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A ÉTICA ARISTOTÉLICA E A FELICDADE SUPREMA
INTRODUÇÃO
 A Ética é uma parte da filosofia que debate assuntos relacionados ao agir humano a partir da possibilidade ou impossibilidade de uma avaliação a partir dos critérios normativos. Sendo assim, ela discute sobre como, quando e o porquê de uma ação ou um determinado comportamento pode ser considerado como moral ou imoral, bom ou mau, justo ou injusto. No decorrer desse ensaio buscaremos compreender a ética aristotélica enquanto horizonte para o alcance da felicidade plena, para isso tomaremos como base a obra Ética a Nicômaco, que é uma das suas obras mais completas que fala sobre esse tema da ética. 
Mesmo sendo um escrito muito antigo, essa obra traz um assunto atual e relevante para os dias de hoje, pois nos leva a pensar sobre o quanto é importante viver segundo as virtudes éticas em função da razão. A obra em questão nesse ensaio é alicerçada no bem comum entre os indivíduos, no juízo moral do homem bom e virtuoso como forma de encontrar a felicidade, que é considerada o bem mais precioso que ser humano pode ter. 
A obra retrata o período histórico que acontece no século IV a.c, que foi marcado por profundas mudanças e descobertas do pensamento grego, principalmente em relação aos problemas políticos e morais. Foi nesse período que nasceu a filosofia política e moral e por consequência uma maior preocupação com as questões ligadas a felicidade suprema do ser humano. A democracia imperava nesse contexto de grande efervescência e Aristóteles e Platão foram os filósofos que mais se preocupam com a existência de uma comunidade verdadeiramente democrática, em todos os seus sentidos. 
A obra Etica a Nicômaco Aristóteles define a ética como sendo a base para a felicidade suprema, indicando a ética como o caminho para o ser humano atingir um bem genuíno e puro que tenha fim em si mesmo. Logo surge a pergunta que norteia o desencadear desse trabalho: é possível ser feliz, numa perspectiva aristotélica, sem a ética? Partindo do pressuposto de que o homem vive em sociedade, e segundo que na definição de Aristóteles, a felicidade é um bem humano a ser realizado em pleno exercício de sua função, ou seja diz respeito apenas ao humano. 
As possíveis respostas a essa problemática, identificadas na obra de Aristóteles mostra que a vida perfeita só existe em razão das práticas virtuosas de convivência do homem. O estado de felicidade só pode ser alcançado a partir das vivencias de modo pacifico e pautado nas boas atitudes éticas e morais. Sendo assim a ética está intrinsicamente ligada as ações que ser humano prática na sociedade em que vive, isso irá determinar seu estado de felicidade ou infelicidade. 
A característica da ética aristotélica é a harmonia entre paixão e razão, virtude e felicidade, e também a doutrina de que a virtude é um habito racional. Logo a ética aristotélica reconhece a primazia das virtudes do ser humano como sendo a combinação do desejo e do intelecto sobre a prática e a vontade. 
As questões acentuadas por Aristóteles conduzem o leitor a inferir que o homem na condição de animal politico tende a felicidade, no entanto, a conquista desta virtude só ocorre no âmbito da cidade (polis) pois, é nela onde o ser humano articula ações e convive com outros seres, externando virtudes ou vícios. Neste aspecto o homem, na concepção do filósofo, além de se caracterizar como ser social pode vir a conquistar o estado de bem-estar supremo, percebendo-se como parte de um todo, compreendendo que ser feliz constitui necessidade essencial para a realização do ser humano. 
2. ÉTICA NA VISÃO ARISTOTELICA 
A ética é um assunto abordado com frequência nos mais distintos campos da vida social e frequentemente é pedido para as pessoas serem éticas em suas relações tanto pessoais e principalmente profissionais. A sociedade cobra que devemos ser éticos uns com os outros, mas, de fato, o que é ser ético? A ética é uma ciência? Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles, com o propósito, de fazer uma reconstrução conceitual da ética e da política, concerne a felicidade como sendo consequências das ações éticas. Dessa maneira, percorreremos as ciências práticas de Aristóteles, a ética do bom senso, e a especulação do filósofo sobre a criação do Estado, até chegarmos na virtude que é um crucial para tratar a ideia de bem supremo, a felicidade.
A ciência tratada na obra ética a Nicomaco, é a ética do bom senso, que busca levar em consideração o juízo moral do homem, que necessita ser firmado na excelência e na virtude práticas. A ética tem a função de orientar a configuração do caráter do indivíduo, e é através do agir humano, que o indivíduo expressa seu caráter (SPINELLI, 2014). Sendo assim, durante toda a sua existência o ser humano tende a praticar impulsos que os levam a atos irracionais que podem ser controlados pela razão. Assim, a convivência social exige um controle de de todas as paixões e apetites para a autopreservação dos indivíduos no meio social.
A natureza determina que o homem não é um ser isolado; por isso criou de princípio a família para satisfazer as necessidades do homem. A filosofia de Aristóteles é um testemunho de que na Grécia de seu tempo, as famílias eram comandadas pelos homens mais velhos da casa, e de que a família era um complemento do homem (ARISTÓTELES, 2009). Logo o homem necessita praticar boas atitudes e ações para alcançar o bem supremo da felicidade, ou seja, precisava ser ético em suas práticas cotidianas.
Na teoria aristotélica, com a criação da cidade-Estado, nasce com ela também o propósito de assegurar o bem-viver do indivíduo. Sendo assim, Aristóteles, quando se refere a família ou aldeia está se direcionando a vida organizada em torno das satisfações das necessidades e das demandas econômicas do homem. Ao passo que a cidade é a forma final e mais perfeita da vida comum, desta maneira, concerne à vida consagrada à liberdade, à virtude, à eudaimonia. O homem tem um instinto que o motiva a viver em sociedade, mas a fim de que isso seja possível, existe uma necessidade de organização que pondere sobre o indivíduo no intuito de inibir seus instintos irracionais. É através da lei do Estado implantada pela justiça que o homem controla seu agir mediado pelo instinto e passa agir pela determinação prática da razão, levando em conta os pricipios éticos para conviver de maneira pacifica com os demais seres humanos. Como expõe Aristóteles:
Um instinto social é implantado pela natureza em todos os homens, e aquele que primeiro fundou o Estado foi o maior dos benfeitores. Isso porque o homem, quando perfeito, é o melhor dos animais; porém, quando apartado da lei e da justiça, é o pior de todos. (ARISTÓTELES, 2009, p.147).
Os princípios éticos expostos na obra Ética a Nicomaco, estão intrinsicamente ligados aos conceitos de justiça e injustiça, ressalvando que: 
[...] todos entendem por justiça aquela disposição moral que torna os indivíduos aptos a realizar atos justos e que os faz agir justamente e desejar o que é justo, e analogamente, por injustiça aquela disposição que leva os indivíduos a agir injustamente e desejar o que é injusto. (ARISTÒTELES, 2013, p.146). 
Ao analisar as proposições sobre a justiça e a injustiça na obra Ética a Nicomaco, ´pe possível conceber a definição do justo como aquele que, no contexto do que Aristóteles reconhece como uma forma “reta de governo”, obedece às leis em favor da sociedade na garantia de estar fazendo um bem coletivo, garantido assim o exercício de uma virtude indispensável à felicidade. Já o injusto desenvolve ações que prejudicam a si e a sociedade.
Spinelli (2010) afirma que na referida obra, Aristóteles sustenta que para julgar de forma correta em Ética, é necessário ter experiência nos conteúdos que envolvem a ação, ressaltando que experiências requerem tempo. Sendo assim, o autor acredita que um jovem que não tenha vivido tempo suficiente tende a não ter condições para julgar os assuntos que envolvem as ações da vida social, pois, o pouco tempo de vida impede que ele tenha passado porpelas experiências necessárias para desenvolver o senso ético e de justiça. Para completar seu estado de irracionalidade, o jovem possui paixões que podem conduzi-lo à práticas que visam apenas o próprio ato e a própria satisfação, o que prejudicaria a boa convivência e a felicidade coletiva, ferindo os princípios éticos da sociedade. 
Aristóteles adverte que no tocante ao homem experiente não basta apenas a idade, é preciso levar em conta também a maturidade, que muitas vezes independe da idade. Sendo assim, o que vai definir o caráter do indivíduo, não é a sua idade, mas o direcionamento com que ele conduz a sua vida, visto que o homem maduro é isento dos excessos, porque direciona a sua vida não somente ao que é útil, mas também ao que é nobre nas ações. 
A obra aqui esplanada ressalta em alguns pontos que a felicidade está ligada aos bens materiais e a hora do ser humano, mas valoriza as ações e práticas virtuosas como sendo o caminho para a felicidade suprema. Ao identificar o bem como felicidade Aristóteles desenvolve uma análise crítica na sua obra sobre as diferentes concepções que as pessoas de sua época sustentavam a respeito da felicidade. Naquela época a felicidade estava direcionada a aquisição de bens e honraria. Aristóteles ressalta que ser humano que vive para acumular riquezas sustenta uma vida desprovida de finalidade, pois isso leva o indivíduo a buscar felicidade no acúmulo de dinheiro e por conseguinte, essas pessoas têm como finalidade aquilo que é meio para vida, a saber, o dinheiro.
Aristóteles (2013, p.40) afirma que “as pessoas que incorporam tal ideia de bem em suas vidas, são pessoas ordinárias”. Como o indivíduo sempre sente falta de algo na vida em decorrência de necessidades, é como se julgasse que o preenchimento circunstancial dessas coisas fosse a felicidade. Afirma ainda que “quando ficamos doente, pensa ser a saúde a felicidade; quando é pobre, julga ser a riqueza a felicidade. ” (ARISTÓTELES, 2013, p.40). Então segundo as afirmações do filosofo o ser humanos nunca está satisfeito com a condição em que ele se encontra, querendo sempre algo que ele julga lhe faltar em um presente momento de sua vida. 
Segundo o pensamento de Aristóteles, a felicidade como bem final do homem é o bem perfeito que pode ser atingido pelas ações por ele praticada. Este bem é autossuficiente enquanto tem a capacidade de completar o indivíduo de forma absoluta. Mas existe um problema: os indivíduos pesam de forma diferente, e desta maneira a felicidade é definida por cada indivíduo de distintos jeito. Assim sendo, é preciso encontrar, de forma objetiva, um critério para o definir o tipo de atividade do homem que dará condições de ser feliz. Neste sentido, Aristóteles se incumbiu de recuperar a atividade própria do homem que ele identifica com atividade racional. As atitudes éticas seria uma forma do homem alcançar a felicidade. 
Na visão de Nodari (1997), Aristóteles tinha uma inquietude sobre como o homem encontraria a felicidade plena e real, uma vez que os homens anseiam pela felicidade, mas nem sempre sabem buscá-las. O autor sustenta a ideia de que “há um princípio e um fim em cada ser e em cada natureza” (1997, p. 389). Deste modo, Aristóteles cria sua própria concepção de moral, agindo assim pela razão. Só o agir pela razão, pela ética e pela moral seria suficiente para que o ser humano atingisse o estado da felicidade suprema. A felicidade só se torna possível na medida em que o homem assume a sua condição de ser racional, pois no decorrer do exercício prático das faculdades humanas que tenha uma vida inteira em conformidade com a razão, elemento decisivo da alma, e da natureza, da função e do bem-estar humano.
O homem ao conseguir maturidade racional, adquire percepção para direcionar suas ações ao campo da virtude, uma vez que a virtude permite a excelência do homem. Sobre isso Nodari afirma que “[...] A felicidade não consiste propriamente na virtude, mas na atividade da virtude, na vida racional, para a qual a virtude nos dispõe.” (1997, p. 391). Sendo assim, a felicidade expressa-se na atividade que está em consonância com a virtude mais excelente de todas, que é a sabedoria. Ao definir felicidade como resultado de nossas ações e exercício ativo da função da alma, Aristóteles supõe também a ideia de que a finalidade que nos permite a felicidade é o bem da alma e não os bens externos, embora estes exercem uma função instrumental.
No decorrer do nosso dia a dia pensamos que a felicidade está nas conquistas materiais e profissionais que adquirimos no decorrer da vida, mas o ser humano está sempre carente de algo, quanto mais têm mais quer ter, e isso só lhe traz satisfações momentâneas. Ao contrário disso, a felicidade a qual Aristóteles se refere é considerada como algo que dificilmente o indivíduo pode perder.
Na teoria aristotélica da consta as virtudes morais surgem através do hábito, pois o indivíduo não nasce virtuoso, mas torna-se virtuoso, deste modo, a virtude passa a ser engendrada em nós a partir da educação baseada em hábitos. Os bons hábitos, praticados segundo os princípios éticos leva ao ser humano a atingir um estado de felicidade mais verdadeiro. Ao praticar boas atitudes pautadas na ética e na moralidade aceita socialmente o homem consegue percorrer diferentes caminhos para chegar a sua plena felicidade. 
4- CONSIDERAÇÔES FINAIS
Ao pensar na crise contemporânea das relações morais, sobretudo a que envolve a sociedade, não há como ignorar os aspectos discutidos por Aristóteles em sua obra Ética a Nicomaco. Aristóteles apresenta uma teoria bastante peculiar da ação e da felicidade. A ética, cuida da conduta e fim do homem enquanto sujeito social. 
Para Aristóteles, a felicidade, é vista com um bem supremo, porque é bom em si mesmo, uma vez que é buscada por ela mesma e não em vista de algo. Além disso, para o referido filosofo, a felicidade está em conformidade com a virtudes, e as boas práticas cotidianas. A virtude moral, que é adquirida pelo hábito, é dada pela escolha voluntária praticando ações voltadas às virtudes desenvolvidas pelo homem. A virtude moral é a que interessa a Aristóteles. 
As virtudes morais são adquiridas ao criar o hábito de agir virtuosamente, pois Aristóteles só considera o indivíduo virtuoso quando o mesmo se dispõe a agir sempre de maneira, e não aquele que só pratica uma única vez ou raramente. Além disso, a virtude é um ato mediano para nossas carências e excessos nas ações e emoções. Deste modo, o indivíduo só se torna virtuoso, através da educação dos seus hábitos que geralmente acontece desde sua infância, isto é, hábito de ações moderadas faz com que o homem atinja a excelência prática.
Além da felicidade ser compreendida como vida ativa, isto é, uma vida de virtudes, é concedida também como forma de bem-estar que ultrapassa a condição verdadeiramente física do ser humano, atingindo os princípios de sua alma. Este bem-estar está em consonância com o modo de vida do homem, com suas atitudes e práticas cotidianas.
REFERENCIAS 
ARISTÓTELES (384-322 a.C), Ética a Nicômaco. Tradução, textos adicionais e notas: Edson Bini. Bauru: EDIPRO, 3 ed, 1, reimp, 2013.
NODARI, P. C. A Ética Aristotélica. In: Síntese Nova Fase: Belo Horizonte, v. 24, n.78, p.383-410, 1997.
SPINELLI, P. T. A Objetividade na busca pelo bem supremo: Uma característica do bom Aluno da Ética Nicomaqueia. In: Philósophos, Goiânia, V.19, N.2, P.195-220, 2014.

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