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Aula de Hiperaldosteronismo: Segunda causa de hiperaldosteronismo (35%) é o adenoma produtor de aldosterona; hiperplasia unilateral também pode causar e existem tumores (carcinomas) da área cortical que produzem aldosterona (porém, é muito raro) e algumas formas familiares como hiperaldosteronismo tipo 1(alteração genética responsiva pelo aumento de glicocorticoides) e o tipo 2 que não se sabe exatamente a causa. Alguns tumores como CA de pulmão também podem produzir aldosterona, não sendo necessariamente da adrenal. Prevalência: Adenoma (como 2ª causa de hiperaldosteronismo) entre mulheres e homens há uma prevalência maior de 3:1 em mulheres. Hiperplasia bilateral que é a principal causa, em geral, não tem diferença entre sexos. Antigamente tínhamos apenas 0,5% das causas de hipertensão arterial. A investigação era feita apenas naquele paciente que apresentava hipocalemia (Devido ao mecanismo de bomba em que entra Na+ e sai K+). Depois percebeu-se que apenas 25% dos pacientes com hiperaldo teriam hipocalemia. Muitos pacientes eram subdiagnosticados, pois tinham hiperaldosteronismo, mas eram tratados apenas como hipertensão essencial. Atualmente 5-10%das causas de HAS é por hiperaldosteronismo. #OBS: A hipocalemia é um achado clássico, mas só 25% dos pacientes vão ter. Se esperarmos pela hipocalemia para fechar o diagnóstico, acabamos deixando passar muitos casos. A aldosterona expolia potássio. Apresentação Clínica: - Pacientes na 3ª-6ª década de vida; - poucos sintomas específicos (é um pcte apenas hipertenso); - outros pacientes terão uma hipertensão moderada a severa (hipertensão de difícil controle, níveis tensionais muito altos); - hipertensão resistente* ao tratamento medicamentoso, principalmente quando tem adenoma (em uso de, pelo menos, 3 classes de anti-hipertensivos diferentes e usando em doses máximas, continua hipertenso, pode ser considerado resistente e tem que se pensar em uma causa secundária); - raramente urgência hipertensiva; -lesões de órgão-alvo (devido pressão alta cronicamente- Hipertrofia ventricular esquerda; retinopatia hipertensiva. Achados característicos de pacientes sem controle da pressão) Hipocalemia e alcalose metabólica: (Principalmente em adenomas). O paciente pode ter - fraqueza muscular - cefaleia e palpitações - polidipsia, poliúria e noctúria - edema - Paralisia Periódica Hipocalêmica em Caucasianos e Asiáticos (Devido a uma predisposição genética, levando a uma paralisia muscular). Todos esses sintomas são inespecíficos e na maioria dos casos estão ausentes. A investigação é mais focada na hipertensão. O paciente que usa diurético espoliador de potássio pode desencadear a doença. EX: o paciente que usou Furosemida, eliminando potássio pela urina, pode descompensar se aquele paciente estava compensado e os sintomas vão aparecer após a hipocalemia mais grave. Existem achados clássicos no ECG de um paciente com hipocalemia: -Prolongamento do intervalo PR -Achatamento da onda T -Surgimento de ondas U Como a principal causa de Hipertensão (95%) é Hipertensão Essencial só iremos investigar Hiperaldo quando estiver dentro das indicações de rastreio. Alguns sinais podem sugerir HipertensãoSecundária como estenose de artérias renais. Quando começo o tratamento com diurético em um paciente e ele passa a ter hipocalemia ou é devido à dose muito alta do medicamento ou pode sugerir uma causa secundária para essa hipertensão. Diagnóstico: Indicações de rastreio: -hipertensão com hipocalemia espontânea • hipertensão resistente ao tratamento (três classes, pelo menos uma é o diurético) • hipertensão severa (PAS ≥160 ou PAD ≥100 mmHg) • hipertensão e massa adrenal conhecida (faz o exame e descobre a massa adrenal-Incidentaloma) • hipertensão com diagnóstico recente (<30 anos) Crise Hipertensiva com níveis tensionais maiores que 180mmHg, retinopatia com edema de papila, hipertensão intracraniana. Como fazer o rastreio? RELAÇÃO (RAR) Concentração de Aldosterona Plasmática/Atividade ou Concentração de Renina Plasmática A aldosterona vai estar alta e espera-se que a renina esteja baixa, dando uma relação aumentada. Antigamente, na coleta orientava-se que o paciente deveria suspender todos os anti-hipertensivos. Hoje sabe-se que pode se usar alguns para não deixar o paciente tão mal controlado e tbm pela questão de segurança. Sensibilidade de 80% e Especificidade de 75%. É uma forma fácil de fazer o rastreio para depois ir adiante em testes mais específicos. Na coleta, orienta-se que o paciente fique em repouso para não elevar a aldosterona. Geralmente feito pela manhã e vai dosar concentração de aldosterona plasmática e dividir pela atividade ou concentração de renina plasmática. Interferências na RAR usadas para screening: - Hipocalemia (reduz secreção de aldosterona): repor antes da coleta para estar com k+ normal - Antagonistas do receptor mineralocorticoide (espironolactona e eplerone): suspensão pelo menos 6 semanas antes da coleta - alguns anti-hipertensivos podem interferir nessa relação como betabloqueadores(aumentam a relação), alfa- agonistas (aumentam a relação), diuréticos perdedores de K+ (reduzem a relação); Inibidores da ECA/BRA (diminuem a relação, pq aumentam a renina); bloqueadores de canal de cálcio (diminuem a relação) e AINES tbm podem interferir. ALDOSTERONA E RENINA ↑ Aldosterona ↑ Renina RAR <20: isso ocorre pq a renina (que comanda a aldosterona) está elevada e acaba elevando a aldosterona tbm. Excesso de renina eleva a aldosterona tbm. Causas: Hipertensão Renovascular (redução do calibre das artérias renais por aterosclerose ou por alguma doença específica da musculatura da artéria. O rim fica pouco perfundido e entende que é uma hipovolemia e para tentar elevar essa pressão (no entanto o paciente está normovolêmico) libera renina e consequentemente aumenta aldosterona- deixando o paciente mais hipertenso; Uso de diuréticos (o rim interpreta como hipovolemia e aumenta a renina) Tumor secretor de renina; Coarctação da aorta (como se o rim estivesse hipoperfundido) Hipertensão maligna (hipertensão por alteração vascular do rim, elevando a renina). ↑ Aldosterona ↓ Renina RAR ≥30: Hiperaldosteronismo primário (Se a relação RAR aldosterona/renina for maior que 40, o diagnóstico é praticamente certeiro, mas mesmo assim tem que fazer a investigação). ↓ Aldosterona ↓ Renina: resulta em uma relação RAR baixa como em Hiperplasia Adrenal Congênita; Excesso de Mineralocorticóide exógeno; Tumores produtores da DOC (enzimas); Deficiência de 11β-OHSD; Síndrome de Cushing (glicocorticoide se liga ao mineralocorticoide e acaba fazendo a via dele e alterando a produção do mineralocorticoide); Síndrome de Liddle (alteração renal que reduz a renina). Diagnóstico Medir a relação RAR Concentração de Aldosterona Plasmática/atividade ou concentração de renina plasmática se RAR≥30 ou a concentração de Aldosterona é tão alta ≥15 ng/ml e a renina é tão baixa‹ 1.0 ng/ml, mesmo que não feche a relação, é preciso fazer testes confirmatórios. Esse teste da RAR é um teste de screening agora precisamos fazer um teste mais específico. Testes confirmatórios: - somente a RAR não é confirmatória - mecanismo: avaliação da supressão da aldosterona plasmática.OBS: o adenoma é autônomo, não tem nada que faça com que ele reduza, células ficam estimulando a produção de aldosterona autonomamente, não é por feedback). Tentar suprimir o estímulo, se não diminuir indica que não é produção autônoma, podendo excluir hiperaldosteronismo autônomo. Teste de supressão com sódio oral-o sódio aumenta a volemia, excesso de sódio naturalmente baixa a renina e baixa a aldosterona. Se a aldosterona permanecer elevada com um excesso de sódio, possivelmente é produção autônoma. Corrigir a hipertensão, corrigir a hipocalemia, para poder valorizar esses examesque vamos coletar e suplementar o sódio por 3 dias (dando uma quantidade bem alta- em torno de 5 g por dia). Medir aldostenúria em 24h na urina, se tiver resultado maior que 12 é teste positivo, possivelmente há um hiperaldosteronismo. Controle da natriurese para ter certeza que o paciente tomou o sal; vai dosar o sódio junto com a aldosterona e cuidar esses pacientes que tem hipertensão grave. O excesso de sódio pode desencadear uma hipocalemia, espoliando mais potássio. O segundo teste: Teste da sobrecarga hídricauso de liquido para tentar baixar a aldosterona; a hipervolemia baixa a aldosterona. Testar a supressão da aldosterona com expansão volêmica. Deixar o paciente em jejum na noite anterior para não ter nenhuma interferência. 2 litros de soro fisiológico (NaCl 0,9%) em 4 horas em repouso no leito, o ortostatismo faz diferença na aldosterona. Dosar a aldosterona logo após a infusão, esperando que ela tenha ficado baixa. Se a aldosterona vier maior que 10 é um resultado positivo, grande chance de ter hiperaldosteronismo. Entre 5-10 é indeterminado, tem que investigar melhor o paciente. Menor do que 5 o resultado é negativo e exclui o hiperaldosteronismo. Cuidado especial nos pacientes com hipervolemia, no insuficiente renal crônico para não causar dano. Outros testes: - teste de supressão com fludrocortisona; uso de mineralocorticoide para ver se baixa a aldosterona - teste do captopril- tentar baixar a renina para tentar baixar a aldosterona Viu que o paciente tem um hiperaldosteronismo, vai confirmar a causa (com exame de imagem) para depois pensarmos no tratamento. Exame de imagem: serve para definir a etiologia e a terapêutica. Só iremos fazer o exame de imagem na última situação. O exame mais usado é a tomografia de adrenais. Protocolo da radiologia para avaliar adrenais com cortes bem finos de 2 mm como a glândula é pequena. É usado contraste para diferenciar adenoma. Avaliação da lesão sugere também diagnósticos diferenciais. Adenoma: unidades Hounsfield (me dá a hipodensidade na TC) nódulos hipodensos (menor que 10HU) sugestivo de adenoma- conteúdo lipolítico. Em geral, pequenos (menor que 2 cm). Adenoma rico em lipídeos também na hiperplasia bilateral com os dois lados aumentados e homogêneos, que é a principal causa de hiperaldo. Outro exame que é possível de ser feito, mas depende da equipe da radiologia é o cateterismo de adrenais. Se encontrou o adenoma clássico de adrenal, estamos autorizados a encerrar a investigação e acreditar que é aquele nódulo que está produzindo aldosterona. Se a imagem não for muito esclarecedora podemos fazer um cateterismo que serve para distinguir entre doença unilateral e bilateral;Amostras de Cortisol e Aldosterona diretamente de veias adrenais; Realizada Relação de Aldosterona corrigida pelo Cortisol *Resultados: Hiperaldosteronismo unilateral: >4:1 (um lado produz muito mais aldosterona do que outro) Hiperaldosteronismo idiopático: 1.8:1 (quando não sabe qual adrenal que está doente) Hiperaldosteronismo bilateral: <3:1. Esses achados são úteis para ver a lateralidade e depois definir o tratamento. Tratamento Prevenção de morbidade e mortalidade Controle da Pressão Arterial e Hipocalemia Controle dos efeitos adicionais mineralocorticoide (cérebro, coração, vasos, rins, cólon) ... existem receptores mineralocorticoides em todo corpo, podendo estar associados com outros problemas. O tratamento geralmente é cirúrgico, quando consegue se identificar o tumor-Adrenalectomia unilateral laparoscópica; Indicações: Adenoma unilateral e Hiperplasia unilateral. Conseguimos identificar a adrenal doente pela imagem ou quando for necessário, fazemos o cateterismo.Resultados: melhora da HAS em ~10%, cura em 30-60%. Preparo: reposição de potássio e tratamento clínico prévio à cirurgia (suporte volêmico adequado). Cuidados pós cirúrgicos: suspender tratamento clínico logo após monitorar potássio nas primeiras 4 semanas, dosar Aldosterona em 48h de PO. Hipoaldosteronismo pós-operatório (5%): após supressão crônica da adrenal contralateral *fludrocortisona VO Tratamento clínico: Restrição dietética de sódio (‹100mEq/dia), pois o excesso de sódio aumenta perda de potássio;Manter peso adequado (hipertensão também está associada à obesidade) Cessar tabagismo Atividade física regular Indicações: doença bilateral, impossibilidade cirúrgica ou adjuvante. Espironolactona: bloqueador não seletivo do receptor mineralocorticoide, bloquear o receptor da aldosterona. É um diurético poupador de potássio que vai contra a Aldosterona.- dose inicial: 50mg, dose máxima: 400mg (em geral controle com 100mg) - precauções: monitorização de potássio e creatinina - efeitos adversos: hipercalemia, ginecomastia dolorosa, disfunção erétil, redução da libido, disfunção menstrual (bloqueio dos receptores de testosterona e progesterona). Eplerenone: é uma droga que não está em nosso meio ainda. Age competindo com a Aldosterona no mesmo receptor.Esteroideantimineralocorticoide competitivo e seletivo - dose: 25 mg 2x/dia - precauções: monitorização de potássio e creatinina - efeitos adversos: hipercalemia, menor risco de ginecomastia e distúrbios menstruais em comparação à espironolactona
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