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trabalho saúde: REFLEXÃO CRÍTICA DA UNIDADE I

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
 CENTRO DE HUMANIDADES 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 PSICOLOGIA E SAÚDE
 PROFESSORA: DELANE FELINTO PITOMBEIRA
ALUNO: PAULO VICTOR ALVES LIMA
REFLEXÃO CRÍTICA DA UNIDADE I
Fortaleza - Ceará
Maio de 2021
Figura 1
Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2018/11/27/entenda-o-mais-medicos-e-o-buraco-deixado-pelos-8-mil-cubanos-que-saem-do-pais
Desde a última Constituinte de 1988, baseado no princípio de saúde como um direito do cidadão e dever do Estado, estabeleceu-se o Sistema Único de Saúde – SUS, com o objetivo de promover acesso universal e igualitário à saúde (POLEJACK et al, 2016). Dessa forma, as políticas públicas são instituídas visando sua efetivação, principalmente com os grupos mais vulneráveis socialmente. Trata-se de um contexto com essencial participação popular, uma vez que são construídas a partir das demandas sociais e do monitoramento dos mesmos. (SOUZA et al, 2019)
Entretanto, esta garantia constitucional enfrenta, na prática, imensos desafios em relação ao Direito à Saúde, fundamentalmente nas disparidades regionais na abrangência do acesso ao cuidado. A escassez de profissionais aliada a má distribuição de recursos, constituem-se como os embargos para a universalização, de fato, a estas populações marginalizadas em relação a seus direitos. Nessa conjuntura, como uma política pública para a solução dos provimentos de médicos, é lançado em 2013 o Programa Mais Médicos (PMM), cujo objetivo é suprir a carência de médicos nos municípios do interior e em bairros periféricos das grandes cidades do Brasil. (KEMPER et al, 2016) 
Até 2017, em seu auge, o programa levou 15 mil médicos para locais onde faltavam profissionais, garantindo o acesso a 63 milhões de pessoas em mais de 4 mil municípios (MORAES, 2013). Antes da chegada dos profissionais estrangeiros o país possuía em média dois médicos para cada dez habitantes. Apesar de ser considerada como uma boa média em comparação com a maioria dos países do mundo, havia uma má distribuição de médicos por região, em que se destacam às regiões Norte e Nordeste com sequer a média de um médico para cem mil habitantes, enquanto estados como São Paulo e Rio de Janeiro se dispunham em média de três médicos para mil habitantes (CFM, 2013, p.19). 
Além da vinda de médicos estrangeiros, o PMM resultou em propostas estruturais em relação a ampliação ao acesso e fortalecimento do SUS, em que se produziu uma nova forma de conhecimento em relação ao acesso à saúde e a novas formas de cuidado (KEMPER, et al, 2016). Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que observava com grande entusiasmo a implantação do programa no país. Segundo a instituição, a medida era coerente com as suas resoluções sobre cobertura universal em saúde, atenção primária e igualdade de acesso à saúde da população (ONU, 2013). 
Por outro lado, desde sua implantação o projeto foi atravessado por disputas e polêmicas. Não raro, debatia-se no campo político sobre o cumprimento da legislação trabalhista, além de vários políticos de oposição ao governo e parte da classe médica acusar as medidas de serem feitas de forma monocráticas; sem planejamento e com cunho ideológico (KEMPER et al, 2016).
Nesse sentido, no final do ano de 2018, Cuba anunciou a saída do programa devido ao anúncio feito pelo, na época presidente eleito, Jair Bolsonaro, das alterações que seriam realizadas entre o país e o Brasil. Resultou-se, então, na retirada da saída imediata de mais de oito mil médicos cubanos do corpo médico do SUS, sendo estes em sua maioria das regiões supracitadas, o que gerou o fim do programa, sendo substituído por outro posteriormente, que diminuiu sua abrangência em 30% (FLOR, 2018).
Destarte, compreende-se que o fim do programa se revelou como um retrocesso a todos os princípios fundamentais do SUS, uma vez que a PMM contribuiu para o processo de evolução em relação a universalidade, igualdade e abrangência do sistema (PAIM et al, 2011). Para mais, em um país com grande escassez de profissionais médicos no interior e grandes periferias, o projeto contribuiu para a formação de equipes permanentes em localidades de alta rotatividade e equidade de acesso a populações historicamente desassistidas. Portanto, diminuiu desigualdades; ofereceu um serviço qualificado, uma vez que estes profissionais possuíam formação adequada e aumentou os índices a cada ano de distribuição dos profissionais entre as regiões brasileiras (KEMPER et al, 2016).
Em ultima instância, portanto, pode-se afirmar que nessa conjuntura, e dentre outras, que o grande obstáculo para a ampliação e efetivação do SUS é político, visto que desde da implementação da PMM, percebeu-se críticas discriminatórias, desqualificando os médicos estrangeiros que supostamente estavam ocupando vagas que deviam ser de médicos brasileiros e que estes eram superiores, que não se comprovou em pesquisas científicas, em que se apontou real efetividade e sustentabilidade do projeto (G1, 2013). Neste cenário, destaca-se a compreensão de Mari e González-Rey (2012 apud POLEJACK et al, 2016) de que a saúde perpassa pelo social, assim como o adoecimento pode ser fruto do ambiente ao qual os sujeitos estão inseridos. Assim, uma das possibilidades de atuação, configura-se a do saber psicológico, consiste na escuta ativa da demanda dos usuários dos equipamentos do SUS.
 Mais do que nunca, o profissional “pode propor ações que fortaleçam vínculos e redes, dando vigor a fatores de proteção, melhorando a comunicação e potencializando o cuidado de profissionais e de usuários” (POLEJACK et al, 2016). Por fim, tal prática entra em consonância com a reforma sanitária, tendo em conta ter sido conduzida pela sociedade civil (PAIM et al, 2011). Revelando, assim, que a prática da saúde não deve se restringir pelos fatores exclusivamente biológicos, mas também como um fenômeno social e político (SOUZA et al, 2019). 
Do ponto de vista deste trabalho, as evidências mais importantes são de que a PMM constituiu uma Política Pública que, além de promover, foi um importantíssimo instrumento no cumprimento do Direito à Saúde previsto na Constituição. Além disso, testemunha o papel do saber psicológico para a produção democrática de saúde que se articula com a realidade dos públicos alcançados. 
REFERÊNCIAS 
CFM, Conselho Federal de Medicina. DEMOGRAFIA MÉDICA NO BRASIL: Cenários e indicadores de distribuição. São Paulo: [s. n.], 2013. v. 2.
FLOR, Katerine. Entenda o Mais Médicos e o buraco deixado pelos 8 mil cubanos que saem do país BRASIL DE FATO, Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2018/11/27/entenda-o-mais-medicos-e-o-buraco-deixado-pelos-8-mil-cubanos-que-saem-do-pais. Acesso em: 11 de mai. de 2021.
KEMPER, Elisandréa Sguario et al. Programa Mais Médicos: panorama da produção científica. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 21, n. 9, p. 2785-2796,  Sept.  2016 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000902785&lng=en&nrm=iso>. access on  12  May  2021.  https://doi.org/10.1590/1413-81232015219.17842016.
Estrangeiros do programa Mais Médicos são hostilizados em Fortaleza. G1, 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/08/estrangeiros-do-programa-mais-medicos-sao-hostilizados-em-fortaleza.html. Acesso em 11 de mai. de 2021
MORAES, Maurício. Dúvidas sobre chegada de médicos cubanos alimentam debate jurídico. BBC News Brasil, 2013. Disponível em < https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130902_mais_medicos_mm > Acesso em: 11 Ago. 2021.
PAIM, Jaimilson et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. The Lancelet, Salvador, v.1, p.11-31, Mai, 2011. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60054-8
POLEJACK, Larissa et al. Psicologia e Políticas Públicas na Saúde: Experiências, Reflexões, Interfaces e Desafios. 1. ed. Porto Alegre: Rede Unida, 2015. 31-50 p.
Programa mais médicos é coerente com recomendações da organização pan-americana da saúde. ONU, ano: 2013. Disponível: <http://www.onu.org.br/programa-mais-medicos-e-coerente-com-recomendacoes-da-organizacao-pan-americana-da-saude>.Acesso em 12 de mai. De 2021.
SOUZA, Luis Eugenio Portela Fernandes de et al . Os desafios atuais da luta pelo direito universal à saúde no Brasil. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 24, n. 8, p. 2783-2792, Aug. 2019.Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232019000802783&lng=en&nrm=iso>.accesson12  May  2021.  Epub Aug 05, 2019.  https://doi.org/10.1590/1413-81232018248.34462018.
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