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AO JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PATOS-PB Processo nº: 555 PAULO SOARES, já devidamente qualificado, por intermédio de seu advogado legalmente constituído através de instrumento procuratório em anexo, nos autos da Ação com Pedido de Indenização por Dano Material que move em face de CARLOS SOUSA, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, tendo em vista a respeitável sentença, interpor: APELAÇÃO Com fundamento nos arts. 1.009 e seguintes do NCPC/2015, conforme razões em anexo. Outrossim, requer seja o presente recurso recebido no efeito devolutivo e no efeito suspensivo, intimando-se a parte contrária para, querendo, apresentar suas contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. Requer, ainda, e remessa dos autos para o Egrégio Tribunal de Justiça, para seu processamento e julgamento. Por fim, requer a juntada das custas de preparo, devidamente quitadas, que esta seguem em anexo. Termos em que, Pede e espera deferimento Patos-PB, 14 de Abril de 2021. ADVOGADO OAB Nº RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Apelante: Paulo Soares Apelado: Carlos Sousa Autos nº: 555 Vara de Origem: 2ª Vara Cível da Comarca de Patos-PB Egrégio Tribunal Colenda Câmara Nobres Julgadores BREVE SÍNTESE DOS FATOS Paulo Soares ajuizou, em face de seu vizinho Carlos Sousa, Ação com Pedido de Indenização por Dano Material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. Tal demanda gerou o Processo nº 555. Segundo relato do autor (Paulo Soares), o animal, que estava desamarrado dentro do quintal do Sr. Carlos Sousa, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, o Sr. Paulo Soares alegou ter gasto R$ 3.000,00 (três mil reais) em atendimento hospitalar e R$ 2.000,00 (dois mil reais) em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que Paulo Soares fora atendido, entretanto, este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia onde comprou. O Sr. Carlos Sousa, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de Paulo Soares, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos. Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Carlos Sousa media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Paulo Soares atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O Juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Patos-PB proferiu sentença condenando Carlos Souza a indenizar Paulo Soares pelos danos materiais, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos. Utilizou como fundamento o art. 936, do CC/2002. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Carlos Sousa foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). A sentença foi publicada e Carlos Sousa, não conformado, procurou advogado para tomar as medidas cabíveis. Carlos Sousa também deseja suspender os efeitos da sentença que lhe condenou a pagar a indenização enquanto recorre desta. DAS RAZÕES RECURSAIS I. NULIDADE DA SENTENÇA POR VIOLAÇÃO AOS LIMITES DO PEDIDO Senhores, o juiz, conforme a sentença originária, ora recorrida, levantaram questões não suscitadas pelo recorrente e violaram o preceito de limitar a sentença no âmbito do pedido, trazido pelos artigos 141 e 492 do CPC, vejamos: Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Este é o entendimento do TRF-4: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA. EXTRA PETITA. NULIDADE. 1. É nula a sentença que viola os artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil de 2015, por conter julgamento diverso da pretensão formulada pela parte. 2. Deve ser declarada a nulidade da sentença, determinando o retorno do feito à origem para que seja proferido novo decisum. (TRF-4 - AC: 50701955320174049999 5070195-53.2017.4.04.9999, Relator: LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO, Data de Julgamento: 17/04/2018, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR) II. DA NECESSIDADE DE REFORMA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA Durante a fase de investigação, as testemunhas comprovaram a relação causal entre as ações do agente e o ocorrido. O fato de ter exercido pressão sobre o animal, atirando pedras, provou a culpa do autor, provando assim que não houve culpa do réu. Cumpre ressaltar que o Juiz de primeiro grau não aplicou de forma correta o direito material ao reconhecer a responsabilidade do apelante. Em sentido diametralmente oposto ao que consta na sentença, afirma o art. 936 do CC/2002 que o dono do animal não será responsabilizado se provar culpa da vítima. Foi exatamente o que restou demonstrado nos autos. Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. O pedido inicial buscou uma indenização no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), devido a custos de medicamentos não comprovados no processo. Não se pode presumir que haja danos materiais, cabendo ao reclamante prová-lo, conforme artigo 373, CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Vejamos o entendimento do TJ-PA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANO EM PRÉDIO URBANO. ALEGAÇÃO DE QUE CORTE NA PAREDE PARA COLOCAR CALHA TERIA CAUSADO INFILTRAÇÃO NA PAREDE DE VIZINHO. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO DO AUTOR, POR AUSÊNCIA DE PROVAS. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. NÃO JUNTARAM COMPROVANTE DOS VALORES GASTOS PARA REPARAÇÃO DAS INFILTRAÇÕES, NEM QUALQUER DOCUMENTO QUE COMPROVE QUE OS DANOS FORAM DECORRENTES DO CORTE. DANO MATERIAL NÃO SE PRESUME, DEVENDO SER COMPROVADO UM MÍNIMO SUBSTANCIAL PARA AFERIÇÃO DE VALORES. SENTENÇA MANTIDA. I- Da análise da documentação acostada aos autos nota- se que os apelantes apenas juntaram fotografias do corte realizado na parede e das infiltrações (fls. 08/13), mas não juntaram sequer um comprovante dos valores gastos para reparação das infiltrações (notas fiscais, orçamentos, dentre outros), nem qualquer documento que comprove que os danos foram decorrentes do corte (laudo ou perícia). II- Muito embora a parte apelada tenha confirmado em audiência que contratou um pedreiro e este foi quem realizou o corte na parede dos apelantes, tal afirmativa não é suficiente para embasar uma condenação em danos materiais, visto que dano material não se presume, devendo ser comprovado um mínimo substancial para aferição de valores. III- o apelante não conseguiu comprovar que o nexo causal entre a atitude da apelada e o dano alegado, bem como o valor despedido para reformar a parede. IV- Recurso conhecido e não provido, sentença mantida. (TJ-PA - AC: 00049382220168140128 BELÉM, Relator: GLEIDE PEREIRA DE MOURA, Data de Julgamento: 26/03/2019, 1ª TURMA DE DIREITO PRIVADO, Data de Publicação: 08/05/2019) III. DA CULPA EXCLUSIVA Restando comprovada a imprudência, não há que se falar em indenização a ser paga pelo dano causado pelo animal, tanto mais quando se verifica que a vítima atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O simples fato de que ocachorro causador das lesões sofridas pelo apelante pertence ao apalado, não significa a caracterização da culpa, nem mesmo em razão de que tais lesões foram sofridas no quintal da propriedade do apelado, para tanto, era necessário que fosse demonstrado que tomou as devidas cautelas, procurando evitar o acidente. Observemos a decisão do TJ-MG: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - ATAQUE DE CACHORRO - CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA CONFIGURADA - AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. - O dono ou detentor do animal responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, salvo se comprovada a culpa exclusiva da vítima ou força maior, nos termos do art. 936, do Código Civil de 2002. (TJ-MG - AC: 10390050113815001 Machado, Relator: Generoso Filho, Data de Julgamento: 31/05/2011, Câmaras Cíveis Isoladas / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/06/2011) DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer: a) Seja o presente recurso conhecido e provido, anulando-se a sentença ora combatida, por violação aos limites do pedido (extra petita), remetendo-se os autos para o primeiro grau de jurisdição, para que a presente demanda possa ser novamente julgada; b) Se, da não declaração de nulidade, que seja devolvida ao juízo para correção do erro na sentença a fim de que seja proferida outra; c) Reconhecimento do nexo de causalidade com culpa exclusiva do autor; d) Não reconhecimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) referentes, segundo o autor, a gastos com medicamentos, não comprovados no curso do processo. e) A inversão do ônus da sucumbência e a fixação de honorários em seu favor. Termos em que Espera e pede deferimento. Patos-PB, 14 de Abril de 2021. ADVOGADO (A) OAB Nº XXX
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