittirat roekburi / Shutterstock)
 IMPORTANTE
Os dados do IBGE para o ano de 2019 apontam que a população negra superou o número de pessoas brancas nas universidades públicas,
alcançando 50,3%. No entanto, a taxa de jovens negros entre 18 e 24 anos cursando o ensino superior é de 56%, enquanto a de brancos é de
79%.
A violência que afeta de forma majoritária a população negra tem impactos negativos na educação desse público de diversas formas, algumas
delas invisibilizadas, por exemplo, o aluno negro que mora na periferia e precisa estudar à noite nem sempre consegue manter uma frequência na
escola ou, mesmo, condições de se matricular.
Muitas vezes, ele teme ser confundido com um bandido e teme pela sua segurança na volta para casa. Outras tantas vezes, suas condições
econômicas são empecilhos, pois o custo do transporte e o material escolar ultrapassam o parco orçamento. As condições de trabalho sugam suas
energias e ele dispõe de pouco tempo livre.
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PARCO
Característica do que é poupado ou econômico. (DICIO, 2020)
Não é possível desconsiderar os problemas estruturais de se ter escola funcionando nas proximidades de casa ou que haja transporte público com
regularidade e segurança. Esse conjunto de dificuldades no acesso e na permanência na escola ou universidade se agrava quando se considera a
questão de gênero, na qual a mulher, muitas vezes, exerce o papel de dona de casa e mãe, mesmo trabalhando fora.
NO MERCADO DE TRABALHO, OS DADOS SÃO MAIS ALARMANTES. O
IBGE CONSTATOU QUE, INDEPENDENTEMENTE DO NÍVEL DE INSTRUÇÃO,
O SALÁRIO DE BRANCOS É SUPERIOR EM OCUPAÇÕES FORMAIS E
INFORMAIS. O RENDIMENTO MÉDIO DE NEGROS E PARDOS É DE R$1.608,
CONTRA R$2.796 DE BRANCOS.
Entre os 10% da população com os maiores rendimentos, apenas 27,7% eram negros ou pardos. Por outro lado, os negros ou pardos
representavam 75,2% do grupo formado pelos 10% da população com os menores rendimentos. O rendimento médio domiciliar per capita da
população branca (R$1.846) era quase duas vezes maior do que o da população negra ou parda (R$934).
 ATENÇÃO
O IBGE ainda mostra que, enquanto 15,4% dos brancos do país estão na faixa da pobreza, 32,9% dos negros compõem a parcela de brasileiros
que vivem com o equivalente a US$5,50 por dia. Na linha da extrema pobreza, com rendimento de até US$1,90 por dia, estão 3,6% dos brancos e
8,8% dos negros e pardos.
Por fim, vale lembrar o que o importante sociólogo Florestan Fernandes (1978), disse sobre a soma dessas desigualdades que afetam
primordialmente a população negra:
HÁ UM GENOCÍDIO INSTITUCIONALIZADO, SISTEMÁTICO, EMBORA SILENCIOSO. AÍ
NÃO ENTRA NEM UMA FIGURA DE RETÓRICA NEM UM JOGO POLÍTICO. (...) A
ABOLIÇÃO, POR SI MESMA, NÃO PÔS FIM, MAS AGRAVOU O GENOCÍDIO; ELA
PRÓPRIA AGRAVOU O GENOCÍDIO; ELA PRÓPRIA INTENSIFICOU-O NAS ÁREAS DE
VITALIDADE ECONÔMICA, ONDE A MÃO DE OBRA ESCRAVA AINDA POSSUÍA
UTILIDADE. E, POSTERIORMENTE, O NEGRO FOI CONDENADO À PERIFERIA DA
SOCIEDADE DE CLASSES, COMO SE NÃO PERTENCESSE À ORDEM LEGAL. O QUE
O EXPÔS A UM EXTERMÍNIO MORAL E CULTURAL, QUE TEVE SEQUELAS
ECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS.
(FERNANDES, 1978)
POBREZA E RACISMO EM PERSPECTIVA DIDÁTICA NA ESCOLA
Diversas pesquisas sobre relações raciais na escola apontam problemas de relacionamento das crianças negras no espaço escolar. Esses
problemas se originam muito mais cedo do que comumente se discute.
Uma pesquisa apontou que crianças negras de 4 a 6 anos, na etapa da Educação Infantil, portanto, já apresentam na escola uma identidade
negativa sobre si mesmas, enquanto que na mesma pesquisa foi observado que crianças brancas, na mesma idade, manifestaram um sentimento
de superioridade e, não raro, posturas preconceituosas.
Sem a intervenção dos professores, as atitudes preconceituosas entre crianças nessa idade acabavam sendo recorrentes nas escolas pesquisadas
(CAVALLEIRO, 2000).
Para além das práticas educativas ou da ação direta de professores, crianças brancas e negras trazem para a escola um amplo repertório de
comportamentos e experiências de vida do lugar em que moram e da relação que possuem com sua família.
Crianças negras, pobres e periféricas tendem a se ver com um olhar negativo, diante da experiência de vida dos seus colegas de classe brancos e
de classes mais privilegiadas. É o sentimento de inferiorização pelo tipo de roupa que vestem, pela merenda e material escolar que carregam e
pelo relato de suas vivências cotidianas.
A DIFERENÇA E O DIFERENTE, QUANDO NÃO RECEBEM O DEVIDO
TRATAMENTO PEDAGÓGICO, DEIXAM DE SER VISTOS COMO VALORES E
PASSAM A SER ENCARADOS COM ESTRANHAMENTO, PRODUZINDO
DISTANCIAMENTO E, MUITAS VEZES, EXCLUSÃO.
Da mesma forma, há um forte impacto das condições de trabalho dos pais em relação à afetividade das crianças. Crianças cujos pais possuem um
regime de trabalho precário e que ocupa longas horas do dia tendem a internalizar mais o sentimento de inferioridade. Considerando que no Brasil
a grande massa de trabalhadores precarizados são negros, é possível somar mais esse item na lista de condições externas que produzem a
inferiorização dessa população a partir da autoimagem.
Embora as questões raciais apareçam muito cedo nas escolas, há uma dificuldade desse tema receber o devido tratamento. Muitas vezes, limita-se
à abordagem da cultura e da religiosidade negras em datas específicas que, não raro, descambam para a folclorização, incrementando o
preconceito.
 ATENÇÃO
Há uma tendência em encarar o comportamento discriminatório ou mesmo racista da criança como bullying ou, tão grave quanto, desvalorizar as
dificuldades de autoaceitação, empoderamento e construção da autoestima da criança negra. Com mais de quinze anos, a lei 10.639/03, tem
alcançado poucos avanços.
Outro elemento didático que cria estereótipos e ainda contribui para o estabelecimento de atitudes racistas é o livro didático. Durante muito tempo,
a população negra foi representada nos livros didáticos e paradidáticos de forma estereotipada (o exotismo das danças e comidas típicas; os
músculos do capoeirista; a sensualidade da sambista; a preguiça do trabalhador, entre tantos outros exemplos encontrados nas representações do
negro em músicas, imagens e na literatura) e, muitas vezes, inferiorizada.
 EXEMPLO
Nos livros de História, por exemplo, resumia-se a presença do negro na escravidão, estigmatizando a sua história a um contexto de violência e
humilhação, no qual muitas crianças e jovens periféricos convivem diariamentee que não lhes serve de referência numa perspectiva de alternativa
de vida.
Conforme Silva (2005), os estereótipos não só afetam a autoestima como produzem preconceitos. A deficiência do material didático pode fazer do
professor um reprodutor inconsciente de estereótipos. Os movimentos negros, como vimos, principalmente a partir dos anos 1980, reivindicaram
mudanças que, mesmo com a lei 10.639/03, ainda são insuficientes.
Há um processo de resistência e insurgência de alunos negros diante do
desconforto provocado pelo material didático, pelo currículo e pela
didática da escola: a evasão.
Muitas vezes tratada como uma consequência das condições materiais
de vida ou de trabalho, a evasão também é uma forte reação de alunos
negros diante de um modelo de educação que não lhe enxerga enquanto
sujeito e que, quando o inclui, é de forma estereotipada.
Nem todo aluno negro sabe e quer se ver como o capoeirista, jogador de
futebol ou cantor de pagode. Da mesma forma, muitas meninas negras
se incomodam por serem lembradas como dançarinas para as datas
comemorativas do folclore e do Dia da Consciência Negra.
A sexualização do corpo negro é histórica e ainda hoje é possível de se
notar, mesmo dentro do contexto escolar. 
(Fonte: DiversityStudio / Shutterstock)
A formação de estereótipos e, consequentemente, a discriminação, materializada na piada, nos risos e apelidos, muitas vezes se dá a partir das
melhores intenções da escola, porém sem uma reflexão e um entendimento mais profundo das questões raciais.
Aliás, há uma negação, em muitos estabelecimentos educacionais, da existência de racismo em seus espaços. Quando muito, tratam casos desse
tipo como brincadeira de mau gosto ou, mais na moda, bullying.
POR FIM, HERANÇA DE UM PASSADO ESCRAVISTA, MAS QUE AS
GERAÇÕES POSTERIORES ATUARAM NO SENTIDO DE EVITAR GRANDES
MUDANÇAS, A MANUTENÇÃO DE PRIVILÉGIOS COM BASE NA COR ESTÁ
NAS RAÍZES DAS DESIGUALDADES QUE SE ESPALHAM NO CONTEXTO
SOCIAL E ECONÔMICO ENTRE BRANCOS E NEGROS NO BRASIL.
Os limitados investimentos na educação, bem como o desigual acesso à estrutura de oportunidades, mantêm essa desigualdade. Nos últimos vinte
anos se ampliaram as discussões em torno da construção e implantação de políticas sociais para, ao menos, mitigar as diferenças no país. Foi
nesse contexto que as políticas afirmativas ganharam corpo, agregando vozes vindas de diversos segmentos sociais, da militância à academia, e
se consolidaram no país.
O ESTADO BRASILEIRO, NO ENTANTO, AINDA TEM DESAFIOS ENORMES
PARA ENFRENTAR NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS DE
IGUALDADE RACIAL, ESPECIALMENTE NO QUE TANGE À MULHER NEGRA
PERIFÉRICA. ESSES MARCADORES AINDA LIMITAM A ASCENSÃO
ECONÔMICA E SOCIAL DESSE GRUPO A PARTIR DA EDUCAÇÃO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MUITAS VEZES OUVIMOS EXPRESSÕES COMO, “RAÇA NÃO EXISTE” OU “SÓ EXISTE A RAÇA HUMANA”. NO
SENSO COMUM, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL É INTERPRETADA MAIS COMO UMA DISCRIMINAÇÃO DE CLASSE
DO QUE DE COR. A PARTIR DOS ESTUDOS REALIZADOS NESTE MÓDULO, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A escola tende a ter menos conflitos claros, uma vez que os alunos pertencem a uma mesma classe social, assim, formas como: cabo-verde,
sarará, mulato, pretinho, mostram uma naturalização da relação de pares.
B) Na escola, é recorrente o uso de que os chamamentos racistas não são realmente importantes. Alunos argumentam que são amigos e que
aquilo é uma forma de brincadeira. O humor para hostilizar as pessoas devido à cor da pele, tipo de cabelo, condição econômica etc., é visto como
um ato desimportante, mas deve ser entendido como uma forma de violência e receber a intervenção da escola.
C) A escola brasileira convivia com uma realidade de comunidade imaginada, como se, apesar de estar no Brasil, não se metia com as relações do
Brasil. Tudo mudou com o estabelecimento da lei 10.639/03: houve uma ampla mudança nos materiais didáticos e nas práticas dos professores em
sala de aula, impedindo que casos de racismo ocorram na escola e aumentando a permanência dos alunos negros.
D) Os dados levantados em pesquisa pelo IBGE mostram a eficácia das diversas políticas afirmativas no Brasil, como a Lei de Cotas, por exemplo.
Atualmente, a população negra (negros e pardos) corresponde à maioria dos matriculados nas universidades, o que tem levado à equiparação do
salário desse grupo com o dos brancos, vencendo o problema histórico de nossa desigualdade social.
2. OS ESTUDOS MAIS RECENTES, COMO VISTO NESTE MÓDULO, TÊM MOSTRADO QUE NÃO É POSSÍVEL
ENTENDER AS DESIGUALDADES NO BRASIL SEM CONSIDERAR AS QUESTÕES RACIAIS E DE GÊNERO QUE SE
INTERCRUZAM. O CONTEXTO EDUCACIONAL, PORTANTO, TAMBÉM NÃO PODE EXCLUIR ESSA CONJUNTURA
DE SUAS ANÁLISES. NESSE SENTIDO, DE ACORDO COM O QUE FOI ESTUDADO, MARQUE A ALTERNATIVA
MAIS ADEQUADA.
A) Estudos históricos demonstram que as crianças, ao perceberem nos brinquedos, nas lojas e nos meios de comunicação que o belo é o que eles
não são, acabam crescendo com um olhar que nega a si, seja o seu cabelo, sejam os seus traços.
B) Meninas e meninos negros enfrentam os mesmos problemas de desigualdade racial e os mesmos obstáculos no processo de escolarização e
no mercado de trabalho.
C) A política de filtragem racial é uma prática análoga para brancos e negros no processo de seleção para as vagas de trabalho, considerando a
aparência física de cada um.
D) Nas escolas, a partir da lei 10639/03, os estudos sobre a escravidão negra no Brasil passaram a ser vistos por crianças e adolescentes negros
como referência para suas vidas.
GABARITO
1. Muitas vezes ouvimos expressões como, “Raça não existe” ou “Só existe a raça humana”. No senso comum, a discriminação racial é
interpretada mais como uma discriminação de classe do que de cor. A partir dos estudos realizados neste módulo, marque a alternativa
correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Seria muito bom que a desigualdade social tivesse sido vencida. Todas as medidas apresentadas, como o ensino de História da África, política de
cotas e defesa de que os termos foram ressignificados para formas de carinho e não de exclusão foram e continuam sendo válidas, mas nenhuma
delas pode vencer a estrutura histórica da desigualdade de um momento para o outro. As raízes são mais profundas e a escola as reproduz. Ela
não pode fugir da realidade social e, por isso, deve propor enfrentamentos a esses problemas.
2. Os estudos mais recentes, como visto neste módulo, têm mostrado que não é possível entender as desigualdades no Brasil sem
considerar as questões raciais e de gênero que se intercruzam. O contexto educacional, portanto, também não pode excluir essa
conjuntura de suas análises. Nesse sentido, de acordo com o que foi estudado, marque a alternativa mais adequada.
A alternativa "A " está correta.
 
A perspectiva da representatividade tem sido debatida como uma forma de romper a reafirmação da desigualdade racial. A cada momento em que
o sujeito se vê presente, se vê capaz, se sente parte do tecido social, mais facilmente podemos estabelecer a trajetória histórica da exclusão.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escravização, a exploração dos sujeitos, as violências associadas ao racismo e os processos de exclusão têm marcas profundas em nossa
história. A maior parte da população brasileira é negra ou descendente, mas sua história, seu posicionamento nas escolas, seus papéis sociais
ainda são vistos como se estivéssemos nos referindo a uma minoria. Negros não são uma minoria, são uma população historicamente excluída,
sem direito à educação ou à sua escola.
Qual é o primeiro passo para ajudar na mudança desse cenário? Saber como aconteceu, e isso você aprendeu no primeiro módulo. Depois,
permitir que sua voz possa ser ouvida, ela existe, só não aprendemos a ouvi-la e, no segundo módulo, nós tivemos a experiência de conhecer suas
lutas e perspectivas. Por fim, ver que esse problema não foi superado, está vivo, presente, e se quisermos uma solução, precisamos tratar disso, e
foi o que fizemosno terceiro módulo.
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Leia:
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CONTEUDISTA
Alex Andrade Costa
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