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RESUMO BIOLOGIA MOLECULAR APLICADA AO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 1- MUTAÇÕES GÊNICAS • A perpetuação do material genético depende da taxa de mutação - taxa elevada: em células germinativas (destruição da espécie), em células somáticas (destruição do indivíduo). • Permite a variação e evolução das espécies. • Mutações constitutivas: presente em todas as células do organismo, são transmitidas para células filhas durante a divisão celular e podem ser herdadas (presente em células germinativas) - ocorre durante a replicação do DNA ou por exposição a agentes mutagênicos, efeito varia de acordo com o local e tipo de mutação. • Mutações somáticas: mutação em células somáticas, podem ocorrer em qualquer momento da vida, como resultado de exposição a agentes mutagênicos, erros durante a replicação do DNA ou outros processos celulares. Não são transmitidas para geração seguinte. Podem ocorrer em qualquer tecido do corpo e podem afetar a função normal das células (doenças: câncer). - Mutações no DNA - • Erros durante o processo de replicação - erro na precisão e na fidelidade. DNA polimerase acrescentando um nucleotídeo errado na cadeia de crescimento: se os mecanismos de correção falharem as mutações podem permanecer e serem transmitidas para células filhas durante a replicação. • Lesões espontâneas ou induzidas - espontânea: erro de replicação, danos oxidativos em espécies reativas de O2, danos químicos por espontânea desaminação dos nucleotídeos. Induzidas: radiação ionizante, ultravioleta, agentes químicos mutagênicos, vírus e outros fatores ambientais: quebra de cadeia, altera sua estrutura ou sequência. Rearranjos cromossômicos: pode ocorrer por meio de deleções, duplicações, inversões e translocações (síndrome de Down: trissomia do cromossomo 21 (duplicação, adicionou uma cópia). • Inserção por elementos de DNA (transposons): “genes saltadores” insere uma sequência de genes em diferentes locais do genoma. Transposons são capazes de se mover pelo genoma devido enzimas, como transporase, corta o DNA ao redor do transposon e o insere em uma nova posição. • Mutações pontuais: afetam um ponto do genoma (6-10 nucleotídeos), podem ocorrer por substituição, deleção ou inserção • Pontos preferenciais de mutação - hotspots: geralmente contém sequencias ou nucleotídeos repetidos ou instáveis, que são mais suscetíveis a erros durante a replicação (alta taxa de mutação do genoma). Regiões microssatélite: sequencias curtas de repetições de nucleotídeos (1-6 pb), marcadores biológicos em estudos genéticos (identificar o indivíduo, determinar relações familiares, mapear doenças genéticas), geralmente são pequenas mutações por inclusão ou exclusão de um ou mais pb nas sequencias, pode levar a mudanças na função de genes próximos ou na regulação gênica, nem toda região microssatélite é um hotspot. Metilação das citosinas: ocorre nas ilhas CpG (ilhas com maior densidade de sequencias CpG, encontrada principalmente em regiões promotoras), a metilação é um processo epigenético onde um grupo metil se liga a posição 5 da citosina (com metil - supressão da transcrição, sem metil - ativação da transcrição), as ilhas CpG são mais suscetíveis a mutação devido a desaminação (a desaminação da 5-metilcitosina forma uma uracila, a uracila é considerada uma base incorreta pelo sistema de reparo do DNA e pode ser substituída por outras bases na replicação, levando a mutações), mutações nessas ilhas são frequentes em alguns tipos de câncer e podem levar a alterações na expressão gênica. • Mutação x Polimorfismo: o polimorfismo são variações genéticas relativamente comuns e não confere uma vantagem ou desvantagem significativa em termos de sobrevivência e reprodução. Ex: hemoglobina A – forma normal em indivíduos saudáveis. Hemoglobina S – forma diferente associada a anemia falciforme. Ex: gene da lactose. Podem ter efeitos fenotípicos sutis ou nenhum efeito. Mutações são variações raras no DNA e podem ter efeito patogênico. • Síndrome do X frágil: causa deficiência intelectual leve a grave - repetição CGG: 200 a 2000x próximo a ponta 5’ do gene. • Doença de Huntington: afeta a capacidade cognitiva, movimentos e equilíbrio emocional – repetição CAG: 40 a 120x na região codificante do gene HD. • Espécies reativas de O2 - oxidação: − Radiação ionizante: transversão - mutação pontual que substitui uma base por outra base, pode mudar a estrutura, função ou estabilidade da proteína. Ultravioleta – pode provocar inserção ou deleção nos nucleotídeos. Gama e raio x - difíceis de corrigir e impedem a replicação, são agentes clastogênicos usados nos tratamentos de câncer para matar células em rápida proliferação. − Produtos da respiração. − Radicais livres. • Análogos de base: compostos que possuem estruturas semelhantes as bases nitrogenadas, mas diferem em termos de composição da estrutura, podem ser utilizados para terapia já que pode interferir na replicação. Telômeros de base – ocorrem devido a rearranjos dos átomos de H e elétrons dentro da base, os rearranjos levam a diferentes estruturas que podem se parear de forma anômala com bases complementares levando a erros de pareamento na replicação e alterações na sequência de DNA. • Agentes intercalantes de DNA: se intercalam entre as bases de DNA e interrompem sua estrutura (distorcendo a estrutura da dupla hélice). A distorção pode afetar a ação das enzimas envolvidas na replicação, o que causa inserção ou deleção de um ou mais pares de base. Ex: doxorrubicina - quimioterápico. Ex: etídio brometo: causa fluorescência. • As mutações podem ser: • Silenciosas ou sinônimas: não prejudica a produção do aa, o códon é trocado por um que resulta no mesmo aa. (um mesmo aminoácido pode ser codificado por diferentes códons). • Não silenciosas ou de sentido contrário: a mudança da base altera o aa codificado, isso pode acarretar alteração da função, ganho de função ou alteração da estabilidade ou dobramento resultando em uma proteína não funcional ou de meia-vida reduzida). − Conservativas: altera um nucleotídeo, mas mantém características semelhantes da proteína. − Não conservativas: altera um nucleotídeo e o novo aa possui características complementares distintas. • Sem sentido: mudança introduz um stop códon e interrompe a proteínas antes do seu término, isso pode acarretar proteínas truncadas (+ curta – pode perder funções importantes), degradação do mRNA (mecanismo de qualidade que percebe o stop códon prematuro) ou perda da função da proteína. • Mudança de matriz de leitura (frame-shift): um ou mais nucleotídeos são inseridos ou deletados na sequência de DNA, alterando o quadro de leitura durante a tradução do mRNA. • O efeito das mutações depende da região do genoma que aconteceu a mutação: − Ilhas CpG: existem várias, controla a transcrição (quando está metilada não transcreve). − TATA box (promotor): indica o início da replicação e transcrição. − Éxons: indica a sequência de códons para formar o aa - região codificante. − Íntrons: os íntrons são removidos (splicing) garantindo a variabilidade genética - mutações nos íntrons alteram a formação da proteína. − Região de poliadenilação: indica o fim da transcrição e adiciona a cauda poliA. − Mutações em regiões não codificadas - • Enzima UGTA: + repetições de T e A no promotor (TATA box), diminui a expressão e atividade, conjuga a bilirrubina (facilita a excreção), mutação pode levar a icterícia, irinotecan (medicamento contra câncer) - a mutação afeta a capacidade de metabolizar o medicamento e aumenta os efeitos colaterais. • Enzima CYP3A5: mutação nos íntrons, tira a indicação de que um íntron é um íntron fazendo ele ser reconhecido como um éxon formando outra proteína - altera a forma como a proteína se expressa. 2- DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • 1°: coletar a amostra adequada - mutaçõessomáticas: coletar no local onde a mutação está expressa (biópsia). Mutações constitutivas: pode ser coletada de qualquer matriz biológica (o sangue é a melhor matriz para diagnóstico já que possui maior concentração de material genético). • 2°: extração e limpeza do DNA - expõe o DNA utilizando o tampão lise para romper a membrana plasmática, limpeza para retirar outras substâncias celulares, une o DNA para extrair o máximo de material genético. • 3°: quantificação do DNA: precisa ter um grau de pureza e concentração para um diagnóstico preciso. 260/230 (indica concentração de contaminantes orgânicos) - 1,8 – 2,0. 260/280 (indica concentração de proteínas) 1,8 – 2,2. Concentração de DNA – 20 – 50, o ideal é em torno de 30, maior de 50 pode ser necessário diluir, menor que 20 só consegue fazer PCR em tempo real. • Extração salting-out: concentração salina se torna muito alta e ocorre a diminuição da solubilidade das moléculas do solvente na fase aquosa, levando a formação de um sistema bifásico. 3- PCR (REAÇÃO DE CADEIA DA POLIMERASE) • Cada especialidade precisa de uma unidade funcional própria. • O PCR é o mesmo (utiliza o mesmo tampão, enzima Taq, Mg) o que muda é a sonda e o primer de acordo com a finalidade do exame. − Taq: é uma DNA polimerase que sintetiza novas cadeias de DNA complementares amplificando a região de interesse. − Mg²: cofator essencial para a atividade da enzima Taq, estabiliza as ligações de fosfato do DNA fornecendo energia necessária para a polimerização do novo DNA. − A sonda e o primer se anelam de acordo com a complementariedade de bases • Identifica mutações genéticas e polimorfismos, oncologia (monitora progressão e resposta terapêutica), diagnósticos virais e na farmacogenética (se o indivíduo não possuir nenhuma alteração nas enzimas que metabolizam fármacos). • Forense e paternidade: utiliza eletroforese em gel (separa por tamanho e fragmento de DNA), analisa regiões microssatélite (o número de repetições é herdado e único em cada indivíduo, fingerprint, metade do nosso genoma são regiões de repetição. No teste de paternidade não precisa ser 100% por conta da recombinação gênica. • Vantagens: rapidez, custo relativamente baixo, simples de realizar. • Desvantagens: intensa manipulação laboratorial, extração do DNA, análises conduzidas em laboratórios especializados. • Copia (amplifica) apenas a região de interesse in vitro por meio de PCR e clonagem • O PCR copia em torno de 100 – 600 pb: utiliza o DNA polimerase in vitro para copiar o fragmento de interesse diversas vezes, amplificando a informação e permitindo a visualização e/ou análise. • É uma reação cíclica: o produto de um ciclo é substrato para o próximo ciclo. • É um processo termodinâmico (para desnaturar o DNA e romper as ligações de fosfato) e enzimático. A desnaturação ocorre no termocirculador. 4- TÉCNICA DE EXTRAÇÃO COM COLUNA DE SÍLICA • 1° coleta: • Venopunção • O local de preferência é a fossa antecubital • Distribuição em H ou M. • EDTA: anticoagulante. • 2° extração: • Dividido em 4 etapas: lise, ligação, lavagem e eluição. • Lise: utiliza hemalise–RBC 10x e tampão lise para romper a membrana e expor o DNA. Retirar o máximo possível de sobrenadante (possui restos celulares como proteínas, lipídeos metabólicos). • Ligação: utiliza etanol para precipitar e condensar o DNA, após condensar transferir para o microtubo que possui a coluna de sílica (o DNA se liga a membrana da coluna por conta do seu caráter negativo). • Lavagem: adicionar tampões de lavagem para retirar os restos celulares e deixar a amostra pura (foram utilizados 2 na prática). • Eluição: transfere a coluna para um novo microtubo e adiciona o tampão de eluição entre o DNA e a coluna de sílica (o tampão rompe a interação entre o DNA e a sílica). • 3° quantificação: • Utilizamos o espectrofotômetro nanodrop – quantifica a concentração de acordo com a absorbância: • 260nm: concentração do DNA • 280nm: absorção de proteínas • 230nm: absorção de contaminantes (reagentes) • Pipetar 1 microlitro de H2O autoclavada no capilar e dar o “blank” (para calibrar e ajustar o espectrofotômetro evitando interferências na leitura) • Pipetar 1 microlitro do DNA e anotar a concentração do DNA, razão 260/230 (contaminantes) e 260/280 (proteínas). • Os parâmetros que geralmente são utilizados para avaliar a qualidade do método de extração são: quantidade de DNA, pureza e integridade. O kit comercial estabelece a metodologia e qualidade da amostra.
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