Buscar

A paleobiogeografia, Evolução e Distribuição dos Seres

Prévia do material em texto

Unidade 2 - A paleobiogeografia, Evolução e Distribuição dos Seres.
Obra:Titulo: Biogeografia - Autor: Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame; Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado; Prof.ª Regina Luiza Gouvea - Editora: Uniasselvi - Ano: 2019
TÓPICO 1
1 O final do Permiano foi marcado pela maior extinção já ocorrida na Terra. Cerca de 95% dos vertebrados extinguiram-se. Dentre as inúmeras hipóteses que tentam explicar a extinção, quatro são as mais aceitas. Quais são estas hipóteses e o que defendiam?
A primeira sustenta que a grande glaciação em Gondwana seria uma causa, ao provocar resfriamento em todo o mundo e rebaixamento do nível do mar.
A segunda teoria afirma que a colisão de Laurásia e Gondwana fez com que as terras excedessem os oceanos em área. Isso teria forçado uma intensa competição pelo espaço entre as espécies marinhas, o que resultaria no extermínio.
A terceira teoria apela para flutuações climáticas nas zonas temperadas, causadas por glaciações nos polos Norte e Sul. Essas flutuações são comprovadas por sequências de dunas e evaporitos, encontradas nas camadas sedimentares das regiões temperadas atuais. Nos polos há evidências de grandes glaciações permianas.
A quarta teoria apoia-se em violentos eventos de vulcanismos basálticos ocorridos na Sibéria. As erupções foram explosivas e lançaram enormes quantidades de sulfatos na atmosfera. Nuvens de cinzas e de sulfatos provenientes dos vulcões envolveram todo o planeta, o que o privou da luz solar e o resfriou. As idades das lavas siberianas coincidem com a época das extinções do Permiano.
2 De que elementos da natureza e de que técnicas o biogeógrafo se utiliza como subsídio para interpretação de épocas passadas?
· 
· Paleossolos e sedimentos. 
· Análise polínica ou palinologia.
· Datação radiométrica.
· Paleontologia.
· Dendrocronologia
· Varves em varvitos.
· Refúgios florestais.
· Paleomagnetismo.
· Fósseis vivos
3 Sobre o estudo da Paleobiogeografia, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) O deslocamento dos continentes teve reflexos em todo o planeta e mudou a sua face ao originar oceanos e mares, alterar o clima mundial e levar a uma incomensurável mudança nas formas de vida em todo o mundo.
( ) Não podemos estudar a Biogeografia de hoje sem compreender o passado geológico da Terra.
( ) Nas espécies tropicais e subtropicais não há separação muito nítida entre as estações do ano, de modo que o câmbio funciona durante todo o ano. Logo, não há produção de anéis de crescimento na árvore, o que torna difícil calcular a sua idade.
( ) Estudar os climas do passado depende diretamente da obtenção de dados, que são inferidos de indicadores climáticos naturais.
( ) As causas da presente distribuição dos seres vivos não estão apenas nos fatores atuais, mas também são encontradas na evolução das eras geológicas.
Agora, assinale a alternativa que abarca a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – V – V – F.
b) ( ) F – V – F – V – V.
c) ( ) V – V – V – F – V.
d) (X) V – V – V – V – V.
TÓPICO 2
1 Qual é a relação entre seleção natural, mutação genética, isolamento genético na evolução e adaptação de seres vivos? A relação entre seleção natural, mutação genética, isolamento genético na evolução e adaptação de seres vivos está na adaptação das espécies em relação às condições ambientais em que vivem. Um ambiente em constante transformação, em que os fatores limitantes sejam constantes, como numa restinga ou num deserto, por exemplo, obriga à espécie adaptar-se. A seleção natural presenteia a espécie com meios de ajustar-se ao ambiente e ela transmite essas características aos descendentes. A espécie, certamente, se extinguirá se não ocorrer adaptação ou se a seleção natural não atuar a contento. É importante destacar que as mudanças ambientais podem influir nas variações e nas alterações na carga genética de uma espécie, o que pode levar a uma mutação. Assim, esta espécie irá adaptar-se ao meio em que vive.
2 Explique com suas palavras como ocorreu a experiência em que o bacteriologista francês, Louis Pasteur (1802-1895), provou que definitivamente a geração espontânea não existia, mas que o ar estava carregado de impurezas que provocavam a decomposição da matéria orgânica.
R.: Pasteur provou o que dizia. Preparou um caldo orgânico e, com ele, encheu vários frascos e não os vedou. Ao contrário, com uma chama, entortou os gargalos em forma de um alongado S. Outros frascos foram deixados com o gargalo normal. Os frascos foram postos em repouso por alguns dias. Em seguida, observou os frascos e notou que nos frascos de gargalos curvos depositaram-se, no colo do gargalo, as impurezas contidas no ar. Nesses frascos o líquido não se deteriorou. Mas nos frascos normais, houve deterioração.
Pasteur, então, pôde comprovar dois fatos: a geração espontânea, definitivamente, não existia e, mais importante, o ar era carregado de impurezas, que provocavam a decomposição da matéria orgânica, com o aparecimento de bactérias, fungos, vermes e outros organismos, onde, antes, não existiam. Os frascos com gargalo entortado são mantidos intactos no Instituto Pasteur, em Paris. Foram apenas tapados para evitar a evaporação.
3 A origem da vida sempre foi objeto de preocupação do homem, desde os filósofos da Antiguidade até os pesquisadores modernos, passando pelos religiosos das diversas seitas do mundo. Neste contexto e com base no estudo realizado sobre as primeiras ideias no que tange ao aparecimento da vida, analise as afirmativas a seguir.
I- Quatro linhas de pensamento buscam explicar como a vida surgiu na Terra: a criação especial; hipótese da panspermia; geração espontânea; e hipótese da quimiossíntese.
II- No início do século XX, poucos cientistas deram prosseguimento às pesquisas sobre a origem da vida.
III- Geração espontânea, uma ideia que durou por quase dois mil anos, garantia que a vida podia surgir da matéria inanimada. Essa ideia apoiava-se apenas na observação e tirava conclusões apressadas, conjugadas com uma fertilíssima imaginação, movida, sobretudo, pela superstição e pela pressão da Inquisição.
IV- No século XX, surgiram hipóteses modernas baseadas em fatos puramente científicos comprovados. A principal delas é a hipótese da quimiossíntese e traz à tona os primeiros estudos sérios sobre o surgimento da vida.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I, III e IV.
b) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.
c) ( ) Está correta apenas a afirmativa IV.
d) (X) Todas as afirmativas estão corretas.
TÓPICO 3
1 A distribuição atual de animais e plantas é fruto de processos físicos e biológicos passados e atuais. Que fatores intervêm na especiação e na repartição atual das espécies?
R.: Fatores físicos: altitude, longitude, latitude, temperatura, umidade do ar, luz, pressão atmosférica, radiação solar.
Fatores geográficos: relevo (cadeias montanhosas, vales), corpos hídricos (mares, rios e lagos).
Fatores químicos: acidez, alcalinidade, salinidade, concentração de gases no ar ou em solução, presença ou ausência de minerais importantes como o cálcio e fosfatos.
Fatores biológicos: relações biocenóticas inter e intraespecíficas, mobilidade, recursos alimentares, presença de água etc.
2 Caracterize e explique espécies endêmicas, cosmopolitas e os diversos tipos de espécies estrangeiras no enfoque biogeográfico.
R.: a) Uma espécie dotada dessa habilidade poderá ocupar vastas áreas, porque seu genótipo lhe permite. É chamada de cosmopolita.
São poucos os casos de cosmopolitismo ao nível de espécie. Existem apenas 25 espécies de plantas superiores que se distribuem por mais de 50% da superfície terrestre, sendo a maioria de plantas aquáticas. Os exemplos tornam-se mais abundantes, quanto mais abrangente for o nível taxonômico (táxon) considerado (LACOSTE & SALANON, 1973, p. 19). Uma área cosmopolita é ocupada por um táxon que apareça em todos os continentes – exceto a Antártica – e que não seja menor que um 1/3 da superfície terrestre (VALDÉS, 1985,p. 123). Eis alguns exemplos – a coruja- da-igreja (Tyto alba), Musca doméstica (mosca), Canis familiaris (cachorro), Rattus novegicus (ratazana) e o Homo sapiens, a espécie mais cosmopolita de todas (id. p. 125). No reino vegetal, temos Pteridium caudatum (samambaia invasora de terrenos depois de derrubada a vegetação), Urtiga dioica (urtiga), Taraxacum officinale (chicória) etc.
Entretanto, as espécies cosmopolitas exigem certas condições favoráveis para a sua sobrevivência. A barata (Periplaneta americana), por exemplo, precisa de ambientes propícios, como o lixo acumulado em locais tranquilos e escuros.
b) As espécies endêmicas resumem-se a poucas áreas ou mesmo em apenas uma área. São espécies com um baixo nível de tolerância. Por isto, sua área é determinada pelas condições ambientais.
O endemismo está estreitamente ligado a barreiras biogeográficas, que isolam grupos de organismos. Esses grupos são aqueles que poderão originar especiações.
Alguns exemplos de espécies endêmicas: a ordem dos monotremos (équidna e ornitorrinco) é endêmica da Austrália e Nova Guiné; o gênero Sequoia, que já ocupou amplas áreas do globo, atualmente está restrito às montanhas da Califórnia; 80% da flora da Nova Zelândia são endêmicos. (LACOSTE e SALANON, 1973, p. 22). Segundo Szymhiewcz (1938, citado por Dansereau, 1957, p. 29), a ilha de Córsega (França) possui 58% de espécies endêmicas, a ilha de Madagascar, 66%; Nova Zelândia 79%; Havaí (EUA) 82% e a ilha Santa Helena (Reino Unido), 85%.
c) Tipos de espécies estrangeiras:
Espécies estrangeiras esporádicas – ou estrangeiras, que nunca se estabelecem, porque não conseguem se adaptar a outro hábitat.
Espécies estrangeiras conservadas (não naturalizadas) – exigem a intervenção do homem. É o caso do Eucalyptus sp., introduzido no Brasil em meados do século XX, se dispersa graças ao homem, mas sua dispersão natural é um fato consumado. O café (Coffea arabica) e as frutas cítricas – laranjas, limas, limões, tangerinas – originárias da Ásia, também vieram na bagagem do homem.
Espécies estrangeiras naturalizadas – instalam-se com a ajuda do homem e se dispersam sem a sua ajuda, o que causa desequilíbrios. No Brasil, os portugueses introduziram o pardal (Passer domesticus), o bico-de-lacre (Estrilda cinerea), o capim-gordura (Melinis minutiflora), o capim-colonião (Panicum maximum).
Espécies estrangeiras aclimatadas a habitações e cidades – são aqueles insetos que infernizam a vida do homem e com quem competem – a mosca doméstica (Musca domestica), o rato (Rattus rattus, R. norvegicus) e a resistente barata.
Espécies estrangeiras de áreas abandonadas – o cactus figo-da- Índia (Opuntia ficus-indica), natural da América Central, foi introduzido no Mediterrâneo. O ágave (Agave spp) também foi levado das Américas para outros países.
Espécies estrangeiras de áreas cultivadas – são plantas de jardins, agricultura e pastos.
3 Competição, amensalismo, comensalismo, epifitismo, saprofitismo e efeito de massa são relações biocenóticas importantes em populações e comunidades. Caracterize e exemplifique cada uma delas.
R.: Competição (-/-): pode ser tanto intraespecífica como interespecífica, em que, num sentido mais amplo, “[...] dois organismos procuram a mesma coisa”.
- Um exemplo de competição intraespecífica ocorre nas florestas de araucária (Araucaria angustifolia), onde os pinheiros guardam certa distância entre si, pois as folhas que caem contêm hormônios que inibem a germinação das sementes onde se depositam.
Amensalismo (0/-): relação interespecífica onde uma espécie, chamada inibidora, dificulta o crescimento da outra, chamada amensal.
- O fitoplâncton marinho do gênero Gonyaulase, por exemplo, provoca a conhecida maré vermelha ao lançar substâncias tóxicas, provocando a morte de outras espécies.
Comensalismo (+/0): relação interespecífica em que uma espécie, chamada comensal, aproveita-se dos restos alimentares da outra. Um exemplo tradicional é o da rêmora e do tubarão.
Inquilinismo (animais) ou epifitismo (vegetais)(+/0): relação interespecífica em que um indivíduo procura, no outro, abrigo ou melhores condições de vida. Por exemplo, o peixe-agulha (gênero Fierasfer) penetra no corpo do pepino-do-mar.
Saprofitismo (+/0): ocorre entre animais e vegetais que se alimentam da matéria orgânica em decomposição. Ex. fungos, certos anelídeos e certas pteridófitas usam a matéria orgânica em decomposição como fonte de energia.
Efeito de massa (-/-): há consequências negativas devido à superpopulação, como o canibalismo e perturbações na reprodução e fecundidade. Por exemplo, no gorgulho-do-trigo (Sitophilus oryzae), a postura diminui quando todos os grãos estão ocupados por ovos ou larvas.
4 Em síntese, no que constitui a Teoria dos Refúgios e qual a importância biogeográfica da preservação de áreas consideradas refúgios da vida silvestre?
R.: Podemos agora definir o refúgio, segundo Müller (1977 apud TROPPMAIR, 2002, p. 138), como: "[...] áreas florestais ou não, onde espécies da flora e fauna permanecem isoladas em espaços relativamente restritos, enquanto em grandes áreas circunvizinhas ocorrem condições ambientais adversas à sua expansão. Esses refúgios somente podem ser considerados como tais se as condições ambientais neles reinantes permitirem a preservação integral dos ecossistemas que encerram".
Um refúgio é uma ilha, não no sentido usual de ilha, mas do ponto de vista biogeográfico – uma ilha biogeográfica, porque, neles, as espécies estão isoladas, ilhadas, sujeitas a condições ambientais específicas.
Os animais e as plantas exigem um espaço mínimo para se estabelecer e esse espaço tem que lhes oferecer recursos compatíveis com o número de indivíduos que as populações possuem num dado momento. Se o espaço da vegetação diminuir, a consequência será clara – a fauna também mostrará uma retração. Por outro lado, animais que vivem em grupos precisam de um número mínimo de indivíduos nos grupos, aquém do qual a tendência é a extinção da população – é o que se chama de efeito de grupo. (DAJOZ, 1973, p. 183). Conclui-se, facilmente, que a extinção da cobertura vegetal poderá levar também a uma drástica redução da fauna.
5 Sobre a Teoria dos Refúgios é correto afirmar que:
I- A Teoria dos Refúgios foi desenvolvida por Ab’Sáber, em 1846, e é considerada um dos principais temas na Biogeografia atual.
II- Na Geografia, Ab'Sáber deu impulso à Teoria dos Refúgios com trabalhos sobre a evolução geomorfológica e paleoclimática da América do Sul e do Brasil.
III- Como toda teoria, a Teoria dos Refúgios também recebeu críticas pela não aceitação de indicadores de interpretações de dados e modelos por parte de alguns autores.
IV- O estudo dos refúgios envolve uma grande quantidade de temas ligados à Biogeografia, à Ecologia, à Geomorfologia e à Paleoclimatologia.
V- A teoria dos refúgios florestais no Brasil foi esboçada por Ab'Sáber a partir de observações iniciadas em 1957, junto ao geomorfólogo francês, Jean Tricart.
VI- A ideia do refúgio surgiu da observação de paisagens que diferem da paisagem geral da qual fazem parte, como os enclaves de cerrado na Floresta Amazônica, de araucária na floresta Atlântica etc.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I, II, III e VI.
b) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I, IV, V e VI.
c) (X) Estão corretas apenas as afirmativas II, III, IV, V e VI.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.

Mais conteúdos dessa disciplina