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22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/14 Da sociedade moderna à sociedade pós-moderna: novas práticas sociais e nova linguagem O início da discussão apresentada neste módulo parte da compreensão de que as mudanças sociais que caracterizam a sociedade atual, por meio da reestruturação e reorganização do período moderno em direção a uma sociedade pós-moderna e globalizada, ocasionam a reconfiguração na forma como as pessoas atuam socialmente diante de práticas já conhecidas e que se tornam, no momento atual, estranhas devido à nova organização social decorrente da globalização e das novas tecnologias. Para compreender essas mudanças, trataremos da discussão sobre o que constitui uma sociedade moderna e, também, a pós-modernidade e finalizamos este módulo com aspectos da globalização e os avanços tecnológicos desencadeando a configuração da sociedade em rede. O período atual, chamado por alguns autores de pós-moderno, novo capitalismo e capitalismo tardio viabiliza processos intrínsecos relativos à linguagem, os quais afetam radicalmente o discurso globalizado. Essas características históricas precisam ser desveladas para que o estudo linguístico, na perspectiva discursiva crítica, seja viabilizado. Para aprofundarmos no assunto, é preciso que o leitor reflita sobre quais foram as mudanças sociais e os desenvolvimentos que afetam e afetarão a vida das pessoas no início do século XXI e em como nomear e caracterizar esse período. De acordo com Giddens (200b), vamos observar três perspectivas sobre os questionamentos em causa: 1) o fato de que vivemos em uma sociedade pós-industrial; 2) a ideia de que atingimos um período pós-moderno; 3) a teoria a respeito do fim da história. O início do século XXI, de acordo com Giddens (2000b), é apontado por alguns observadores como um momento de transição para uma nova sociedade que não assenta essencialmente na industrialização, sendo que estaríamos entrando em uma fase de desenvolvimento para muito além dessa Era. Segundo Giddens, a chegada de uma sociedade pós-industrial coloca a antiga ordem industrial como ultrapassada pelo desenvolvimento de uma nova ordem social baseada no conhecimento e na informação. Para o referido autor, essas ideias subestimam o grau em que as ocupações de serviços estão implantadas na produção fabril e realçam em excesso o papel dos fatores econômicos, estabelecendo a tese de que tal sociedade é descrita como consequência dos desenvolvimentos da economia, os quais conduzem às mudanças em outras instituições. Para pensarmos no assunto, sugerimos ao leitor que reflita sobre os pontos a seguir: 1. Quais são os desenvolvimentos relevantes que afetam nossa vida neste início do século XXI? 2. Como nomear e caracterizar esse período? Sociedade Globalizada – o conceito de tempo-espaço - Giddens 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/14 A forma de circulação da linguagem no ambiente do novo capitalismo apresenta-se em um movimento de (des)marcação das relações espaciais e temporais, conforme apontado por Giddens (1991). O conceito de tempo-espaço, tão bem delimitado nas sociedades anteriores, foi esvaziado na pós-modernidade. As novas tecnologias trouxeram um movimento de (des)marcação das relações espaciais e temporais. Giddens (1991) tratou disso por meio do conceito de desencaixe, ou seja, o deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação por meio de extensões indefinidas de tempo-espaço estão interferindo, profundamente, na forma como a linguagem se reconfigura no período do novo capitalismo. Esse conceito fica evidente quando o deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação, por meio de extensões indefinidas de tempo-espaço, interferem profundamente na forma como a linguagem se reconfigura na globalização. Para Giddens (1991), a vida moderna – período iniciado com o século XVIII – trouxe mudanças profundas que alteraram substancialmente todos os tipos tradicionais de ordem social. Apesar de entender que essas mudanças tenham ocorrido em várias fases da história da sociedade, para o autor nenhuma delas teve um impacto tão dramático e abrangente como ocorreu nos três ou quatro últimos séculos. O autor afirma que o conceito de desencaixe nada mais é do que o “deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação por meio de extensões indefinidas de tempo-espaço” (GIDDENS, 1991, p. 29), conforme pode ser percebido no modelo de comunicação em tempo real. Isso quer dizer que indivíduos espacialmente separados podem interagir sincronicamente – em tempo real –, mesmo que cada um esteja em continentes diferentes, distanciados por milhares e milhares de quilômetros e em fusos horários diferenciados. Essa facilidade de circulação da comunicação em tempo real possibilitou uma interação maior nas formas como os sujeitos se relacionam socialmente, decorrentes do advento da tecnologia digital. A vida contemporânea, como tem se apresentado por profundas mudanças nas relações interpessoais e institucionais, sofre influência desse conceito. Uma das ações aplicadas ao conceito de desencaixe desenvolvido por Giddens (1991) consiste no fato de que as relações pessoais vão se reconfigurando no mundo atual. Neste, as pessoas, em suas atividades sociais, devem a todo o momento agir no campo para provar seu conhecimento e reconhecimento pelo grupo, por meio dos mecanismos de desencaixe que são representados por fichas simbólicas e sistemas peritos. O especialista é levado a reforçar diante do leigo o seu saber constantemente, o que gera uma grande procura por informações (GIDDENS, 1991, p. 39). Outro ponto da obra de Giddens interessante para uma investigação e que vai contemplar como tema a globalização, está relacionado ao conceito de desterritorialização e reterritorialização. Trata-se de uma reorganização das fronteiras físicas, administrativas, jurídico-políticas e epistemológicas e concorre para que determinadas maneiras de pensar, agir e sentir se tornem universais. Por um lado, isso consolida a globalização dos mercados e a produção flexível do capitalismo atual; por outro, contribui para a transformação das formas de sociabilidade e de solidariedade entre os indivíduos e grupos, assim como da relação destes com o Estado, a sociedade e a natureza. Giddens acrescenta que a desterritorialiação manifesta-se tanto na esfera da economia como na da política e cultura. Ianni (1993, p. 95) acrescenta que todos os níveis da vida social, em alguma medida, são alcançados pelo deslocamento ou dissolução de fronteiras, raízes, centros decisórios e pontos de referências. Ianni (1993, p. 100) diz ainda que “desterritorializar significa dissolver ou deslocar o espaço e o tempo”. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/14 Correlacionar a reorganização da sociedade globalizada também no contexto da internet fez com que Ormundo (2007) estabelecesse um contato entre a Teoria Social sobre pós- modernidade com os estudos de Castells (1999) sobre a definição do espaço como sendo a expressão da sociedade. Uma vez que as sociedades estão passando por transformações estruturais, surgem novas formas e processos espaciais. Já Harvey (apud CASTELLS, 1999) assinala que concepções temporais e espaciais objetivas são necessariamente criadas por meio de práticas e processos materiais que servem pra reproduzir a vida social e que o tempo e o espaço não podem ser entendidos independentemente da ação social. Estamos nos referindo ao paradigma tecnológico informacional desenvolvido por Castells, no qual a competitividade dos territórios não advém da disponibilidade de recursos naturais e energéticos,da existência de uma base industrial herdada ou da posição geográfica, mas da capacidade de criar e intensificar sinergias entre agentes econômicos, educacionais e científicos. Para Borja e Castells (1997), as estratégias de desenvolvimento local devem contemplar as exigências para a inserção competitiva, principalmente no que diz respeito: 1. à infraestrutura adequada, no sentido de acesso a serviços essenciais; 2. a um sistema de comunicações que assegure a conectividade do território aos fluxos globais de pessoas, informações e mercadorias; e 3. à existência de recursos humanos capazes de produzir e gerenciar no novo sistema técnico-econômico. Sociedade pós-moderna baseada nos modos de informação A chegada de uma sociedade pós-industrial coloca a antiga ordem industrial como ultrapassada pelo desenvolvimento de uma nova ordem social baseada no conhecimento e na informação. Consideramos que o mundo pós-moderno apresenta-se fragmentado e multifacetado. Como isso é refletido pela linguagem? Entendemos que a linguagem materializa-se em imagem e a imagem é um signo poderoso, circulando pelo planeta em diversos suportes vídeos, televisão, Internet e outros. A rapidez da circulação das imagens possibilita também a circulação de valores, de crenças, de modo de ser, tornando-os universais, constituídos por outros valores, crenças e modos de ser de outras culturas espalhadas pelo globo. No momento marcado pelo acelerado avanço tecnológico, o computador, notebook, celulares, tablet constituem-se em ferramentas que aceleram a divulgação da informação. Torna-se uma necessidade tê-los, pois possibilitam o acesso à internet e por seu intermédio recebemos o mundo em nossa casa e saímos também para o mundo, de certo modo, libertos de nosso invólucro material e de nossa identidade real. Circulamos hoje, totalmente, desvinculados dos grilhões das Eras passadas. Somos mentes flutuantes, identidades simuladas, vidas imaginariamente germinadas online, transitando em um mundo de superfícies mutáveis. Mark Poster (2001) propõe a discussão dessa nova configuração social marcada pelo modo de informação. Para este autor, há uma relação de oposição na forma com o sistema de produção configura-se na sociedade moderna e na sociedade pós-moderna. Segundo Poster, os modos de produção capitalista, marcado pela revolução industrial e pela sociedade moderna, são configurados na pós-modernidade pelo modo de informação em que o bem capital mais relevante é a Informação e essa está atrelada a valores econômicos, culturais, políticos de uma sociedade globalizada e tecnológica. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/14 Outro autor a tratar do período analisado é Francis Fukuyama por meio da expressão fim da história. Ele refere-se que esse período baseia-se não no colapso da modernidade, mas em seu triunfo em todo o planeta caracterizado pelo capitalismo e pela democracia liberal. O fim da história, segundo o referido autor, significa o ponto final do desenvolvimento da ideologia e da universalização da democracia ocidental como forma última de governo da humanidade (FUKUYAMA, 1992). Sintetizando, o autor não quer dizer que a história acabou, mas que não há mais oportunidade para o capitalismo e a democracia liberal que triunfaram anteriormente. Na visão de Zygmunt Bauman (2005), não vivemos o fim da história, nem mesmo o princípio do fim, pois, para o autor, estamos no limiar de uma grande transformação mundial em que as forças descontroladas da globalização e seus efeitos danosos deverão ser postas sob o controle popular democrático. Explicando melhor, na perspectiva de Bauman (op. cit), chegou a hora em que a humanidade deverá tirar conclusões a respeito da irreversível dependência mútua entre os humanos que se instalou via globalização. Chegou o momento de encará-la de tal modo que a qualidade de vida e a dignidade de incontáveis seres humanos seja garantida para que a fragilidade e a insegurança, fenômenos hoje comuns, desapareçam do cenário atual e futuro. SUGESTÃO PARA APROFUNDAR O ASSUNTO: Veja o vídeo de Bauman no programa Fronteiras do Pensamento - http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A – O mundo pós-moderno: a condição social. A questão da informatização na era pós-moderna Outra questão a ser discutida refere-se à informatização na era pós-moderna apontada na discussão de Lyotard (2004), no momento em que o filósofo analisa o estatuto do saber na sociedade pós-industrial Anteriormente, o saber fazia parte da formação de todo indivíduo para que se tornasse um cidadão participante. Assim sendo, o indivíduo entregava-se ao processo de interiorização do saber. A escola e os professores eram os donos do saber universal e os principais responsáveis pela transmissão do conhecimento aos alunos, os quais, por definição, tinham um saber incompleto. O desnível justificava a autoridade do professor e a obediência do aluno. A partir da informatização, o saber passa a viver uma explosiva exteriorização: torna- se abundante e acessível. Já não há mais o desnível, de um modo geral, em relação a professor e a aluno quanto à informação. O desnível ocorre no modo de utilização do conhecimento. O saber perde sua condição de uso e passa a ter um valor de venda e vincula-se às questões do poder econômico e político, ou seja, ele é a moeda que define, na cena internacional, os jogos hegemônicos (entre as nações, entre as empresas multinacionais). Na sociedade contemporânea, o conhecimento está intimamente vinculado às questões econômicas e de poder, e esse poder refere-se tanto a quem o detém, quanto àquele que, via internet, o difunde, atribuindo-lhe, assim, o que Lyotard chama de valor de troca – configura-se uma sociedade baseada nos modos do conhecimento. (ORMUNDO & WETTER, 2012). Vejamos, como outros autores tratam a questão da sociedade contemporânea. O mundo da modernidade tardia, na visão de Giddens (2002), vai além das fronteiras das atividades pessoais e dos compromissos individuais, estando pautado pelos riscos e perigos, os quais devem ser vistos não como um momento de crise, mas como um estado de coisas mais ou menos permanentes. Complementa esse pensamento ao chamar atenção para as questões de http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/14 insegurança, de incerteza e de periculosidade vivenciadas pela sociedade contemporânea, tais como: i. a instabilidade em relação ao emprego; ii. a grande difusão da criminalidade; iii. os ataques terroristas; iv. a crise econômica mundial; e v. o desenvolvimento da Internet como uma rede de conexão planetária que, ao mesmo tempo em que disponibiliza conhecimento, veiculação em tempo real dos acontecimentos mundiais e transações comerciais mais rápidas, instaura um novo paradigma em relação às identidades por intermédio de uma cultura da simulação, na qual se valoriza, sobremaneira, a representação do real (e não a realidade) e por meio da qual inimigos virtuais invadem nossas máquinas e, mais uma vez, nos fragilizamos. Lima (1998, p. 57-8), ao citar o pensamento de Rouanet, faz algumas considerações a respeito da política no mundo pós-moderno. O autor afirma que ela está voltada para a sociedade civil e busca a conquista de objetivos de grupos ou segmentos da sociedade, colocando-se, assim, em oposição à política moderna que atuava no Estado e buscava a conquista ou manutenção do poder estatal. Na política pós-moderna, o indivíduo cede seu lugar aos grupos, e suas finalidades não são mais universais e tornam-se micrológicas. A política especifica-se, passando a ser atributo de quem faz parte de campos setoriais de dominação: a dialética homem/mulher, anti- semita/judeu, etnia dominante/etnias minoritárias. Assim sendo, extinguiram-se osgrandes atores políticos universais. Não existe mais um “poder” central localizado no Estado, mas um poder difuso, estendendo sua rede por toda a sociedade civil. Tem-se, desse modo, uma pós-modernidade social que se dá a conhecer no plano da vida cotidiana por uma onipresença do signo, do simulacro, do vídeo e da hipercomunicação. Ainda referindo-se ao pensamento de Rouanet, Lima (1998, p. 75) observa que não há uma superação da política moderna pelo surgimento dos movimentos segmentares (feministas, homossexuais, ecologistas, negros, índios etc.). Ocorre apenas um enriquecimento do campo político e, portanto, o nascimento de outros atores políticos não representa uma ruptura com a modernidade em favor de uma política pós-moderna. Ao contrário, demonstra a concretização de uma tendência imanente do liberalismo moderno, que, por meio de sua doutrina dos direitos humanos, tornou possível a existência de um espaço fértil para a criação de novos direitos defendidos por novos atores sociais, de acordo com novas estratégias. É necessário também salientar que o período da pós-modernidade apresenta as ameaças ecológicas que a humanidade tem de enfrentar. Ameaças essas globais que são um perigo para o planeta. Os três tipos principais de ameaça ao ambiente são a produção de desperdícios, a poluição e o esgotamento de reservas minerais. Essas ameaças ao ambiente são desencadeadas pelo desenvolvimento e pela expansão global das instituições sociais ocidentais associadas à importância dada ao crescimento econômico. Sintetizando, na verdade, não há uma ruptura em relação à modernidade segundo Rouanet; Há, de acordo com Rouanet (1993), no seu artigo “Mal-estar na modernidade”, um ressentimento moderno que se dirige contra o modelo civilizatório que dá seus contornos à modernidade: o iluminismo, o qual, em síntese, visava à auto emancipação de uma humanidade razoável, por meio de valores e ideais consubstanciados em tendências como o racionalismo, o individualismo e o universalismo. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/14 O racionalismo implicava a fé na razão e na ciência, desse modo, deixando para trás o obscurantismo, libertando a consciência humana do jugo do mito, usando a ciência para tornar mais eficazes as instituições econômicas, sociais e políticas; o individualismo buscava a emancipação do ser humano por meio da individualização; o homem valia por si mesmo e não pelo estatuto que a sociedade lhe outorgava; o universalismo partia de postulados gerais sobre a natureza humana, dirigia-se a todos os homens, independentemente de raça, cor, religião, sexo, nação ou classe, combatia os preconceitos geradores de guerra e de violência. Desse modo, embora o projeto iluminista tivesse propostas emancipatórias, é óbvio, ainda segundo Rouanet (op. cit.), que, para sua concretização, o Iluminismo teve que recorrer a métodos tão coercitivos quanto os do passado. Portanto, poder-se-ia dizer que a pós- modernidade rebela-se contra esse projeto iluminista fracassado. O foco em uma crise econômica que, por sua vez, desencadeia uma crise social, no final de século XX, início de novo milênio, é a perspectiva defendida por Dubar (2006). Este tipo de crise que vivemos, no momento histórico da pós-modernidade, afeta, ao mesmo tempo, os comportamentos econômicos, as relações sociais e, portanto, as subjetividades individuais. Se é verdade que um período de equilíbrio relativo, de crescimento contínuo, de políticas transparentes e de instituições legítimas faz com que esse conjunto de categorias seja partilhado pelo maior número de pessoas; não é menos verdade que a ruptura desse equilíbrio instaure uma situação de crise, a qual provoca a mudança de normas, de modelos, de terminologia e ocasiona uma desestabilização das referências, das denominações e dos sistemas simbólicos anteriores e toca, em última análise, em uma perspectiva crucial: a da subjetividade, ou seja, do “funcionamento psíquico” e das “formas de individualidade”, ainda segundo o autor (op. cit.). Ainda em uma perspectiva relacionada às questões identitárias, é possível estabelecer-se um diálogo com Leite (2007, p. 251), quando o autor relata o pensamento de Lacan a respeito da pós-modernidade, a qual se configura na desestruturação dos saberes estabelecidos, no anonimato do modo de vida atual, produzindo laços sociais desarrumados e uma individuação extremada. Essas características dão origem a um sujeito sem referência e sem valores pessoais, que transita em uma civilização marcada pelo discurso da globalização: a única coisa que vale é a lei do mercado. Nesse contexto, o sujeito pós-moderno procura sua completude no consumo de objetos. Nesse período, caracterizado pela ausência de paradigmas, ainda segundo Leite (op. cit.) a respeito do pensamento de Lacan, o saber muda e, juntamente com ele, o sujeito, o qual é constituído a partir desse mesmo saber, como mostram as figuras do sujeito definido historicamente. Vivemos hoje em um mundo em que toda história que é relatada a alguém passa por inúmeros veículos: TV, cinema, celular, internet, videogames, segundo Jenkins (2009) em uma entrevista à Revista Superinteressante. O fluxo dessa história, portanto, é moldado tanto por decisões tomadas pelas companhias que produziram o conteúdo quanto pelos sujeitos que a recebem. E o referido autor, mestre em Estudos de Comunicação e doutor em Comunicação e Arte, professor de Estudos de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), chama esse estado da produção e difusão da informação de cultura da convergência. Assim sendo, o conteúdo idealizado pelo produtor é apenas uma parte do processo e, muitas vezes, não a principal. Um programa de TV, exemplifica o autor, depois de criado, será reeditado e redistribuído pela Internet, e, com certeza, o público irá falar sobre ele em novas redes sociais e serão escritas novas histórias a partir dele. O conteúdo original torna-se apenas um pontapé inicial, a partir do qual o consumidor irá criar novas experiências. O foco agora, portanto, está em histórias contadas por várias modalidades de veículos, conhecidas como transmidiáticas: em cada mídia diferente, a história ganha uma nova camada, que nos conta algo que não saberíamos assistindo ao programa de TV. O autor exemplifica com a série Lost, considerada a série mais famosa da última década. Nos EUA, Lost é veiculada por meio de livro, game e em episódios para celular. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/14 Estamos, ainda na visão do autor, na época da cultura participativa, de grandes culturas de mídia, e, em uma década, não teremos mais uma empresa que produza conteúdo apenas para a TV, outra para rádio, outra para jornal, veremos grandes indústrias de mídia, que englobarão tudo isso. Essa vontade de participação das pessoas foi impulsionada pelo avanço da tecnologia e resulta em uma mudança de comportamento: antes apenas recebíamos a informação; hoje produzimos e participamos, e isso muda radicalmente nossas vidas porque a comunicação está em tudo que realizamos. Podemos, ainda segundo o autor, acompanhar a rotina de nossos filhos, enquanto trabalhamos, por meio de um vídeo deles veiculado no celular. Essa nova abordagem da comunicação mudou, inclusive, o modo pelo qual escolhemos os políticos. O autor cita a eleição de Barack Obama, que veiculou sua campanha em todas as mídias sociais possíveis, de YouTube a videogames, e isso é significativo se notarmos que ele ganhou as eleições, enquanto seu opositor, John MacCaim, que nunca usou a Internet, não foi eleito. O autor conclui que uma sociedade que possibilita a exposição de seus pensamentos na rede e o acesso a ideias de outras pessoas cria um enorme potencial para o avanço da democracia. Assim sendo, ao conhecermos esses elementos históricos constitutivos da erada globalização, podemos investigar com maior propriedade e acuidade os processos discursivos que aí se instauram e com essa contextualização do período histórico atual vamos a outro tópico do nosso livro que consiste em apresentar a importância da linguagem na sociedade globalizada por uma perspectiva crítica. Globalização e a configuração da sociedade em rede O avanço das novas tecnologias desencadeou uma discussão no meio acadêmico e na mídia sobre a forma como a sociedade em geral e as práticas de linguagens se consolidaram e ainda se consolidam no contexto da World Wide Web. Iniciamos o assunto pelas discussões sobre as linguagens na contemporaneidade que decorreram da revolução tecnológica e da emergência das novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC). Elas, da noite para o dia, possibilitaram aos sujeitos e instituições o acesso, em tempo real, a bancos de dados on-line, aos softwares e a outras tecnologias cognitivas e provocaram mudanças profundas na forma como a sociedade se reorganizou tanto institucionalmente como no uso da linguagem. As relações sociais que já estavam estabilizadas off-line, com a revolução tecnológica e a NTIC, reconfiguraram-se como novas práticas no campo linguístico on-line, devido à dinamicidade e flexibilidade próprias do ambiente da rede. É importante enfatizar aqui que a emergência desse novo tipo de sociedade foi identificada por pesquisadores das teorias sociais do discurso como sociedade informacional, pós- modernidade, novo capitalismo, modernidade reflexiva e modernidade tardia. Castells (2003, p. 8) define a internet como um meio que permite a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala global. A discussão desse ambiente é tratada nas obras de Castells (1999, 2003) e alcança o auge do contexto comunicacional no ambiente da internet em sua obra A galáxia da internet. E como definir a rede? A rede pode ser definida como um conjunto de agentes que compartilham normas, valores e objetivos, podendo estabelecer-se no âmbito do Estado, no mercado e na sociedade civil. Fukuyama (2000, p. 210-11) aponta duas características importantes da rede: 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/14 1. ela é diferente de um mercado na medida em que são definidas por suas normas e valores comuns. Isso significa que as trocas econômicas dentro de uma rede serão realizadas em bases diferentes daquelas das transações em um mercado; 2. ela é diferente de uma hierarquia porque se baseia em normas comuns informais, não em uma relação formal de autoridade. Castells ainda vê que isso é uma das causas de proliferação das redes em todos os domínios da economia e da sociedade. Uma de suas consequências é aquilo que o autor definiu como o desbancamento de corporações verticalmente organizadas e burocracias centralizadas, que são superadas em desempenho e se reestruturam com a comunicação em rede. O autor acrescenta ainda que, apesar das vantagens em termos de flexibilidade, as redes tiveram tradicionalmente de lidar com um grande problema, em contraste com hierarquias centralizadas. Elas têm tido considerável dificuldade em coordenar funções, em concentrar recursos em metas específicas e em realizar uma dada tarefa, dependendo do tamanho e da complexidade da rede. Castells (2003) define a rede como um conjunto de nós interconectados. Para o autor, a formação de redes é uma prática humana antiga. Durante a história do homem, as redes foram suplantadas como ferramentas de organizações capazes de congregar recursos em torno de metas centralmente definidas. Ele acrescenta ainda que as redes eram o domínio da vida privada, em uma sociedade que apresentava hierarquias centradas no feudo do poder e da produção, mas que nos dias atuais elas foram ganhando vida nova por meio da introdução da informação e das tecnologias de comunicação baseadas no computador. Segundo o autor, a internet possibilita às redes dos dias de hoje uma vantagem enorme se comparada como eram organizadas no passado: elas saem de um ambiente centralizado e se constituem em um ambiente com vantagens extraordinárias como ferramentas de organização, em virtude de sua flexibilidade e adaptabilidade inerentes, o que para o sociólogo é uma característica essencial de sobrevivência e prosperidade num ambiente que está em rápida transformação. Nesse âmbito mutante, os sujeitos participantes do processo e vinculados ao ambiente da web, principalmente aos usuários das linguagens no campo linguístico on-line, organizam-se em rede com o propósito de acúmulo de capital social – de informação, econômico, político – do qual dependem, com um ingrediente diferenciado: estão mais flexíveis a atender às mudanças sociais e adaptados às transformações constantes do que aqueles que se encontram em campo linguístico off-line. É importante relembrar que as redes mundiais de linguagens revelam uma característica extremamente relevante que também se verifica em outras redes que se formam no interior do campo de domínio linguístico. O que motiva a reunião de pessoas no ambiente da rede é o interesse comum entre esses agentes, visando a atingir um fim específico. A flexibilidade marcada pelo ambiente da rede on-line também é marcada pelo fluxo das pessoas que migram de um gênero a outro com muita liberdade. Esse movimento marca a democratização e a transparência das decisões e funções sociais que motivam os sujeitos a estarem organizados nesse ou naquele grupo. A nova estrutura social é baseada em redes e motivada pelos três processos que Castells apontou como independentes, mas que no final do século XX se uniram. Os processos citados pelo autor são: 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/14 1. a exigência da economia por flexibilidade administrativa e globalização do capital, da produção e do comércio; 2. a demanda da sociedade por valores da liberdade individual e da comunicação aberta; 3. a base da revolução microeletrônica, que possibilitou os avanços extraordinários na computação e nas telecomunicações. Castells (2003) aponta que esses fatores alteraram a forma como a internet era utilizada. Partiu daquilo definido por ele como uma tecnologia obscura, centrada no mundo isolado dos cientistas computacionais, dos hackers e das comunidades contraculturais, e transformou-se em um instrumento importante para o estabelecimento de uma nova forma de sociedade – a sociedade em rede. A configuração de uma sociedade em rede no ambiente da globalização desestrutura toda a forma mecanicista de organização da sociedade, surgindo, assim, uma nova economia e também novas configurações das práticas sociais com as linguagens no ambiente da rede. Ciberespaço: lugar de comunicação na sociedade digital O ciberespaço configura-se como um modelo de sociedade digital que, segundo Pierre Lévy (2005), constitui-se como espaço de comunicação aberto para interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. O autor analisa a sociedade digital sob a ótica da cibercultura, pois compreende que as mudanças histórico-sociais influenciaram a cultura do homem, acrescentando a ela valores e práticas surgidas com a virtualidade. Nesse modelo de sociedade digital e na ótica da cibercultura é que se origina a palavra ciberespaço. A palavra ciberespaço apareceu pela primeira vez na obra Neuromante,de William Gibson, em 1984. É uma obra de ficção científica, cuja trama se dá no mundo em que computadores são onipresentes. A história se passa no universo hipertecnológico. Gibson foi reconhecido como um dos escritores de ficção científica mais reputados da geração de 80. Pierre Lévy (2005, p. 92) define ciberespaço como “espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”. Por sua vez, Lúcia Santaella (2004, p.45)entende o ciberespaço “como um sistema de comunicação eletrônica global que reúne os humanos e os computadores em uma relação simbiótica, que cresce exponencialmente graças à comunicação interativa”. O conceito de ciberespaço em André Lemos (2004, p. 128) aparece por meio de duas perspectivas: · do lugar onde estamos quando entramos num ambiente simulado: a realidade virtual; · do conjunto de redes de computadores interligados ou não, em todo o planeta: a internet. O autor acrescenta ainda que o ciberespaço é um não lugar, uma utopia onde se deve repensar a significação sensorial de nossa civilização baseada em informações digitais, coletivas e imediatas. Ele é um espaço imaginário, um enorme hipertexto planetário, um espaço sem dimensões e um universo de informações navegável de forma instantânea e reversível. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/14 PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO A discussão sobre o ciberespaço convida-nos a verificar, em termos de linguagem, o que o ciberespaço apresenta de novo. Há nesse ambiente uma multimodalidade na forma como a informação é disponibilizada, por meio das ações, imagens, sons e vídeos, e os mais variados tipos de arquivos são trocados por um número incalculável de usuários ao redor do mundo, separados fisicamente uns dos outros, porém, interligados e conectados nesse ambiente digital. Entrar na rede, afirma Santaella (2004), significa penetrar e viajar em um mundo paralelo, imaterial, feito de bits de dados e partículas de luz. No ciberespaço, não há limites que impeçam “os fluxos de signos, os jogos de linguagem” (SANTAELLA, 2004, p. 171), uma vez que estes ocupam o primeiro plano. Para a semioticista, a idade cronológica não é empecilho para a interatividade digital. A autora acrescenta ainda que independentemente de classe social, racial ou idade cronológica, a interatividade cumpre, no ciberespaço, o seu papel: colocar “a nu o verdadeiro caráter dialógico da linguagem” (SANTAELLA, 2004, p. 171). No ciberespaço, há uma reestruturação do conceito espaço-temporal, conforme proposto por Giddens (1991). O autor acrescenta que, em sociedades anteriores à contemporânea, os seres humanos tinham a questão do espaço e tempo muito bem delimitada. Giddens afirma que, nas sociedades medievais, predominava a comunicação oral, na qual as mensagens eram transmitidas na presença do receptor, ou seja, emissor e receptor partilhavam do mesmo espaço físico, do mesmo contexto sócio-histórico e do mesmo universo semântico. Com o surgimento da escrita, um novo portal comunicativo foi aberto. Tornou-se possível enviar mensagens para aqueles que estavam espacial e temporalmente distantes. Até mesmo informações e mensagens emitidas por pessoas que viveram em épocas anteriores ao receptor ou que estavam a milhas de distância dele tornaram-se possíveis de ser transmitidas. Os participantes da comunicação não necessariamente partilhavam o mesmo espaço-temporal. Com o incremento da tecnologia, outro portal comunicativo foi aberto. É claro que o termo tecnologia não abarca somente a invenção do computador nem a interconexão que se tornou possível por intermédio dele. Outras invenções surgiram pelo uso da tecnologia, tais como o telefone, a televisão, o videogame (e seus jogos interativos), a biogenética etc., reconfigurando, com isso, as possibilidades comunicacionais – o hipertexto, a interatividade, as redes e fluxos globais se constituíram nesse período de avanços tecnológicos na globalização. Comunidades virtuais Desde o advento da internet, essa prática social tem gerado as mais diversas críticas, entre elas a do isolamento humano. Sugeriu-se que os homens não mais primariam pelo contato face a face, substituindo-o pela comunicação virtual. Castells (1999) entende que esse comportamento social é, sim, caracterizado pelo individualismo, mas o individualismo em rede. Assim, o ser humano, voltado para seus próprios interesses, não está só, isolado de tudo e de todos; ao contrário, interage com outros (interação sem face) por uma rede de comunicação e compartilha com outros usuários assuntos e informações de seu interesse. Na realidade, a comunicação, em si mesma, se torna a própria meta dessa prática social. 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/14 Outra crítica dirigida a esse comportamento social emergente é caracterizada por “laços fracos”. Embora Castells concorde com aqueles que pensam ser a internet o suporte material para o individualismo em rede, ele entende que ela é também eficaz na manutenção de laços fracos, que, de outra forma, seriam perdidos no cotejo entre o esforço para se envolver em interação física – inclusive interação telefônica – e o valor da comunicação. A internet é suporte de laços fracos no sentido de que “raramente constroem relações pessoais duradouras” (CASTELLS, 1999, p. 108), pois as pessoas conectam-se e desconectam-se da rede, mudam de interesse, simulam ou encobrem sua real identidade ou ainda migram para outros padrões on-line. Entretanto, apesar de sua efemeridade, Castells considera que o ciberespaço tem exercido um papel positivo na manutenção de laços fortes a distância. Caso típico são as relações familiares, fortalecidas com o uso da comunicação virtual. O grande suporte do fortalecimento dos laços a distância são os e-mails, que marcam “presença”, apesar da distância, mas que permitem que o usuário mantenha uma postura de não aprofundamento nas relações familiares. SUGESTÃO DE ATIVIDADE PRÁTICA - Grupo de estudo - pesquisa Com base no que foi discutido sobre laços fortes e laços fracos segundo Castells, reflita a respeito da configuração desses modelos de laços com base nas mídias sociais – blogs, Facebook, Twitter, Linkedin e outros. Ao analisar um dos efeitos da interatividade virtual, Castells (2003) chama a atenção para o surgimento de novos suportes tecnológicos para a sociabilidade: as comunidades virtuais. Castells define comunidades como redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, e um senso de integração e identidade social. O autor observou o deslocamento da comunidade tradicional para a rede, como forma de organizar a interação. As comunidades tradicionais baseavam-se no compartilhamento de valores e na organização social. Muitas delas eram baseadas substancialmente em raízes espaciais, na proximidade física – por exemplo, pessoas que moravam no mesmo bairro, na mesma rua, alunos que estudavam na mesma escola, na mesma sala etc. Mesmo que não houvesse participação ativa naquela comunidade, o indivíduo, de certa forma, encontrava-se inserido nela por razões espaciais. Entretanto, “padrões espaciais não tendem a ter um efeito importante sobre a sociabilidade”, afirma Castells (2003, p. 106). Isso pode explicar a existência das comunidades virtuais, que nasceram de escolhas estratégicas de indivíduos, grupos sociais e familiares. Os usuários da rede selecionam os grupos de sociabilidade virtuais (comunidades) que irão aderir e têm a prerrogativa de criar outros grupos voltados para seus interesses. Portanto, as comunidades virtuais são “formas de sociabilidade construídas em torno de interesses específicos” (CASTELLS, 2003, p. 110). Segundo Marcuschi (2005), as comunidades virtuais têm características diferenciadas das comunidades tradicionais, entre elas: 1. a existência de membros, indivíduos que associam-se livremente a elas; 2. o relacionamento (os membros desenvolvem relacionamentos casuais e até mesmo amizades estáveis); 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 12/14 3. a confiança e a reciprocidade generalizada; 4. os valores e práticas partilhados; 5. os bens coletivos; 6. a durabilidade (os aspectosanteriores só se efetivarão se a comunidade tiver longa duração). Poderíamos resumir as propriedades já mencionadas em sequencialidade, interatividade e conteúdo comum. Logo, as comunidades virtuais fazem parte dos chamados gêneros participativos, preconiza o autor. Outro autor que discorre sobre o assunto é Bauman (2003). Para ele, o conceito de comunidade está associado a um lugar caótico, marcado por constante conflito muito próprio à modernidade líquida. Com isso, o autor desconstrói a ideia do senso comum de que comunidade é estar protegido e em segurança. O conceito de comunidade trazido para a época de hoje é associado ao que Bauman denominou tempos de desengajamento ou a grande transformação, segundo tempo. O autor explica esse conceito por meio do pós- guerra, em que aqueles que têm o poder não desejam ser regulados por outro e muito menos desejam regular os outros. O que marca a incerteza por meio do desmantelamento dos panópticos, conforme Foucault, marca também um percurso de liberdade. As comunidades virtuais refletem de certa forma esse conceito do desengajamento, por meio das estruturas próprias do ambiente da rede em possibilitar o deslocamento de modo interativo, dinâmico. Os participantes dessas comunidades transitam por esses lugares motivados por interesses próprios, livres. Sugiro aprofundar o assunto por meio das obras de: Manuel Castells, Pierre Lévy (SUGESTÕES PARA GRUPOS DE ESTUDO E PESQUISA) Para discussão sobre configuração de sociedade em rede e movimentos sociais – especificamente – no Brasil e novas formas de representação. Veja entrevista de Castells em Fronteiras do Pensamento: http://www.fronteirasdopensamento.com.br/videos/player/?13,277 Veja sobre nova obra de Manuel Castells “Redes de Indignação e Esperança - Movimentos Sociais na Era da Internet" será lançada pela Zahar em setembro de 2013. http://www.fronteirasdopensamento.com.br/canalfronteiras/entrevistas/?16,48 Indicação de leitura das obras de Manuel:Castells: Redes de indignação e esperança Sociedade conectada A Galáxia Internet: reflexões sobre a Internet, negócios e a sociedade A Questao urbana A sociedade em rede http://www.fronteirasdopensamento.com.br/videos/player/?13,277 http://www.fronteirasdopensamento.com.br/canalfronteiras/entrevistas/?16,48 https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=sociedade+conectada&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDAy8HsxKnfq6-gWFJZZK50c4XB1-sqj3iGJ2WNvP6SbOju93KAKozwFIqAAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CDAQvBsoADAA https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=a+gal%C3%83%C2%A1xia+da+internet&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwAHsxKPfrq-oVFSkUmKWWF5yDw1L7a85qwX715Wene-P1u20TseACytZ1QtAAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CDIQvBsoAjAA https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=a+quest%C3%83%C2%A3o+urbana+manuel+castells&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwAHsxKPfrq-oaFxRXmaRXrlj3jhWRW_fujpTz2lEnLhSlbJ_k_7AOzvI3ctAAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CDQQvBsoBDAA https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=sociedade+em+rede+manuel+castells&stick=H4sIAAAAAAAAAAEtANL_AHvTx-gAAAAQCAMiDC9nLzExM3Z3dDJqemyDspnLxN7RvPgsnjAW7gne6qsljPHOfy0AAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CDoQvBsoCjAA 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 13/14 Cidade, Democracia E Socialismo: a Experiencia Das Associacoes De Vizinhos O Fim do milénio Exercício 3: No período da pós-modernidade a humanidade deve enfrentar três tipos de ameaça ecológica: produção de desperdícios, poluição e esgotamento de reservas minerais. Essas ameaças são desencadeadas A) pelo desenvolvimento e expansão global das instituições sociais ocidentais, fatores associados à importância atribuída ao crescimento econômico. B) por uma sociedade moldada pelos modos de produção. C) pela configuração das linhas de produção com base na revolução industrial. D) por organizações centradas em um poder local. E) por organizações industriais constituídas de grandes aglomerados humanos. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 4: Para Giddens a modernidade tardia introduz novos riscos que devem ser considerados quando tratamos de questões relacionadas aos atores sociais nos momentos de crise. Novos riscos também são atribuídos a um estado de coisas gerador de inseguranças. https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=cidade+democracia+e+socialismo&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwAHsxKPfrq-oaFxSYplimHGt4KOk64LlrQf2POoIlh8y4XVTrURANcQvuYtAAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CDwQvBsoDDAA https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=667&q=fim+do+milenio-+manuel+castells&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwAHsxKPfrq-oaFxWbxBZU7G8nd-rq3sxz9mfnfUfv_-1o5yxYQrAB4OA24tAAAA&sa=X&ei=CiYIUqH1LuSNygHG7IDQAQ&ved=0CD4QvBsoDjAA 22/05/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 14/14 Considere os itens abaixo: I instabilidade em relação ao emprego. II difusão da criminalidade. III segurança mundial. IV crise econômica local. V desenvolvimento da internet, a disponibilização do conhecimento, comunicação em tempo real e a instauração de novos paradigmas identitários. Acham-se em conformidade com as ideias de Giddens os itens enunciados em A) I e II. B) II e III. C) I e IV. D) I, II e V. E) V, somente. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
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