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ENDOCARDITES BACTERIANAS Endocardite é um processo infeccioso que acomete o Endocárdio (endotélio e valvas cardíacas); Este termo também pode ser usado para infecção provocada pela implantação de próteses valvares cardíacas; Apresenta-se como uma doença grave, com alto risco de morbidade e mortalidade e de elevada incidência; Portadores de disfunção valvar, cardiopatia congênita ou de válvula cardíaca artificial apresentam maior risco de contrair a doença. CLASSIFICAÇÃO DAS ENDOCARDITES INFECCIOSAS As endocardites podem ter dois cursos clínicos relacionados: • AGUDO — Lesão invasiva, ulcerativa e necrosante, de difícil cura e, muitas vezes é necessário uma intervenção cirúrgica e tratamento antimicrobiano prolongado. Normalmente essa fase aguda é causada pelos Staphylococcus spp (gênero de bactérias coccus, gram positiva, agrupados e cachos). • SUBAGUDO — Normalmente causada por agentes menos virulentos, geralmente pertencentes à microbiota normal da cavidade oral/orofaríngea e ataca principalmente valvas anormal ou previamente lesadas; Melhora com o usa de antimicrobianos, promovendo reparo e cicatrização do local. Na cavidade orofarígea, como exemple de bactérias que compõe a microbiota normal, tem-se o Streptococcus pneumoniae, o qual está associado a processos de faringite, pneumonia e, se cai na corrente sanguínea, pode causar episódios tanto de meningite, quanto de bacteremia, como a endocardite infecciosa. As endocardites também pode ser classificadas por uma doença valvar ou condição pré-existente que favoreça a implantação desses microorganismos, tais como: a) Valvas anormais: — Streptococcus spp em cerca de 40 a 70% dos casos em não usuários de drogas venosas. A maioria dos Streptos pertence ao grupo viridans e alfa-hemolíticos e apresentam uma virulência relativamente baixa, provocando síndromes subagudas, se proveitoso de defeitos congênitos e valvas previamente lesadas. A maioria compõe a microbiota normal da orofarínge e cavidade oral. — Staphylococcus spp está relacionada ao aumento de casos à usuários de drogas intravenosas e em pacientes com cateteres de acesso venoso prologando. — Enterococcus spp: São membros da microbiota do trato digestivo e orofaringe. — Fungos: normalmente associadas à Candida spp em população de risco, como nos imunocomprometidos e pacientes com acesso venoso central prologando. — HACEK: nesse grupos predominam os bacilos Gram-negativos da microbiota da cavidade oral, com baixa virulência e difícil isolamento (hemocultura negativas). Estão associados à endocardite subaguda, porém desenvolvem grandes áreas de vegetação quando atingem o endotélio cardíaco. Abaixo é mostrado na tabela as bactérias desse grupo. Esse gênero está associado exclusivamente ao desenvolvimento de endocardites. Presentes também na microbiota ora e, após procedimentos dentárias, por exemplo, pode atingir a corrente sanguínea e se ligar ao endotélio cardíaco. b) Usuário de drogas intravenosas: a grande maioria desses pacientes não tem valvulopatias previas, mas pode desenvolver endocardites por conta da inoculação de agulhas por não realizar assepsia do local. O envolvimento da tricúspide ocorre em 50 a 60% dos casos, na aorta em 25% e na mitral 20%. Os agentes envolvidos são Staphylococcus aureus, Enterococcus spp e fungos. c) Usuário de próteses valvares: São dividas em precoces (ocorrem nos primeiros 60 dias após a cirurgia) e tardia (relacionada à contaminação de próteses durante episódios de bacteremia transitória. Normalmente apresenta um período de latência entre a contaminação e o desenvolvimento da endocardite e se apresentam como endocardite subaguda (até 2 anos após a cirurgia). ETIOLOGIA GERAL Streptococcus spp (40 a 60% dos casos) —> Streptococcus viridans e Streptococcus bovis; Staphylococcus spp (20 a 30% dos casos) —> Staphylococcus epidemides e Staphylo aureus; Outras Bactérias Gram positivas (Enterococcus faecalis) ou Gram negativas (P.aeruginosa —> HACEK, proveniente do trato respiratória e orofaríngeo) podem causar endocardite infecciosa (10 a 20% d casos) Infecções fúngicas são mais raras —> C. albicans, Histoplasma capsulatum, Aspergillus spp; Staphylococcus aureus pode causar EI em portadores de lesões cardíacas, implantações de próteses valvares cardíacas, em hospitalizados (cateteres e imonocomprometidos) e, em usuário de drogas injetáveis. Quadro Clínico Aguda — Streptococcus ß-hemolíticos, S.aureus, Pneumococos — Streptococcus pneumoniae; Subaguda — S.viridans, Enterococcus faecalis, HACEK, Staphylococcus epiderides (coagulasse negativos). 7 PATOGÊNESE DAS ENDOCARDITES INFECCIOSAS a) Patógenos ganham acesso à corrente sanguínea (manipulação dentária, implantação de dispositivos, entre outros). A síndrome começa usualmente 2 semanas após o evento, com febre, sudorese noturna, perda de apetite e dores generalizadas. b) Quando o patógeno ganha a corrente sanguínea, aderem à superfície da válvula cardíaca. c) Proliferação dos patógenos dentro da matriz —> evasão da resposta imune d) Formação de áreas de vegetação (bactérias recobertas de fibrina, o que ajuda a fugir da resp. imune) e) Partículas de vegetação podem se desprender e disseminar —> êmbolos, AVC, aneurismas, infartos e abcessos. EVOLUÇÃO DA PATOGÊNESE a) Colonização valvar como consequência de lesão mecânica b) Colonização valvar após processo inflamatório e lesão tecidual. (1) Endocardite trombótica não bacteriana —> (2) As bactérias se ligam ao coágulo e o colonizam durante a bacteremia transitória. Os monócitos aderidos liberam fatores teciduais e citocinas —> (3) Mais plaquetas são atraídas e ativadas, e a vegetação cresce —> (4) As células endoteliais são infectadas e podem ser lisadas por produtos bacterianos ou as bacterias podem persistirem dentro das células. (1) As células endoteliais ativadas expressão integrinas que promovem a deposição de fibronectina —> adesão bacteriana —> (2) Liberação de fatores de crescimento e citocinas, causando coagulação do sangue e promover a extensão da inflamação e a formacao da vegetação —> (3) células endoteliais infectadas podem ser liberadas por produtos bacterianos ou as bactérias podem persistir dentro das células. A área de vegetação tanto de A, quanto de B são parecidas, o que difere é a presença da fibronectina. Como consequência de uma endocardite infecciosas não tratada, pode haver desprendimento e resultar, por exemplo, em uma sepsemia, embolização e destruição das valvas cardíacas. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS Manchas de Roth AVC por embolia com focos hemorrágicos Abcesso cerebral pigênico Embolia pulmonar séptica Infarto esplênico Infartos periféricos Perfuração da válvula aórtica Vegetação da válvula mitral Marca-passo com vegetação MANCHAS DE ROTH — As manchas de Roth pode ser identificadas no exame de fundoscopia com lesões hemorrágicas retinais, com palidez central, resultante da vasculite dos vasos reuníamos. Fenômenos Vasculares Sistêmicos Infartos periféricos; Petéquias; Nódulos de Osler (resultado da deposição de imunocomplexos e são intradérmicos, dolorosos, nas polpas digitais); Lesões de Janeway (eritematosas ou hemorrágicas indolores nas regiões palmares); Hemorragias subungueais (de Splinter) (são lesões lineares nas unhas). Nódulos de Osler Manchas de Jeneway Áreas de formação de vegetação DIAGNÓSTICO NAS ENDOCARDITES Primeiramente deve-se avaliar os sintomas clínicos, como verificar se tem uma cardiopatia prévia, se há febre e distúrbios hemorrágicos (anemia). Juntamente com esses achados ,associar aos exames laboratoriais. Exames Inespecíficos — Hemograma (anemia normo/norma e leucocitose); VHS - Velocidade de Hemosedimentcao (aumentado); PCR (aumentado); Urina I (proteunúria e hematonúria microscópica); Eletroforese de hemoglobina (hipergamaglobunemia). Exames Específicos — Hemocultura (coleta de 2 ou 3 amostras com intervalo de 30 minutos emlocais diferentes); Ecocardiograma (presença de vegetação); Outros exames como ECG/RX de Tórax e sinais de congestão pulmonar ou quadro de embolia.