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1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA GUSTAVO DAHAS DE JESUS MARTHA VITÓRIA DE SOUZA PEREIRA NAYARA AKEMI TSUNEMITSU TÁSSIA THAÍS MENDONÇA SOUSA VANESSA DA SILVEIRA RIBEIRO SARCOMA DE KAPOSI E SUA RELAÇÃO COM A ODONTOLOGIA NO BRASIL ANANINDEUA 2021 2 SUMÁRIO 1. RESUMO ..................................................................................................................... 3 2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 0 3. FISIOPATOLOGIA ................................................................................................... 0 4. SINAIS E SINTOMAS ............................................................................................... 0 5. EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL .............................................................................. 0 6. CAUSA E PREVENÇÃO ........................................................................................... 0 6.1. CAUSA .................................................................................................................. 0 6.2. PREVENÇÃO ........................................................................................................ 0 7. DIAGNÓSTICO CLÍNICO-LABORATORIAL ..................................................... 0 8. TRATAMENTO DA DOENÇA ................................................................................ 0 9. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 0 3 RESUMO O sarcoma de Kaposi é um distúrbio angioproliferativo que requer infecção pelo herpesvírus humano 8 (HHV-8) para o seu desenvolvimento. O sarcoma de Kaposi é um tipo raro de câncer que acomete as camadas internas de vasos sanguíneos, podendo causar lesões visíveis na pele da região afetada. Desde o surgimento da pandemia de AIDS na década de 1980 e do desenvolvimento de tratamentos que envolvem drogas imunossupressoras, o número de pessoas vivendo com o seu sistema imune comprometido têm aumentado progressivamente. A maioria das pessoas que desenvolvem sarcoma de Kaposi tem um sistema imunológico frágil. O sarcoma de Kaposi ainda não possui uma vacina que imunize a população e previna sua contaminação pelo HHV8, no entanto, há algumas formas de se prevenir da ativação da doença, principalmente em relação ao fortalecimento do sistema imunológico. O Sarcoma de Kaposi pode ser identificado durante a anamnese realizada pelo clínico geral, seja em situações de avanço da doença ou até mesmo durante um exame físico de rotina. O tratamento do sarcoma de Kaposi tem seu próprio esquema de tratamento dependendo de sua variante. Palavras-Chave: Sarcoma de Kaposi, HIV, Odontologia. ABSTRACT Kaposi’s sarcoma is an angioproliferative disorder that requires infection with human herpesvirus 8 (HHV-8) for its development. Kaposi’s sarcoma is a rare type of cancer that affects the inner layers of the blood vessels and can cause visible lesions on the skin of the affected region. Since the emergence of the AIDS pandemic in the 1980’s and the development of treatments involving immunosuppressive drugs, the number of people living with weak immune system has steadily increased. Most people who develop Kaposi’s sarcoma have a weak immune system. Kaposi’s sarcoma does not have a vaccine that will immunize the population and prevent its contamination by HHV8 yet, however, there are some ways to prevent the disease from activating, especially in relation to strengthening the immune system. Kaposi’s sarcoma can be identified during anamnesis performed by the general practitioner, either in situations of disease progression or even during a routine physical examination. The treatment of Kaposi’s sarcoma has its own treatment scheme depending on its variant. Key Words: Kaposi’s Sarcoma, HIV, Dentistry. 4 INTRODUÇÃO (ref.) O sarcoma de Kaposi (SK) é um distúrbio angioproliferativo que requer infecção pelo herpesvírus humano 8 (HHV-8), também conhecido como herpesvírus associado ao SK (SKHV), para seu desenvolvimento. Existem quatro variantes clínico-epidemiológicas de SK: clássica (predominantemente situada nas extremidades inferiores de homens idosos originários de áreas do Mediterrâneo); endêmica (em africanos jovens, com doença invasiva local e/ou visceral frequente); iatrogênica (associada à terapia com imunossupressores, tipicamente observada em receptores de aloenxerto renal); e associada ao HIV (epidêmica). O comportamento da doença varia de uma lesão única indolente localizada na pele até extenso envolvimento visceral respiratório e gastrintestinal. O SK é mais prevalente nos homens, sendo a relação entre homens e mulheres acometidos de aproximadamente. Poucos casos foram descritos em indivíduos com menos de 50 anos de idade. A infecção pelo HHV-8 é necessária para o desenvolvimento do SK clássico (CSK), mas nem todos os indivíduos infectados desenvolvem a doença. Na área do Mediterrâneo, por exemplo, a CSK se desenvolve anualmente em apenas 0,03% dos homens infectados pelo HHV-8 e em apenas 0,01% a 0,02% das mulheres infectadas pelo HHV-8 com mais de 50 anos. Isso sugere a existência de co-fatores que influenciam no risco para CSK após infecção pelo HHV-8. Nódulos de coloração roxo-avermelhada a azulada são a apresentação do SK primário de pênis, além de outros tipos de lesões, como pápulas, placas e lesões semelhantes a verrugas. FISIOPATOLOFIA [fisiopatologia] SINAIS E SINTOMAS Embora seja amplamente desenvolvido, o sistema imunológico do ser humano pode sofrer baixas ao longo da vida, deixando a pessoa exposta a uma série de agentes invasores como fungos, vírus e bactérias 21 . Além desse tipo de agressão, o organismo pode sofrer com o desenvolvimento acelerado e desordenado celular, podendo dar origem a diferentes tipos de câncer. O sarcoma de Kaposi é um tipo raro de câncer que acomete as camadas internas de vasos sanguíneos, podendo causar lesões visíveis na pele da região afetada 22 . São lesões na pele da tonalidade vermelhas-arroxeadas espalhadas pelo corpo e o inchaço dos membros inferiores devido à retenção de líquidos. Na pele negra, as lesões podem adquirir colorações marrom ou pretas, já na pele branca, surgem lesões em forma de manchas de coloração vermelhadas, róseas ou violáceas comuns nas áreas da boca e faringe 23 . Pacientes acometidos por essa doença costumam apresentar sintomas de estagio inicial da doença em áreas que podem ser facilmente notadas nos pés e tornozelos, coxas, braços, mãos, face e outros. Nos casos mais graves, em que o sarcoma de Kaposi atinge o sistema gastrointestinal, o fígado ou os pulmões, pode surgir sangramento nesses órgãos, dor abdominal, náuseas e vômitos. Quando o câncer atinge os pulmões, pode provocar insuficiência respiratória, dor no peito e liberação de escarro com sangue. 5 Figura 01 – sarcoma de Kaposi em estágio inicial na região da face especificamente na região orbicular do olho O Sarcoma de Kaposi Clássico é um tumor que ocorre muitas vezes em homens mais velhos, normalmente na pele da parte inferior das pernas. Ele tem como sintomas característicos um crescimento lento que causa a formação de um pequeno número de manchas roxas, rosadas ou avermelhadas que às vezes se combinam em placas violeta- azuladas a negras 22 .Ocorre mais frequentemente em homens idosos (> 60 anos), com ancestrais italianos, judeus ou do leste europeu. A evolução é indolente, sendo a doença geralmente restrita a um pequeno número de lesões na pele dos membros inferiores; o acometimento visceral é observado em < 10%. Normalmente, essa forma não é fatal 22 .Figura 2 – a imagem em questão mostra característica do Sarcoma de Kaposi clássico em membro inferior O Sarcoma de Kaposi Iatrogênico e o associado à AIDS é um câncer agressivo que ocorre em pessoas com infecção por HIV 22 . Os tumores causam manchas, placas ou nódulos azuis ou roxos. É a neoplasia mais comum associada à AIDS e mais agressiva que o sarcoma de Kaposi clássico. Os sintomas mais característicos são múltiplas lesões cutâneas, geralmente localizadas na face (muito prevalente na boca) e no tronco. Também há acometimento de mucosas, linfonodos e sistema gastrointestinal 22 . Figura 3 – a imagem mostra características do sarcoma de Kaposi associado à AIDS prevalente na nas gengivas superiores O Sarcoma de Kaposi Endêmico é observado na África, independentemente da infecção por HIV. Existem dois tipos principais: a forma linfadenopática pré-puberal que é prevalente nas 6 crianças, que geralmente promove sintomas e afetando os linfonodos 22 . As crianças podem ou não ter manchas na pele tendo assim seu principal sintoma excluso, desse modo a doença é geralmente súbita, grave e fatal 22 . O segundo tipo é característico em adultos, essa variação endêmica tende a causar sintomas como as manchas e placas de crescimento lento na pele semelhantes às do tipo clássico sintomas esses que são característico do Sarcoma de Kaposi. O câncer raramente se espalha para outras partes do corpo e não costuma ser fatal 22 . EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL Desde o surgimento da pandemia de AIDS na década de 1980 e do desenvolvimento de tratamentos que envolvem drogas imunossupressoras, como são os casos dos transplantes de órgãos e das doenças auto-imunes, o número de pessoas vivendo com o seu sistema imune comprometido têm aumentado progressivamente, trazendo consigo uma gama de novas doenças que antes eram raras, entre elas, o sarcoma de Kaposi 2 . O Kaposi é um tumor tipicamente de homens, sendo 15 vezes mais comum no sexo masculino 2 . No Brasil, a soroprevalência na população em geral é de aproximadamente 2,5%, no entanto, em pacientes com HIV este número pode chegar a até 98% 27 . No Brasil, a despeito da alta incidência, não existem muitos estudos sobre o SK. Em um estudo realizado na UNIFESP (Yoshioka, 2001) 28 , foi realizado um levantamento de 1189 pacientes com AIDS que foram atendidos no Ambulatório de Dermatologia do Centro de Referencia e Treinamento em DST-AIDS - SP, no período entre agosto de 1995 e novembro de 1998 onde 107 apresentavam SK. Foi observado que o SK acomete adultos jovens do sexo masculino, com idade média de 37 anos, cuja principal via de aquisição do HIV foi o contato sexual. Os pacientes apresentavam em média 15,9 lesões de SK na primeira avaliação e o tempo médio de historia de aparecimento do SK foi de 15,5 meses. Do total de pacientes, 25,2% descobriram ser soropositivos para o HIV através do SK. O quadro clínico predominante foi de pápulas e placas e 33,6% apresentavam lesões mucosas e/ou viscerais associadas. A localização principal das lesões cutâneas foi os membros inferiores. Estudos mais recentes do Sarcoma de Kaposi relacionado à odontologia no Brasil apontam que 70% dos impactos do câncer do SK apresentam-se na cavidade oral 29 . A incidência de KS-AIDS no Brasil desde o início da epidemia da AIDS diminuiu 79% nos casos de HIV diagnosticados em 1981 para menos de 1% em 1997 29 . No entanto, a aparente baixa de incidência de SK na atualidade – 2020 – se deve a pouca familiaridade ou treinamento especializado em diagnóstico oral por parte dos diferentes profissionais da saúde 29 . Em um estudo realizado com 130 pacientes de HIV em clínicas privadas em São Paulo e no Distrito Federal relatou uma incidência de KS-AIDS de 3,38% 29 . Já em uma outra pesquisa realizada em São Paulo durante 2006-2010 foi relatada uma incidência de 5% 29 . Porém, de forma geral, o instituto Nacional de Câncer (INCA) não possui estimativas para o Sarcoma de Kaposi (ONCOGUIA, 2017) 30 . https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/doenca-autoimune/ 7 Figura: Sarcoma de Kaposi em tegumentos faciais; nódulos cutâneos marrons coalescentes em paciente masculino na 3ª década de vida CAUSA E PREVENÇÃO CAUSA O sarcoma de Kaposi é causado por uma infecção por um subtipo de vírus da família do Herpesvírus chamado de herpes vírus sarcoma de Kaposi (KSHV), também conhecido como herpes vírus humano tipo 8 (HHV8) 2 . Esse vírus induz os genes dentro das células a se multiplicarem e, devido a isso, esse tipo de alteração pode eventualmente transformá-las em células cancerígenas 8 . No entanto, a infecção por KSHV é muito mais comum do que o sarcoma de Kaposi, e a maioria das pessoas infectadas com este vírus não desenvolvem a doença ou apresentam qualquer sintoma 1 (apenas 0,03% das pessoas saudáveis contaminadas pelo HHV8 foram diagnosticadas com a doença) 2 . A maioria das pessoas que desenvolvem sarcoma de Kaposi tem um sistema imunológico frágil, devido à infecção pelo HIV, transplante de órgãos, idade avançada ou algum outro fator 1 . Além disso, devido a quantidade de soropositivos para o HHV8 exceder a incidência de diagnósticos de sarcoma de Kaposi, outros co-fatores como sanguessugas, artrópodes e ferro ainda estão sendo investigados como possíveis estímulos do desenvolvimento da doença (Oana, 2013) 9 . Porém, apesar de possuir como principal fator de risco o sistema imunológico debilitado 10 cada tipo de sarcoma de Kaposi possui um fator de risco diferente para o desenvolvimento da doença 3 . Dessa maneira, existem três tipos diferentes de sarcomas e seus respectivos desencadeadores 3, 4, 7, 10, 11 : Sarcoma de Kaposi Clássico: não relacionada à imunossupressão; os homens da origem mediterrânea, do Oriente Médio, africana e de descendência judaica de Ashkenazi possuem maior risco de desenvolver a doença, isso pode ser devido a uma vulnerabilidade herdada ao vírus HH8 8 . Sarcoma Endêmico ou Africano: afeta homens adultos novos e crianças em África equatorial com um sistema imunitário normal. Sarcoma de Kaposi Associado à Iatrogênico: este tipo afeta as pessoas cujo sistema imunológico esteja debilitado, podendo ser por: imunossupressores prescritos após um 8 transplante de órgão, associado à AIDS ou algum outro fator que diminua a imunidade do paciente, como, por exemplo a idade. O tipo imunossupressor geralmente se desenvolve vários anos após o transplante de órgão e é grave 5 . Além disso, podem-se incluir outros fatores ainda em estudo devido suas altas relações com a presença do HHV8 e risco de desenvolvimento da doença. Em comparação com não fumantes, fumantes crônicos estão intimamente associados a maiores chances de serem afetados pelo sarcoma de Kaposi, em especial fumantes do sexo masculino 12 . Ademais, aqueles com diabetes e em medicamentações orais do corticosteroide também se enquadraram na população de risco devido a essas circunstâncias conduzirem para a diminuição da imunidade e assim podem conduzir à predisposição 7 . Por fim, apesar da transmissão do HHV8 estar principalmente relacionada com relações sexuais e contato oro-fecal como principais vias, de acordo com Bourboulia (1998) 13 , em algumas áreas da África o vírus parece se transmitir de mãe para filho. Além disso, foram também encontrados vestígios do vírus na saliva da população dessas regiões, colocando-a em questão como uma das formas de transmissão 14 . PREVENÇÃO O sarcoma de Kaposi ainda não possui uma vacina que imunize a população e previna sua contaminação pelo HHV8, no entanto, há algumas formas de se prevenir da ativação da doença, principalmente em relação ao fortalecimento do sistema imunológico. Devido a maior parte da população afetada ser os portadores de AIDS e HIV, conforme citado anteriormente, os método preventivos do HIV são os mais adequados para prevenir o sarcomarelacionado à AIDS, sendo eles o uso de preservativo durante as relações sexuais, coquetéis pré-expositivos (PrEP) para grupos de risco e o não compartilhamento de seringas. Para os pacientes já infectados pelo vírus da AIDS, fortalecer o sistema imune por meio de terapia anti-viral 15, 17 tem se apresentado a melhor alternativa para a prevenção da doença. Além disso, exames para diagnosticar precocemente a presença do vírus KSHV, que provoca o sarcoma de Kaposi, podem ajudar a gerenciar os pacientes de risco para a doença, evitando que muitos deles cheguem a desenvolver a doença 16 . Por o sarcoma ser um tipo de câncer de tecidos moles, consequentemente afeta a cavidade oral, cabendo ao cirurgião-dentista o papel de instruir os pacientes sobre as prevenções da doença. Em um nível populacional, uma estratégia chave de prevenção seria interromper a transmissão do KSHV por meio de trocas salivares para evitar esse câncer oral 18 e informar sobre o tabaco como responsável pelo aumento do risco de ativação do vírus 12 . DIAGNÓSTICO CLÍNICO-LABORATORIAL De acordo com o Instituto Oncoguia (2017), o Sarcoma de Kaposi (SK) pode ser identificado durante a anamnese realizada pelo clínico geral, seja em situações de avanço da doença ou até mesmo durante um exame físico de rotina. É necessário haver a suspeita para que durante a consulta sejam solicitados exames e biópsias, afim de que seja confirmado o diagnóstico. Dentro do questionário feito pelo profissional de saúde ao paciente, chama a atenção para o destaque, além dos sintomas, possíveis contatos com o Herpes Vírus do SK e a vida sexual do mesmo, pois o SK mais comum é o epidêmico e ele é relacionado com a Síndrome da 9 Imunodeficiência Humana (AIDS) e com pacientes que são portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). É valido ressaltar que nem todos os portadores de HIV são portadores da AIDS. O paciente pode apresentar somente o HIV por longos anos, o efeito causado pelo mesmo irá consequentemente introduzir a AIDS, o SK ou outras infecções presentes no sistema imunológico até então danificado pelo vírus. Além do SK epidêmico, tem o clássico, o endêmico, o iatrogênico e os apresentados em homens homossexuais HIV positivo. Para Costa e Venancio (2006), o SK apresenta alterações celulares, manifestações clínicas, fendas vasculares, entre outras coisas idênticas. A doença apresenta inicialmente lesões na pele, mas também podem aparecer evidências na boca, no estômago, nos linfonodos, de forma cutânea. Quando presente no pulmão, pode causar desconfortos respiratórios; no trato intestinal, desconforto abdominal ou também pode gerar sangramentos e dores sem necessariamente apresentar lesões. Conforme Costa e Venancio (2006), SK pode ser apresentado em três fases, primeiro como localização nodular, segundo como localmente agressivo e por último, generalizado. Também pode apresentar seis estágios, na respectiva ordem; mácula, placa, nodular, exofítica, infiltrativa e linfadenopátipa. Os referidos autores evidenciam os casos de SK epidêmicos como os que apresentam diversas manifestações na boca do paciente, causando desconforto no ato da deglutição ou mesmo impedindo a entrada de alimento. Dependendo da gravidade e do avanço da doença. As áreas afetadas variam entre a garganta, o palato, a gengiva, a laringe, as tonsilas ou a traqueia. Abaixo, podemos identificar imagens que evidenciam as lesões apresentadas em distintos graus de efeito nos pacientes, especificamente nas regiões da boca: Imagem 1 Fonte: OncologyNurseAdvisor Imagem 2 10 Fonte: Alamy Imagem 3 Fonte: Decisions in Dentistry Imagem 4 Fonte: International Journal of Science Dentistry 11 As quatro figuras expressam a proporção que o SK pode tomar mediante a falta de tratamento. O desconforto para os pacientes é nítido, pois são edemas que ocupam as regiões bucais, muitas vezes maiores que o espaço disponível, além da questão estética que é bastante afetada. Tais sintomas podem gerar além da dor, vazamentos de líquidos desconhecidos, pus, odor, sangramento, etc. As imagens 1 e 2 apresentam lesões mais brandas, que estão em fase de desenvolvimento, especialmente a 1, pois aparentemente pode tratar-se de qualquer infecção, uma simples inflamação. Já a 3 e a 4 são preocupantes, apenas olhando fica perceptível o avanço da doença e a perigosidade que pode proporcionar para o paciente, pois outras áreas podem já terem sido afetadas e é justamente por isso que há necessidade em ser feita a biópsia. Segundo Costa e Venancio (2006), a biópsia é fundamental para que o SK seja diferenciado de outras infecções, sendo necessário que seja coletado uma pequena parte da lesão ou toda a lesão. Os estudos laboratoriais, de imagem, da histologia da doença, são de suma importância para que o diagnóstico seja o mais claro possível. Há também o estadiamento que juntamente com o restante dos resultados, quando positivo, determina o prognóstico do então existente câncer. O estadiamento é uma preparação para o tratamento ou para a cirurgia, dependendo da necessidade. A maioria dos pacientes que adquirem o SK e evoluem a óbito, não morrem por causa do SK, mas pelo o que é causado por ele. A infecção é uma porta de entrada para outras doenças, principalmente por causa da função imunológica do paciente afetada. TRATAMENTO O tratamento do sarcoma de Kaposi tem seu próprio esquema de tratamento dependendo de sua variante. Sendo assim, os tratamentos para os tipos diferentes da doença são: Sarcoma de Kaposi Relacionado com a AIDS Sendo uma subcategoria do Sarcoma de Kaposi iaNos pacientes com AIDS, o tratamento com quimioterapia e radioterapia não tem tido muito êxito; porém, respondem muito bem a terapia anti-retroviral altamente eficaz (HAART); provavelmente é o resultado da melhora da contagem do CD4+ e da diminuição da carga viral, mas há alguma evidência de que os inibidores da protease, nesse esquema, bloqueiem a angiogênese. Pacientes portadores de AIDS com doença indolente e contagem de CD4+ > 150/microL e HIV RNA < 500 cópias/mL podem ser tratados com alfainterferona IV. Em casos de doença visceral ou mais extensa, pode ser administrada doxorrubicina 20 mg/m 2 IV a cada 2 a 3 semanas. Se essa conduta falhar, é indicado paclitaxel. Outras fármacos que estão sendo investigadas como adjuvantes são IL-12, desferrioxamina e retinoides orais. O tratamento do sarcoma de Kaposi não prolonga a vida na maioria dos pacientes com AIDS, pois as infecções dominam a evolução clínica 22 . Sarcoma de Kaposi Clássico O sarcoma de Kaposi clássico se desenvolve e se dissemina lentamente, de modo que as lesões são muitas vezes tratadas com cirurgia, radioterapia ou com tratamentos locais, como a quimioterapia intralesional, de acordo com o estágio e a localização do tumor. A quimioterapia pode ser utilizada para as lesões da pele generalizadas ou para o sarcoma de Kaposi disseminado para os linfonodos, pulmões e trato digestivo; os medicamentos utilizados são as antraciclinas lipossomais ou paclitaxel 25 . A radioterapia, por sua vez, emprega feixes de alta energia para destruir as lesões; as lesões pequenas desvanecem-se 12 completamente, mas as lesões maiores, aumentadas e mais profundas, tornam-se menores e mais lisas. Já a radioterapia reduz o inchaço, dor e sangramento das lesões, especialmente se elas estão presentes dentro do corpo. Para a radioterapia, as visitas múltiplas do hospital são necessárias; cada tratamento toma 10-15 minutos e para áreas menores 1-5 tratamentos ou visitas são sugeridos, mas as lesões maiores podem precisar de até 12 sessões. Os efeitos secundários comuns da terapia incluem vermelhidão, manchas escuras e queimaduras na pele, além de ocorrer fadiga e cansaço. Estes efeitos secundários somem depois que a terapia termina 26 . Sarcoma de Kaposi EndêmicoO tratamento do sarcoma de Kaposi endêmico é tipicamente paliativo e tratado geralmente com a quimioterapia 22 . A quimioterapia usa drogas anti-cancerosas; em casos de pequenas lesões as drogas podem ser injetadas nelas diretamente – isto é denominado de quimioterapia intralesional e pode ser usado em vez da radioterapia em áreas como em torno dos olhos ou a face. A quimioterapia intralesional pode encolher lesões de pele e fazê-las ficar com colorações mais claras. A droga de maior uso geral é a vinblastine; esta droga pode igualmente ser aplicada de forma intravenosa para umas mais largas e de maior propagação – quimioterapia sistemática. Além disso, há uma outra terapia sistemática chamada quimioterapia liposomal. Nela as moléculas das drogas neste método são envolvidas em um revestimento gordo-baseado conhecido como um lipossoma; esses lipossomas movem-se para o local do tumor, onde liberam a droga. Esse método tem menos efeitos secundários. As drogas como o doxorubicin e o daunorubicin podem ser usadas desse modo. Outros agentes sistemáticos incluem o vincristine, a bleomicina, o etoposide e o paclitaxel 26 . Como o sarcoma de Kaposi endêmico ocorre em regiões de alta incidência de AIDS e com limitações econômicas, as opções de tratamento são muitas vezes limitadas. Quando disponíveis, podem ser utilizados os mesmos tratamentos indicados para o sarcoma de Kaposi clássico 25 . Sarcoma de Kaposi Iatrogênico No sarcoma de Kaposi iatrogênico, os pacientes com terapia imunossupressiva, especificamente corticosteróides e drogas citotóxicas, podem ter a regressão parcial ou completa quando a terapia é interrompida. Se possível, as doses imunossupressivas da medicação devem ser reduzidas ou interrompidas antes de começar a terapia específica para sarcoma de Kaposi iatrogênico (SCWARTZ, 2005). Assim, nas pessoas que utilizam imunossupressores, os tumores podem desaparecer quando se suspende o uso desses remédios. Entretanto, se for necessário mantê-lo devido ao quadro clínico subjacente da pessoa, sua dosagem será reduzida. Se os imunossupressores não puderem ser reduzidos, utiliza-se cirurgia, quimioterapia, radioterapia e em alguns casos sirolimo. Esses métodos de tratamento não são tão eficazes em pacientes com um sistema imunológico saudável 22 . 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