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Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG EXERCÍCIO DOENÇAS INFECCIOSAS - BIOMOL APLICADA ALUNA: Nathália Greco Coelho MARÍCULA: 2018087988 1) Com relação à utilização das técnicas de biologia molecular para o diagnóstico de doenças infecciosas, indique se as afirmativas abaixo são verdadeiras ou falsas. Justifique suas repostas. a) RNA viral pode ser quantificado através de RT-PCR seguido por Real time PCR. Verdadeiro, uma vez que pode ser realizada a RT-PCR para identificar a presença de RNA viral e, em seguida, realizar a Real Time PCR de modo a quantificar essa carga viral presente. b) Na Nested-PCR é utilizado um par de primers internos, e posteriormente, um par de primers externos, em duas corridas sucessivas de PCR. Falso, pois na primeira corrida de PCR é usado um par de primers externos e posteriormente, na segunda, um par de primers internos, ou seja, o contrário do que foi dito. c) Na captura híbrida, sondas específicas se hibridizam com o DNA desnaturado do microrganismo e estes híbridos são capturados por anticorpos imobilizados. Verdadeiro pois, na técnica de captura híbrida há primeiramente a desnaturação do DNA, seguido da hibridização na qual sondas específicas se hibridizam ao material desnaturado rapidamente. Posteriormente, ocorre a captura e híbridos, etapa em que os híbridos específicos em suspensão são imobilizados por tubos recobertos de anticorpos. Depois, ocorre a reação híbrido-conjugado, em que enzimas destroem as sondas não reagentes, o que reduz a chance de ligações inespecíficas, de modo que os híbridos imobilizados reagem com o conjugado composto por anticorpo específico + fosfatase alcalina. Finalmente, há a detecção dos híbridos, por quimioluminescência. d) Através da técnica de captura híbrida é possível detectar os diferentes tipos de HPV. User Retângulo Verdadeiro, uma vez que, é possível se detectar 2 grupos de HPV por meio de sondas específicas, são eles os tipos não oncogênicos, com sondas como 6 e 11, e os tipos oncogênicos, como 16 e 18. e) A técnica de b-DNA (branched DNA) possibilita a quantificação do DNA ou RNA viral sem amplificação prévia do genoma. Verdadeiro, uma vez que na técnica de b-DNA (branched DNA) não são necessários amplificadores de sinais, extensores de captura, de modo que o sinal amplificado é diretamente proporcional ao número de alvos presentes na amostra. 2) Quais cuidados devem ser considerados em relação à biossegurança para coleta e processamento de amostras de doenças infecciosas transmitidas por inalação de aerossóis. Cite exemplos. Com relação à biossegurança para coleta e processamento de amostras de doenças infecciosas transmitidas por inalação de aerossóis é extremamente necessário que os profissionais estejam devidamente paramentados com os equipamentos de EPI, sendo eles toucas, óculos de proteção, jaleco, luvas e sobretudo máscaras e face shield. Além disso, são utilizadas Cabines de Segurança Biológica, as quais constituem o principal meio de contensão, usadas como barreiras primárias contra a fuga de aerossóis para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança biológica: Classe I, Classe II – A, B1, B2, B3 e Classe III. As amostras coletadas devem conter informações sobre o grau de perigo de contaminação, de modo que serão distribuídas a laboratórios de diferentes níveis de biossegurança, sendo as doenças infecciosas transmitidas por inalação de aerossóis direcionadas para os de níveis 3 e 4. Nos laboratórios de nível de biossegurança 3, a equipe possui treinamento específico para lidar com agentes potencialmente letais, e é dada grande ênfase às barreiras primárias e secundárias de contenção, além de fornecerem um ambiente controlado com exigências de ventilação, como um sistema de filtração de ar particulado de alta eficiência (HEPA). Já os laboratórios de nível de biossegurança 4, são aqueles em que as condições são mais sofisticadas e adequadas para se trabalhar com agentes mais perigosos, exóticos e que envolvem maior risco de infecções transmitidas por aerossol e doenças com risco de morte por não existir vacina nem terapia disponíveis para tratamento. Esses laboratórios estão geralmente localizados em um prédio separado, com ventilação e sistemas de gerenciamento de lixo especializados e a equipe utiliza uma roupa de pressão positiva com um sistema de suporte de vida. São exemplos de agentes patológicos destinados para os laboratórios de Nível de biossegurança 3 (BSL-3): Chlamydia psittaci (cepas aviárias), Clostridium botulinum, Coxiella burnetii, etc. São exemplos de agentes patológicos destinados para os laboratórios de Nível de biossegurança 4 (BSL-4): Filovirus, incluindo vírus Marburg, Ebola e outros vírus relacionados, vírus SARS-CoV-2, etc. 3) Discuta os seguintes aspectos do diagnóstico molecular de doenças de caráter infeccioso: a) Uso de genes naturalmente amplificados. Cite exemplos Os genes naturalmente amplificados são utilizados com o intuito de avaliar a sensibilidade do método, e apresentam mais cópias além das que já estão presentes no genoma. Os mais utilizados são genes para RNAr, que são naturalmente amplificados nos seres vivos, e que, portanto, exigem cautela no momento da escolha da região alvo, de modo que não seja uma região comum entre organismos diferentes. Tem-se também genes plasmidiais, bem como genes referentes a antígenos (que podem estar relacionados a patogenicidade) e genes housekeeping (essenciais para a funcionalidade mínima das células). b) Estrutura em mosaico dos genes ribossomais Os genes ribossomais possuem uma estrutura composta por regiões conservadas de espécies filogeneticamente distantes e regiões variáveis de indivíduos filogeneticamente relacionados, organizados de modo que células de diversos organismos contenham grupos de genes essenciais e grupos de genes específicos, expressos conforme a necessidade de cada organismo durante a evolução. c) Aspectos relacionados à amostragem adequada e representativa durante a coleta do sítio de infecção para diagnóstico. Use o diagnóstico do HPV e de SARS- COV2, como exemplo Com relação a coleta de amostras para exames diagnósticos, é necessário conhecer os tecidos ou líquidos biológicos nos quais a chance de se encontrar alta quantidade de genoma do microorganismo é elevada. Além disso, para que possíveis contaminações e interferentes de diagnóstico sejam evitados, é preciso que técnicas seguras de esterilização sejam aplicadas no processo de coleta. A contaminação por HPV por exemplo, é mais incidente em células com grande taxa de replicação, sendo elas epiteliais escamosas que revestem a superfície da pele e das mucosas e, portanto, esse vírus é mais facilmente encontrado em tecidos constituídos por essas células, como boca, ânus, colo uterino, pênis e outros. Desse modo, a fim de se obter com mais facilidade, o genoma viral do HPV, é aconselhável a coleta de amostra desses tecidos específicos. Já para o SARS-CoV-2, aconselha-se a coleta de amostras de tecido epitelial do trato respiratório superior, uma vez que esse vírus possui um tropismo por células dos órgãos do trato respiratório e, portanto, essa corresponde à região com a maior quantidade de genoma viral presente. d) Uso de métodos qualitativos e quantitativos na infecção pelo HIV Em se tratando da infecção por HIV, testes de imunoensaios, como por exemplo ELISA indireto e imunocromatografia (de testes rápidos), são métodos qualitativos que podem ser utilizados para o diagnóstico, e detectam anticorpos ou antígenos do vírus. Contudo, por detectarem os anticorpos, o diagnóstico no início da infecção é prejudicado, uma vez que nesse período a produção de anticorpos ainda não é significativa. Diante disso, nessa fase pode ser usado, por exemplo, o método de PCR, que detecta a presença degenoma viral. Com relação aos métodos quantitativos, a qPCR, por exemplo, pode fornecer valores numéricos de quantidade de material genético de vírus presente no organismo, correspondente a carga viral que poderá ser usada no acompanhamento da progressão da doença, bem como da resposta do indivíduo à terapia de tratamento. e) Em que situações a diferenciação de linhagens virais pode ser importante? Use o exemplo da infecção e tratamento da hepatite C, a emergência das linhagens de SARS-COV2 durante a pandemia e o diagnóstico das infecções por Chlamydia trachomatis. A diferenciação de linhagens virais pode ser importante em situações nas quais alguns vírus, pertencentes a um mesmo grupo, podem gerar patogenias de níveis diferentes de gravidade, em locais distintos, ou ainda não ocasionar nenhuma consequência ao organismo. A diferenciação se torna necessária, portanto, na determinação do diagnóstico e do prognóstico dos pacientes, em alguns desses casos. Na hepatite C, por exemplo, tem-se diferentes respostas aos 6 genótipos distintos já identificados do agente patológico, o vírus HCV, que direcionam o tratamento e o prognóstico da doença a diferentes rumos. Pacientes infectados com o genótipo do tipo 1 do vírus em questão, reagem ao tratamento de maneira menos eficaz e portadores do genótipo 3, por exemplo, possuem maior chance de desenvolvimento de patologias secundárias como cirrose, câncer de fígado e diabetes. Em se tratando de Covid-19, a emergência das novas linhagens de SARS-COV2, indicam exatamente o surgimento de novas cepas virais, que correspondem a novas variantes advindas de mutações do vírus, que o torna mais resistente, aumentando sua patogenicidade e poder de infecção. Com relação à infecção por Chlamydia, a diferenciação de linhagens é importante e necessária uma vez que, os diversos organismos pertencentes a este gênero são responsáveis por diagnósticos variados e de quadros clínicos diferentes. A infecção pela Chlamydia trachomatis, por exemplo, pode ocasionar quadros de uretrite, cervicite, doença inflamatória pélvica, infertilidade e câncer (quando associado ao HPV), ao passo que a Chlamydia pneumoniae causa pneumonia, bronquite e faringite, quadros completamente diferentes entre si. f) Quais métodos podem ser usados para essa diferenciação? Através da genotipagem é possível obter essa diferenciação. Ela utiliza métodos moleculares, baseados em PCR, como a Nested-PCR e PCR em tempo real, e técnicas imunológicas. Durante o processo de genotipagem por PCR, após ser feita a extração do RNA viral, é realizada a transcrição reversa e a ampliação das regiões de interesse, e posteriormente eletroforese e eletroquimioluminescência, sendo finalizado em alguns casos com quantificação.
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