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MÓDULO 4 - Cartuchos 
Apresentação 
Cartucho é uma palavra de origem italiana cartoccio que por sua vez deriva da 
palavra latina charta que significa papel. 
Um pouco de história... 
Embora possa parecer que não há relação para as armas de antecarga, os 
atiradores dos séculos XV e XVI, principalmente, quando em ação militar, 
tinham o costume de levar a carga de pólvora suficiente para um disparo, 
envolta em folha de papel. Agiam assim com o objetivo de facilitar a recarga, 
agilizando o processo e diminuindo os riscos de uma carga excessiva, pois 
tinham a certeza de estarem utilizando a quantidade adequada de pólvora. 
Com o passar do tempo, esses atiradores não carregavam apenas a pólvora; 
passaram a colocar junto os projéteis, todos embrulhados no mesmo papel. 
Os princípios de facilitar a recarga, acelerar o intervalo de tempo entre os 
disparos e de conter a unidade completa de munição acabaram por dar 
origem aos cartuchos de armas de fogo como os dos nossos dias. 
 
Um dos primeiros cartuchos a existir foram os cartuchos para os fuzis de 
agulha ou “Fuzil Dreyse” utilizados na Guerra do Paraguai. Nesse cartucho, 
embrulhado como num cilindro de papel, era depositado o projétil, em contato 
com a sua base, a espoleta e, por último, a pólvora. Quando do disparo, a 
agulha percussora furava o papel, atravessa a camada de pólvora, chocava-
se contra a espoleta detonando-a e iniciava a queima da pólvora. 
Logicamente, não se pode pensar em arma de fogo sem pensar na munição 1 
empregada nessas armas. Existem muitos tipos de cartuchos diferentes, com 
componentes diferentes e que se destinam a empregos distintos. Neste 
módulo, você estudará os cartuchos de armas de fogo e seus principais 
componentes. 
 
1
 A palavra munição é empregada como a designação genérica de um conjunto 
de cartuchos 
 
 
 
Objetivos do módulo 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
 Identificar os cartuchos de armas de fogo, seus componentes e 
emprego; 
 Compreender a interação dos componentes dos cartuchos durante o 
disparo. 
Estrutura do módulo 
Aula 1 - Cartuchos 
Aula 2 – Projéteis de armas de fogo raiadas 
Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa 
Aula 1 – Cartuchos 
1.1. O que é um cartucho 
Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas nas 
armas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV, do art. 3o do Anexo do 
Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-se entender munição 
como: “artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, 
cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; 
efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais” 
(BRASIL, 2000) 
 
1.2. Modelos de cartucho 
 
Como existem diversos modelos de armas de retrocarga, logicamente, existem 
diversos modelos de cartuchos que variam no formato, na quantidade e no tipo 
de seus componentes. Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em 
dia, são: 
 
 cartuchos para armas raiadas de percussão central; 
 
 
 cartuchos para armas raiadas de percussão radial; e, 
 cartuchos para armas de alma lisa de percussão central. 
 
1.3. Componentes do cartucho e suas funções 
 
Em quase todas os tipos de 
cartuchos, verifica-se a utilização 
de alguns componentes 
essenciais como o estojo, a 
espoleta, o propelente (pólvora) e 
o projéti l (FIG. 39 e 40). 
 
Figura 39 – Visão interna de um cartucho 
Fonte: www.epaubelblogspot.com 
 
 
 
 
Nota 
 
As diferenças entre os cartuchos devem-se ao emprego dado aos mesmos, 
como por exemplo, os cartuchos de festim e lançadores de granadas que não 
têm projéteis e os cartuchos de manejo que não são dotados de espoleta ativa 
e pólvora. Especificamente, para os cartuchos destinados às armas de alma 
lisa, utiliza-se ainda outros componentes como a bucha e, em alguns modelos, 
discos de papelão com finalidades específicas. 
 
 
Estude a seguir as principais funções de cada um desses componentes. 
projétil 
estojo 
pólvora 
espoleta 
Cartucho 
Figura 40 – Componentes do cartucho. 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
 
 
1.3.1. Estojo 
 
O estojo é o componente que integra os demais elementos do cartucho. Apesar 
de algumas armas de fogo praticamente obsoletas (armas de antecarga) 
dispensarem o seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas 
modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao 
disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e 
diminuindo o intervalo entre cada disparo. Além disso, permite a padronização 
dos cartuchos e determina as dimensões das câmaras onde esses cartuchos 
são empregados. 
Atualmente, a maioria dos estojos é construída em metais não-ferrosos, 
principalmente, o latão (liga de cobre e zinco), dada a facilidade de serem 
trabalhados (trabalhabilidade), ou seja, pela propriedade que têm de se 
expandirem e não permitirem o escape de gases pelas paredes da câmara e 
recuperarem, em parte, a forma original, após cessar a pressão, facilitando a 
extração e permitindo a recarga de munição. Encontra-se, também, alguns 
estojos de alumínio como os cartuchos do tipo BLASER da CCI.. 
Nota 
 Também são encontrados estojos semimetálicos construídos com a base 
metálica (geralmente latão) e o corpo em diversos tipos de materiais como 
plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão 
(espingardas), dentre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Forma do estojo 
 
 
Figura 41 – Formas de estojos 
Fonte: ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1. Editora Magnum. São 
Paulo. 1992. 
 
 
 
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas 
de forma a aproveitar as suas características físicas. Classificam-se os estojos, 
em relação à forma do corpo, como (FIG. 41): 
 Cilíndrico: o estojo possui diâmetro uniforme por toda sua extensão, é o 
caso da maioria dos estojos usados em armas de porte, como os 
cartuchos de calibre “.38 SPL”, “.40 S&W”, “.45 ACP” . Alguns 
fabricantes produzem um ligeiro estreitamento na terça parte próxima à 
boca, com o objetivo de garantir a inserção do projétil na altura correta 
do estojo. Na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre há 
uma pequena inclinação para facilitar a extração. 
 
 Cônico ou tronco-cônico: o estojo tem o formato do corpo como um 
segmento de cone, com diâmetro menor na boca do que na base,. É um 
formato de estojo em desuso, próprios para alguns rifles antigos como 
os calibres “8 x 72Rmm”, “9,3 x 48Rmm” e “ 7 x 72Rmm” ; e 
 
 
 
 Garrafa: o estojo apresenta 
basicamente dois diâmetros, 
um de maior dimensão junto 
ao aro ou base, o que 
permite conter grande 
quantidade de pólvora, seguido de uma redução no diâmetro 
(estrangulamento), em formato cônico, seguido de um diâmetro menor 
junto a boca, que facilita a inserção de projéteis de pequeno diâmetro. É 
comumente utilizado em cartuchos de fuzis como o “7,62 x 39 mm” , “ 5,56 x 45 
mm” e “.308 Wimchester”. 
 
 
Formato da base do estojo 
 
 
Figura 43 – Formato da base do estojos 
ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1. Editora Magnum. São Paulo. 
1992. 
 
 
Outro aspecto importante sobre os estojos refere-se ao formato da base. Ele 
determina como será a ação do extrator sobre o estojo percutido e facilita o 
carregamento. A sua forma (FIG. 43) define algum dos pontos de apoio do 
cartucho na câmara (headspace), o que garante a percussão. Os tipos de 
formato de base mais empregados são: 
 
Figura 42 – Estojo com formato de garrafa. 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
 
 Com aro: com ressalto na base (aro ou gola) que permite o travamento 
do estojo na arma. Exemplo: “.38 SPL” e da maioria dos cartuchos 
destinados a revólveres; 
 Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporçõese uma ranhura ou 
virola, para encaixe do extrator. Exemplo: “.32 Winchester Self Loading” 
(Self Loading é apenas uma referência que a arma era 
semiautomática); 
 Sem aro: a base apresenta o mesmo diâmetro do corpo do estojo, tem 
apenas a ranhura ou virola, para encaixe do extrator, como a maioria 
dos calibres de pistola. Exemplo: “.45 ACP”, “.40S&W” ; 
 Rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do estojo, como o 
calibre “.41 Ation Express”. 
 Cinturado: apresenta um aro de maior diâmetro que a base, situado 
logo à frente dessa, empregado em cartuchos com maior energia. Este 
aro tem por finalidade aumentar os pontos de apoio do cartucho na 
câmara. Exemplo: o “.300 Winchester Magnum”. 
 
Tipo de iniciação 
 
Outra forma de descrevermos um estojo é quanto ao tipo de iniciação, que 
pode ser: 
 
 Fogo circular ou radial: a mistura detonante é colocada no interior do 
estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor; 
 Fogo central: a mistura detonante está disposta em uma espoleta, 
fixada no centro da base do estojo. 
 
Nota 
Alguns tipos de estojos não foram citados por serem obsoletos como os de 
papel dos “Fuzis Dreyse”, utilizados pelo Exercito Brasileiro durante a Guerra 
do Paraguai ou outros muito pouco comuns. 
 
 
 
1.3.2 Espoletas 
 
As espoletas têm por função iniciar a queima da pólvora (propelente). Trata-se 
basicamente da combinação de um explosivo com outros componentes 
depositados no fundo de um pequeno receptáculo metálico de latão (liga de 
cobre “Cu” e Zinco “Zn”), cuja iniciação se dá por percussão (choque violento), 
o qual gera a detonação desse explosivo. Na detonação ocorre a 
transformação abrupta do explosivo em gases, com extraordinária rapidez 
(velocidade da ordem de 5000 m/s), geração de calor, chama e elevadas 
pressões, o que irá agir sobre os grãos do propelente causando agitação, 
aquecimento e ignição. 
 
Mistura iniciadora 
 
A mistura iniciadora de uma espoleta para cartucho é composta de materiais 
diversos, com as funções específicas de: 
 
 Um explosivo iniciador; 
 Materiais oxidantes; 
 Materiais redutores; 
 Atritante; 
 Aglomerante. 
 
Diversas composições destes materiais são utilizadas por diferentes 
fabricantes. A composição mais comum, uti lizada pela Companhia Brasileira de 
Cartuchos, do início da década de 70 até a atualidade, tem por base o 
estifinato de chumbo (Trinitroressorcinato de chumbo). 
Composição Estifinato de chumbo: 
 Trinitroressorcinato de chumbo; 
 
 
 Tetrazeno; 
 Alumínio em pó; 
 Trissulfeto de antimônio; 
 Nitrato de bário. 
A composição de Estifinato de Chumbo constitui-se em uma mistura estável à 
umidade e temperatura. Durante o disparo a ignição da mistura iniciadora 
produz 40% 2 em peso de gases e 60% em peso de partículas sólidas 
quentes, liberando CO, CO2, NO, NO2, N2, SO2, Vapor de água, óxido de 
chumbo e de bário, vapores de chumbo metálicos, entre outros . A composição 
química da mistura iniciadora à base de estifinato de chumbo produz 
aproximadamente 300 cm3 de gás por grama de mistura. 
 
Tipos de Espoletas 
 
 Mistura iniciadora nos cartuchos de fogo circular ou radial 
Os cartuchos de fogo circular, cujo exemplo mais comum são os cartuchos de 
“calibre .22 LR” , não possuem uma espoleta como elemento distinto do 
cartucho, sendo esta a grande diferença em relação aos cartuchos de fogo 
central. Neles, a mistura iniciadora é depositada por um processo de 
centrifugação na base (orla do estojo). A percussão ocorre quando há o choque 
do percutor, contra a orla do estojo, comprimindo-a contra a parede posterior 
da câmara, onde o cartucho encontra-se alojado. Isso produz a detonação da 
massa explosiva e, consequentemente, em função da chama e calor gerado, a 
deflagração do propelente. 
 
2
 Pode até parecer pouco a transformação de apenas 40% em gás, mas na queima da pólvora, 
o percentual é apenas de 25 a 30 % e nos motores a explosão não passam de 12%. O gás 
formado é o elemento essencial para o funcionamento do motor e a aceleração do projétil 
 
 
 
 
Figura 44 – Cartucho de fogo circular 
Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 
 
 Espoletas de fogo central 
 
As espoletas para cartuchos de fogo central são constituídas por um pequeno 
receptáculo de latão, semelhante a um copo, denominado de cápsula, com 
espessura, dureza e tamanho compatíveis com o tipo de arma e com a pressão 
gerada pela detonação do explosivo. No interior da cápsula é depositada 
determinada quantidade de explosivos (escorva ou mistura iniciadora) que 
varia em função das características balísticas do cartucho e da pressão gerada 
pela detonação deste, quando da percussão. 
 
 
A percussão acontece em função do 
choque violento entre dois corpos: o 
percutor que é parte integrante da 
arma e a bigorna. A bigorna é uma 
peça metálica, geralmente 
confeccionada em latão, 
manufaturada através de estamparia, 
cuja função é garantir a percussão. 
 
 
 
 
 
 
Figura 45 – Espoleta tipo boxer 
Fonte: Site da Companhia Brasilei ra de 
Cartuchos (CBC) 
 
 
http://www.cbc.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 46 – Espoleta tipo berdan 
Fonte: Site da Companhia Brasileita de 
Cartuchos (CBC) 
A bigorna, por ser uma peça 
independente, pode estar montada na 
espoleta (espoletas do tipo boxer) 
(FIG. 45) ou encontrar-se montada no 
estojo (espoletas do tipo berdan) (FIG. 
46). Como a bigorna pode estar 
montada, quer no estojo, quer na 
espoleta, a transmissão dos gases, 
chama e calor resultante da detonação 
da mistura iniciadora para o interior do 
estojo onde se encontra o propelente 
se dá através de orifícios chamados de 
eventos. Os eventos nas espoletas do 
tipo boxer são um único orifício central 
de maior diâmetro (FIG. 45), e nas 
espoletas berdan, os eventos podem 
ser constituídos em número de dois 
(grande maioria dos casos), quatro ou 
mais. (FIG. 46) 
 
Após a transferência do explosivo para o fundo da cápsula da espoleta, é 
colocada uma fina lâmina de papel que permite a compressão do explosivo, 
acarretando uma distribuição uniforme no fundo da cápsula, sem que haja 
contato da punção de compressão e o material explosivo. 
1.3.3 Propelentes (pólvora) 
 
Propelentes são substâncias que queimam de forma progressiva. Por essa 
carcaterística as pólvoras são chamadas de propelentes. 
 
As pólvoras são misturas ou compostos químicos que quando queimam geram, 
em velocidade muito alta (da ordem de 400m/s), uma grande quantidade de 
gases. Obviamente, os gases resultantes dessa queima, pela característica de 
 
 
expansividade inerentes aos mesmos, ocupam um volume muito maior que o 
dos sólidos que o geraram e acarretam um aumento de pressão. 
No estudo da balística e das munições, como a pólvora está acondicionada 
dentro de um cartucho, esse aumento de pressão pode até acarretar a 
explosão da arma, o que só não ocorre por dois fatores: 
 
 Fator 1: A queima da pólvora não é instantânea. As pólvoras possuem 
uma velocidade de queima muito alta, mas o tempo necessário para a 
sua queima permite um aumento da pressão de forma gradual. O tempo 
de queima será um dos principais critérios para definir em que tipo de 
arma será empregada determinada pólvora (quanto menor o 
comprimento do cano, mais veloz deve ser a sua queima). 
 
 Fator 2: A pressão é exercida em todas as direções (princípio de 
Pascal) e, à medida que a pressão aumenta, ela suplanta a força de 
engastamento do projétil ao estojo, o que propicia o deslocamento do 
projétil através do cano. Com o aumento gradual do volume de 
confinamento do propelente em combustão, a pressão gerada diminui e 
a mantém dentro dos limites para os quais a arma foi projetada. (A 
pressão é inversamente proporcional ao volume.) 
 
O projétil é acelerado durante todo o seu percursopelo cano em decorrência 
da pressão exercida pela expansividade dos gases resultantes da queima do 
propelente. A pressão atinge um valor máximo, chamado de pico de pressão, a 
partir do qual começa a decair até a pressão atmosférica local, após a saída do 
projétil pelo cano. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 47 – Gráfico de disparo de um cartucho 
de calibre .30 carabine. 
Fonte: sem fonte 
 
 
 
A FIG. 47 representa o gráfico de 
disparo de um cartucho de calibre 
“.30 carabina na primeira curva do 
gráfico temos a pressão exercida 
versus o comprimento do cano. Note 
que, logo após o disparo, a pressão 
na câmara é da ordem de 45.000 
libras por polegada ao quadrado, ou 
seja, em torno de 1.500 vezes a 
pressão mais usada em pneus de 
automóveis. Quando o projétil já se 
deslocou até a saída do provete3 de 
25 polegadas de comprimento, a 
pressão é de cerca de 12.000 libras 
por polegada ao quadrado e a 
velocidade do projétil (vista na outra 
curva do gráfico) de 2.700 pés por 
segundo. 
 
Nota 
Como os comprimentos dos canos variam de forma significativa das armas 
curtas raiadas para as armas longas raiadas, o controle de tempo de queima é 
demasiadamente importante porque, ao possuir maior ou menor espaço de 
cano para a queima do propelente, a velocidade de queima é fundamental para 
fornecer as características balísticas de velocidade e energia cinética ao 
projétil, mantendo os valores de pressão de projeto da arma dentro dos limites. 
 
 
 
3
 provetes são canos de armas de fogo uti lizados em laboratórios, para ensaios 
balísticos, onde é poss ível controlar as variáveis 
 
 
Composição química das 
pólvoras. 
 
Existem dois tipos básicos de 
pólvoras: 
 
 Tipo 1 - As negras, ou com fumaça, que são basicamente a mistura de 
75% de nitrato de potássio, 15% de carvão vegetal e 10% de enxofre. 
(FIG. 48) 
 
 
 
 
Nota 
A proporção acima apresenta pequenas diferenças dependendo dos 
fabricantes. O controle da velocidade de queima neste tipo de propelente é 
exercido em função do tamanho dos grãos. Sua produção é destinada ainda a 
armas de antecarga, a fogos de artifícios ou outros fins pirotécnicos. Não é 
utilizada em cartuchos modernos, dada a necessidade de pressões 
estabelecidas pela SAAMI para os calibres e demais características balísticas. 
Quando do disparo, este tipo de pólvora, gera uma grande quantidade de 
fumaça e grande quantidade de resíduos sólidos que pode chegar até a 55% 
do peso de pólvora original. 
 
 Tipo 2 - As pólvoras químicas, ou 
pólvoras sem fumaça, são assim 
chamadas dada a pequena quantidade 
de fumaça gerada na sua queima 
quando comparada com as pólvoras 
negras. (FIG. 49) Podem ser dividas 
em dois grandes grupos: 
 
Pólvora Negra 
Pólvora de Base 
Simples 
Figura 48 – Pólvora negra 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
Figura 49 – Pólvora de base 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
 
a) Pólvora propelente de base simples – constituída basicamente por 
nitrocelulose, componentes químicos para sua estabilidade e controle de 
velocidade de deflagração. 
b) Pólvora propelente base dupla - apresenta em sua constituição 
Nitrocelulose e Nitroglicerina como principais compostos ativos, e ainda, 
componentes químicos para sua estabilidade e controle de velocidade 
de deflagração. 
 
Aula 2 - Projéteis de armas de fogo raiadas 
2.1. O que é um projétil ? 
Projétil, pela conceituação física, consiste em qualquer sólido abandonado ao 
seu movimento após ter recebido um impulso inicial; o que pode ser ou foi 
lançado. Para a balística forense, o projéti l é... 
A parte do cartucho que foi ou que pode ser lançada através do cano, sob a 
ação dos gases resultantes da queima do propelente. 
 
Em todo o disparo, o trabalho realizado pela munição - entendendo-se por 
trabalho a diferença de energia cinética transmitida - que resulta em destruição 
ou dano tecidual, é devido à ação do projétil sobre o suporte do disparo. 
Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para armas 
raiadas, apresentam seu diâmetro ligeiramente maior que o diâmetro do cano 
da arma. Dessa forma, impedem o escape de gases e, ao se engajarem com o 
raiamento, adquirem o movimento rotacional que lhes garante maior 
estabilidade, maior alcance máximo e útil por uma melhor performance 
aerodinâmica frente à resistência do ar. 
Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos: 
 Os projéteis de chumbo (projeteis nus); 
 Os projéteis jaquetados ou projéteis encamisados (total ou 
parcialmente); 
 
 
 Os projéteis especiais. 
A seguir, estude sobre cada um deles. 
 
2.1. Projéteis de chumbo 
 
O chumbo - por ser barato e de fácil obtenção; pelo alto peso específico e 
baixo ponto de fusão; pela fácil trabalhabilidade e grande maleabilidade - é o 
elemento ideal para os projéteis de arma de fogo, tendo sido o material 
utilizado desde os primeiros informes de disparos de armas de fogo até os dias 
de hoje. 
 
O projéti l do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural por ser a forma que 
apresentava, a princípio, a menor perda de gases. Porém, devido a problemas 
com o alcance útil 4 e a resistência, eles foram gradativamente sendo 
substituídos, nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis de 
formato pontiagudo, semelhante às setas. Em sua evolução, procurou-se 
resolver problemas quanto a sua trajetória, resistência do ar, movimentos 
erráticos dos projéteis e problemas que advinham das características dos 
materiais, tais como vedação correta dos gases da pólvora e a diminuição do 
atrito com o cano. 
 
O moderno projétil é de liga de chumbo, isto é , chumbo endurecido com 
antimônio e / ou estanho, e contém todos os elementos de sua evolução. 
 
Um projétil é fundamentalmente dividido em três partes: 
 
 
 
 
 
 
4
 os projéteis esféricos utilizados no início apresentavam alcance útil de cerca de 50 metros 
 
 
 
PONTA - CORPO - BASE 
 
 
Quanto à ponta, os projéteis apresentam os seguintes formatos mais comuns: 
ogival, canto vivo, semicanto vivo, cone truncado, ponta plana, cada um com 
objetivos específicos. (FIG. 50) 
 
Figura 50 – Formatos mais comuns de projéteis 
Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 
 
 
Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são sempre cilíndricos e 
recebem uma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas, ou em 
áreas recartilhadas e aplicadas por pressão, banho ou por spray. A função 
desta graxa é diminuir a possibilidade de “chumbamento” do cano. A parte 
cilíndrica é a responsável pelo engajamento dos projéteis com o raiamento do 
cano. 
 
Embora os principais componentes dos projéteis de chumbo sejam o próprio 
chumbo, o antimônio e o estanho, os projéteis de chumbo são fabricados em 
diversas ligas, de diferentes durezas e, consequentemente, de diferentes 
pontos de fusão, podendo ser produzidos através de dois processos: 
estampagem ou fusão. 
 
 
http://www.cbc.com.br/
 
 
 
 
Você sabia que... 
A estampagem é um processo de fabricação no qual o projéti l é produzido 
através de corte e deformações em operação de prensagem a frio. Devido às 
suas características, este processo de fabricação apresenta vantagens, tais 
como: bom acabamento, custo reduzido e alta produção. Os projéteis frutos 
deste processo face ao encruamento que sofrem são mais resistentes. 
2.2. Projéteis encamisados 
 
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa 
chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas 
metálicas como: 
 cobre e níquel; 
 cobre, níquel e zinco; 
 cobre e zinco; 
 cobre, zinco e estanho ou aço. 
O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o 
peso necessário e um bom desempenho balístico.Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e 
fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta 
(projéteis expansivos). Nos projéteis sólidos, destaca-se sua maior capacidade 
de penetração e alcance. Os projéteis expansivos destinam-se à defesa 
pessoal pois, ao atingir um alvo, são capazes de se deformar e aumentar seu 
diâmetro, obtendo maior dissipação da energia cinética, logo, maior capacidade 
lesiva. 
 
 
 
 
 
 
Nota 
O projétil expansivo teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção 
de Haia, em 1899. São usados na ação policial uma vez que, quanto maior a 
área de contato do projétil com o tecido, maior será a degradação da energia 
cinética. Desta forma, um projéti l do tipo expansivo pode apresentar uma maior 
degradação da energia cinética que outro de calibre maior que não permita a 
expansividade de sua ponta. E quanto mais energia for transferida maior será o 
potencial lesivo e menor a possibilidade de transfixar. 
 
Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados 
(a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa 
recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta). Os tipos 
de pontas são basicamente os mesmos que os anteriormente citados para os 
projéteis de chumbo, com a adição de projéteis de ponta oca e outras formas 
de projéteis expansivos. 
2.3. Projéteis especiais 
 
São projéteis desenvolvidos com finalidades específicas, como os projéteis 
traçantes, incendiários, explosivos, projéteis de borracha para controle de 
tumultos, entre outros. 
 
 
Considerando a grande quantidade de projéteis especiais, e a impossibilidade 
prática de relacionar todos eles, você estudará, a seguir, apenas alguns destes: 
 
GLASER: este projétil, além de apresentar reduzida possibilidade de ricochete, 
possui uma grande capacidade de transferência de energia cinética e remota 
possibilidade de transfixação, o que lhe garante um grande poder traumático. É 
constituído de camisa metálica, em cujo interior são colocados um grande 
número de balins, selado com teflon. 
 
 
 
NYCLAD: trata-se de um núcleo revestido com náilon. A associação do náilon 
com o chumbo garante, em primeiro lugar, uma maior expansão das pontas do 
que os outros tipos de revestimentos comumente utilizados nas camisas 
convencionais. Além deste fato, garante um menor atrito do projétil com o cano 
e menor quantidade de partículas de chumbo no ar. 
 
BAT: este projétil associa uma pequena massa com uma altíssima velocidade 
e uma grande deformação com o único intuito de apresentar uma ação 
traumática instantânea. 
 
ARMOUR PIERCING e METAL PIERCING: trata-se de projéteis perfurantes, 
constituídos com núcleos especiais para garantir a perfuração, em muitos 
casos, até dos equipamentos de proteção balística. 
 
PMC ULTRA MAG: este projétil é constituído unicamente de um cilindro oco de 
bronze o que, associado a elevada velocidade e energia cinética que 
apresenta, resulta em uma grande cavidade temporária e permanente quando 
do seu impacto contra tecidos biológicos. 
 
BLACK TALON: este projétil, além da expansividade normal de seu núcleo 
(em forma de cogumelo - comum a maioria dos projéteis expansivos), a sua 
jaqueta rompe em locais pré-estabelecidos gerando pontas afiladas e 
cortantes, capazes de gerar um grande dano tecidual e dilacerações . 
 
COMPOUND PLASTIC são projéteis com pequena massa, da ordem de 2,92 
gramas (45 grains), para os “calibres .38” comuns, o que resulta em uma 
munição de alta velocidade o que, a distâncias menores. apresenta um grande 
dano tecidual em função da energia cinética resultante da elevada velocidade. 
Estes, dentre muitos outros, se constituem em alguns exemplos de projéteis 
especiais, com fins específicos. 
 
 
 
 
Muitos projéteis 
apresentam um 
código de cores 
para definir a sua 
utilização, 
principalmente nos 
fuzis e 
metralhadoras. 
(FIG. 53) 
 
 
 
 
Figura 53 – Projéteis Especiais 
Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 
 
 
 
Este sistema permite ao atirador o emprego 
adequado da munição para o fim esperado 
(FIG. 54) desde as munições comuns até o 
caso das munições perfurantes, armour 
piercing (AP), traçante, incendiária, munição 
de ponta mais pesada, munições para 
disparos de precisão (ETPT Match). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 54 – Utilização de munição em 
função do código de cores 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
 
 
Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa 
 
3.1 Elementos essenciais dos cartuchos 
 
Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes 
elementos essenciais (FIG. 55): 
1. Estojo; 
2. Espoleta; 
3. Pólvora; 
4. Projéteis (projéteis singulares, balins ou projéteis especiais) 
5. Buchas e discos de papelão 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 55 – Elementos essenciais dos cartuchos 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
A seguir, estude sobre cada um deles. 
 
3.1.1 Estojo 
 
Os estojos destinados às armas de alma lisa são confeccionados em diversos 
materiais como metal (normalmente latão), plástico ou papelão. Esses dois 
últimos, geralmente, apresentam uma base metálica. 
1 
2 
3 
4 
5 
 
 
 
Os estojos em papelão estão em desuso, pois a absorção de umidade gera um 
aumento de volume, dificultando a sua introdução na câmara. Os estojos 
metálicos, devido ao custo de produção, não são empregados na confecção de 
cartuchos comerciais, sendo utilizados na recarga artesanal de munição. 
 
Os estojos confeccionados em tubos de plástico, por não absorverem umidade, 
por permitirem um considerável número de recargas e um melhor fechamento 
são os mais empregados atualmente. 
 
Normalmente os estojos confeccionados em tubo de plástico ou papelão 
apresentam uma base metálica (alta ou baixa), com a função de aumentar a 
resistência e, principalmente, de formar o aro de travamento da câmara 
(headspace). Nesses estojos, é empregada uma bucha interna, confeccionada 
em papel ou plástico para afixar o tubo à base. 
 
 
Foto 1 Foto 2 O fechamento dos estojos 
pode ser do tipo orlado (FIG. 
56 – Foto 1, ou em estrela 
de seis ou oito pontas (FIG. 
56 – Foto 2). 
Figura 56 – Fechamento de estojos 
Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 
 
Nos cartuchos dotados de projéteis singulares (balote), o fechamento é orlado. 
Para a utilização do fechamento orlado em cartuchos com carga de balins é 
necessário o emprego de um disco de papelão sobre esta carga o que não 
acontece para o fechamento em estrela. 
 
 
 
 
 
 
 
3.1.2 Espoletas 
 
As espoletas têm por função a iniciação do propelente (pólvora). Quando do 
acionamento do gatilho, o percutor comprime a mistura iniciadora contra a 
bigorna, Isso causa a sua detonação que gera calor, chama e gases que 
passam para o interior do estojo onde se encontra a pólvora através de orifícios 
chamados eventos. A ação do calor, chama e gases sobre os grãos do 
propelente agitam, aquecem e levam à queima do propelente o que irá gerar 
uma grande quantidade de gases e a expulsão da carga de balins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 57 - Espoleta do tipo bateria 
Fonte: Site da Companhia Brasileira 
de Cartuchos (CBC) 
As espoletas utilizadas em cartuchos 
destinados a armas de alma lisa são do tipo 
bateria (FIG. 57), possuem um copo externo 
no qual se aloja a bigorna e a mistura 
iniciadora contida em um recipiente em 
formato de copo. A utilização deste copo 
externo deve-se à pouca resistência da base 
metálica do estojo e da bucha interna. Desta 
forma, garante-se a percussão e uma 
montagem adequada. 
 
 
Nos estojos de cartuchos metálicos utilizados para recarga artesanal, as 
espoletas empregadas são do tipo Berdan. 
 
As espingardas apresentam muito pouca resistência ao deslocamentodos 
projéteis (singular ou balins) quando comparadas às armas de alma raiada. A 
inexistência de raiamento faz com que os projéteis abandonem o cano 
rapidamente. Este fato associado a maior ou menor capacidade de expansão 
 
 
das buchas torna obrigatória a utilização de pólvoras de queima rápida nos 
cartuchos para armas de alma lisa, do mesmo modo, daquelas utilizadas em 
armas curtas. 
 
 
3.1.3 Pólvoras 
 
As pólvoras utilizadas nos cartuchos comerciais são de base simples 
(Nitrocelulose), em formato de disco, a exemplo das pólvoras nº 216 e 219 da 
Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Essas mesmas pólvoras são as 
utilizadas em revólveres. 
 
Nota 
A empresa Condor uti liza pólvora negra na produção de cartuchos dotados de 
projéteis de borracha, de carga lacrimogênea e de efeito moral. 
 
As pólvoras uti lizadas em espingardas apresentam pequenos valores de 
Densidade Gravimétrica 5 e também menor tempo de queima. 
 
 
Nota 
As pólvoras que apresentam maior densidade gravimétrica são as que 
apresentam maior tempo de queima (queima mais lenta). São destinadas as 
armas longas raiadas, pela necessidade de maior espaço para sua queima, as 
quais permitem a colocação de maior quantidade de propelente (em peso), 
para um mesmo volume do estojo, de forma que se possam atingir as altas 
velocidades previstas para os projéteis dessas armas. Quando, por exemplo, 
acontece um disparo de espingarda e a vedação não é boa, faz-se necessário 
utilizar pólvoras de queima rápida e logo, menor densidade gravimétrica. 
 
 
 
5
 é o parâmetro que indica qual a quantidade de pólvora em peso que pode ser colocado em 
uma mesma unidade de volume 
 
 
 
 
 
3.1.4 Projéteis ou balins 
 
Os projéteis ou balins (chumbos) utilizados para carregar cartuchos variam, 
normalmente, de 1,25 a 5,50 mm de diâmetro, sendo usados, ainda, balotes: 
um único projéti l de chumbo de diâmetro equivalente ao calibre da espingarda. 
 
Os balins são designados por números ou letras e cada número ou letra indica 
um diâmetro nominal específico. A numeração é arbitrária e não segue o 
mesmo critério nos diversos países. O critério adotado pela Companhia 
Brasileira de Cartuchos é o mostrado a seguir (FIG. 58): 
 
 
Figura 58 – Critérios para designação dos Balins adotados pela CBC 
Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 
 
3.1.5 Buchas 
 
As buchas apresentam a função de, ao se 
expandirem, selarem o cano, não 
permitindo o escape de gases oriundos da 
queima da pólvora. Desta forma, fazem 
com que a distribuição da energia seja 
uniforme sobre a carga de balins. Realizam 
 
 
ainda a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto na câmara 
quanto no cano durante o deslocamento 
da carga de balins. 
 
 
As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão cortiça, 
prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas). 
É comum a utilização de discos de papelão quando da utilização de buchas 
prensadas para separar a bucha dos grãos de pólvora e ainda para separar da 
carga de balins, ou com a função de tampa nos cartuchos de fechamento 
orlado. 
Nota 
As buchas e os discos de papelão, quando encontrados em locais de crime ou 
na área lesionada podem definir o calibre da arma utilizada. 
 
3.2 Vida útil dos cartuchos guardados na embalagem original 
 
Segundo a Companhia Brasileira de Cartuchos, a vida útil de cartuchos marca 
CBC, armazenados em sua embalagem original, é de cerca de 5 (cinco) anos. 
Isso se a munição for estocada em condições adequadas, ou seja, em local 
bem ventilado, protegido de raios diretos do sol, e à temperatura ambiental 
normal (20 a 25.ºC). Se a temperatura for mantida uniforme, ao redor de 15.ºC, 
a vida útil dos cartuchos CBC pode ser prolongada de 3 a 4 vezes. A umidade 
relativa do ar ideal para a conservação dos cartuchos é de 40 a 60%. 
 
Após os cinco anos, inicia-se um processo lento de decomposição da pólvora 
resultando numa deterioração, também lenta, mas progressiva, das 
características balísticas da munição. Na maioria das munições militares, o 
cartucho é considerado ainda em condições de uso, mesmo que a velocidade 
média de uma série de 10 tiros esteja 5% abaixo do valor médio de fabricação. 
Figura 59 – Buchas plásticas 
Fonte: arquivo pessoal do conteudista 
 
 
Este percentual é aumentado para munições destinadas ao uso civil, cujos 
critérios de avaliação não são tão rígidos. 
 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você estudou que: 
 Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas 
nas armas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV do art. 3º do 
Anexo do Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-se 
entender munição como: “artefato completo, pronto para carregamento e 
disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, 
iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; 
exercício; manejo; outros efeitos especiais” (BRASIL, 2000); 
 Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em dia, são: 
Cartuchos para armas raiadas de percussão central; Cartuchos para 
armas raiadas de percussão radial e Cartuchos para armas de alma lisa 
de percussão central; 
 Em quase todas as espécies de cartuchos, verifica-se a utilização de 
alguns componentes essenciais como o estojo, a espoleta, o propelente 
(pólvora) e o projétil; 
 Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que 
pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da 
queima do propelente; 
 Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos: os pro jéteis de 
chumbo (projeteis nus), os projéteis jaquetados ou projéteis 
encamisados (total ou parcialmente) e os projéteis especiais; 
 Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes 
elementos essenciais: estojo, espoleta, pólvora, projéteis (projéteis 
singulares, balins ou projéteis especiais) e buchas e discos de papelão. 
 
 
 
Exercícios 
 
1) Dado o enunciado, assinale a única alternativa correta: 
Um cartucho de fogo circular é caracterizado pela utilização: 
 a) de espoletas extrínsecas 
 b) de espoletas do tipo berdan 
 c) de espoletas do tipo boxer 
 d) do explosivo iniciador ser depositado nas bordas do estojo, não se 
verificando as configurações de bigorna, comumente encontradas nas espoletas de 
fogo central. 
 
 
2) Assinale, do material abaixo relacionado, aquele que não faz parte do cartucho: 
 a) Propelentes 
 b) Espoletas 
 c) Percursor 
 d) Buchas 
 
3) Dentre as quatros alternativas apresentadas, assinale a falsa: 
 a) As buchas quebradiças, como as buchas de cortiças, não atrapalham a 
distribuição dos balins, mesmo que parte dela se misture ou venha a se aderir aos 
balins. 
 b) As buchas realizam a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto 
na câmara quanto no cano durante o deslocamento da carga de balins. 
 c) As buchas apresentam a função de, ao se expandirem, selarem o cano, não 
permitindo o escape de gases oriundos da queima da pólvora, desta forma, fazendo 
com que a distribuição da energia seja uniforme sobre a carga de balins. 
 d) As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão 
cortiça, prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas). 
 
 
4) As espoletas utilizadas em cartuchos destinados a armas de alma lisa são: 
a) espoletas extrínsecas 
 b) espoletas do tipo berdan 
 c) espoletas do tipo boxer 
 
 
 d) espoletas do tipo bateria 
 
 
5) A mistura de nitrato de potássio ou salitre, carvão vegetal e de enxofre, formam 
uma pólvora empregada até hoje que é chamada de:. 
a) pólvora negra 
 b) pólvora propelente de base simples 
 c) pólvora propelente de base dupla 
 d) nenhuma das anteriores 
6) Assinale com (V) as alternativas verdadeiras e com(F) as falsas: 
 
a) ( ) Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que 
pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da 
queima do propelente. 
b) ( ) Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para 
armas raiadas, apresentam seu diâmetro igual ao diâmetro do cano da arma. 
c) ( ) O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural, por ser a forma 
que apresentava, a princípio, a menor perda de gases, porém dado a 
problemas com o alcance útil e a resistência do ar, eles foram gradativamente 
sendo substituídos nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis 
de formato pontiagudo, semelhante às setas. 
d) ( ) Os projéteis encamisados são projéteis construídos por um núcleo 
recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta. 
e) ( )Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e 
fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta 
(projéteis expansivos). 
f) ( )Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são cônicos e recebem 
uma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas. 
 
 
Gabarito: 1D 2D 3A 4D 5A 6 a) V b) F c) V d) V e) V f) F

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